Surgida em julho de 1999, a Expose Your Hate fez com que o Rio Grande do Norte se tornasse referência mundial do Death/Grind após o álbum “Hatecult”, lançado em 2005. Disco esse que recebeu grandes críticas por conta de seus riffs regados a ódio, barulho e perversão. Quem nos conta a história da banda é o baixista Cláudio Slayer, em entrevista ao Recife Metal Law.
Recife Metal Law – Vamos começar falando sobre a história da Expose Your Hate, que começou no final da década de 90. O que mudou na banda de lá pra cá?
Cláudio Slayer – O Expose Your Hate começou em julho de 1999, com a intenção de fazer um som derivado da combinação do Death Metal e Grindcore. Todos nós já havíamos tocado em outras bandas no início dos anos 90 (Insane Death, Sanctifier, Lord Blasphemate), mas estávamos parados. Então um dia resolvemos nos reunir para tocar porrada novamente. Desse reencontro acabou nascendo o EYH. Em 2001 lançamos a Demo “In God We Crush”. Em 2005 saiu o CD “Hatecult”. As mudanças mais evidentes desde o início foram as de formação. Da formação original ainda estão eu (Cláudio Slayer, baixo) e Luiz Cláudio (vocal). Estamos com nosso terceiro baterista na pessoa de Marcelo Costa (Sanctifier) que vai completar um ano na banda em Novembro do ano corrente. Também tivemos a adição de mais um guitarrista em 2006, Flávio França (Outset), além de Fernando Lima (Primordium) que está na banda desde 2002, tornando o Expose Your Hate um quinteto atualmente. Sonoramente penso que a banda manteve suas características básicas, claro que depois de quase dez anos de banda e a soma de novos músicos com idéias novas, tivemos certo amadurecimento musical e até mesmo pessoal. Mas o intuito de tocar música rápida, violenta e subversiva nunca mudou!
Recife Metal Law – Qual a temática da banda e os nomes que mais a influenciaram?
Cláudio – As letras da banda têm como inspiração essa realidade caótica em que vivemos, a partir de um posicionamento pessoal. As letras são escritas por mim e pelo vocalista, no meu caso procuro apenas expor meu ponto de vista, turbinado pelo ódio, acerca de temas variados, às vezes até em tom de desabafo. Abordamos assuntos como o ateísmo e a negação aos dogmas religiosos; a necessidade de despertar para o mundo real onde impera a mentira, a total ausência de respeito à vida, a padronização dos valores de uma humanidade programada para pensar e agir como robôs sem opinião e senso crítico; e até mesmo um pessimismo latente sobre os caminhos futuros da raça humana. Como falei anteriormente, sou influenciado pela própria realidade, mas sou admirador de autores como Nietzsche, Carl Sagan, Michael Moore, Augusto dos Anjos, Hakim Bey, Bakunin, Richards Dawkins, entre outros.
Recife Metal Law – O CD “Hatecult”, que começou a ser gravado em 2004 e foi lançado no ano seguinte, atingiu um nível técnico e sonoro espetacular, conseguindo grande repercussão, inclusive internacional. A que vocês atribuem o sucesso do álbum?
Cláudio – Primeiramente obrigado pelas palavras a respeito do CD! Acredito que essa ótima repercussão se deve a um conjunto de fatores. Desde a preocupação em produzir algo com aspectos técnicos como qualidade sonora e gráfica em primeiro lugar, até o grande trabalho da nossa gravadora Black Hole Productions. Dedicamos todo o ano de 2004 na pré-produção do CD, gravação e concepção gráfica. Não fizemos shows, estávamos totalmente focados no “Hatecult”. E depois de tanta dedicação ficamos satisfeitos com o resultado!
Recife Metal Law – Atualmente como você, Cláudio, avalia o cenário musical no país? Há mais aceitação do estilo Grind/Death Metal por parte do público em geral?
Cláudio – Na verdade hoje existe menos preconceito com bandas desta tendência. O estilo se aproximou do Metal extremo, tanto sonoramente quanto em termos de aceitação do público, dando mais visibilidade as bandas que mesclam o Death Metal com o Grindcore. Hoje é mais comum ver bandas de Death Metal, Thrash Metal e afins dividindo o mesmo palco, gravadora, público, com bandas que além do Metal Extremo também se influenciam do Grind e do Crust. Na verdade, se observamos, sempre existiram bandas assim lá fora, desde os primórdios da cena extrema (Repulsion, Napalm Death, Terrorizer, Brutal Truth e Impaled Nazarene que sempre teve um pé no hardcore, por exemplo), e é bom saber que o Brasil também vem aceitando e respeitando bandas daqui com a mesma proposta.
Recife Metal Law – Falando em público, como andam os eventos?
Cláudio – Os eventos por aqui estão indo bem. Natal é uma cidade que tem certa rotatividade de shows Underground e isso é muito bom. Mas nem sempre é um mar de rosas, afinal de contas, como toda capital nordestina tem os prós e contras. E às vezes o sectarismo de alguns acaba por prejudicar outros que no final das contas estão no mesmo barco, o da música pesada e Underground, que só merecem apoio.
Recife Metal Law – E quais os covers vem sendo executados em shows pela Expose Your Hate?
Cláudio – Nós nunca fomos uma banda de tocar muito covers, mas eles sempre estiveram presentes na história da banda. No momento apenas um faz parte do repertório atual de shows que é “Scream, Bloody, Gore” do Death. Além de covers de bandas referências para nós, como o Napalm Death, Brutal Truth, Nasum, até Cannibal Corpse, já tocamos também covers inusitados como do Black Sabbath e Deep Purple em versões mais “cavernosas”.
Recife Metal Law – Por aqui vou ficando e agradecendo ao Cláudio pela participação em nosso site. Deixo aqui o espaço em aberto para tuas últimas considerações. Um abraço!
Cláudio – Nós que agradecemos, Viviane, pelo apoio e espaço grande amiga! No mais, continuamos nosso caminho compondo músicas cada vez mais cheias de ódio que farão parte do sucessor do “Hatecult”! Aguardem e continuem expondo o ódio e nunca oferecendo a outra face! Keep The Hatecult Alive!
Site: www.exposeyourhate.com.br
Entrevista por Viviane Nihilisme