Muitas bandas surgem no cenário Underground todos os dias. Algumas vão e vem numa velocidade espantosa, outras apresentam material de qualidade, porém sucumbem aos percalços existentes para se manter uma banda de Heavy Metal em atividade. Já outras surpreendem por sua imensa qualidade e devoção ao Heavy Metal, lançando material que faz com que o ouvinte se interesse de imediato. Claro, se a banda é boa, fica aquela torcida para que tal banda dure por muito tempo e tenha sucesso no que faz. Esse é o caso da banda Seyfer, oriunda da quente Mossoró/RN, e que lançou recentemente sua primeira Demo, “Warriors of the King”. A banda mostrou personalidade e uma música cativante nesse seu primeiro trabalho. Saibamos mais um pouco sobre essa grata promessa...
Recife Metal Law – O baterista Thiago Fernandes foi o responsável pelo surgimento do Seyfer, em 2004, mas por um longo período penou na busca por integrantes para dar forma à banda. Como foi esse período de buscas e como cada músico foi entrando na banda?
Ciro Jales – O Seyfer só veio consolidar sua formação em meados de 2008 quando Fabrício Morais (vocal) convidou Vinicius Meireles e, por meio deste, fiz um teste na banda. Maxwell, componente antigo da banda que estivera afastado, reocupou seu lugar depois de Rodrigo Fontes ter nos deixado como baixista e vocalista por um bom tempo. Antes disso o Seyfer mudava a cada mês, o que dificultou o processo de composição com a desorganização de membros e com suas divergentes ideologias.
Recife Metal Law – E o nome Seyfer vinha desde o início ou apenas surgiu quando a formação estava estabilizada?
Ciro – Veio desde o início, mas a origem do nome é uma controvérsia. A versão mais corrente é que apenas gostaram da palavra, depois tentaram inserir algum significado. O mais próximo que chegou foi a palavra “saver/savior” (salvador, em inglês) e passaram a compor letras baseadas em um guardião.
Recife Metal Law – O início, como quase em todas as bandas, foi feito de covers. A banda chegou a tocar como uma banda cover, ou os covers que eram feitos serviam apenas para treinamento e posterior trabalho autoral?
Ciro – O Seyfer sempre teve músicas autorais. Nas suas primeiras apresentações já soava as versões de “The King of The World”, “Warriors of the Night”, posteriormente “Mountain Visions” e outras que hoje não mais se encontram no nosso ‘set list’. Mas, de fato, a maioria das músicas eram covers, como o Iron Maiden, Black Sabbath, Judas Priest, Dio, entre outros. Todos esses gigantes influenciaram e ainda influenciam o nosso som.
Recife Metal Law – Recentemente a banda lançou seu primeiro trabalho, e antes de começarmos a falar sobre o mesmo, devo dizer que é uma das melhores Demos que já pude ter em mãos, tanto na parte gráfica, como sonora e musical...
Ciro – Eu, particularmente, esperava críticas pesadas, como é de praxe no nosso meio, entretanto, o que vemos são elogios de todos os lados. Fico muito feliz mesmo com seu comentário, vindo de alguém quem é autoridade no assunto. Nunca pensamos em nada sério a ponto de gravar um trabalho autoral, até o nosso público solicitar por diversas vezes. Eu acho que valeu a pena, fiquei em êxtase quando fui a uma loja de artigos Underground aqui na cidade e vi a nossa Demo ao lado de álbuns de bandas que eu escutava desde guri. Esse momento realmente, por mais simplório, é recompensador.
Recife Metal Law – “Warriors of the King” é um trabalho maduro e espanta, por ser uma primeira Demo e por trazer um som tão cativante. Como foi todo o trabalho de composição para essa Demo?
Ciro – A maioria das faixas da Demo é de autoria de antigas formações do Seyfer. Mudamos muita coisa, e criamos outras, portanto o processo de composição foi basicamente de uma nova roupagem nas antigas músicas da banda por demais melódicas. Tem músicas que demoram dezenas de ensaios para ganhar corpo, mas com a entrada, recentemente, de Patrick Ranieri nos vocais, acelerou significativamente esse processo. Um inconveniente que surgiu no processo de gravação foi à saída de Geraldo Júnior da nossa banda, porque o mesmo já tinha gravado os vocais, e tivemos que dar uma pausa até encontrar que o substituísse. Encontramos Patrick, que em poucos ensaios já decorara as letras e finalmente entrou em estúdio conosco.
Recife Metal Law – Esse material contém cinco músicas, bastante influenciadas pela NWOBHM, mas trazendo uma ‘pegada’ mais contemporânea. Houve a preocupação, por parte dos músicos, em fazer um som que não fugisse das raízes do Heavy Metal, mas que também não soasse datado?
Ciro – Sim, a banda sempre se preocupou em não soar como um clichê, de forma também que não olvidasse das raízes do Heavy Metal. Acredito que conseguimos isso sim.
Recife Metal Law – Sinceramente, não consegui apontar um destaque nessa Demo que não fosse os músicos, afinal todos cumprem com maestria seu papel e parecem carregar no sangue o jeito de se fazer um Heavy Metal empolgante, sem ter que acrescentar novas tendências em sua música. Os integrantes do Seyfer já tinha tido outras experiências, com outras bandas?
Ciro – Thiago já tocara em outra banda de Metal, assim como Maxwell que há um tempo tocara contrabaixo no Amenkharis, afiada banda de Gothic/Doom Metal da nossa cidade. Eu já tive e ainda tenho projetos de Hard Rock e bandas covers, paralelamente de Hard/Heavy como Black Sabbath, Dio e Deep Purple. Vinicius Meireles, quando ainda era uma muriçoca, participara de bandas de colégios de Rock/Pop, mas sempre foi um entusiasta de toda discografia do Iron Maiden, sendo fortemente influenciado por Dave Murray. E por fim, Patrick Ranieri fez parte das bandas de Heavy Metal Spectrum e BulletProof. Ele ainda faz parte de uma banda de formatura na sua cidade natal, Areia branca/RN.
Recife Metal Law – Sobre as músicas, quais estão tendo maior respaldo perante as pessoas que adquiram a Demo, ouvem no Myspace e até mesmo nos shows?
Ciro – “The King of the World” é a que tem maior respaldo. É a mais cantada por nosso público, e a mais acessada no nosso Myspace e em outros canais virtuais, como o Youtube.
Recife Metal Law – Com relação às letras, o que vocês procuraram abordar em cada letra presente na Demo? Sei que “Warriors of the Night” teve como inspiração o filme “Warriors” (filme de 1979, e que no Brasil recebeu o título de “Selvagens da Noite”)...
Ciro – Sim, os gêmeos Genário e Gilmário se basearam neste filme para compor algumas letras. A temática basicamente se refere a guerras, profecias e tudo o que envolve o gênero.
Recife Metal Law – A Demo contém cinco músicas, em pouco mais de vinte minutos de execução. Levando-se em conta essa informação, de que forma vocês preparam o ‘set list’ para os shows? Já existe alguma outra música, de autoria própria, sendo tocada nos shows e que não fez parte da Demo?
Ciro – Temos sete músicas próprias. “I Am the Seyfer” e “Hellishman” serão faixas que entrarão na nossa segunda Demo. Fora as autorais, tocamos covers do Judas Priest, Iron Maiden, Running Wild, Accept. É bem variável, a cada show damos uma modificada no ‘set list’.
Recife Metal Law – Muitos reclamam da falta de oportunidade para o Heavy Metal, seja da mídia não especializada e até mesmo de produtores do meio. Outros falam que Heavy Metal dificilmente te fará ganhar dinheiro e uma banda é formada apenas por diversão e por amor a esse estilo musical. De que lado os músicos do Seyfer estão?
Ciro – É verdade. Estamos do lado da diversão. Tocamos o que gostamos. O Heavy Metal, como as demais vertentes que estão inseridas no Underground (como o próprio nome descreve) dificilmente estará na forte mídia do nosso país. Não precisamos de apoio nenhum, não há críticas que nos abalem. Eu quase que diariamente escuto críticas da minha família por tocar em uma banda que não dá dinheiro, que toca algo “que ninguém escuta”, que os shows são vazios, enfim, são comentários que muita gente que toca esse estilo está acostumado a ouvir, mas, que mesmo assim, se mantém de cabeça erguida. E não está nos planos de ninguém da banda investir numa carreira profissional séria de músico. Todos nós temos nossos empregos e assim nos manteremos, paralelamente aos domingos, mantendo um grupo de amigos que se reúnem pra tirar um bom Heavy Metal e tocar aqui e acolá nos shows que aparecem a título de diversão e prazer.
Recife Metal Law – Quero muito em breve poder ver um show do Seyfer, nem que eu tenha que ir até Mossoró para tal. Deixe um recado final para os leitores do Recife Metal Law...
Ciro – Acredito que você não terá todo este encargo. Estamos negociando um show para novembro em Recife, mas caso não se concretize, sinta-se convidado para visitar nossa terra, será muito bem recebido. Agradeço de coração a todos que nos ajudaram nessa curta caminhada e nos apoiaram desde o início. Para aqueles que querem nos conhecer mais acessem www.myspace.com/seyferband. Abraço!