POWER FROM HELL
O Power From Hell surgiu em 2002 fazendo um som totalmente nos moldes de grandes bandas dos anos 80, como Bathory, Onslaught, Bulldozer. Com três álbuns lançados, o Power From Hell já é uma banda bem apreciada no Underground. Vamos conversar com Aron “Sodomic” Romero acerca da banda e demais assuntos.
Recife Metal Law – Saudações Sodomic! Antes de qualquer coisa gostaria que nos contasse acerca do surgimento do Power From Hell e um pouco de sua história, afinal já são oito anos desde a fundação da banda...
Aron “Sodomic” Romero – Saudações! O Power From Hell surgiu em 2002 com a ideia de fazer um tributo ao velho Metal. Bom, o primeiro registro em áudio do Power From Hell foi em 2004, mas em 2002/2003 a banda, com outra formação, tocou num boteco podre aqui de Guarulhos, fazendo apenas covers de bandas como Venom, Bathory, Hellhammer, etc. A princípio era para ser apenas esse show, mas eu gostei daquela ideia e comecei a compor as músicas que viriam a fazer parte do álbum “The True Metal”, e quando estava tudo pronto chamei Evil Destructor, baterista na época, e gravamos o “The True Metal”, primeiro álbum da banda.
Recife Metal Law – O som da banda tem claras influências de bandas dos anos 80, como Hellhammer, Bathory, o próprio Onslaught, de onde vem o nome da banda... A influência dessas bandas se evidencia não só na parte musical da banda, como no estilo de gravação, que lembra as gravações feitas pelas mesmas. O que você tem a nos dizer sobre isso?
Sodomic – O nome Power From Hell vem do primeiro disco do Onslaught. Escolhi esse nome justamente por ser algo bem simples/direto e clichê. Tudo no Power From Hell é simples, bem simples, e é claro que o nome não poderia ser diferente. As influências são as mais variadas possíveis; acho que de certa forma tudo do Metal dos anos 80 tem certa influência no som do Power From Hell. O sistema de gravação não é diferente; precisava ser simples e soar como essas bandas velhas.
Recife Metal Law – O primeiro álbum foi gravado de uma forma curiosa, artesanal eu diria. Vocês usaram um tipo de gravador dos anos 70. Como se deu esse processo?
Sodomic – Realmente o “The True Metal” foi gravado numa secretária eletrônica da década de 70, inclusive muitos duvidam disso até hoje! (risos) Mas é um fato. O álbum “Sadismo” foi gravado num velho tape dos anos 80, e o “Spellbondage”, novo álbum, foi gravado da mesma forma. Fiz essas escolhas de gravação para tentar fazer tudo da forma mais primitiva possível. Até mesmo na época do “The True Metal”, até pelo nome do álbum, foi uma maneira de debochar de tudo que estava sendo feito na época; então gravei um álbum com músicas que não tem mais do que quatro notas numa secretária eletrônica e o resultado foi agradável aos ouvidos, mostrando que era possível fazer se ‘aproximar’ do que as bandas velhas faziam em estúdio.
Recife Metal Law – O Power From Hell lançou em 2009 seu mais recente trabalho, “Spellbondage”. Ele traz basicamente a mesma linha de som de “The True Metal” e “Sadismo”, porém noto algo de diferente em cada um dos álbuns. Como você definiria cada trabalho do Power From Hell?
Sodomic – Eu particularmente acho que o “The True Metal” é o álbum mais diferente. “Sadismo” e “Spellbondage” se parecem mais. Eu acho que ocorreu uma evolução natural; continua simples, continua tosco, mas eu acredito que o “Sadismo” e “Spellbondage” têm músicas mais diretas, mais fortes. Eu, particularmente, acho “Sadismo” o melhor trabalho do Power From Hell até aqui. Bom, eu sou suspeito para falar, né? (risos)
Recife Metal Law – Uma curiosidade: por que o “Sadismo” tem o título em português se todos os sons são em inglês?
Sodomic – “Sadismo” e “Sadism”, a única coisa que muda é a inclusão da última letra, então não vi problema em colocar o nome em português, sabendo que todos conseguiriam entender o que o título quer dizer, até mesmo pelo desenho da capa.
Recife Metal Law – As letras da banda abordam temas variados, destacando-se a luxúria, submissão e perversão. De onde vem à inspiração para as composições? As ‘pornstars’ citadas na sessão de agradecimentos do encarte do “Spellbondage” têm sua parte nisso?
Sodomic – Eu acho que, no fundo, nada é mais anticristão, nada é mais polêmico para os religiosos do que a luxúria. Mesmo no álbum “The True Metal” eu já apontava em qual direção o Power From Hell iria liricamente falando. Músicas como “Caligula” e “Prostitute of Satan” já abordavam esse tema. Muitas bandas durante a história do Heavy Metal já flertaram com esse tema, mas poucas fizeram disso sua obra principal, é o que eu comecei a fazer com o Power From Hell. “The True Metal” preparou o que estava por vir; os dois álbuns seguintes: “Sadismo” e “Spellbondage” são totalmente sexistas, e eu acho que esse é o principal termo quando se fala em religião. A igreja católica condena o ato libidinoso, então o Power From Hell ataca a sociedade, ataca os valores e bons costumes dessa maneira. Eu prefiro falar de vaginas sendo dilaceradas a falar de demônios, essa é a verdade! (risos) E as ‘pornstars’ que você citou tem sim, certa influência. Eu cresci vendo e consumindo muita pornografia, então algumas daquelas mulheres que eu cito no encarte são realmente, no fundo, as maiores inspirações do Power From Hell. (risos)
Recife Metal Law – O “Spellbondage” traz dez faixas, todas muito boas. Destaco “Witch Cult”, “Devil’s Rock and Roll”, “Fetish of Hell” e a faixa “In Memory of Bathory”, um medley com algumas músicas do Bathory, entre elas “Sacrifice”, “A Fine Day to Die”, “Witchcraft”, entre outras. Como foi o processo de composição desses novos sons, afinal não é fácil manter um alto nível sem soar repetitivo. E como surgiu a ideia da homenagem ao Bathory?
Sodomic – O processo de composição do Power From Hell é sempre o mesmo: eu vou criando alguns riffs aos poucos; faço algumas letras e quando esta tudo ‘ok’ gravo. A homenagem ao Bathory eu não saberia qual música tocar, já que são tantas. Então eu pensei: “por que não fazer um medley?”. E foi o que eu fiz, só assim conseguiria tocar alguns dos sons que eu mais curto da banda, mas ficou ainda muito som de fora; eu teria que fazer uns dez medley do Bathory para conseguir tocar tudo! (risos)
Recife Metal Law – Quem lançou a banda foi o selo Dark Sun, inclusive a gravadora lançou os materiais em formato vinil. Como surgiu essa parceria e qual o apoio que a banda tem da gravadora? O “Spellbondage” também será lançado em vinil?
Sodomic – Em 2004, quando gravamos o “The True Metal”, esse material chegou às mãos do Leon Manssur do Apokalyptic Raids que mostrou para o Ader da Dark Sun; ele entrou em contato comigo na mesma hora pedindo para lançar aquilo em vinil; eu só acreditei quando recebi o material. (risos). O “Spellbondage” tem previsão de ser lançado em vinil também, porém sem data para lançamento no momento.
Recife Metal Law – Como tem sido a aceitação dos Headbangers aos lançamentos do Power From Hell, tanto no Brasil como fora?
Sodomic – Eu realmente tenho a impressão de que o Power From Hell é mais conhecido ‘na gringa’ do que aqui no Brasil. (risos) Só tive essa impressão quando eu fiz um myspace pra banda, e comecei a receber contatos de vários países, inclusive Fenriz (baterista do Darkthrone), entrou em contato comigo pedindo os álbuns. Eu enviei os discos pra ele e ele realmente pirou, (risos) chegando a citar a banda numa entrevista recente na revista inglesa Terrorizer. Vários selos distribuem os álbuns do Power From Hell lá fora: Nuclear War Now, No Colours, Metaleros. A banda foi muito bem aceita fora do país.
Recife Metal Law – Você também faz parte, como guitarrista e vocalista, da banda Anarkhon, que tem uma linha de som totalmente diferente do Power From Hell. Como as duas bandas estão presentes na sua vida e o que significam pra você?
Sodomic – O Anarkhon é uma banda de Death Metal e já existia há três anos quando o Power From Hell surgiu. Na verdade criei o Power From Hell como uma válvula de escape para o Anarkhon, que é uma banda séria, que lança discos, faz shows, turnês e toda essa dor de cabeça comuns numa banda. Já o Power From Hell é descompromissado, não faz shows, só lança os materiais. As duas bandas estão em equilíbrio. Eu preciso das duas para sobreviver. (risos)
Recife Metal Law – O Power From Hell até agora só lançou material de estúdio e não fez shows. Muitos indagam se seria possível ver apresentações ao vivo da banda. Essa possibilidade existe? Já surgiram propostas?
Sodomic – Em uma entrevista que concedi na época do lançamento do “The True Metal”, eu mencionei que o Power From Hell, jamais faria um show, mas eu percebi que JAMAIS é muito radical. Hoje tenho outra visão. Muitas pessoas no Underground realmente apreciam o trabalho do Power From Hell, então eu não posso dizer que simplesmente nunca farei um show. O que eu posso dizer é que no momento isso não está nos planos, mas futuramente pode vir a acontecer, com certeza, e adotei essa postura de não tocar ao vivo mais para criar uma atmosfera de mistério em torno da banda, e também para manter de uma forma íntegra o som. Às vezes, devido a um lugar ruim, com um péssimo equipamento, uma banda faz um péssimo show, e eu não quero ter essas dores de cabeça com o Power From Hell, não quero tirar a magia do que está gravado nos álbuns.
Recife Metal Law – Pra finalizar, gostaria de lhe agradecer, Sodomic, pelo tempo cedido. Força na sua jornada! Fica o espaço para suas considerações finais...
Sodomic – Eu que agradeço pelo seu interesse no trabalho do Power From Hell. Estou à disposição dos Metalheads de plantão. Qualquer coisa é só entrar em contato. Grande abraço a todos e obrigado!
Contatos: Rua Mediterrâneo, 137 – Jardim Almeida Prado. Guarulhos/SP. CEP: 07.133-370.
Site: www.myspace.com/dayoflust
Entrevista por Netão Guimarães
Fotos: Divulgação