Desgraça Maldita surge dentre as primeiras luas regadas a profanações em 2005, oriunda das profundezas magmáticas de Teresina/PI, vociferando em suas proclamações sonoras o que de mais escroto a espécie humana despeja neste planeta. Batemos um papo com a galera da banda, onde expõem seus pensamentos, influências e falam sobre o que será o grande feito desses Death maníaco: o lançamento do ‘debut’ “Lástimas & Pragas”.
Recife Metal Law – Para início de conversa, gostaria que explicassem o porquê do nome Desgraça Maldita.
Jardel Desgraça – Quando tive a idéia de fundar o grupo, procurei por um nome bastante expressivo e que demonstrasse o caos em que vivemos: uma desgraça! Mas como nesse mundo desgraça pouca é besteira, cheguei à conclusão que ela seria Maldita também. Aí ficou perfeito! Uma expressão propositalmente redundante, que dimensiona de forma real a podridão humana, DESGRAÇA MALDITA!
Recife Metal Law – Mesmo você, Jardel, sendo professor de inglês, a banda pretende continuar vomitando suas letras em português ou já existe alguma idéia de letras em inglês?
Jardel – O grupo sempre irá compor em português, isso é comum e definitivo entre os membros. No ponto de vista artístico, nosso idioma e nossa cultura têm de serem supervalorizados. Em nosso terceiro disco algumas composições serão em Tupi.
Recife Metal Law – A banda lançou em outubro seu primeiro registro oficial, e logo de cara um ‘debut’ CD chamado “Lástimas & Pragas”. Porque a banda não lançou uma Demo primeiro ou mesmo uma promo pra divulgar o material? Você não acha que pode ter problemas na divulgação do CD?
Vadison Maldito – Já estávamos com dois anos de existência; íamos gravar uma Demo, quando a banda perdeu dois integrantes. Após nos estabilizarmos novamente decidimos, então, gravar logo um ‘debut’, por acharmos que já era hora e os fãs locais pediam isso.
Jardel – Já tínhamos músicas suficientes e gravar uma Demo seria desnecessário, tendo em vista que logo precisaríamos de um ‘debut’.
Émerson Ímpio – Essa atitude, com certeza, só vai nos ajudar. foi um ato corajoso.
Recife Metal Law – Falando do contexto lírico, qual é a fonte de tanta blasfêmia, de tanto ódio em suas músicas? Quem as escreve?
Jardel – Nosso contexto lírico é bastante realista, está sempre focado em situações ao nosso redor e acontecimentos pelo mundo. Toda ação e reação desencadeada pelo ser.
Émerson - Eu escrevi uma (risos): “Na Perversa Alma Humana”.
Jardel – Escrevi boa parte delas, tendo parceria com Vadison em algumas e autoria dele em outras.
Recife Metal Law – Comente cada faixa deste álbum...
Jardel Desgraça – Nossas músicas geralmente têm o formato de poemas simples, mas de mensagem bastante direta e efetiva:
Ode à Morte: Como o nome já diz, é A personificação literária daquela em que podemos acreditar sem dúvidas.
Tormento Intenso: Uma reflexão sobre a fome e suas causas.
Face Macabra: Conflitos irracionais de guerras.
Na Perversa Alma Humana: O inferno que habita dentro de nós.
Repudiável Abrigo: Conselhos de indignação.
Sentimento Sombrio: O pior dos sentimentos: a inveja.
Escórias: Religiões...
Vida Obscura: A nojeira da politicagem.
Carrascos da Opressão: Aqueles que colocam suas imposições autoritárias a frente da condição humana.
Recife Metal Law – Esse álbum vem num formato SMD, correto? Expliquem para o leitor a respeito desse formato.
Jardel – O SMD é um grandioso acontecimento no mundo da mídia, principalmente para aqueles com pouca grana e que anseiam uma prensagem bem feita.
Vadison – O SMD é um material de cunho profissional, com preço bastante acessível.
Jardel – Fisicamente a diferença é apenas que ele não tem a caixa de acrílico; a qualidade é igual. É um projeto de cunho social e combate à pirataria. Quando você adere a ele, você vende seu produto por um preço estimado pelo SMD, de acordo com o que você escolhe. Existe um leque de opções para o artista incrementar seu produto. O preço vem impresso na capa. O nosso disco sairá por R$ 5,00 para todo o Brasil, sem despesas de envio. Quem quiser mais informações, entra em contato comigo que ajudo com prazer, ou dá uma olhada em www.portalsmd.com.br.
Recife Metal Law – Como vocês descrevem um show da Desgraça Maldita?
Émerson – Destruidor, insano, insalubre, agoniado, movido a muito álcool! (risos)
Jardel – Rola muita energia! As músicas são rápidas e as executamos quase sem intervalos entre uma música e outra, só dá tempo o cara dar um trago no cigarro e uma golada no copo do vizinho.
Émerson – Eu adoro essa parte! (risos)
Vadison – Quando estou no palco com a Desgraça Maldita, me satisfaço totalmente; me orgulho de tocar Metal.
Recife Metal Law – O CD foi gravado entre maio e junho no Master Studio. O resultado final agradou? E falando da capa, quem foi o autor dessa blasfêmia e o que significa esses desenhos da capa?
Émerson – Agradou totalmente.
Vadison – Agradou com certeza! Foi o melhor possível. Agradecemos a Mike Soares pela força, paciência e grande competência na mixagem e masterização.
Jardel – Nosso ‘debut’ foi gravado em 24 horas, divididas durante uma semana. Foi algo histórico. A mixagem foi feita em seis horas e a masterização em cinco, no total de 35 horas. Tudo isso se deu devido ao pouco orçamento, mas ficou perfeito. A cópia da masterização que recebemos ficou imprestável de tanto escutarmos! (risos)
Vadison – Com relação à capa, ela é de autoria de Ângela Rego ([email protected]), uma artista plástica teresinense. Ela conseguiu retratar exatamente o que queríamos: uma batalha sanguinária entre anjos e demônios, simbolizando o bem e o mal.
Émerson – As Lástimas e as Pragas.
Recife Metal Law – A banda se estabilizou como um trio, correto? Esta é a melhor formação que a Desgraça maldita já teve?
Jardel - Sim, tivemos apenas uma formação antes, com Charles Rocco no vocal, Adriano Rotten na bateria, eu na guitarra e Vadison no baixo. Após a saída de Charles e Adriano fizemos testes; Émerson entrou para a banda e eu assumi o vocal. Com certeza essa é a melhor formação, pois foi com ela que conseguimos chegar onde estamos hoje. É a formação oficial.
Recife Metal Law – O que vem influenciando a banda nos últimos anos?
Vadison – Não nos deixamos influenciar por outras bandas no período de composição. Tivemos algumas referências, mas o que inspirou mesmo foi nossa vontade de fazer um metal extremo totalmente ‘brazuca’, tradicional, feito para quem gosta de curtir com os amigos e beber cachaça.
Jardel – No processo de gravação do disco só pensávamos na galera. Cada momento lembrávamos como algum irmão iria gostar daquilo, inclusive você foi muito lembrado lá!
Émerson – Minhas influências são as mais brutais possíveis: Nile, Krisiun! (risos)
Jardel – Nile realmente é uma banda que nos inspira. Eles conseguiram adicionar uma cultura de povos ao som instrumental e ao contexto lírico. Reinventaram o Metal da Morte. Somos também apaixonados pelo Metal nacional, principalmente os clássicos. Temos os mais variados gostos possíveis. Tudo é absorvido e transformado nesse Metal que executamos.
Recife Metal Law – Com esse trabalho em mãos, o que almejam alcançar? O que esperam daqui pra frente? Quais suas expectativas para este disco?
Émerson – Pelo que já vemos, começamos com força total. Esperamos alcançar o máximo de êxito em shows e divulgar amplamente os materiais da banda.
Vadison – Espero que esse disco rompa fronteiras no Brasil, chegue aos lugares menos prováveis e inacessíveis. Fizemos questão sobre esse valor de R$. 5,00, dessa forma estará apto a todos.
Recife Metal Law – Só quero desejar boa sorte pra vocês com esse trabalho. Espero ver a banda ao vivo aqui no norte ainda esse ano. Se houver alguma consideração final a fazer, fiquem à vontade!
Émerson – Estejam prontos para as Lástimas & Pragas.
Vadison – Quero agradecer a você, Elton, pela oportunidade e parabenizá-lo pelo trabalho que vem fazendo na cena brasileira e pela grande força que você tem nos dado.
Jardel – Elton ‘mermão’, muito obrigado! Você é parte de nossa família; é um ‘desgraçado’ também! (risos) Estamos na correria pra chegarmos até aí com nossa música. Obrigado a todos vocês leitores! Abração!
Site:www.myspace.com/desgracamaldita e www.desgracamaldita.com
E-mail: [email protected]
Entrevista por Elton Lima
Fotos: Divulgação