O nome leva a acreditar se tratar de uma banda que envereda pelos lados do Black Metal, porém o Project 666 faz uma mescla explosiva entre o Death, o Grind e o Thrash Metal. Surgida no final do de 2006, em Olinda/PE, a banda já participou de grandes festivais, como o Forcaos e o Abril Pro Rock, ganhando certo respaldo na cena Underground pernambucana e nordestina. Além disso, o grupo já fez diversos lançamentos, inclusive participando da coletânea Terra Batida, um projeto que teve o financiamento do Governo do Estado de Pernambuco. Atualmente o Project 666 vem trabalhando na gravação de um EP, que receberá o título de “Box Visceral”, e na entrevista a seguir o vocalista Colaço fala sobre esse trabalho, entre outros temas.
Recife Metal Law – Em razão do nome da banda, alguns mais desavisados podem pensar se tratar de uma banda de Black Metal ou até mesmo de uma banda que tem como temática lírica o satanismo ou anti-cristianismo. Qual foi o motivo para a escolha do nome Project 666. Existe uma ligação entre o nome da banda e as suas letras?
Rodrigo Colaço – No começo iríamos nos chamar só ‘Project’, mas quando o baterista Eduardo falou desse nome para o guitarrista Adriano, ele veio com a ideia de colocar Project 6. Aí, já viu, né? Para ‘666’ foi um pulo. Não somos satanistas. Enxergamos toda essa simbologia demoníaca apenas como linguagem. Então, nossas letras seguem essa ‘cartilha’ do Metal.
Recife Metal Law – A banda surgiu oficialmente em 2006, com o intuito de juntar várias tendências do Heavy Metal a sua sonoridade, porém o estilo praticado pela banda é o Death Metal, com alguns resquícios de Grindcore. Como vocês do Project 666 definiriam a sonoridade da banda?
Colaço – Isso é uma ‘confusão dos diabos’! Quando a gente criou a banda, a ideia era não rotular em um único subgênero do Metal (por isso dizíamos que fazíamos uma amálgama de vários sons). Hoje, posso dizer que a banda tem um som bem particular, que tende para o Death Metal e o Thrash Metal. Mas é verdade que o Hardcore (Grindcore) também entra nas nossas composições.
Recife Metal Law – O primeiro lançamento da banda foi o EP “Demolition”, logo seguido do single “Downgod”. Como foi trabalhada a parte de divulgação de ambos os materiais?
Colaço – O Project 666 é uma banda que nasceu nessa era das redes sociais, como Myspace, Orkut e Fotolog. Desde o início nossa meta era atingir nosso público-alvo na web, criando uma interação com essas pessoas através dessas ferramentas. Além disso, o nosso diferencial sempre foi às atribuições de cada integrante fora do estúdio de ensaio e gravação. Todos os integrantes trabalham/estudam com comunicação social e visual, ou seja, a banda tem uma puta equipe assessorando ela, que somos nós mesmos.
Recife Metal Law – Esses lançamentos abriram várias portas para a banda, que participou de dois grandes festivais: o Pátio do Rock em 2007 e o Abril Pro Rock em 2008. É notório que a banda vem ganhando bastante destaque e sempre está presente em grandes festivais. A que se deve isso? Será que fazer um som profissional e competente é o bastante para abrir portas ou existe algo mais que deve ser feito?
Colaço – Trabalho, cara. Nós ensaiamos todas as semanas, faça chuva ou sol, nas terças e quintas-feiras. Também investimos muito nos materiais de divulgação da banda (camisas, bottoms, sedas, palhetas, DVDs...). O que as bandas têm que entender é que não dá mais pra ficar só ensaiando e achando que um produtor vai bater na sua porta. Isso não existe para banda independente. Banda tem que ser encarada como uma empresa, onde os músicos são os sócios majoritários. É assim no Project 666. E é assim com a maioria das outras bandas que tocam em ‘grandes’ festivais. O carinha que faz o festival está interessado em colocar no ‘cast’ dele uma banda que ele sabe que trabalha e investe pesado nisso.
Recife Metal Law – Como mencionado, a parte de divulgação da banda não fica apenas nos CDs. Quais são os outros produtos disponíveis com a ‘marca’ Project 666?
Colaço – Temos a ‘hellbox’, uma caixa que contém todos os produtos da banda: camisa, adesivos, palhetas, bottoms, seda, revista pôster com release, e algumas resenhas de shows da banda.
Recife Metal Law – Com relação a parte musical, como as músicas são criadas? Vocês sempre procuram trabalhar em grupo ou acham melhor cada um trabalhar em suas ideias separadamente?
Colaço – Depende do clima do ensaio. Sai das duas maneiras. Tem música que cada um leva um riff ou um pedaço grande de arranjo, e a gente vai encaixando. Mas tem músicas, como “Into the Grave”, que sai naturalmente finalizada. A letra a gente encaixa depois.
Recife Metal Law – Outra conquista da banda foi ser selecionada para participar da coletânea “Terra Batida”, que foi financiada pela Lei de Incentivo a Cultura do Governo do Estado de Pernambuco. Como foi quebrar essa barreira e conseguir esse incentivo?
Colaço – Fomos convidados pela produção da coletânea, e para gente foi uma honra estar no primeiro projeto com bandas de Metal que foi aprovado pelo Funcultura.
Recife Metal Law – Quem é o idealizador da coletânea “Terra Batida” e como ele conseguiu esse financiamento para o lançamento. Existem planos para outras edições da coletânea?
Colaço – Foi a galera da banda Desalma: Mathias e Renato, que fazem parte do Bigorna Produções. A ideia agora é fazer uma turnê em cidades do interior de Pernambuco com as bandas da coletânea. Estamos correndo atrás de apoio/patrocínio para que isso saia do papel. Senão, vamos dar a cara à tapa e fazer por conta própria mesmo.
Recife Metal Law – As músicas presentes em “Terra Batida”, do Project 666 são “Walking by the Trails of Satan” e “Buy Your Death”. Qual a razão para que essas músicas fossem escolhidas para fazer parte da coletânea?
Colaço – A única exigência do projeto era que as músicas fossem inéditas. E cá entre nós, são dois nomes fodas para as músicas: “Andando pelo caminho do capeta” e “Compre sua morte”! São duas músicas que mostram nossa evolução como banda. Existe o Project 666 antes delas e depois. Deixamos algumas ‘firulas’ de lado e caímos para a porrada! Era Cannibal Corpse, Slayer e Dying Fetus no café da manhã, no almoço e no jantar. Death Metal na cabeça, porra!
Recife Metal Law – O show que a banda fez no Abril Pro Rock 2008 foi gravado, e sei que a banda pretende lançar o mesmo no formato DVD/CD. Existe previsão para o lançamento desse material, que receberá o título de “Evil Live at APR 2008”?
Colaço – O lançamento foi feito no Youtube. No canal ‘project666metal’ estão os três clipes e um ‘teaser’, que vocês podem conferir nos links:
- 1000 Lies & Nameless (duas músicas)
- Downgod - Just Another Spill of Blood
Recife Metal Law – Além desse material, vocês estão trabalhando em novas músicas, as quais farão parte de um novo EP. Como anda o processo de gravação/ produção dessas músicas?
Colaço – Passamos três semanas em Candeias (no estúdio k-zona) gravando seis músicas. Isso foi em fevereiro. Agora estamos no processo de mixagem e depois masterização. A ideia é que esse disco saia no final do próximo semestre. Fizemos um diário de gravação no nosso blog: www.project666metal.blogspot.com.
Recife Metal Law – E qual será o título desse EP? Ele será lançado de forma independente ou haverá ajuda de algum selo para fazer esse lançamento?
Colaço – “Box Visceral”! Ele vai sair encartado junto com mais três bandas. Haverá também a distribuição desse material separadamente. O box foi outro projeto criado pelo pessoal da Bigorna Produções, que foi contemplado pelo edital 2009 do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC) da Prefeitura da Cidade do Recife.
Recife Metal Law – Obrigado pela atenção e o espaço é da banda para que acrescente algo que ache esclarecedor a entrevista...
Colaço – Dia 17 de Julho estamos tocando em Fortaleza pela primeira vez (N.D.E.: entrevista realizada em junho/2007), no Festival FOrCaos 2010, não vemos a hora de por os pés lá e destilar todo Metal, representando nosso Estado! Stay brutal! Forever and Ever!