TERRA PRIMA
Em 2004, surge a pernambucana Terra Prima, banda que mescla sons da Terra, como baião, maracatu, salsa, música flamenca e outros ritmos misturados ao Heavy Metal. Tal amplitude se justifica desde o nome, oriundo do latim: “Terra Primeira”, que pode ser interpretado como “a Terra em sua essência”. A banda estreou em julho de 2004, já lançando seu Promo-CD “Life Carries On” e, apesar de ter apenas cinco anos de estrada, carrega em sua bagagem shows ao lado de bandas como Angra, Shaman, Andre Matos, Viper, Atrocity e Leave’s Eyes. Em 2006, o Terra Prima se consagrou na noite do “peso” do Festival Pernambucano Abril pro Rock, um dos maiores do nordeste brasileiro, onde lançou o EP “Step by Step”, recebendo vários elogios da imprensa e mídia especializada. Em 2009 a banda passou o primeiro semestre em São Paulo, gravando seu álbum de estreia, intitulado “And Life Begins”. É a respeito de como foi a gravação e a experiência de gravar um CD com produtores ‘top’ de linha e do lançamento do álbum que iremos falar com o vocalista Daniel Pinho.
Recife Metal Law – Daniel, após anos lutando para chegar até aqui, você finalmente se encontra em São Paulo, finalizando a masterização do tão esperado álbum de estréia da banda. Primeiramente, apresente a atual formação, que está gravando o “And Life Begins”, e nos fale mais sobre o disco.
Daniel Pinho – Pois é... Desde o dia 31 de Julho de 2004 estamos nos palcos do Recife ralando e ensaiando pra gravar esse disco. A formação atual conta comigo, Daniel Pinho, nos vocais, Diego Veras e Otávio Mazer nas guitarras, Pedro Diniz no baixo, Tiago Guima na bateria e João Nogueira nos teclados. O disco é uma compilação das melhores idéias que tivemos ao longo desses cinco anos de banda e terá desde as músicas já conhecidas como canções completamente novas.
Recife Metal Law – O CD está sendo produzido por Heros Trench e Marcello Pompeu, do Korzus e Mr. Som. Como foi a relação de vocês e essa experiência?
Daniel – A experiência com os dois produtores foi excelente. Primeiro que ficamos hospedados no estúdio, que dispõe de uma estrutura para abraçar bandas de fora de São Paulo, e isso fez com que a gente se aproximasse bastante na amizade. Saímos juntos, tomamos cervejas e sempre estávamos jogando conversa fora nas horas vagas. As sessões de gravações foram tranqüilas também, pois eles nos deixaram muito à vontade, e isso foi importantíssimo, ainda mais pelo fato de sermos iniciantes nesse tipo de situação, de estar em um estúdio de verdade gravando, com produtores de som pesado, pela primeira vez. A experiência de se fechar em um estúdio é única. Uma banda que não passa por isso não pode se chamar de banda. Aumenta o vínculo entre os integrantes, faz a coisa se tornar mais família, cria intimidade musical entre os músicos, faz a coisa fluir da forma como tem que ser. Sem contar que ter produtores guiando o processo muda a cabeça de todo músico que está se profissionalizando. Enfim, só vivendo pra entender, mas digo com certeza, que quem num vive esse tipo de experiência ainda não deu os passos necessários para poder se dizer uma banda de verdade mesmo. Home-studio não conta... (risos)
Recife Metal Law – Em 2004, logo na estréia, foi lançado o “Life Carries On” e, em 2006, o EP “Step by Step”. Quantas músicas entrarão no “And Life Begins” e quais já conhecemos, através dos citados discos já lançados?
Daniel – O “And Life Begins” contará com 11 músicas. Também gravamos uma bônus acústica para eventuais necessidades, mas no total serão 11. Das que todos já conhecem, temos a faixa título “And Life Begins” e “Life Carries On”, do “Life Carries On” (2004); do EP “Step by Step” (2006) temos “Time to Fly”, “Step by Step” e “New Dawn”, que veio como faixa multimídia na época e agora vem com a participação de Andria Busic. Vale salientar que praticamente todas as músicas já conhecidas sofreram modificações bem relevantes, como refrões, versos, alguns mudados completamente. Além dessas cinco citadas, temos duas que nunca foram tocadas ao vivo: “Essence”, com Rafael Bittencourt participando cantando, e “Gain”, que já tem um trecho no nosso myspace; uma que era dos primórdios da banda, chamada “Await The Story’s End” e para fechar as 11, temos a introdução do álbum, chamada “GateZzzZzz”, que apresentamos no Wacken Metal Battle, com participação de Gilmar Bolla 8, percussionista do Nação Zumbi, tocando Alfaia e Ganzá e uma música instrumental chamada “Prelude to Life” (que não é a mesma “Prelude to Life” do Promo “Life Carries On”). A acústica, que é a décima segunda, se chama “Essence 2”.
Recife Metal Law – Com foi o contato com os produtores? Vocês já os conheciam? Ou eles que ouviram o som da banda e se interessaram?
Daniel – Em junho de 2008 eu estava a passeio em São Paulo e resolvi conhecer alguns estúdios. Antônio Araújo, guitarrista do Korzus, me levou no Na Cena e depois no Mr. Som. Engraçado que pouco depois que chegamos lá no Mr. Som e vimos a estrutura, chegou a galera do Oficina G3, que na época estava na pré-produção do “Depois da Guerra”. Eu tinha banda na igreja e sempre fui fã dos caras, e isso foi o que determinou realmente a nossa escolha. Tudo aconteceu por meio de indicação de Antônio Araújo, que levantou a bola da gente lá no estúdio, e sem nem ouvir o som da gente, os caras toparam. Acabou que tudo ficou às mil maravilhas, pois eles lá nunca tinham pegado uma banda de direcionamento melódico, e eles ficaram muito satisfeitos com o resultado, pois têm na mão um material de nível muito interessante numa praia que eles não estavam habituados a fazer, com isso aumenta o portfólio deles dentro do Metal.
Recife Metal Law – Com relação a parte gráfica, quem foi o responsável por fazer a capa do álbum?
Daniel – Eu mesmo fiz todas as artes do disco. Sou formado em Design Gráfico e topei o desafio.
Recife Metal Law – A previsão inicial de lançamento seria para o ano passado, porém houve um atraso e só agora em 2010 o mesmo foi lançado. Qual a razão para a demora no lançamento?
Daniel – O álbum foi lançado em abril. O que aconteceu foi que o álbum estava pra sair em novembro, mas quando virasse o ano, seria um álbum do ano passado, daí seguramos um pouco, e foi quando rolou a parceria com a Voice Music.
Recife Metal Law – Sobre a parte lírica, quem é o responsável, e o que foi abordado nas letras do álbum de estreia?
Daniel – Eu mesmo escrevi todas as letras, menos “Rage”, que foi escrita em parceria com Pedro Diniz (baixista). Os temas sempre abordam situações e sentimentos dos seres humanos, como amor, raiva, desilusões, etc.
Recife Metal Law – Instrumentalmente, a banda ainda continua a adicionar ritmos como baião, maracatu, música flamenca, etc., em suas músicas? E em qual intensidade esses ritmos foram apresentados no álbum?
Daniel – Esses elementos sempre estarão presentes nas músicas do Terra Prima. Praticamente toda música tem uma pitada de alguma coisa, às vezes bem na cara, às vezes mascarado, mas sempre de forma simples e natural. Não adianta ficar colocando coisas somente pra dizer que usamos determinado ritmo ou usar arranjos, passagens e temas já existentes na música brasileira, como tantos artistas fazem. O grande lance é fazer do nosso jeito, e o principal: DE FORMA NATURAL.
Recife Metal Law – Em Pernambuco, assim como em muitos outros lugares, não é nada fácil se manter na ativa com uma banda de Heavy Metal. Quais as dificuldades principais que vocês enfrentam para se manter na ativa, ou não existe qualquer tipo de dificuldade para o Terra Prima?
Daniel – Claro que enfrentamos muitas dificuldades. Ainda não obtemos nosso sustento da banda. Esperamos que, com o disco na mão, as coisas comecem a funcionar, pois banda também é negócio, e como tal, precisa gerar renda. A nossa principal dificuldade é a distância dos centros onde o Heavy Metal tem mais visibilidade. Uma banda em São Paulo, por exemplo, tem muito mais possibilidades, pois o Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, ficam somente a um pulo, sem contar que o interior de São Paulo é muito forte, possibilitando ainda mais oportunidades. Apesar disso, uma banda também não pode se limitar ao lugar onde vive. As próprias bandas paulistanas, mesmo com tantas casas voltadas ao público Rock, só tocam em São Paulo uma ou duas vezes por ano, quando tocam, mas em compensação, têm essa proximidade de outras cidades fortes para o Rock.
Recife Metal Law – Agradeço pela atenção ao Recife Metal Law, Daniel. Fica aqui, agora, algumas linhas para você mandar seu recado...
Daniel – Valeu Ozzy e o Recife Metal Law! Pra finalizar gostaria de agradecer a todos que nos ajudaram com apoio, seja no Myspace, seja no diário de gravações; seja pelo Orkut ou qualquer canal que temos. Estamos aí pra ficar! Grande abraço a todos e fiquem antenados porque vem muita coisa boa por aí! Espero que vocês fiquem ligados nas nossas músicas, ajudem as bandas do Recife, indo aos shows, comprando discos, camisas, etc., e visitando os Myspaces, mostrando para os amigos. Agradecemos a todos os “Terráqueos”. Grande abraço do Terra Prima!
Site: www.myspace.com/terraprima
Entrevista por Ozzy Mignot
Fotos: Divulgação
*Entrevista realizada entre novembro/2009 e maio/2010