Dessa vez conversei com um pessoal muito louco de ‘Sampa’ que, apesar de pouco tempo na estrada, já tem um currículo impressionante, com dezenas de shows devastadores em terras ‘brazucas’, um álbum de estreia independente, muito bem produzido, por sinal, com uma proposta ‘sangue nos zóio’, sem falar que a banda acabou de chegar de uma tour europeia. Tudo isso cercado de álcool, excessos e polêmica, muita polêmica.
Recife Metal Law – Para começar essa conversa, faça resumo da história da banda. Como e quando surgiu? Quais as propostas e por que o nome Red Front?
Léo – O Red Front é o fruto da frustração de todos nós! (risos) Todos estavam insatisfeitos com suas antigas bandas e resolvemos arriscar em algo novo, aí pelo maravilhoso mundo da internet um foi achando o outro. Nossa intenção sempre foi fazer som próprio, então foi juntar as influências e ver no que isso ia dar! O nome Red Front veio logo no início do projeto, queríamos algo forte e direto, assim como nosso som. Como quase tudo que bolamos esse nome veio depois de uma conversa em um bar. A primeira opção era Self Flagellation, mas depois de umas três garrafas de cervejas esse nome se tornou impronunciável, foi então que eu lancei Red Front; a galera logo curtiu e assim já começamos a bolar nosso logo e toda temática da banda.
Recife Metal Law – O Red Front tem os shows sempre bastante comentados, tanto pelas apresentações inusitadas como pelos bonecos que jogam ao público e pela famosa ‘Gelatina Red Front’. Como surgiu a ideia de se apresentar dessa forma?
Léo – Nossa maior intenção e de fazer o público se divertir junto com a gente. Lá em cima do palco nosso sangue ferve e nossa maior intenção é que o seu sangue ferva lá embaixo também. Oscar – Foi mais ou menos isso que o Léo falou, quando a gente toca a gente se diverte muito. Gostamos dessa putaria toda de encher a cara, ver umas gostosas, tirar um sarro e essas coisas de moleque piranha! (risos) É a velha filosofia: sexo, drogas e Rock N’Roll (mas que fique bem claro pra minha mamãe que eu não uso droga nenhuma – caso ela leia isso pela internet – risos!). Aí tentamos bolar um jeito de fazer a galera se divertir com a gente e a ‘Gelatina Red Front’ (feita de cachaça e vodka), as ‘Red Front Girls’ (gostosas que distribuem a gelatina) e o boneco de malhação do emo, surgiram justamente pra fazer essa brincadeira com a galera.
Recife Metal Law – O crescimento da banda, em tão pouco tempo, merece destaque na carreira do Red Front. A que vocês acham se deve tanta notoriedade que a banda teve tão rapidamente?
Léo – Em minha opinião devemos tudo isso a galera que vem apoiando a gente. Sempre no final dos shows eu gosto de agradecer a presença de todos e dizer que sem eles nós não somos nada e é exatamente isso. Nós distribuímos nossa Demo nos shows de forma gratuita para agradecer a presença dessa galera que faz o Metal nacional acontecer; nós trabalhamos duro para que você vá ao nosso show e no dia seguinte se lembre do Red Front. Oscar – Com certeza nós devemos tudo ao público que está prestigiando e dando força pra gente seguir em frente. E, por outro lado, mantemos o trabalho muito sério para que possamos sempre fazer tudo do melhor jeito possível.
Recife Metal Law – “Memories of War” é o álbum de estreia do Red Front e tem onze pauladas muito bem produzidas. Fale um pouco desse álbum que, em minha opinião, já começou chutando forte com a direita. Comente do que as músicas falam em detalhes.
Léo – Falar desse álbum é como falar de um filho. (risos) São só elogios! (mais risos) Mas o que vocês podem encontrar nele são nossas sinceras visões sobre o mundo. Nesse disco nós falamos sobre problemas relacionados ao homem e de como, na maioria das vezes, ele não dar a mínima para o mal que pode causar a si e aos outros. São temas que vão desde guerras, fome, religião e problemas psicológicos ao caos em que nossas instituições falidas estão passando. Sobre esse último ponto temos a música “Institutions Down” que fala exatamente sobre como nós continuamos insistindo em um modelo de vida que já está provado que não funciona para todos, nossa intenção é falar sobre aquilo que enxergamos sobre nossa sociedade, mas também temos músicas sobre a maravilhosa pratica do ‘circle pit’ (“Circle of Hate”) e sobre brigas de bar (“Get out Here”).
Recife Metal Law – Escutando o disco fiquei me perguntando por que algo tão bem feito não foi lançado por alguma gravadora? Não teve gente a fim de lançar ou lançar de forma independente foi proposital mesmo?
Léo – Acho que ainda não encontramos alguma gravadora louca o bastante para nos lançar. (risos) Dessa forma resolvemos criar a Neckrusher Records, nossa própria gravadora. Oscar – Quisemos lançar esse disco de uma forma independente para que pudéssemos fazer o álbum 100% do jeito que a gente queria. Foi o nosso cartão de visita para que no futuro a gente consiga fechar com algum selo bacana.
Recife Metal Law – Recentemente vocês voltaram da turnê europeia, turnê essa que gerou bastante polêmica, devidamente relatadas em ‘Diários de Turnê’ publicados no Brasil. Conte-nos as melhores experiências e situações mais estranhas que viveram.
Léo – Essa tour na Europa foi a melhor viagem que eu já fiz na minha vida! Conhecemos muita gente, rodamos uma boa parte da Europa, tocamos nos lugares mais loucos e fumamos quilos de cigarrinhos de artista! (risos) Era algo do tipo: se a gente não estava tocando estava bêbado, se não estava bêbado estava fumando um ou se a gente não estava fazendo nada disso era porque estava todo mundo capotado de sono! Fizemos coisas que até minha mãe duvida; tocamos de cueca em Varsóvia em um dia que fez dez graus negativos! No show da Eslovênia um louco viu o Bradock usando a já característica máscara de gás e subiu no palco usando um escafandro (armadura de borracha e ferro usada por mergulhadores para trabalhos no fundo da água); perdemos a banda de apoio por mau comportamento e quase fomos expulsos de todos os hotéis em que ficamos hospedados! (risos) Realmente entramos nessa para causar.
Recife Metal Law – Falando ainda da “Euro Tour”, ficamos sabendo que vocês e outras bandas do Brasil, que estavam rodando no mesmo período, como Atomic Roar e Whipstriker, pegaram os termômetros negativos por lá. Como rolou isso? Os show eram cheios? Tiveram muitos dias ‘off’ devido ao frio? E as vendas do disco e merchandising da banda, como foi isso lá na Europa? Os bangers ‘gringos’ compraram tudo ou o material é difícil de vender como aqui em terras tupiniquins?
Léo – Putz! O frio faz com que a rotina dos caras seja toda alterada, mas por lá deu para perceber que o ‘happy hour’ deles é ir até um bar depois do trabalho e curtir o bom e velho Heavy Metal! Por exemplo, tocamos numa segunda-feira em Slupsk, na Polônia, para mais de cem pessoas, coisa que as vezes você não consegue no sábado em São Paulo. No meio de semana os shows começam no máximo as 20h00 e vão até a meia-noite, estourando, mas a galera continua no bar até altas horas tomando umas cervejas e conversando. Já o lance do merchandising segue a mesma linha, lá o público tem uma cultura de apoiar bastante as bandas Underground. Levamos uma quantidade muito grande de material pra lá e voltamos quase zerados de algumas coisas.
Recife Metal Law – A banda está agora mudando de baterista, como tem sido a adaptação do novo membro?
Léo – Agora quem assume as baquetas é o nosso querido “Vinição”. Ele já está tocando com a gente desde o final do ano passado porque o Bradock não iria conseguir cumprir com alguns shows que já tínhamos marcado. O Vinicius é um cara que está na mesma ‘pegada’ que a gente, gosta muito de ‘zuar’ e falar merda! (risos) A entrada dele deu um gás novo pra banda, o que é muito importante, pois vamos ter muitos shows por todo o Brasil. Até conseguimos criar algumas coisas novas. Aguardem mais informações em breve!
Recife Metal Law – Já que ainda estamos começando 2011. Falem dos planos da banda para esse ano. Já tem outro disco a caminho? Clipes? Lançamentos?
Léo – Nossa maior intenção agora é rodar todo o Brasil tocando e, quem sabe, em alguns países da América Latina, para divulgar bem o “Memories of War”. Agora em abril fomos convidados a abrir o show da lenda do Thrash Metal Alemão Destruction em São Paulo (N.D.E.: o show foi adiado para agosto), que para todos da banda é a realização de um sonho e, quem sabe, já começar a pensar em uma próxima tour. Oscar – Também temos contrato pra mais uma tour pelos EUA. Provavelmente ela irá acontecer no final de 2011 ou no começo de 2012, ainda não sabemos, pois estávamos focados na Europa, mas em breve teremos novidades. Outra coisa que está nos nossos planos é a gravação de mais um vídeo clipe, que deve rolar no segundo semestre.
Recife Metal Law – Com a certeza de que vamos nos falar de novo e talvez até nos ‘trombar’ em alguma ‘gig’ dessas, deixo essas ‘últimas linhas’ para suas considerações finais e agradeço o tempo cedido ao Recife Metal Law. Sucesso na estrada e força!
Léo – Eu que agradeço toda a força que o Recife Metal Law sempre deu ao Red Front. Eu sempre ouço falar MUITO bem da cena de Recife e estou louco pra fazer um barulho junto com vocês. Quem sabe esse ano não aparecemos por aí para tomar um chá?! Oscar – Valeu a toda a galera da Recife Metal Law! É um prazer falar com vocês, que sempre dão a maior força pro Red Front e pro Metal nacional. Vocês estão de parabéns! Estamos em negociação pra alguns shows pelo Nordeste. Quem sabe não passamos aí pra tomar uma água de coco com vodka e fazer um barulho pra vocês? Tomara que dê certo. Abração!