EGO ABSENCE





Ego Absence surgiu em 2014, a partir do vocalista pernambucano - hoje radicado em São Paulo - Raphael Dantas. Depois de algumas buscas, pré-produção, mixagem e gravação do álbum de estreia, “Serpent’s Tongue”, ao lado do guitarrista Guto Gabrelon, a banda fechou a sua formação com a chegada de André Fernandes (baixo) e Augusto Bordini (bateria). Agora a banda trabalha para divulgar “Serpent’s Tongue”, que foi lançado de forma digital em fevereiro/2020.


Recife Metal Law – Conte-nos um pouco sobre a Ego Absence, para conhecimento de nossos leitores.
Raphael Dantas -
A Ego Absence surgiu na minha vida em um momento muito complicado. Eu tinha acabado de romper com a última banda que estive em 2015 e estava muito desanimado e frustrado quanto ao que estava buscando para minha vida (a música). As coisas não estavam indo muito bem; estava num ciclo depressivo muito forte e, quem sabe, embora tenha inspirado a escrever muita coisa, mas tudo parecia estar afundando e já não sabia muito o que fazer... Mas certo dia, passando o tempo entre uma aula e outra que ministrava, eu comecei a tocar no teclado aleatoriamente e aos poucos foi surgindo as primeiras notas do que se tornaria “I Am Free”, que consequentemente se tornou o primeiro single do que ainda era um projeto. Tempos depois queria dar segmento aos próximos sons que estavam sendo criados com o objetivo de lançar um primeiro álbum, mas naquela época os músicos que me ajudaram a gravar “I Am Free” estavam com outras prioridades e segui sozinho novamente. Fui gravando as Demos dos novos sons do jeito que dava, até que conheci, através do Renato Domingos (Armahda), o Guto Gabrelon, que depois de algumas boas conversas nos encontramos e começamos a fazer uma pré-produção do álbum, onde surgiram várias ideias e duas novas músicas que o Guto havia composto. Nosso objetivo era recrutar mais dois músicos para gravar tudo quando terminássemos as ‘prés’. Porém, duas formações se passaram e as coisas não corriam como esperávamos, afinal, os músicos não viviam de música como Guto e eu. Pessoas maravilhosas passaram pela banda, mas como a realidade de muitos não está totalmente relacionada à música, as coisas nem sempre davam tão certo. Beleza! Tivemos a ideia de gravarmos o disco inteiro só nós dois e, no final, acabou dando certo!
 
Recife Metal Law – Como se deu a formação atual?
Raphael -
Após o processo todo de gravação e mixagem do CD, que levou alguns meses, finalmente fomos atrás de um novo baixista e baterista. O André Fernandes (baixo) eu já conhecia há alguns anos e ele quase integrou a Ego Absence no processo de pré-produção, mas ele se mudou para outro país e acabou não rolando. Já o Augusto Bordini (bateria) foi por indicação de um fã que disse que não poderia escalar outro baterista sem ouvir ele antes. Dito e feito! Eu acho que demos muita sorte com as indicações! (risos) E, assim, pouco antes do lançamento do álbum, tínhamos recebido o convite para abrir o show dos italianos do Vision Divine, o que não foi nada mal para uma estreia, né? E agora estamos nos preparando para os shows maiores que virão!

Recife Metal Law – Quais são suas principais influências?
Raphael -
Vários vocalistas me inspiraram ao longo dos anos, mas os que mais me marcaram foram justamente os que nem são tão famosos assim. Embora goste do óbvio, sempre curti demais o Andy B. Frank (Symphorce), David Readman (Adagio/Pink Cream 69), Roy Khan (Conception, ex-Kamelot) e muitos outros, sem contar também os que nem são do Heavy Metal.

Recife Metal Law – Vocês acabaram de lançar o excelente “Serpent’s Tongue”, como foi o processo de composição e gravação?
Raphael -
O processo eu iniciei sozinho. O meu plano era me manter no Power Metal, mas de uma forma diferente, nada de fadinhas, castelos e távolas redondas, fantasia em geral... E, por meio da influência de bandas como Evergrey, Borealis, Kamelot e muitas outras com uma sonoridade mais ‘down’, comecei a compor baseado nessa pegada mais ‘dark’, onde o peso é bem evidente, mas as melodias têm uma atenção muito especial. O mais legal de tudo é que o Guto entrou no meio do processo já entendendo, de cara, como a sonoridade funcionava e trouxe duas excelentes músicas, que são “Ego Absence” e “Let It Burn”. 

Recife Metal Law – E como está a repercussão do álbum dentro e fora do Brasil?
Raphael -
A repercussão está muito acima do que eu esperava. Sinceramente, ainda é cedo para ter uma estimativa mais sólida, pois ainda precisamos espalhar mais o som ao redor do mundo. Mas estamos tendo respostas muito positivas da mídia especializada, tanto dentro do nosso território quanto fora.

Recife Metal Law – Raphael, você tem um nome tarimbado na cena, passando por grandes nomes como Perc3ption, Caravellus, Soulspell... Isso facilitou a divulgação?
Raphael -
Acredito que a minha popularidade nesse meio se deu mais pelo Soulspell. Desde o lançamento de “The Labyrinth of Truths”, o projeto/banda só cresceu e sempre teve pessoas a minha procura pelas redes sociais, pois me conheceram de lá, seja por conta do concurso ou pelo álbum que gravei. O legal de tudo é que fiz muitos amigos. No Caravellus foi a fase onde lancei o primeiro álbum da minha vida, que de fato é muito bom, mas infelizmente não teve o trabalho de divulgação e a tour de promoção que merecia. Já o Perc3ption foi uma fase de muito aprendizado, fiz muitos shows com eles, rodei boa parte de São Paulo e o interior do Rio de Janeiro, mas como não cheguei nem a gravar álbum, acredito que essa fase já deve ter sido esquecida. (risos)

Recife Metal Law – Quando te vi pela primeira vez, você tocava bateria na Triumph Divine. Como foi essa mudança para os vocais?
Raphael -
Eu tinha um equipamento básico para fazer shows com a Triumph Divine, porém, tempos depois, um ‘amigo’ sugeriu que eu deixasse meu equipamento com ele para fazer manutenção. Já tinha feito isso antes e estava tudo bem, mas nunca imaginaria que seria roubado por ele. Foi realmente uma longa história... Resumo da ópera é que não recuperei meu equipamento e já cantarolava por conta. Já participei de um EP da Triumph Divine fazendo algumas vozes, que ficou legal. Depois que sai da banda fui convidado para a primeira banda que cantei, o Preatcher, e aí começou uma nova era na minha vida.

Recife Metal Law – Vocês foram uma das bandas que abriram o show da Vision Divine, sendo que para vocês foi a primeira vez que se apresentaram ao vivo. O que mais marcou nesse evento?
Raphael -
O calor do palco que já não sentia há anos. Foi mágico estar com uma banda incrível, com pessoas incríveis e que me apoiam a todo tempo é algo que nunca tive, pelo menos não nessa intensidade. Mas, com certeza, o que marcou fortemente para todos nós foi a resposta muito calorosa do público. Foi realmente uma surpresa maravilhosa ver pessoas já cantando as músicas, agitando de forma tão recíproca. A partir daquele momento já não éramos mais uma banda de abertura.

Recife Metal Law – Como esse show foi o pontapé inicial da agenda de shows, quais são as próximas datas?
Raphael -
Temos algumas datas marcadas, mas ainda serão divulgadas. O mais próximo é no dia 16 de maio de 2020 com as bandas It’s All Red, Alluria e Viscera, em São Paulo, no “Alliance Metal Fest”.

Recife Metal Law – Vocês fizeram um puta cover do Billy Ocean - “On the Run”! Conte-nos um pouco sobre...
Raphael -
Na verdade, é uma versão Metal. Um cover teríamos que executar a música original fielmente, mas essa história é muito legal. Eu conheci essa música acho que em 1992/1993 mexendo nas fitas K-7 da minha mãe, onde tinha uma fita amarela que me chamou a atenção. Tratava-se do “melhor internacional de novelas”. Era uma coletânea que tinha músicas do Toto, Bonnie Tyler, Patrick Swayze, Billy Ocean e muitos outros. Eu viciei nesses sons e anos depois essa fita se perdeu. Anos atrás achei na internet as músicas que compunha essa coletânea, voltei a ouvir e me deu uma vontade louca de fazer uma versão Metal desse som do Billy Ocean. Acabou dando tão certo que tem pessoas pedindo ela ao vivo nos próximos shows!

Recife Metal Law – Muito obrigado pela entrevista. Deixe-nos suas considerações finais...
Raphael -
O prazer foi todo meu e muito obrigado pelo espaço!

Site: www.facebook.com/egoabsence

Entrevista por Renan Williams
Fotos: Leonardo Lins, Murillo Xavier