VIOLATOR
O que mais deve ser falado sobre o Violator em uma introdução de uma entrevista concedida pela banda? Todo aquele que vive, respira o Underground, conhece a banda. Se gosta dela ou não; de sua música ou não; de seu posicionamento ou não, aí já são “outros 500”. Mas, aproveitando que a banda voltou com uma nova turnê e passará novamente por terras pernambucanas, mais precisamente pela capital, fiz uma nova entrevista. E nela não se fala apenas no show a ser realizar por esses lados. Procurei abordar assuntos diversos e não tão somente relacionado à música. Novamente o baixista/vocalista Pedro “Poney Ret” Arcanjo respondeu a entrevista para o Recife Metal Law. Antes de passar para a entrevista, cabe a informação de que o show que o Violator realizará em Recife (assim como os demais da tour) contará com Felipe Nizuma em uma das guitarras, tendo em vista que Pedro “Capaça” Diaz se encontra no exterior. Além de Felipe e “Poney”, o Violator tem o Márcio Cambito (na outra guitarra) e David “Batera” Araya (bateria).
Recife Metal Law - Violator, apesar de estar ativa desde 2002, é uma banda que opta em lançar poucas coisas e também opta por dar breves pausas nas atividades. Isso é uma espécie de “balão de oxigênio”, para que a banda volte a respirar bem e continuar trabalhando ativamente no Underground?
Pedro “Poney Ret” Arcanjo - Olá, Valterlir e todos os leitores do Recife Metal Law! Primeiramente, é um prazer estar aqui novamente. Nós somos grande entusiastas da produção Underground. Eu acho que nesse momento, nesse mundo instantâneos, das redes sociais, eu acho que a gente tem que valorizar cada vez mais, assim como sempre valorizamos, a produção que é da nossa cultura, os meios da nossa cultura. Então, muito obrigado por nos permitir fazer parte dessa produção. Para gente é um prazer muito, muito verdadeiro mesmo! Bem, essa coisa das pausas no tempo é exatamente isso que você definiu, mas não necessariamente é algo planejado. Uma oxigenação, mas não necessariamente planejada. É uma maneira também que a gente encontrou de lidar com a vida e manter o Violator ao longo de 21 anos, saindo de sermos adolescentes até chegarmos a pais de família, né? Então a gente conseguiu com que a banda, sempre com a mesma formação, agregando pessoas, mantendo as amizades, mantendo as boas relações... A gente conseguiu fazer com que a banda durasse tanto exatamente porque a gente entendeu que em certos momentos era importante ter uma pausa. Ter um momento profissional; ter um momento acadêmico; ter um momento familiar, tudo isso foi sendo respeitado e o Violator vai se adaptando e crescendo conforme a gente cresce também, sacou? Então, em vez de ‘encanar’ em ter uma produtividade profissional, a gente optou por fazer as coisas no nosso ritmo mesmo, como der, e assim será. E assim conseguimos preservar a banda.
Recife Metal Law - Outra coisa que a banda costuma fazer é lançar EPs. Em mais de duas décadas de banda, o Violator lançou mais EPs do que álbuns. E olha que nem comentei acerca dos splits. Por que uma das bandas que mais representa o Underground brasileiro tem apenas dois álbuns lançados?
Pedro - É um erro nosso, cara! A gente deveria ter mais disco mesmo. Inclusive, é o plano agora. O Capaça estará aqui no meio desse ano. Nós estamos com oito músicas engatilhadas para que quando ele esteja de volta no ano que vem a gente consiga gravar. A pergunta é “por que uma das bandas mais representativas do Underground brasileiro só tem dois discos?”, e eu diria que exatamente por ser uma banda extremamente brasileira. Temos que trabalhar, fazer a vida e tal, paralelamente a banda, né? Então, eu acho que a gente fez sempre o máximo que deu; nos dedicamos o máximo possível e em muitas vezes simplesmente não havia o tempo necessário ou a gente estava viajando ou tocando... Enfim, foi a coisa como deu. Mas eu acho que é um erro mesmo. Gostaria muito que a gente tivesse chegado aqui com mais discos, mas foi o que deu para fazer. Resposta mais honesta que essa não tem como dar, não. (risos)
Recife Metal Law - O mais recente trabalho de estúdio é o EP “The Hidden Face of Death”, lançado no já distante ano de 2017. Nele apenas duas músicas inéditas: “Infernal Rise” e “False Messiah”. Vamos começar por “Infernal Rise”, com seus riffs totalmente influenciados pelo antigo Slayer. Criar a música em cima de riffs na ‘veia Slayer’ foi algo proposital ou algo que essa música pedia?
Pedro - O “The Hidden Face of Death”, que é último material, eu acho que ele marca uma uma espécie de virada, ali, no que era uma continuidade da produção do Violator, até os “Scenarios of Brutality”, que eu entendo como uma grande continuidade, uma apuração, um refinamento de uma proposta, de um tipo específico de Thrash Metal que tinha o Sepultura do “Beneath the Remains”, o Kreator do “Extreme Aggression”, talvez, como grandes referências... Aquele som mais tardio dos anos 80, né? O “The Hidden Face of Death” eu acho que ele faz uma curva em busca de um som mais primitivo, de um som um pouco mais na origem do Thrash Metal, e o Slayer é realmente uma referência completamente evidente nesse momento. Então, foi proposital, mesmo. Tanto em “Infernal Rise” como em “False Messiah”, as referências, o ‘worship’ mesmo, até mais do que referência... O culto ao Slayer do “Hell Awaits”... Então foi bem proposital... O caminho que a gente tem seguido desde então é isso. Faz parte do envelhecimento do Violator, da curva de ter saído dos 20 e poucos anos para os 30 e tantos anos, né? E aí não dá mais para ficar pulando tanto por aí, ser tão alegres e contentes.
Recife Metal Law - Ainda sobre essa música, apesar de o título levar alguns a acreditar que a letra fale sobre algo sobrenatural, a lírica é bem real e, naquele ano, já falava de um temor que se tornou ainda mais real nos anos subsequentes. Claramente a letra fala do período conturbado que já passávamos naqueles anos... Esse EP veio com a ideia de extravasar, nas letras, sobre esse temor?
Pedro - Precisamente Valterlir! Eu acho que você entendeu muito bem a alegoria do que a gente estava querendo dizer em 2017 sobre a ascensão infernal. Eu acho que estava muito latente, muito evidente, para gente, o que seria uma ascensão do neofascismo, de um momento de muita violência no Brasil, de muita repressão, de muito ressentimento, todo esse pacote de coisas horríveis que a gente teve que enfrentar desde então. Eu, às vezes, cantando a música, quando a gente tá tocando, ensaiando, me surpreendo como ela foi profética. Se a gente a for pegar especificamente, todas as frases tem, de alguma forma, uma âncora na realidade no que se referia aquele momento de 2016, do golpe, de uma queda que a gente viveu, da qualidade da democracia no Brasil... Estava bem evidente que a gente estava no limiar de mergulhar num abismo e que realmente - e tristemente - nos trouxe a 700 mil mortos quatro anos depois. Foi tristemente profética mesmo o quanto havia um mal ali a se levantar. O desafio agora é o quanto a gente vai conseguir combater e enterrar isso.
Recife Metal Law - Já “False Messiah” é direta! Não há dúvidas quanto ao título, nem quanto a sua letra. A música foi muito bem recebida pelo público Underground e seguidor do Violator. E antes de a executar ao vivo, “Poney” sempre fez questão de mencionar do que ela falava. Cheguei a ver que alguns “apolíticos” - e que seguiam a banda - teceram várias críticas negativas, não só à letra, mas ao próprio Violator. O que tu achas que aconteceu? O Violator nunca foi claro em suas temáticas ou parte de seu público só curtia a banda pelo som?
Pedro - Eu acho que o Violator sempre foi bastante claro com relação à temática. Inclusive, o disco de 2013 (“Scenarios of Brutality” ) é um disco também que tristemente tem um tom, um pouco, de antever a situação ruim das coisas. Lá está se falando sobre o perigo da anistia aos militares, o problema do trabalho escravo. Já está muito evidente o que significam os verdadeiros conflitos desse capitalismo tardio que a gente vive. Então, mesmo que não tivesse muito claro para todo mundo ali - parecia que a gente estava numa situação bem melhor -, eu acho que o disco já apontava para o que eram os limites daquela situação que a gente vivia. O que eu acho que aconteceu foi que de 2002 para cá, essa longa travessia de 21 anos do Violator, foram tempos que os conflitos sociais brasileiros se agudizaram; que a qualidade da democracia que a gente vivia caiu a máscara, né? Então, se a gente vivia uma espécie de pasmaceira durante os anos 90 e boa parte dos anos 2000, que era uma situação de que as coisas entre trancos e barrancos as coisas vão melhorando, a situação vai melhorando, né? Temos aí políticos que são ruins, mas alguma coisa está melhorando, a vida do povo vai melhorando, e de alguma forma a situação vai avançando. De 2013 para cá é um corte que quem tem 20 anos hoje em dia desde os seus 10, 11, 12, só viu o Brasil afundar, piorar, se agudizar, os dramas ficarem cada vez mais na carne. Então, eu acho que o posicionamento do Violator ficou cada vez mais evidente, mais necessário, porque a situação mudou e se tornou cada vez mais uma obrigação de cada brasileiro, eu acho, se posicionar diante do mundo que a gente estava vivendo. Eu acho que não é como se a gente tivesse mudado muito, mas eu acho que o chão a gente estava pisando é que mudou demais e muita gente não entendeu, não acompanhou esse movimento. Eu acho que quem vivia, inclusive, da nossa geração para um um pouco mais velho, viveu sempre momentos em que não precisava se politizar a nossa cultura. Era melhor que se escapasse disso, dessas polêmicas e tal. O Brasil estava saindo de um processo traumático e vivendo a democratização, do fim anos 70 para os anos 80, 90... Então era melhor não se conversar sobre isso e tal. Eu acho que se criou uma cultura de pretensa ‘apolitização’, que é, na verdade, uma cultura bastante alienante. Os tempos demandaram que a gente cultivasse uma cultura que fosse menos alienante e aí a gente se engajou nisso. E quem está perdendo o barco, está perdendo o barco da história do Brasil, lamento. Que esses acordem, abram os olhos e vejam que é preciso estar bastante consciente no mundo que a gente vive. Inclusive, aqueles que vem depois da gente... Quem tem 20, 10, 05 anos, e quem nem nasceu ainda.
Recife Metal Law - A arte/layout do EP vem numa veia bem ‘old school’. Não só a capa, mas, também, as fotos presentes. O lançamento, feito pelo grande selo parceiro da banda, Kill Again Records, veio com um pôster, com o quarteto numa foto que lembra bastante uma do Sarcófago. De quem foi a ideia, tanto dessa foto como da outra, que tá na parte de dentro do encarte?
Pedro - A concepção gráfica do disco acompanha um pouco esse giro primitivo que eu comentei na resposta anterior. A gente convidou um moleque lá da Califórnia, que fazia umas colagens, para fazer a capa... Ao invés de fazer um desenho, fazer uma coisa mais bruta. O Fernando, que depois acabou virando um grande parceiro e artista, foi responsável pela parte interna da arte, que é um pouco inspirada naqueles fanzines da virada dos anos 80, dos anos 90, aquela estética Protectors of Noise, Kill Again e revista Metallium... E eu acho que o pacote todo, das fotos da arte e tal, acompanham muito bem esse giro primitivo que eu comentei da banda. Essa tentativa de fazer uma coisa mais inspirada nos anos iniciais do Thrash Metal: 85, 86, 87... No Death, Possessed, Slayer, que é um pouco mais nessa estética de som e imagem que a gente está um pouco mais interessado. Que estamos mais interessados nos últimos anos, nos últimos cinco anos.
Recife Metal Law - A gravação desse EP não traz uma produção grandiosa. Ela soa muito orgânica, por assim dizer. E, pelo que notei, isso foi algo proposital. Em tempos modernos, com tantos equipamentos à disposição de uma banda, por que o Violator optou por um tipo de gravação mais simples?
Pedro - Legal esse seu comentário sobre a gravação, porque parece que completa bem uma coerência que a gente buscou entre todos os processos. Tanto a composição, quanto a arte, quanto a gravação, acompanham esse giro primitivo, como eu quero chamar, do Violator, que eu acredito que vai estar também no próximo disco. O próximo disco será uma continuidade, um desenvolvimento, desse giro. A gente gravou no estúdio que a gente ensaiava na época. Um estúdio que nem existe mais. O estúdio do Claudinho, nosso camarada, da minha vizinhança. Estúdio que eu ia a pé, ensaiar, toda terça-feira. A gente mandou para um ‘gringo’ mixar e masterizar, e que fez toda a diferença. Mas a ideia era ter esse som ‘fosco’ mesmo, sem ser essa coisa digitalizada, brilhante e muito artificial. A gente estava em busca de uma organicidade, de um caráter primitivo e orgânico que perpassasse todo o disco. E se você comentou dessa forma, então eu acho que valeu.
Recife Metal Law - “The Hidden Face of Death” também foi lançado em vinil. Peguei ambas as versões: em CD e vinil. Há, ainda, a versão digital (claro) e versões em fita K-7. Nem perguntarei qual o tipo de mídia preferido por vocês. Mas, com relação à procura, qual mídia o pessoal que procura o Violator prefere?
Pedro - Cara, eu sou um entusiasta do vinil, colecionador... Não de raridades especificamente, porque eu não sou ligado nessas coisas de preço e tal. Mas eu gosto muito da mídia, de ter a minha discoteca em casa, de ter os meus discos... De escutar da maneira como o vinil nos permite escutar a música, estando dentro da música, de alguma forma. E o formato do álbum, com o “lado A” e “lado B”, eu acho que é a melhor síntese do Rock & Roll. Eu acho que a nossa cultura foi feita para ser apreciada nesse formato de 50 minutos, com uma uma pausa no meio, e uma história da primeira a última música. Espero que no próximo disco do Violator a gente consiga fazer isso. Mas eu sinto que surpreendentemente no Brasil e na Sul-América o que sai muito é CD ainda. Eu tinha falado com o Rolldão sobre isso há muito tempo, dizendo “pô Rolldão, a Kill Again vai continuar vendendo CD? Parece-me um equívoco isso. CD já era e tal”. Enfim, é uma característica do nosso continente, pelas condições econômicas, por uma série de coisas, que talvez eu nem saiba explicar, mas CD vende muito ainda. Eu acho o formato da fita cassete, um formatinho muito simpático. Fiquei muito contente do “The Hidden Face of Death” sair em compacto e sair em fita cassete. Eu acho que ele foi pensado mesmo para ser um compacto de “lado A” e “lado B” e depois reproduzido na fita cassete. Eu acho que ele foi feito para isso. Mas eu acho que o que tem saída no Brasil e na Sul-América é CD mesmo, surpreendentemente. Nas ‘gringas’ LP sai muito, mas eu já tenho visto uma espécie de ‘revival’ do CD. Eu acho que nos próximos anos uma nova molecada, que já cresceu com o MP3 e está encantada com qualquer tipo de formato físico, está começando a redescobrir o CD; vai começar a redescobrir o CD e acho que a gente vai ver um ‘revival’ do CD nos próximos anos. É um pouco minha aposta, também.
Recife Metal Law - Como mencionei lá no início, o Violator deu algumas paradas durante sua existência. Hoje Capaça mora fora do país e vocês chegaram a mencionar que os shows só seriam feitos quando todos pudessem estar presentes. Ocorre que recentemente vocês anunciaram a “Sudamerica Siempre! 2023”, com Felipe Nizuma assumindo uma das guitarras para essa turnê. Em qual momento vocês decidiram mudar de ideia, com relação aos shows ao vivo e sem o Capaça?
Pedro - Entre essas pausas, teve a pausa da pandemia, que foram quase três anos que nós fomos forçados a ficar parados. E a gente aproveitou esse período para fazer o livro do Violator, que é uma peça que eu me orgulho muito, que conta a nossa história para a China. Eu acho que foi o melhor que a gente poderia ter feito com esse momento mais agudo do isolamento social. A gente conseguiu pelo menos transformar isso num produto físico, material, que eu acho que vale a pena e recomendo muito. Depois do “The Hidden Face of Death” pelo menos teve essa história da China. Capaça está na Irlanda, completando meia década lá. E a gente conseguiu, nesse período, ter um funcionamento até que muito mais ativo do que eu imaginava. Fizemos algumas turnês pela Europa, com alguns shows muito marcantes, alguns grandes festivais, grandes bandas... Tocamos com o Hellhammer, Nuclear Assault... Rolou o Obscene Extreme... Tudo isso com o Capaça nas ‘gringas’. Fomos ao Japão, fomos à China. Mas, de alguma forma, o Violator entrou nesse circuito internacional. Mas a gente já estava um pouco cansado, sabe? É muito legal participar dos festivais ‘gringos’ e tal, mas o Violator não é uma banda das ‘gringas’, o Violator é uma banda da América do Sul. O Violator é uma banda do Brasil, sacou? E a gente estava com muita saudade de tocar por aqui. E aí nesse contexto de pós-pandemia, da derrota do Jair Bolsonaro, inclusive... De um momento em que a gente pode respirar um pouco mais aliviado aqui no Brasil ou pelo menos se propor a construir as coisas, com todas as contradições, com todos os problemas, mas a gente sentiu que esse momento todo era um momento que a gente queria estar aqui, tocar aqui, celebrar, comemorar e tocar com os nossos. O Felipe Nizuma é um parceiro de 20 anos. Ele tem uma história íntima com o Violator, de ensinar certas coisas para gente lá no comecinho do Violator, sobre Thrash Metal. Não é qualquer pessoa que foi chamada para tocar com a gente esse ano. Eu acho que foi um dos grandes acertos que a gente realizou nos últimos tempos. Foi colocar o Violator “em marcha”, não apenas para funcionar como participante desse mercado mundial do Metal - que é legal participar, mas a gente já estava cansado -, mas colocar de volta o Violator como uma banda brasileira, uma banda sul-americana, que pode tocar por aqui. Então, a gente vai tocar muito esse ano aqui. Já rolou Belo Horizonte, São Paulo, e tem muita coisa para rolar esse ano ainda, com a grande presença do Nizuma, que tem sido um grande parceiro. Tem sido incrível tocar com ele e entender que no Violator a gente só agrega. O Capaça tá na Irlanda. Parece que ano que vem ele tá de volta. Enquanto isso, esse ano, a gente tá tocando com o “Japonês” e celebrando muito, estando junto com os nossos e fazendo Thrash Metal, que é o que a gente mais gosta de fazer junto.
Recife Metal Law - Quando essa tour foi anunciada, eu te perguntei se haveria alguma data em Pernambuco, o que foi confirmado pouco tempo depois. A última vez que vocês tocaram aqui foi em outubro de 2019. Além da atual situação política (e isso afastou alguns que seguiam a banda), o que mais mudará com relação a essa nova visita do Violator em Pernambuco?
Pedro - Pois é. Estivemos aí em 2019, numa visita do Capaça ao Brasil. A ideia era fazer pelo menos duas pernas dessa turnê e a gente tocar em mais alguns lugares do Sudeste, do Sul e do Nordeste, acho que do Norte também, que acabaram que não rolaram, porque logo veio a pandemia, a gente teve que cancelar. Mas o Recife tinha pegado essa essa primeira perna. Com relação a pergunta que você me fez, sobre o que mudou no posicionamento do Violator, eu acho que de 2019 para 2023 a gente tem essa mudança de que o Violator pode ter se mantido fiel ao seu som, a sua estética, as suas ideias, mas o mundo mudou nesses quatro anos. Eu acho que 2019 era um tempo de muita urgência, violência e até um pouco de medo. E 2023 é um tempo de festa, alegria, de reencontro, união. O que eu espero para esse show vai ser uma grande festa, uma grande sensação de “sobrevivemos, ultrapassamos uma noite muito escura”. As coisas não estão fáceis, não estão bem, mas juntos será melhor para gente poder reconstruir. É um sentimento muito diferente, da resistência que a gente precisava, da resiliência que a gente precisava em 2019. Agora a gente precisa de força, união e cabeça fria para saber o que a gente quer para o Metal, para o Brasil, para nossas vidas, para nossas famílias, para tudo isso. Mas é bem diferente de 2019. Eu espero que a gente aproveite muito esse momento coletivo, juntos, de muita festa e muita alegria. Em breve estaremos aí. Valeu! Valeu demais Valterlir! Valeu Recife! Valeu Nordeste! Valeu Brasil!
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Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, Bajull Marotta, Régis Bezerra, Henrique Janssen, Zwaren Metalen, Kubo Metal