Brujeria: novo álbum já disponível no Brasil




 
Décadas antes de surgirem séries como “Breaking Bad”, “Narcos” ou “Mayans M.C.”, o Brujeria colocou o mundo dos cartéis e dos assassinatos ritualísticos em evidência com um poder brutal equivalente a quando a cidade de Compton chegou à cultura pop através da banda de hip hop N.W.A.
 
O Brujeria surgiu, envolto em mistérios e má famas, em 1989. Eles introduziram com uma força descomunal frases como “Matando Güeros”, “La Migra”, “Marijuana y Brujerizmo” no léxico de subculturas extremas, incluindo desde o Hardcore/Punk até o Death Metal. A brutal banda de Death/Grind do México passou a representar o mundo notoriamente violento do tráfico de drogas, da retaliação cruel e de um sincretismo sinistro entre religiões de matriz afro-caribenha como Palo Mayombe e Santeria com a total possessão demoníaca.
 
Eles brandem rifles e facões. Mas mais importante ainda, eles estão armados com um arsenal de riffs brutais. Há muitos rumores de que o vocalista Juan Brujo engenhosamente se cercou ao longo dos anos com membros de bandas lendárias como Napalm Death, Carcass e At The Gates e artistas de programas de TV amados como Orange Is The New Black e Jackass. Mas ninguém sabe ao certo. Isso porque os homens e mulheres do Brujeria se escondem atrás de bandanas, ponchos e balaclavas.
 
Conjurado sempre que a sociedade atinge um novo ponto de inflexão entre a ordem e o caos, o Brujeria realiza seus sacrifícios através das músicas lançadas em singles e álbuns completos, tão decididamente apocalípticos como os Maias, mas dentro do seu próprio calendário. Álbuns como “Raza Odiada” (1995) e “Brujerizmo” (2000) são clássicos inegáveis e as críticas encontradas em singles como “Amaricon Czar” (2019) e “COVID – 666” (2020) são mordazmente atuais.
 
Coco Loco (a mascote da banda, tão icônica para muitos Metalheads como Eddie do Iron Maiden ou Vic Rattlehead do Megadeth) retorna com força total em 2023, estampada na capa do feroz quinto álbum de estúdio chamado simplesmente “Esto Es Brujería”.
 
O Brujeria faz a versão Metal do corrido, estilo de música tradicional mexicana baseado na narrativa. As narrativas cobrem tudo, desde as épocas históricas até a vida cotidiana dos bandidos. No caso do Brujeria, as histórias do narrador vão desde assassinatos justificados de opressores e rivais até negociações de drogas que deram errado. Em “Esto Es Brujería”, eles reclamam de tudo, desde os chefes políticos até a primeira noite na prisão.
 
O álbum de estreia do Brujeria, “Matando Güeros” de 1993, foi tão radical que as lojas de discos e distribuidores devolveram em massa uma grande quantidade de cópias no momento em que os tradutores disponibilizaram versões em inglês das letras. Mas era tarde demais para parar o Brujeria, à medida que a notícia dos riffs devastadores e das histórias selvagens sobre drogas, sexo e assassinato se espalhava. O livro “Heavy Metal: The Music And Its Culture” o incluiu em sua lista de 100 álbuns clássicos de Metal. Uma das músicas entrou na trilha sonora do polêmico drama de Harmony Korine, “Vida Sem Destino”.
 
Dois anos depois, o segundo álbum “Raza Odiada” declarou guerra ao então governador da Califórnia, Pete Wilson (retratado no álbum pelo vocalista do Dead Kennedys, Jello Biafra) e suas polêmicas políticas de imigração. Abundavam temas relacionados ao contrabando de drogas, bem como uma música que apoiava aos Zapatistas, os revolucionários do México. Um videoclipe da faixa “La Ley De Plomo” de alguma forma foi incluída (brevemente) na programação da MTV.
 
A extinta revista inglesa Melody Maker chamou o álbum “Brujerizmo” de 2000 de “Thrash maravilhosamente demente” e “barulho assassino, absolutamente desprovido de qualquer coisa que se aproxime da acessibilidade”. A revista nova-iorquina CMJ elogiou os “rosnantes discursos políticos” de Brujo, enquanto a revista britânica NME declarou: “Eles levam uma ideia hiperviolenta ao seu fim lógico, de revirar os intestinos e comicamente emocionante”. A faixa-título continua sendo uma das músicas mais ouvidas do Brujeria no Spotify.
 
Após uma longa ausência, o Brujeria retornou em 2016 com o álbum “Pocho Aztlan”, que foi o primeiro sob o selo Nuclear Blast Records, e injetou sangue novo na imparável equipe com a adição de novos recrutas. As músicas combinavam o enfoque groove de “Brujerizmo” com o impenetrável Death/Grind de meados dos anos 90.
 
“Esto Es Brujería” apresenta o Brujeria fechando o círculo da era pós-pandemia, com a profunda polarização, agitação civil, brutalidade contínua e convulsão social da época pronta para as críticas notórias da banda. Repletos de mitos densos, os anti-heróis mais notórios do metal extremo se materializam a qualquer hora, em qualquer lugar, para contar suas histórias de caos anárquico e fúria sem lei. São os eternos bandidos já preparados para farrear.
 
Um lançamento da parceria Shinigami Records/Nuclear Blast Records. Adquira sua cópia aqui.
 
Fonte: Shinigami Records/Nuclear Blast Records