Evento: Evil in South America 2025
Data: 15/11/2025 Local: Estelita Bar. Recife/PE
Bandas: - Final Age (Power Metal - PE) - Ambush (Heavy Metal - Suécia)
Resenha e fotos: Valterlir Mendes
A “Evil in South America 2025”, da banda sueca Ambush, tem diversas datas marcadas no Brasil e mais uma vez (a terceira - e eu pensei que era a segunda), a banda passou pela capital pernambucana.
O dia do evento era mais que propício - um feriado nacional e um sábado. Por isso mesmo pensei que pegaria uma estrada livre de grande movimentação de carros. Algo que, de fato, não ocorreu. Mesmo assim, a viagem de minha cidade (Macaparana) para Recife foi rápida e sem contratempos.
A abertura dos portões do Estelita Bar, local que abriu os shows, estava prevista para às 20h00. Cheguei praticamente nesse horário e percebi uma pequena movimentação no lado de fora, já notando que vinha uma turma de fora (tinha gente de Natal, João Pessoa...), além dos Headbangers de Recife. Saliente-se que nesta mesma noite tinha outro ótimo evento ocorrendo, o “Necrotério Fest”, no Darkside Studio, e, certamente por isso, o público ficou dividido. Eu mesmo tive que decidir entre um e outro...
A Final Age foi a banda de abertura, e começou seu show às 20h45, praticamente no horário que adentrei ao local (algumas pessoas ainda entravam...). E sempre gosto de ver as primeiras bandas se apresentando. Eu já havia visto um show da banda há algum tempo. Seu som, calcado no Power/Melodic Heavy Metal, me fez lembrar o ‘boom’ do estilo em Pernambuco, com bandas como Terra Prima, Silent Moon... Bom ver que tem um pessoal mantendo esse estilo vivo. A formação atual da Final Age, atualmente, conta com sete integrantes, sendo que dois deles são vocalistas. Não é algo que se ver costumeiramente, a não ser com o atual Helloween. Mas os vocalistas Rodrigo Oliveira e Leo Silva fazem ótimos duetos, por vezes dividindo as vozes, por vezes as alternando. Apesar do grande número do integrantes, a banda é muito boa, tecnicamente, e tudo soa muito bem encaixado e ensaiado. As músicas próprias, apesar das influências, carregam um ‘feeling’ muito bom. Quero aqui destacar as linhas de baixo de Jaime Paz, que, mesmo em meio a todo o instrumental, estavam bem nítidas. Como sempre acontece, o show de abertura sempre tem um público mais tímido e em menor quantidade. Mas o que acompanharam o show desde o início e os que foram chegando depois, viram uma banda muito boa em palco. O show contou com nove músicas, mas, assim como o show anterior que eu vi, com diversos covers. Entre estes, covers do Stratovarius (que é uma grande referência para o som da Final Age), Shaman, Kamelot e Helloween. As músicas próprias são cativantes, com destaque para “In the Bolwesof the Wave” e “Hinding Information”. O som, apesar de muito alto, estava bem definido, apesar de aqui ou ali aparecer uma microfonia. Um bom show de abertura, o qual durou cerca de 50 minutos.
Ao fim do show de abertura, fui conferir o ‘stand’ de merchandising do Ambush, que tinha diversas opções: camisetas, CDs, patches, LPs, além de outros acessórios (não relacionados à banda), tais como camisetas, bermudas, anéis, etc. Ou seja, havia uma boa variedade de acessórios relacionados ao Heavy Metal. Eu até olhei as camisetas da banda - mais precisamente da tour -, mas peguei apenas o novo álbum, recentemente lançado. Os valores não eram dos menores. O LP, que eu até pensei em comprar, estava R$ 200,00, enquanto que o CD eu peguei por R$ 80,00, o que não é um valor baixo, mas se levando em conta que é a versão lançada pela Napalm Records (importada), então...
Falando sobre o Estelita Bar, o espaço já é bem conhecido do público Underground, seja de Recife, seja de fora, uma vez que vem acolhendo diversos shows de bandas de pequeno porte (pequeno porte, porém de imensa importância). Já fazia um tempo que eu não via shows no local e dessa vez notei que colocaram um sistema de climatização, que ameniza o imenso calor que faz lá.
O intervalo até que não foi grande e não teve muito atraso. Na verdade, não teve um minuto sequer de atraso, haja vista que o show do Ambush estava marcado para ter início às 22h00...
E, pontualmente, o Ambush começa a sua apresentação, com o público já se espremendo em frente do (baixo) palco do Estelita. “Firestorm” deu início a um show que, desde o começo, demonstrava que seria intenso, cheio de energia. Parte do público já cantava a música e a intensidade da banda no palco era incrível. Antes de executar a primeira música, Oskar Jacobsson (vocal) já manda um “boa noite, Recife!”, em alto e bom português. E depois desse início, o que não houve foi intervalo entre uma música e outra. O ritmo foi alucinante! Fantástico! Intenso! Cheio de energia! A banda transpirando Heavy Metal em cada segundo, sem rodeios, direto ao ponto. O público, vendo isso, reagiu muito bem, sendo no ‘bangin’ ou até mesmo em alguns ‘surfing crowds’, moshes e ensaios de ‘circle pits’. Coisa linda de se ver! A sequência foi avassaladora - e, como já mencionei, sem intervalos -, com a Speed Metal “Possessed by Evil” colocando todos para agitar; a maravilhosa “Evil in All Dimensions”, música que dá título ao novo álbum, numa interpretação soberba; a não menos emocionante “Maskirovka”, essa, sim, com os riffs galopantes sendo tocados e Oskar falando sobre o que trata a letra. Lindo de se ver e ouvir, também, o coro do público. Impossível ficar sem bater cabeça nessa música (e em qual foi possível ficar parado?). A banda sai do palco e nele fica apenas o guitarrista Karl Dotzek, que executa um solo de guitarra. Fazia tempo que eu não via isso num show de Heavy Metal. Muito bom volta a ver esse tipo de performance. Saliento, ainda, que a potência vocal de Oskar é tão grande, que ele dava agudos intermináveis e com tamanha facilidade, que meus ouvidos, até agora (domingo, 11h25) ainda estão ‘zumbindo’. Além disso, o cara tem forte carisma. Comandou muito bem o público, se comunicando, por vezes, em português, até pedindo desculpas pelo português não ser tão legal. Importante ver um integrante de banda de fora se esforçando para falar nossa língua. E, ao menos alguns palavrões, ele aprendeu bem. Mas não só Oskar. Toda a banda transmite uma energia incrível. A sua performance, em palco, chegou a me lembrar grandes baluartes do estilo. E é perceptível que a música do Ambush traz forte influência de bandas como Judas Priest, Scorpions, Mercyful Fate, Iron Maiden, Dio, mas tudo usado a seu favor e criando algo bem próprio. Voltando ao show, não havia grandes intervalos entre as músicas, só o puro Heavy Metal nos sendo apresentado, música após música, riffs após riffs. E com um baixo - de Oskar Andersson - “trovejante”. O ‘set list’ se seguiu com “Desecrator” (refrão contagioso e com muita melodia), “Hellbiter”, e mais duas do novo álbum: “Come Angel of Night” (riffs nervosos demais!) e “Bending the Steel”. E quem não ouviu, ainda, esse novo disco do Ambush, faça isso urgentemente! “Natural Born Killers” precedia o final do show e num momento da música, mais para o seu final, a banda deixou o título ser cantado pelos presentes e a plenos pulmões. Banda sai do palco, novamente, ficando apenas o baterista Linus Fritzson, dessa vez o responsável por instigar o público e perguntar se queriam mais... E queriam, mas para isso ele quis que todos gritassem o mais alto possível! E a banda volta! E não atirou, deixou queimar! O final veio com a total Speed Metal “Don’t Shoot (Let ‘Em Burn)”, fechando o show com chave de ouro. Ou melhor, com chave de aço, couro, rebites e punhos ao ar! Banda espetacular. É aquele tipo de banda que é melhor ainda em palco do que nos álbuns. E todos merecem destaque, porque não precisam ser mirabolantes com seus instrumentos para nos apresentar algo de alta qualidade, que o diga os riffs da guitarra de Olof Engkvist ou as levadas precisas da bateria de Fritzson.
O show do Ambush durou cerca de uma hora. A banda tocou um ‘set list’ de 10 músicas, as quais abrangeram seus quatro álbuns de estúdio, tendo maior ênfase no álbum recentemente lançado, “Evil in All Dimensions”. Numa discografia assim, difícil não ficar uma ou outra música de fora, mas o ‘set list’ foi bem escolhido e que empolgou do início ao fim. Sair de um show e ficar empolgado até a hora de fazer essa resenha é algo que só uma banda me faz ver que o Heavy Metal é algo imortal. SENSACIONAL!
Por fim, quero agradecer ao produtor (e ‘brother’ de longas datas) Fabrício Moreira (da Underground Produções e vocalista da excelente banda Blasfemador), por ter credenciado o Recife Metal Law, em minha pessoa, para cobrir esse evento.