A Amenkharis é uma das poucas bandas que transitam pelos lados do Doom/Gothic Metal. E quando se fala numa banda de tal estilo que não usa vocais femininos aí é que os seguidores diminuem ainda mais. E fazendo Doom/Gothic Metal, a Amenkharis vem trilhando seu caminho, desde 2002, e permanecendo firme e forte, apesar das dificuldades encontradas, inclusive com a troca de formação. Nas palavras do membro-fundador e único remanescente da formação original, Geffson Freire, vamos ficar sabendo um pouco mais a respeito dessa competente banda, que já promete novo material para 2011.
Recife Metal Law – Creio que a Amenkharis seja uma das únicas bandas do estilo Gothic/Doom Metal no Rio Grande do Norte. Como é divulgar o trabalho de uma banda que tem poucos adeptos no Estado?
Geffson Freire – Realmente difícil, mas ao mesmo tempo um desafio, especialmente na região Nordeste, onde o Metal extremo, como Thrash, Death e suas vertentes, tem tomado amplo espaço na cena Metal. Batalhamos para enviar material e temos muitos amigos que ajudam na distribuição e divulgação, além da vantagem da mídia digital e o uso da internet.
Recife Metal Law – O primeiro lançamento da banda foi a Demo “Uno Cerne” (2006). Até o lançamento da segunda Demo houve um hiato de três anos. Durante esse período como foi trabalhada a parte de divulgação da banda e como foi à receptividade desse primeiro trabalho?
Geffson – Foi baseada no envio de material para vários zines, rádios e algumas entrevistas. Neste tempo também tivemos grandes mudanças nos integrantes, o que acabou por atrasar um pouco a parte criativa, que se viu já definida no final de 2008. Tivemos, também, vários shows no Nordeste, com uma boa recepção por parte do público.
Recife Metal Law – Com relação à formação, houve uma grande reformulação, sendo que da formação original restou apenas você, Geffson. O que aconteceu para que os integrantes da banda fossem mudados?
Geffson – Vários dos integrantes originais vinham levando trabalhos paralelos com estilos diferentes, o que levou, com o tempo, a sua migração, mas todos eles, até hoje são grandes amigos da família Amenkharis, sem traumatismo ou dificuldade eles foram deixando a banda do jeito mais calmo e tranquilo possível.
Recife Metal Law – Segundo o release da banda, tais mudanças foram responsáveis por mudanças em sua ideologia e musicalidade. Qual seria a mudança na ideologia da banda?
Geffson – Como falei anteriormente, os amigos (ex-integrantes) levavam trabalhos paralelos e que, em certa forma, levou com o tempo a eles se entrosarem mais com esses estilos do que com a gente. O que restou foi o idealizador (Geffson Freire), que batalhou para manter forte o espírito da banda. O resultado das mudanças levou a desenvolver um estilo um tanto mais agressivo e técnico do conceito original que pode ser ouvido em “Uno Cerne”, mas sempre dentro da linha Doom e Gótico.
Recife Metal Law – O novo trabalho se chama “To Die For Myself”, e nota-se um amadurecimento musical por parte da Amenkharis. As músicas estão mais consistentes e com poucas nuances do Gothic Metal, ou seja, a sonoridade da banda agora está anda mais Doom Metal. Seria a mudança na formação a responsável por deixar o som do Amenkharis ainda mais Doom Metal?
Geffson – Exatamente! As influências de cada um dos integrantes se sentem presentes neste trabalho, em uma incursão que você, claramente, diz mais Doom, mais agressiva e marcante; um peso que bate na cara e um todo mais cheio, graças, também, a um trabalho mais elaborado e amadurecido.
Recife Metal Law – A capa desse novo trabalho apresenta uma menina com um coração ensanguentado nas mãos, e traz alguns códigos numéricos. A que se referem esses códigos e qual a razão deles estarem na capa?
Geffson – É a data da formação da Amenkharis: 31 de outubro de 2002.
Recife Metal Law – Uma das músicas da nova Demo vem cantada em espanhol. Trata-se de “Amandote em Silencio”. Por que colocar uma música cantada em espanhol nesse trabalho?
Geffson – Com a chegada, em 2007, do novo guitarrista solo, Jaime Ortiz, que é Colombiano, vieram, com ele, algumas ideias e influências; ele também trouxe uma música criada por ele em espanhol, escutamos e curtimos. Ademais, porque a letra é meio melancólica. Por instantes pensamos em mudar para inglês, mas achamos que tinha certa magia que fazia dela do jeito que estava ideal para se integrar no ‘set’ da banda.
Recife Metal Law – Inclusive essa música ganhou uma versão acústica...
Geffson – Sim, foi uma ideia que veio com a participação da cantora Gracielle Lima, grande amiga e parte da família Amenkharis. Ela se entregou de coração para esta música! Gravamos sem muita preparação ou premeditação e o que obtivemos foi o que se aprecia na gravação; um estilo mais ‘spanish’ de cordas e vocês dando o diferencial para esta versão da música original.
Recife Metal Law – A parte lírica nesse trabalho foi dividida entre você e o guitarrista Jaime Ortiz. Os demais integrantes chegaram a opinar nas letras desse trabalho?
Geffson – A parte lírica, assim como na composição, se encontra dividida entre Jaime e eu, sendo um estilo mais agressivo do primeiro. Mas a banda completa criou em conjunto, a parte musical, no entanto na hora criação das mesmas, nos ensaios, foram atendidas as sugestões do coletivo de todos os integrantes. Cabe ressaltar que atualmente temos como vocal principal o Jaime e eu estou nos backings, assim, com esta mudança, sentimos que nos faz consolidar o que é Amenkharis hoje. Estamos produzindo novo material e esperamos surpreender novamente como o fizemos com “To Die Fo Myself”.
Recife Metal Law – Vocês fariam dois shows na Paraíba, sendo um em Campina Grande e outro em João Pessoa. Esses shows foram cancelados e até o momento não se sabe o motivo para tal. O que de fato aconteceu para que esses shows fossem cancelados?
Geffson – Infelizmente não podemos atender por várias coisas que vieram a nos obrigar a desistir desse compromisso. Mas, basicamente, a morte veio a tocar o nosso baterista a menos de um mês do show. Imediatamente contatamos um velho amigo, ex-baterista da banda, para tentar montar o esquema para levar a frente a nossa apresentação; ensaiamos, mas devido ao pouco tempo disponível para ensaio por parte dele decidimos desistir, tendo em conta também que queremos apresentar um repertório com qualidade, como o público merece especialmente nos locais aonde ainda não pisamos, para nos entregar e divulgar o nosso trabalho e o nome da banda.
Recife Metal Law – Como vocês pretendem fazer a divulgação desse novo trabalho? Vocês estão tendo ajuda de algum selo ou distribuidora para divulgar esse material?
Geffson – A divulgação e produção vêm sendo totalmente independente, totalmente Amenkharis. Estamos presentes nos diferentes meios disponíveis, como Orkut, Palco MP3, Facebook e Myspace, atualmente isso se torna uma facilidade. No entanto temos os custos de produção que saem de nosso bolso, estamos lutando ainda e esperamos que no futuro o esforço seja recompensado. Agradecemos ao Recife Metal Law, ao nosso grande amigo Valterlir, e a todos que direta ou indiretamente ajudam a manter acesa a chama viva da banda, apesar das dificuldades.