MIDNIGHT NECROTOMB





Midnight Necrotomb, novo nome no submundo brasileiro. Não se trata de uma banda, mas, sim, de um projeto capitaneado por Terror Holocausto, mais conhecido no meio Underground por ser o baterista da banda de Speed/Thrash/Black Metal Carrasco, de Pernambuco. Atualmente residindo em Cruz das Almas/BA, Terror Holocausto montou esse projeto em 2019 e, em 2021, lançou o EP de estreia, “Before Coffins, Hells and Nightmares”, onde teve o auxílio de outro bem conhecido no meio Underground, Yuri Hamayano, que tocou as partes de bateria. O EP foi lançado nos formatos digital, K-7 e CD, com o suporte dos selos Blasphemy Productions e Cianeto Discos. Terror Holocausto nos fala um pouco mais a respeito do projeto e do lançamento na entrevista a seguir.

Recife Metal Law - Como surgiu a ideia de “formar” o Midnight Necrotomb (o formar entre aspas é em razão de não ser uma banda, propriamente dita, mas um projeto solo)? E esse nome, como surgiu? Ele se encaixa de forma perfeita na linha musical do projeto...
Terror Holocausto -
Salve grande Valterlir! Primeiramente eu gostaria de agradecer o espaço cedido e desde já é uma honra poder trazer as informações do Midnight Necrotomb aqui no Recife Metal Law! O Midnight Necrotomb surgiu no segundo semestre de 2019 na cidade de Cruz das Almas/BA, onde resido desde 2016. A ideia do projeto, entretanto, é bem mais antiga. Entre os anos de 2002/2004, com meus 12/14 anos, quando comecei a ir aos shows de Metal em Feira de Santana/BA, sempre que rolavam as bandas de Death Metal (Deformity BR, Incrust, Headhunter D.C., entre outras). Eu ficava impressionado com a energia, brutalidade e a sensação de desespero dos shows. Esses alicerces me deixavam paralisados e a minha atenção ficava totalmente focada no show e no bate cabeça infernal das apresentações! Era foda demais! Quando fui morar em Recife, entre 2004/2005, os shows que rolavam no velho Dokas, Casa do Frevo, Armazém 14... As ‘bicadas’, cachaças e trocas de ideias que rolavam; as voltas para casa às 05h00/06h00 da matina após os shows eram muito fodas! Com o passar do tempo fui aprendendo a tocar e mantive a ideia de um dia fazer uma banda ou projeto de Death Metal que me fizesse voltar as lembranças dos anos 2002/2012 aproximadamente. Para mim, com o Midnight Necrotomb, poder transformar essas sensações e recordações antigas em massa sonora Death Metálica me traz algo ligado a nostalgia. O nome do projeto surgiu com a ideia concentrada ao culto da morte grotesco, obscuro e perturbador. Desta maneira, como boa parte dos temas abordados trazem uma ambiência noturna e consequências que findam nos túmulos, achei interessante pensar em um nome que juntasse esses atributos específicos.

Recife Metal Law - Antes desse projeto, a única banda que tu havias tocado foi o Carrasco, onde és responsável pela bateria. Mas, nesse projeto, a bateria ficou sob outra responsabilidade. Com relação aos demais instrumentos (baixo, guitarra e até mesmo voz), foi tudo de forma autodidata ou houve ajuda externa, na hora de gravar alguma linha, frase, dos instrumentos? Qual foi o principal desafio na hora de gravar tais instrumentos?
Terror Holocausto -
No Midnight Necrotomb eu fiz quase tudo na raça, começando do zero. Vale salientar algumas dicas de Hugo Magalhães (Carrasco) e de Aldo Infesto (Agonia, Moloch) no contexto da rítmica das harmonias e dos vocais, o que me ajudou bastante no início. A bateria foi gravada pelo meu brother Yuri Hamayano (Deformity BR), o que agregou muita qualidade nas pancadas sonoras! Quanto à composição das músicas e a gravação das cordas e vocais, foram desafios gigantescos e que demoraram certo tempo até alinhar os ponteiros. Na hora de gravar mesmo, não tive tantos problemas, pois as músicas estavam bem ensaiadas e eu estava estudando bem a parte técnica de áudio para poder fazer o melhor que eu podia nas gravações.

Recife Metal Law - A gravação, apesar de ser “caseira”, no teu próprio estúdio, ficou com uma qualidade muito boa, ou seja, não é algo “polido” (claro, o estilo pede algo mais “sujo”), mas deixou bem nítido todo o instrumental e voz? A parte de mixagem e masterização foi essencial para que isso ocorresse?
Terror Holocausto -
Obrigado pelos elogios à gravação, meu velho! O processo de aprendizado no áudio até a composição das músicas, gravação, edição, mixagem e masterização do material do Midnight Necrotomb ocorreu aos poucos, porém simultaneamente, na base da tentativa, erro e ajustes. O som mais “sujo” foi proposital e foi proveniente de algumas referências sonoras que usei (Archgoat, Poisonous, um pouco de Incantation, são bons exemplos) somadas a algumas peculiaridades que eu estava pensando para compor a ambiência sonora deste material do Midnight Necrotomb. Esta sequência foi fundamental para o desenvolvimento dos processos de produção musical do EP.

Recife Metal Law - Falando em mixagem e masterização, ela foi feita por Hugo “Opressor Atômico” Magalhães, teu irmão. Contar com ele nessa parte, além do design do encarte, foi por ser mais cômodo ou em razão de ele ser a pessoa certa para as funções?
Terror Holocausto -
Não, Valterlir. Hugo me ajudou na troca de ideias. Toda a mixagem, masterização e produção musical foi minha responsabilidade. Eu que meti a mão na massa. A elaboração da arte dos encartes dos CDs, das fitas K-7 e até das camisas também foram feitas por mim.

Recife Metal Law - Como mencionado mais no início, as partes de bateria foram gravadas por outra pessoa, no caso o bem conhecido no cenário Underground Yuri Hamayano (Deformity BR). Sendo um músico acostumado com linhas brutais do Death Metal, Yuri foi a primeira opção para desempenhar a função?
Terror Holocausto -
A ideia inicial seria eu gravar tudo. Entretanto, devido à limitação imposta pela pandemia e também aos afazeres pessoais e profissionais que estavam tomando muito tempo, eu precisei do suporte do velho Yuri. Por conhecê-lo há um bom tempo, ter uma boa relação de amizade e por ele ser um baterista que dispensa comentários, foi o primeiro camarada que me veio à mente para convidar.

Recife Metal Law - Em se mencionando brutalidade, as músicas contidas nesse EP de estreia, apesar de conter andamentos mais ferozes e brutos, passa longe de ser Brutal Death Metal. Na verdade, o Midnight Necrotomb segue uma linha mais primitiva do Death Metal. Quando ouvi o EP pela primeira vez fui remetido ao som do Archgoat, que parece ser uma forte influência. Estilisticamente, qual a maior influência do Midnight Necrotomb?
Terror Holocausto -
Cara, a definição do estilo do Midnight Necrotomb é complicada. Já veio pessoal falar que é Death Metal; outros disseram que é Bestial Death/Black Metal, etc. Independente disso, eu busco mesclar influências sonoras mais primitivas, tanto do Death Metal americano, na linha Incantation, Autopsy, Cianade (nas pegadas mais Death Metal) quanto do Black/Death Metal norte-americano e europeu, das linhas do  Blasphemy, Von, Beherit, Archgoat, etc. Com isso, eu não consigo elencar uma maior influência ao Midnight Necrotomb, mas, sim, um conjunto de influências.

Recife Metal Law - Veja bem, mencionei influências e tal, porém isso não significa que o projeto é uma cópia rasa do que já fora feito, porém não se pode negar que há, sim, influências. Mas foi pensado, de antemão, como usar tais influências para não soar como algo que já foi feito, ouvido?
Terror Holocausto -
O objetivo do projeto não é fazer algo inédito dentro do Metal Extremo. Longe disso, muito longe. Eu quero que quando o pessoal escute o som, remeta ao caldeirão de influências que estão por detrás. Quando eu penso na composição do Midnight Necrotomb, pelas próprias peculiaridades das influências, elas me permitem passear por um campo muito vasto, tanto na área harmônica quanto na área da percussão. Desta forma, tomando os devidos cuidados, dá para elaborar músicas que apresentem suas singularidades e que quando escutadas não soem de forma genérica. Eu imagino que esta combinação traz uma identidade ao material, que traz suas influências e que está apresentando algo interessante.

Recife Metal Law - O EP conta com apenas três músicas e uma “intro”. Trabalhar com poucas músicas foi algo essencial, por ser a primeira vez em trabalhar dessa forma (sozinho)?
Terror Holocausto -
O Midnight Necrotomb tem mais músicas, porém, como foi um EP de estreia aliado ao meu amadorismo no áudio, imagino que foi a melhor coisa que fiz. O objetivo foi apresentar o projeto para a galera, com poucas faixas e com a ideia de deixar uma sensação de quero mais, para os que gostaram.

Recife Metal Law - A parte lírica, como não poderia deixar de ser no estilo, traz uma temática ligada à morte, sofrimento, mal, histórias e contos de horror... De onde veio a inspiração na hora de escrever as letras?
Terror Holocausto -
Eu gosto de ler e escrever sobre as temáticas que abordo do Midnight Necrotomb. O foco principal são os contos de terror das linhas grotesca, obscura e podre, que são provenientes das obras de H.P Lovecraft, Clive Barker, José Antonio Martinho... Além dessas fontes, eu mesclo com relatos e documentos que descrevem atrocidades causadas pelo ser humano, daí tenho um prato cheio para o campo das interpretações e criação das letras. Penso que essa combinação casa perfeitamente com o estilo que o Midnight Necrotomb está executando. Como rotina, primeiro crio a parte instrumental e só depois que entro com o encaixe das temáticas e das letras.

Recife Metal Law - Sobre as letras, elas não vieram no encarte do lançamento em CD, porém vieram no encarte do lançamento em fita K-7. Por que inserir as letras apenas em um dos formatos?
Terror Holocausto -
A letras vieram nas fitas K-7 e em uma edição limitada em CD - formato acrílico -, que foi lançada pela Cianeto Discos. No CD – formato digipack, por falta de espaço, não deu para colocar as letras.

Recife Metal Law - “Before Coffins, Hells and Nightmares” foi lançado digitalmente, em CD e K-7. Há chances de ser lançado em vinil?
Terror Holocausto -
O EP foi lançado em K-7 pela Blasphemy Productions e nos formatos CD e digital pela Cianeto discos. O lançamento em vinil é algo que é sempre muito bem-vindo e que seria muito foda conseguir lançar o EP em um 7 polegadas. Entretanto os custos do lançamento em vinil são estratosféricos e, até o momento, apesar de ter tentado, ainda não tive um retorno positivo quanto a este formato de lançamento. Quem sabe mais para frente, aliado a um próximo lançamento.

Recife Metal Law - A capa do EP ficou a cargo Marcelo Necrolust (Necro Arts, vocalista do Necrolust Alcoholic). Numa troca de ideias, a capa foi sendo feita e chegou no que vemos no EP. O resultado final era o que tu querias?
Terror Holocausto -
Contar com a participação do Marcelo Necrolust foi foda demais! Aos poucos eu passei algumas ideias, letras e um material Demo, bem “cru”, por sinal, que eu tinha das músicas. Ele pegou a ideia logo de cara. Então, na medida que ele avançava na arte, ele enviava cada passo que fazia... Eu dava alguns pitacos, ele ajustava... A experiência foi bem legal! De fato, chegou no que eu queria no resultado final.

Recife Metal Law - Além dos formatos de lançamentos, o EP ganhou uma camiseta, e todo o material teve grande procura. Assim sendo, já há planos para um próximo lançamento?
Terror Holocausto -
Sim. Estou revisando e organizando as músicas que já tenho prontas e compondo mais algumas para deixar o meio de campo preparado. Desta maneira, pode esperar um full-lenght com 10 músicas para ser lançado entre os anos de 2023/2024. Um “plano B” será lançar outro EP com mais faixas em relação ao primeiro. A decisão será feita com base nos recursos que eu tiver disponível para custear a gravação da bateria, que será feita em estúdio.

Contatos: www.facebook.com/MidnightNecrotomb

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação