HOLOCAUSTO WAR METAL
O Holocausto War Metal nada mais é do que o que o Holocausto deveria seguir quando do lançamento do “Campo de Extermínio”. E essa foi a principal razão pela qual Valério Exterminator decidiu por formar essa nova banda: manter viva a chama do verdadeiro War Metal. O Holocausto War Metal surgiu em 2019 e a primeira formação trazia, além de Valério, o baterista Luiz “Panzersoldner” Toledo (Eternal Fall), que saiu após o lançamento da Demo “War General”. Mas em 2020 se juntaram à banda War Tank (bateria e vocal) e The Trigger (baixo e vocal), os quais permanecem no ‘front’, ao lado de Valério até os dias atuais. E, além do álbum de estreia, “Batismo de Fogo”, essa formação já lançou mais dois álbuns, além de ter participado de diversos splits. E não só isso, pois a banda está a todo vapor, não só gravando, mas preparando todo o tipo de artilharia, em forma de merchandising, para atirar no público Headbanger. Saibamos um pouco mais nas palavras do próprio Valério “Exterminator” Salles.
Recife Metal Law – Depois de “Batismo de Fogo”, o Holocausto War Metal já lançou mais dois álbuns, porém ainda não os conheço. Fazendo um paralelo entre o separado Holocausto e o Holocausto War Metal, existem diversas semelhanças, e acho que isso era o que Valério queria. Mas e as diferenças entre o Holocausto e o Holocausto War Metal, além do nome, quais são?
Valério Exterminator - Em se tratando de sonoridade são as seguintes: o Holocausto War Metal grava usando o metrônomo, isso nos ajuda a manter a música agressiva como no Holocausto passado e não embolar os sons dos instrumentos. Em relação aos vocais, eu pedi ao War Tank (bateria e vocal) e The Trigger (baixo e vocal) que as palavras fossem pronunciadas de forma agressiva e nítida. Cantamos em português, então qual a explicação, por exemplo, da música “Diário de Guerra”, do álbum homônimo na métrica/melodia dessa música? Eu respondo: não existe uma relação entre métrica e letra. Eu penso que o vocalista copiou ou criou a métrica/melodia e quis encaixar de qualquer jeito em uma letra. Deu no que deu. São raros os momento que ele canta a letra da música. Outra mudança está na bateria. War Tank é um especialista em ‘blast beats’, dono de estúdio de gravação e formado/especialista em áudio. Desde o começo ele disse que a bateria do Holocausto War Metal seria destruidora e tudo dentro do tempo. E para finalizar as diferenças, são três vocais diferentes, alternando com muitas variações o canto de cada um em uma mesma música. Não temos preguiça em criar. Copiar e colar não faz parte das estratégias do Holocausto War Metal.
Recife Metal Law – Quando ouvi esse disco (“Batismo de Fogo”, fiquei espantado como ele se aproxima do “Campo de Extermínio”, tanto na parte lírica como na parte musical? Esse álbum foi uma forma de voltar ao passado, de prestar uma homenagem aos primórdios ou de mostrar que essa é a forma que o Holocausto deveria soar?
Valério - Ambos. Se voltarmos ao passado, vamos entender que minhas composições/bases indicavam uma direção, um estilo, uma pegada da banda. Quando estive fora da banda, ela simplesmente se tornou uma banda sem identidade. A cada novo disco, um novo estilo e uma nova decepção. Até ser puxado para a lama definitivamente ao lançar um disco de industrial de merda, de título “Tozago as Deismno”. Então “Batismo de Fogo” é isso: a identidade da banda oriunda dos anos 80 e é assim que sempre deveria ter sido e assim será.
Recife Metal Law – Como não deveria deixar de ser, o disco traz temáticas polêmicas. Digo polêmicas, no que tange aos tempos atuais, onde boa parte dos brasileiros não veem com bons olhos os militares. Aí vocês colocam no disco “Cobras Fumantes”, uma homenagem a FEB (Força Expedicionária Brasileira). Vejo essa música como uma abordagem histórica, mesmo, prestando homenagem aos soldados brasileiros que participaram da II Guerra Mundial. Mas como foram os comentários acerca dessa música, de forma geral?
Valério - Quando criei o projeto Holocausto War Metal com o baterista Luiz Toledo (Eternal Fall) eu pesquisei sobre a FEB para iniciar a Demo de título “War General” com uma introdução que já servisse de cartão de apresentação à rebatizada banda Holocausto War Metal. NÓS SOMOS UMA BANDA BRASILEIRA, QUE CANTA EM PORTUGUÊS E USA A TEMÁTICA DE GUERRA PARA RELATAR AS ATROCIDADES DA HUMANIDADE. Então, nessa pesquisa para criar a introdução “Feb Respeito!”, me deparei com várias histórias dos Cobras Fumantes e, inclusive, com a emocionante homenagem do Sabbaton. A partir desse momento eu já sabia que as homenagens deveriam continuar em um próximo lançamento. Cobras Fumantes foi a última música a ser composta. Fazer a letra e a métrica foram tão simples que eu realmente me surpreendi. É uma música carregada de respeito, emoção e digna de ser cantada por todos os bangers brasileiros. Já recebi comentários de aliados dizendo o quanto curtiram a música. Recebi mais de três comentários de aliados que mostraram a música para seus avós que são ex-combatentes e a emoção que eles sentiram. Ano passado peguei um táxi em Matozinhos, cidade do interior mineiro, onde fico com minha mãe nos finais de semana, e o taxista, após encerrar a corrida, me deu seu cartão. PQP que emoção quando li o cartão ainda dentro do táxi! O cartão tem a foto dele com o uniforme da FEB. Ele foi da FEB. Então fiquei ainda um bom tempo dentro do carro conversando com ele. Ele comprou um sítio e colocou o nome de Monte Castello. Frequentemente ele vai às reuniões dos ex-combatentes. Ele me envia até hoje fotos dele nas reuniões, e eu enviei a música “Cobras Fumantes”, juntamente com a letra para que não houvesse nenhuma dúvida da homenagem a ele e aos demais ex-combatentes.
Recife Metal Law – “Simo Hayha” trata sobre o famoso atirador finlandês, conhecido pela alcunha de “A Morte Branca”. Esse atirador ficou bem conhecido - além de ser um dos melhores com seu rifle - por ser uma das resistências ao Exército Vermelho, que tentou invadir o seu país. A letra pode ser considerada, também, uma homenagem ou uma forma de crítica da invasão soviética à Finlândia?
Valério - É uma homenagem! Durante as composições do “Batismo de Fogo” nossa manager Silvana Lemos, da Helish Trident, estava negociando uma tour pela Europa. Mas antes dessa tour, em parceria com a Etrurian Legions da Itália, participaríamos de um festival na Finlândia como ‘headliners’. Então esse era o momento de homenagear o maior sniper de todos os tempos e retribuir a importância que as bandas de Punk/HC da Finlândia tiveram em minha formação como guitarrista/compositor.
Recife Metal Law – Claro, o disco não traz só homenagens e também não acho que essa era a intenção. Temas como “Guerra”, “ISIS” e “Crianças-Soldado” seguem uma temática mais crua, de mostrar os horrores da guerra. Toda a parte lírica foi criada por você, Valério. A parte lírica ficar contigo era essencial para que o tema bélico se fizesse presente em todo o álbum?
Valério - Sim. Com a formação “War Trio”, tendo War Tank e The Trigger que vieram da banda de Death Metal Colt.45 e sem experiências com a temática de guerra, era fundamental que eu assumisse essa função.
Recife Metal Law – Uma das músicas que destoa é “Arames Farpados”, com baixo e bateria a conduzindo. De onde surgiu a ideia para compor uma música nesses moldes?
Valério - The Trigger é um baixista diferenciado. Vi vários shows dele, tanto no Colt.45 como no Necrobiotic. Ele é tão foda nos dedilhados, não usa palheta, que no Necrobiotic ele tinha um momento só dele; fazia um solo de baixo fudido! Então ele criou os riffs e me mandou para que eu apreciasse e eu achei tão interessante os riffs feitos apenas pelo baixo, que entendi que deveria fazer algo diferente nessa música. Então não gravei guitarra, não fui no dia da gravação, não fui no dia da mixagem. The Trigger e War Tank fizeram tudo isso. Fui apenas no dia de gravar os vocais, pois a letra foi minha.
Recife Metal Law – Sonoramente, como já mencionado, “Batismo de Fogo” se aproxima de “Campo de Extermínio”. Levando-se em conta que Rafão “The Trigger” e Manfredo “War Tank” não participaram do lendário primeiro disco e, ainda, que a atual formação foi responsável pela criação da parte musical, como foi trabalhada a construção das músicas para que se chegasse o mais perto possível dos primórdios do Holocausto?
Valério - Simples! Eles conhecem o Holocausto passado. Eles entenderam o que o Holocausto War Metal deveria fazer e fizeram. As guitarras eram gravadas no metrônomo e o The Trigger ia em outro dia, pois estávamos na pandemia, e gravava o baixo. No dia de gravar mais guitarras, War Tank mostrava os arranjos do baixo e eu dizia “OK” ou “vamos mudar apenas isso aqui”, mas 90% foi OK. Com a bateria foi um pouco diferente. Como o estúdio é na casa de War Tank, no começo ele gravava e enviava para minha audição. Depois vi que essa estratégia estava atrasando um pouco a produção. Então achamos melhor eu estar presente na gravação da bateria. E também 90% dos arranjos eu dizia OK.
Recife Metal Law – O álbum foi lançado pela Warcore Records, de propriedade de tua. Lançar o disco pelo seu próprio selo foi uma opção?
Valério - A WarCore foi criada como selo em 2020 para lançar a Demo “War General” com Luiz Toledo (bateria). Ali se iniciava as celebrações pelos 35 anos de criação do War Metal nacional. Em meados de 2020, já com a formação “War Trio”, propus transformarmos o selo em gravadora. Então nos tornamos sócios. Ter sua própria gravadora é ser dono de suas músicas. Ter sua gravadora é dizer NÃO aos selos/gravadoras USURPADORAS do Underground. Ter sua gravadora é não permitir que músicas gravadas há mais de 30 anos sejam consideradas PATRIMÔNIO de quem as lançou. Ter sua gravadora é não permitir que selo ‘gringo’ licencie seus álbuns como, por exemplo, “War Metal Massacre” e “Diário de Guerra” com outros selos, sendo que o dinheiro pago nesses álbuns saiu do nosso bolso. Ter sua gravadora evita quebra de contrato, como houve com a Nuclear War Now, que ao negociar o “Diário de Guerra” disse que produziria 1000 LPs e 1000 CDs. Após nove meses, a Nuclear War Now produziu 500 LPs e nenhum CD. Ter sua gravadora permite a sua banda criar vários produtos usando músicas de vários lançamentos, que foi feito, por exemplo, no “Made In War”. Ter sua gravadora é ter sua independência.
Recife Metal Law – Em termos de apresentações ao vivo, como vocês estão trabalhando essa parte e até onde os shows podem chegar?
Valério - De junho de 2020, quando em plena pandemia iniciamos a fase de gravações, até os dias atuais, foram mais de 10 produções/álbuns. Splits com Belial Throne, Obsessed, BHell, Army Kaos, coletânea “Reborn to Eternity” com Sextrash, Obsessed e BHell, coletânea com Goat, Schizoparanoic Platoon, Goatpenis; álbuns “Batismo de Fogo”, “Made In War” e “De Volta ao Campo de Extermínio”, todos já lançados. E ainda temos três álbuns em fase final de produção/gravação. Foi impossível se dedicar aos ensaios. Então voltamos agora em janeiro/2023. Toda terça-feira e quinta-feira temos ensaios. A expectativa é que a partir de setembro/2023 o Holocausto War Metal inicie sua “ocupação” em territórios nacionais e europeus.
Hails Valterlir e leitores do Recife Metal Law! Agradeço pelo apoio de todos! Juntos no front, marchando com sangue nos olhos e faca nos dentes, sempre seremos mais fortes! Obrigado pelo convite, Valterlir!
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Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação