BRAVE





A Brave surgiu em 1998, permanecendo ativa até 2005. Nesse período lançou três Demos e um single, até que em 2005 deu uma pausa em suas atividades, só retornando em 2009. A partir de então, a banda permanece em plenas atividades, seja lançando discos ou fazendo diversos shows, antes do advento da maldita pandemia que assola o mundo atualmente. Atualmente formada por Carlos Bertolazi (guitarra), Sidney Milano (vocal), Ricardo Carbonero (baixo) e Carlos Alexgrave (bateria), a banda está divulgando o seu mais recente álbum de estúdio, “The Oracle”, lançado em 2020. O novo disco, claro, foi um dos temas dessa entrevista, porém outros tópicos foram abordados, até mesmo a nomenclatura “Brutal Power Metal”, a qual serve para designar o estilo da banda.


Recife Metal Law - Uma das coisas que mais me chamam a atenção, até os dias atuais, é o termo Brutal Power Metal. Eu fico imaginando o que seja uma banda que mistura brutalidade com o Power Metal. E, devo dizer, acho que o Brave faz simplesmente Heavy Metal, com sua sonoridade fincada no tradicionalismo do estilo. Então qual a razão para fincar esse termo?
Ricardo Carbonero -
Esse termo, “Brutal Power Metal”, não foi criado por nós da banda e, sim, pela imprensa e por pessoas que conheciam nosso som. Esse rótulo começou a nos seguir com certa frequência, fazendo com que a banda o adotasse.

Recife Metal Law - Os dois primeiros álbuns da banda - “The Last Battle” (2012) e “Kill the Bastard” (2016) - serviram de suporte para manter o nome da banda ativo, porém só vieram a ser lançados depois de muito tempo de formação da banda. O que ambos os álbuns trazem do início do Brave? Há alguma semelhança entre a sonoridade inicial com o que o Brave faz hoje?
Ricardo -
O “The Last Battle” traz, em sua grande maioria, músicas do início da formação do Brave, apenas a faixa-título mais a música “Brave” foram as músicas novas escritas na época. Já o “Kill the Bastard” foi um trabalho totalmente novo, trazendo músicas somente da fase de seu lançamento. Existe, sim, uma semelhança, porém hoje temos uma preocupação a mais com a criação e produção das músicas, e
naturalmente isso acaba fazendo uma diferença.

Recife Metal Law - Falando no longo período para que um álbum fosse lançado, a banda se manteve ativa entre 1998 até 2005, mas deu uma parada entre 2006 e 2009, período que apenas algumas Demos e um single haviam sido lançados. O que forçou a banda a parar por um período de três anos?
Ricardo -
Essa parada se deu devido a falta de integrantes, segundo relato dos membros da época.

Recife Metal Law - É até normal que haja mudanças na formação de uma banda, ainda mais quando uma banda já trabalha por mais de duas décadas num meio árduo como o Underground. Mas percebi que a formação do Brave se mantém a mesma desde 2009. Como é trabalhar junto durante tanto tempo? Quais são os principais benefícios em ter uma formação estável por mais de uma década?
Ricardo -
O Brave está com a mesma formação desde 2016, e desde então está sendo muito boa com todos no processo criativo das músicas. Os principais benefícios é saber o quanto e como podemos contar com cada
um na criação das músicas.

Recife Metal Law - O novo álbum, “The Oracle”, foi lançado em 2020, de forma digital e independente, porém, como não poderia deixar de ser, ganhou a versão física, lançada pela Anti Poser Records. Como surgiu a oportunidade de trabalhar com o selo? Como vem sendo o trabalho de divulgação do CD?
Ricardo -
A oportunidade veio através da Som do Darma, que tem um ótimo relacionamento com o selo, e possibilitou essa parceria. A divulgação do novo álbum vem sendo trabalhada através das mídias sociais da banda e dos veículos de comunicação especializados.

Recife Metal Law - O disco traz apenas oito músicas, as quais foram espalhadas em pouco mais de meia hora de duração. Vale destacar que entre as oito faixas, uma é uma “Intro” instrumental. Trabalhar poucas músicas foi uma forma de deixar o disco mais orgânico e sem grandes diferenças entre as músicas?
Sidney Millano -
De fato, nesse último CD trabalhamos essas oito faixas com essa minutagem intencionalmente para compactuar com a qualidade e ideia do nosso projeto. As músicas em si também são a base da linguagem audiovisual (videoclipes) das quais estamos finalizando a produção dos últimos vídeos já disponíveis pelo Youtube. Já na questão da organicidade, é relativa. Se for no sentido das composições das
músicas serem similares, acreditamos que não!

Recife Metal Law - Eu mencionei que não há grandes diferenças entre as músicas, mas, de forma alguma, uma música soa igual a outra nesse disco. É Heavy Metal em estado puro, mas cada uma soa a sua maneira. Musicalmente, como foi trabalhado esse disco? Todas as ideais instrumentais foram trabalhadas em conjunto?
Sidney -
Ficamos lisonjeados com o termo “estado puro”, isso nos é gratificante! Heavy Metal é lei! Essa era a ideia. Cada faixa soando com a sua peculiaridade! Na linha Power Metal Tradicional. A composição musical foi toda estruturada pelo guitarrista Carlos Bertolazi. No entanto, a lapidação e adaptações foram sendo discutidas e trabalhadas por todos nós no processo.

Recife Metal Law - Como eu falei, musicalmente “The Oracle” é um disco linear, forte, soando tradicional do início ao fim. Tem muito de Heavy Metal tradicional. Tem muito de Power Metal. Músicas fortes, daquelas de se erguer o punho e se colocar a bater cabeça. “Firestorm”, de início, é uma delas. Refrão forte, cativante. “The Oracle” traz uma variação vocal, mas sem deixar de soar forte. Já “Fall to the Empire” e “We Are Burn the Heart”, as duas últimas, vêm numa levada cadenciada, com passagens
semiacústicas, e são canções repletas de muito feeling... É um disco com diversas opções. Quais músicas estão tendo maior respaldo, seja para quem conhece a banda, seja para quem a está ouvindo pela primeira vez?
Sidney –
“The Oracle”, como um todo, está sendo bem aceito e de comentários positivos. No entanto, as músicas “Wake the Fury”, “Valhalla” e “Fall to the Empire” aparentemente estão sendo as mais destacadas.

Recife Metal Law - A temática lírica ainda aborda temas históricos e pagãos. As lutas, atuais, não são com espadas e escudos, mas, figurativamente, precisamos de escudos, espadas, lanças, para combater o inimigo lá fora. Por vezes um inimigo invisível e traiçoeiro. Em algum momento de composição das letras vocês chegaram a traçar tal paralelo?
Sidney -
Não diretamente, mas de forma alusiva. Pois, para os que ouvem e curtem Heavy, Power ou de muitos outros subgêneros do Metal, sempre estão abertos a essas absorções de liberdade poética nas letras. Com isso, cada qual se referência e interpreta ao seu modo a realidade ou a fantasia que lhe pertença.

Recife Metal Law - A gravação do disco está soberba. Tudo bem dosado, bem equalizado e toda a produção sonora ficou a cargo do próprio Brave. O resultado final ficou num nível tão bom apenas em razão de vocês ficarem à frente das gravações? Foi cogitado algum produtor para que ele (um produtor) pudesse dar uma dica para enriquecer a sonoridade da banda?
Ricardo -
Bacana você ter curtido nosso CD. Não foi cogitado para trabalharmos com nenhum produtor, mas para o próximo trabalho talvez seja uma boa, mas a última palavra será nossa com certeza.

Recife Metal Law - A arte da capa ficou sob o comando de Manoel Hellsen, da MH Design Art. Mas ele ficou livre para criar a arte ou vocês deram um esboço, seja em traços ou verbalmente, para ele criar a capa?
Sidney -
Digamos que demos um esboço de ideias. Disso em diante o Manoel teve toda a liberdade de criação artística. No decorrer, fomos nos acertando em detalhes e referências.

Recife Metal Law - Um dos locais que o Brave gosta de se fazer presente é no palco. Mas essa maldita pandemia atrapalhou tudo, principalmente no Brasil, país onde não há políticas de contenção do vírus ou mesmo um trabalho sério para a produção em massa da vacina. Como vem sendo para a banda não poder tocar, ainda mais com um novo álbum em mãos?
Sidney -
Bom... é ruim por não termos o essencial: contato com as pessoas nos shows, né? Aquele feeling que só ocorre frente a frente, no mesmo espaço. Por outro lado, somos cônscios dessas ações de proteção e, por isso, como muitas outras bandas, estamos aprendendo e reaprendendo a usar dos meios virtuais para sanar essas demandas de comunicações artísticas. Temos materiais nas redes e estamos no processo de finalização de videoclipes, além de outros trabalhos em parceria com outras bandas em andamento.

Contatos:
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Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, MJ Neto