No dia 05 de dezembro do ano passado fui ao evento “Old Metal Fest”, que rolou na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde se apresentaram Apokalyptic Raids e Farscape. Aproveitando o ‘rolé’ troquei uma ideia com meus amigos Leon Mansur, Marcio Cativeiro e Vinícius Canabarro, que me contaram várias novidades e curiosidades que rolaram na extensa tour que eles fizeram com os bangers do Dominus Praelli. Tour esta que durou de agosto até o final de novembro do ano passado. O Apokalyptic Raids continua na luta para divulgar o seu quarto álbum, intitulado “Phonocopia Vol. 4”. Nosso bate papo segue abaixo para você headbanger leitor do Recife Metal Law. Recife Metal Law – Para situarmos o nosso leitor, que está agora conferindo a entrevista, conte como aconteceu para que o Apokalyptic Raids saísse em tour com o pessoal do Dominus Praelli. Quando foi o início e término da tour? Quantos shows foram ao total? Em que cidades e países vocês passaram nesse ‘rolé’?
Leon Manssur – Sim, eles já tinham alguma experiência, então eu imaginei que isso poderia ser um atalho para nós. A primeira parte da tour começou em 28 de agosto do ano passado, em Belo Horizonte, e se estendeu por todo o Nordeste do Brasil; um a dois shows em cada Estado, até chegarmos a Belém. Daí, na segunda parte, continuamos por Cuiabá e saímos para a Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Foram uns dois a quatro shows em cada país, até voltarmos ao Brasil pela Venezuela, para mais um show em Manaus e, finalmente, este aqui no Rio, terminando a turnê neste 05 de dezembro. Foram aproximadamente trinta shows em três meses em cinco países. Um recorde para uma banda brasileira, não? Estou agora juntando fotos e vídeos para um ‘tour report’ detalhado...
Recife Metal Law – O lançamento do “Vol. 4 - Phonocopia” e todo merchandising associado ao disco (camisetas, pôsteres, patches...) ocorreu bem próximo ao início da tour. Isso já fazia parte do planejamento de divulgação desse novo álbum ou o lançamento foi uma adequação da banda para a tour? Aproveite e fale um pouco desse novo trabalho do Apokalyptic Raids...
Leon – Na verdade o disco atrasou, pois a banda está passando por uma reestruturação. Deve ser a terceira vez que isso acontece nestes dez ou doze anos. Quando subimos um degrau algo da maneira de trabalhar antiga não serve mais; temos que reaprender uma série de coisas, seja por termos acesso a um novo meio social ou tecnológico. Mas entre mortos e feridos, disparamos a marcação da turnê e a finalização do disco e merchandising em paralelo, no primeiro semestre de 2010. Foi por isso que você notou essa ‘inundação’ de material nosso no mercado. É uma campanha. Aliás, estamos agora trabalhando para agilizar e ter periodicidade em novos lançamentos e turnês. Eu creio que ir e fazer uma tour, hoje em dia, qualquer um pode fazer. O difícil é fazer de novo, ano após ano, sempre melhor. O novo trabalho já vinha sendo ‘gestado’ há alguns anos, desde 2006. Tínhamos metade do material composto quando o Márcio entrou pra banda, em 2007. Daí foi uma fase inicial de criar entrosamento e, paralelamente, compor o restante do álbum, e essa é a fase que não se pode apressar. Fizemos bastante coisa neste período, como a turnê de 2008 e um bocado de outros shows grandes, como a seletiva do Wacken, o Roça N’ Roll, a abertura do Possessed, o Rock Humanitário... E o disco reflete isso tudo (está tudo documentado nas fotos do encarte também). Nossa pegada está mais pesada e mais direta neste novo trabalho. E a capa é um capítulo à parte. Estamos muito satisfeitos com o que estamos alcançando. Mas vou deixar para os leitores conferirem e tirarem suas próprias conclusões.
Recife Metal Law – Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Conte-nos mais como foram os shows nessas terras? Nossos ‘hermanos’ foram receptivos com vocês? Desses países onde rolou mais insanidade por parte do bangers? Ou melhor, qual foi o melhor show nesses países?
Leon – São culturas diferentes, mas foi muito bom conhecer, interagir e ver que a língua do Heavy Metal é universal, apesar disso. Cada lugar tem suas particularidades. O pessoal no Equador é mais reservado; em parte da Bolívia e Colômbia são mais parecidos com os brasileiros. Creio que os shows na Colômbia foram melhores, pois chegamos lá por último e mais adaptados. Ficamos mais tempo na Colômbia, então tivemos como interagir melhor. Mas insanidade por parte dos bangers foi o tempo todo!
Recife Metal Law – Na Venezuela tem um lance de pagar uma taxa para entrar e sair do país? É isso mesmo? Como foi esse episódio que rolou na volta ao Brasil passando pela Venezuela?
Leon – Cada país tem uma particularidade e tem problemas diferentes. Em cada fronteira, você tem que carimbar o passaporte pra sair de um país e entrar no outro, do outro lado de uma ponte, geralmente. E aí eles podem criar problemas, fazer revistas, exigir visto de trabalho, etc. Mas fomos com a documentação toda ‘ok’, então não tivemos maiores problemas. As fronteiras da Colômbia são particularmente complicadas por causa das FARC, então o clima é meio tenso sim, tanto no lado do Equador quanto no lado da Venezuela e no lado do Brasil. Na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela há uma taxa pra sair do país, algo como R$ 20,00, mas como estávamos indo no sentido inverso, entrando por ali, não tivemos que pagar. Para sair da Venezuela e entrar no Brasil não se paga, mas passamos por umas dez revistas da Guarda Nacional... Quando finalmente entramos no Brasil, quase abraçamos o pessoal do nosso lado! Nunca pensei que eu ia achar a Polícia Federal tão legal.
Recife Metal Law – Afora esse episódio na Venezuela, ocorreu mais algum outro episódio burocrático em algum outro país sul americano?
Leon – É como eu disse, toda fronteira pode ter alguma coisa, mas não, não rolou nada de mais.
Recife Metal Law – Voltando aos shows, como é a recepção dos bangers sul americanos com relação ao merchandising das bandas? O pessoal dos nossos países vizinhos costumam comprar muitos materiais?
Leon – Um pouco menos que no Brasil, dependendo do câmbio e do poder aquisitivo do local, mas em geral a receptividade foi muito boa. Particularmente com vinil. Com vinil, o pessoal se permite gastar aquelas economias. E achamos na Colômbia camisas nossas (bootlegs)! É estranho, por um lado você está sendo pirateado, mas por outro lado é produção pequena, tem o lado do reconhecimento também.
Recife Metal Law – Depois dessa passagem por tais países, quais os ensinamentos que vocês tiraram para turnês futuras, seja no Brasil, América do Sul ou até mesmo Europa?
Leon – Viajar deste jeito, se misturando à cultura local, exige uma dose de maturidade, tolerância e espírito de aventura. Você precisa planejar o máximo possível, pois sempre vai haver um imprevisto, e você tem que aceitar. Ficamos parados na estrada por 6 horas na Colômbia por conta de deslizamentos de terra, etc. Agora o Hellpreacher vai para a Europa com o Atomic Roar e Whipstriker, e sei que ele vai voltar de lá com mais experiência pra somar com a nossa.
Recife Metal Law – Após retornar dessa tour, a banda tem recebido mais convites para shows na sua cidade ou estão no mesmo ritmo? Aproveitando que falou de Europa. E o Apokalyptic Raids, tem planos para uma tour no velho continente?
Leon – Sim, a cada tour aumentam os contatos e os convites de shows. Essa lição eu aprendi na tour de 2008. Naquele ano, como eu disse acima, saímos da tour brasileira pra tocar na seletiva do Wacken/Rio, no Roça’n’Roll, no Possessed e ainda fomos a Cuiabá. Agora estamos pretendendo emendar 2011 na estrada. Como eu disse, Hellpreacher vai trazer contatos e experiência, e sim, nossos planos são de ir para a Europa em breve.
Recife Metal Law – Para situarmos os leitores do Recife Metal Law, de forma geral quais os planos da banda para 2011?
Leon – Queremos tocar nos lugares onde ainda não tocamos. Temos que voltar a São Paulo, e também tentar cobrir o sul da América do Sul, e paralelamente marcar uma tour europeia. Entre uma coisa e outra, (re) lançar nossos álbuns em vinil.
Recife Metal Law – Agradeço de coração o tempo cedido e deixo essa última por vossa conta. O espaço é seu para considerações finais. Força!
Leon – Valeu! Raid bangers, se mantenham firmes e fiquem ligados em www.apokalypticraids.com para novidades!
Contatos: A/C Leon Manssur. Caixa Postal 44.034. Rio de Janeiro/RJ. CEP: 22.060-970.
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Entrevista por Chakal
Fotos: Divulgação e Valterlir Mendes