NERVOCHAOS
Apesar das sempre presentes mudanças na formação da banda, o baterista Eduardo Lane sempre se manteve firme à frente do Nervochaos, ao longo de seus 14 anos de existência. Com diversos shows na bagagem e diversos lançamentos, entre eles quatro álbuns de estúdio, a banda novamente estará visitando a região Nordeste, dessa vez para divulgar o novo álbum, “Batallions of Hate”, lançado recentemente. Pernambuco não poderia ficar de fora dessa tour e sobre a nova passagem do Nervochaos, o novo álbum e outros tópicos, fizemos essa entrevista com o fundador e líder da banda Eduardo “Edu” Lane...
Recife Metal Law – O Nervochaos sempre sofreu com mudanças em seu ‘line up’ e da formação original só resta você, Edu Lane. Por que tanto entra e sai na banda?
Eduardo Lane – Eu acredito que é uma série de fatores, mas normalmente as mudanças de formação na banda se dão por fatores externos como família, namorada ou esposa. Algumas vezes por falta de foco e dedicação mesmo. Por fim, poucas vezes porque a banda não pode pagar o que o músico deseja. Infelizmente, não vivemos da banda, mas levamos a sério, então isso significa abrir mão de muitas coisas. Também com os constantes shows, normalmente perde-se o emprego, e muitos não aguentam estar na estrada constantemente. Então não é nada fácil tocar numa banda de música extrema no Brasil, mas seguimos em frente sempre buscando solidificar a formação, encontrando as pessoas certas.
Recife Metal Law – Constantes mudanças na formação de uma banda nunca são boas, porém creio que algo de satisfatório existe em tais mudanças. No Nervochaos, o que de bom aconteceu com as mudanças em sua formação?
Edu – Acho que o melhor de tudo isso foi a sonoridade que evoluiu bastante. O entrosamento é uma questão de prática ou ‘hora de vôo’ e isso, felizmente, nós fazemos bastante tocando ao vivo e ensaiando.
Recife Metal Law – Nos seus primeiros lançamentos, mais precisamente na Demo homônima de 1996 (essa eu tenho!) e no álbum “Pay Back Time” (1998), a sonoridade da banda, apesar de vir numa linha Death Metal, tem muita influência do Thrash Metal, inclusive com certo groove nas músicas. A ‘pegada’ realmente Death Metal só veio nos trabalhos posteriores. Como vocês analisam esse início do Nervochaos?
Edu – É verdade. O primeiro CD e a primeira Demo Tape são mais Thrash Metal, diria até que meio Crossover. Com o passar do tempo e com as mudanças de formação, a sonoridade também mudou bastante. Nunca deixamos de ser uma banda de Metal extremo, mas sempre flertamos entre os diversos rótulos, como Death, Thrash, Black ou Grind.
Recife Metal Law – Antes de “Battalions of Hate”, a banda havia lançado “Quarrel In Hell” (2006). Esse álbum continuou sendo divulgado até agora, estou certo? Com tanto tempo, como foi todo o trabalho de divulgação para esse álbum, o qual, inclusive, chegou a ser lançado em território estrangeiro através do selo Ibex Moon?
Edu – Sim, fizemos a nossa maior turnê divulgando esse material e conseguimos abrir diversas portas para a banda. Acredito que amadurecemos muito como banda nessa fase. Mas também sofremos muito com, mais uma vez, as mudanças de formação, que acabaram gerando um bom atraso para o lançamento do CD. Isso porque tivemos que regravar o material para não lançar algo datado. Depois tive que reestruturar a banda inteira para poder voltar aos palcos. Diria que por isso o período foi tão longo.
Recife Metal Law – Notei que o período de lançamento de um álbum para o outro são de exatos quatro anos! Isso é premeditado?
Edu – Não é premeditado. Espero conseguirmos reduzir esse tempo entre os lançamentos, mas as mudanças de formação não ajudam muito.
Recife Metal Law – “Battalions of Hate” foi lançado em abril desse ano, mais uma vez pelo selo de tua propriedade. Sei que tu trabalhas de forma independente desde que teu selo se chamava Muvuca Records. Trabalhar de forma independente é a melhor forma de divulgar o Nervochaos?
Edu – No começo eu acredito que foi o melhor para a banda. Atualmente, só fizemos esse lançamento com a Tumba pela facilidade com o prazo de lançamento, porque senão esse CD provavelmente só seria lançado no final deste ano ou começo do ano que vem.
Recife Metal Law – Musicalmente, existe alguma diferença básica entre o novo álbum e o anterior, “Quarrel In Hell”?
Edu – Sim, existe uma boa diferença entre os dois CDs. Eu diria que esse CD novo é o mais próximo que conseguimos chegar (até hoje) da nossa sonoridade própria. Não há participações especiais como houve no “Quarrel in Hell”. No novo CD, pela primeira vez, fizemos uma música instrumental. Eu diria que “Battalions of Hate” é uma evolução do álbum anterior em termos musicais.
Recife Metal Law – A temática lírica, novamente, aborda temas satânicos e de anti-cristianismo, mas por alguns títulos do álbum (o qual ainda não tenho em mãos) percebi que algumas músicas procuram abordar outros temas. O quê, liricamente, vocês procuraram abordar nesse novo álbum, além dos temas sempre presentes nas letras do Nervochaos?
Edu – Sempre abordamos diversos temas. Dentre eles, temos temas satânicos, temas contra a hipocrisia judaico-cristã, temas sobre a dura realidade do dia-a-dia, temas sobre o cotidiano e atualmente incluímos alguns temas de guerra também.
Recife Metal Law – Como já mencionado, o álbum anterior contou com diversas participações (Alex Camargo do Krisiun, John McEntee do Incantation, Mark “Barney” Greenway do Napalm Death, Caligula do Dark Funeral, entre outros). Já esse novo não teve qualquer participação especial. Vocês quiseram fazer o novo álbum dessa forma, sem qualquer participação que não fosse de integrantes da banda?
Edu – Sim, foi proposital. A razão das participações no “Quarrel in Hell” foi que era o nosso terceiro CD e queríamos fazer algo diferente e especial pelos 10 anos de banda.
Recife Metal Law – Atualmente a banda está em turnê para divulgar “Battalions of Hate”, e novamente a região Nordeste poderá conferir um show da banda. A região Nordeste já foi visitada diversas vezes pelo Nervochaos, desde a época do lançamento de seu primeiro álbum. Qual a ligação que a banda tem com essa região, além dos shows que faz por aqui?
Edu – Nós gostamos muito da região Nordeste do Brasil. Da cena, das bandas, das pessoas e do público. Além de ser um local culturalmente muito rico e com paisagens únicas, peculiares e maravilhosas, tem um povo muito receptivo e alegre.
Recife Metal Law – O último show que vi da banda foi em Campina Grande/PB, no final do ano passado, porém a banda foi prejudicada por ser a última a tocar, e até reduziu o seu ‘set list’. Então o que podemos esperar do vindouro show na capital pernambucana?
Edu – Aquele show foi muito legal, mas realmente tocamos muito tarde, já amanhecendo... O show em Recife será baseado no material do novo CD, mas também tocaremos algumas músicas dos outros CDs e alguns covers.
Recife Metal Law – Deixe um recado final para os leitores do Recife Metal Law...
Edu – Muito obrigado pelo espaço cedido a banda e pelo apoio! Veremos-nos em breve.
Site: www.myspace.com/nervochaos
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação