O Alcoholic Trendkill é uma banda oriunda da cidade de Criciúma/SC, e surgiu no ano de 2006. Após pouco tempo de atividades lançou sua primeira Demo, “Stay Drunk”, em 2007, ganhando notoriedade em sua região, mesmo fazendo um estilo bem difícil de rotular, devido as suas muitas influências. Em 2010 seria a vez de seu primeiro full lenght, porém alguns problemas com a fábrica e a falta de um selo, o material foi lançado como um EP. Na entrevista a seguir os integrantes da banda, atualmente formada por Frank (vocal), Vitus e Peterson (guitarras), Lucas (baixo) e André (bateria), nos contam um pouco sobre sua história. Recife Metal Law – O Alcoholic Trendkill surgiu em 2006 e no ano seguinte lançou a Demo “Stay Drunk”, gravada em forma de ensaio. Qual a análise que vocês fazem desse lançamento?
Frank – Sobre a história é mais ou menos isso, pois decidimos montar a banda no final de 2006 e no comecinho de 2007 o nosso primeiro baterista (Ramon) acabou saindo, o que nos fez ficar um bom tempo atrás de um novo baterista. Então, por sorte do destino, conhecemos o André e finalizamos as músicas que já tínhamos, e um dia resolvemos gravar um ensaio e ver no que dava. Ficou um resultado que hoje avaliamos como razoável, mas que abriu muitas portas para nós. Acredito que sem a existência dessa Demo não chegaríamos no nosso patamar atual. Vitus – Foi gravado com a única intenção de que pudéssemos nos ouvir e no final achamos que o resultado ficou legal o suficiente para servir como forma de divulgação da banda. No início tínhamos que correr atrás de shows, pois ainda não éramos conhecidos e a Demo nos ajudou muito nesse sentido. Lucas – Foi um material tirado de um ensaio gravado sem muita pretensão e com pouca qualidade de áudio, mas que acabou abrindo algumas portas. Ele foi muito utilizado enquanto a gente ainda não tinha algo mais bem acabado para mostrar. Por outro lado, era praticamente um primeiro filho e a gente ficava orgulhoso dele, mesmo apesar das limitações. Frank – Ficamos tão animados que bebemos como se não houvesse amanhã, mostrando até para os taxistas como ficou.
Recife Metal Law – Esse primeiro trabalho apresentou um cover para “Walk” do Pantera. Por que inserir um cover numa primeira Demo, e qual o motivo para se escolher uma música do Pantera?
Frank – Acredito que não houve um motivo em especial, mas sempre achei legal esse lance de colocar cover de uma banda que se é fã dentro de um CD. “Walk” acabou entrando sem querer na gravação, muito embora Pantera fosse uma de nossas maiores fontes de inspiração. O que vale dizer é que “Walk” é uma música que empolgava a galera, nos nossos shows, que parecia muito bem entender o que a letra dizia, algo como “não encha meu saco, sou seguro no que faço e caia fora cara, não me encha!”. Acho que isso é muito representativo no mundo de hoje, onde somos apenas frutos da sociedade e as outras pessoas ficam cobrando para que pareçamos cada vez mais uns com os outros, esquecendo que temos atitude e que nós, Metaleiros, não gostamos de ser apenas mais um. Peterson – Cara, na verdade tinha tempo ainda no estúdio e decidimos tocá-la! (risos)
Recife Metal Law – Apesar de seu nome, o Alcoholic Trendkill, em suas letras, não tratam, apenas de bebedeira, mas de outros assuntos do cotidiano. Qual a importância que as letras das músicas têm para os integrantes da banda?
Frank – No princípio a proposta era fazer letras mais divertidas e fanfarronas, mas os riffs foram ficando mais nervosos e as letras que tínhamos guardadas casavam muito bem com os riffs, então foi algo inevitável falar sobre a hipocrisia humana, principalmente por morarmos em um lugar que, apesar de gostar muito de Rock, tem muita gente que é tradicionalista, bairrista e preconceituosa quanto ao nosso tipo de atitude e som. Acredito que a música é a nossa forma direta de expressão, então falamos sobre temas que refletem nosso cotidiano. Peterson – Acho legal esse tipo de assunto, porque se trata de realidade também, e acho que combina com a raiva que sentimos com esse tipo de situação, onde a sociedade gosta da pessoa pelo o que ela tem, e não pelo o que ela é. Lucas – A banda toda gosta de tomar parte de toda esta cena anti-social que já historicamente faz parte do Metal, então mesmo que a gente tente se voltar mais para fanfarronices, letras com críticas em relação à sociedade são inevitáveis, até por conta do estilo nervoso que o Thrash representa.
Recife Metal Law – E de onde veio o nome Alcoholic Trendkill?
Frank – Boa Pergunta. Mas se você acha que gostamos de uma cachacinha a mais acertou na mosca. Peterson – É uma longa história. (risos) Vitus – Não fazia parte da banda quando ela foi batizada. Pelo que eu sei, a banda já tinha nome antes mesmo de começar as atividades, mas nunca fui atrás de saber da origem. Só sei que é um nome que soa legal e tem a ver com o som. (risos) Lucas – A resposta, pelo menos em relação ao que o nome representa pra nós, está bem clara na música que leva o nome da banda e que, até onde eu sei, não se sabe quem ganhou o nome primeiro.
Recife Metal Law – Ano passado vocês lançaram um EP homônimo, o qual deveria ter sido o primeiro álbum da banda. Qual seria o motivo para que os selos não se interessassem em lançar esse material?
Peterson – Aqui no Sul do Brasil é meio complicado. Por estarmos um pouco afastados do eixo Rio/São Paulo é difícil de entrar nesse bolo. Acho que foi por isso que não conseguimos um selo, e estávamos querendo lançar esse material, o qual estava ‘esquentando’ a nossa gaveta. (risos) Lucas – Na verdade estávamos muito mais interessados em terminar as gravações e ter o material na mão para divulgar a banda mais profissionalmente do que propriamente correr atrás de um selo.
Recife Metal Law – A banda cogitou em bancar esse material, mandar prensar e lançá-lo de forma independente?
Frank – No final das contas foi essa a nossa proposta, mas levamos uma lograda da empresa que queimou nossos CDs. Quando recebemos foi uma frustração grande, o material não tinha nada com o que mandamos fazer e já tínhamos pagado e não haveria retorno do dinheiro. Então, em respeito por quem queria o CD, não poderíamos afirmar que era um CD, e sim um EP. Vitus – É o barato que sai caro. (risos)
Recife Metal Law – O EP ficou bem feito, bem cuidado, inclusive a parte gráfica. A parte sonora também vem num bom patamar. Sendo lançado no formato EP, e não prensado de forma profissional, como estão sendo os resultados obtidos com esse lançamento?
Frank – acredito que se fosse lançado como um CD teríamos um retorno maior, mas temos tido resultados ótimos, como ótimas resenhas e convites para shows.
Peterson – Está rolando umas resenhas bem bacanas e é só um EP, cara. Imagina se fosse o CD mesmo? (risos) Vitus – Como já disseram, as críticas têm sido bem favoráveis. É uma pena que a maioria das pessoas não se interessa mais por um álbum físico. Mas ainda temos o projeto de lançar um CD futuramente.
Recife Metal Law – Durante a gravação houve alterações na formação da banda, com a saída (e posterior entrada) de baixistas e baterista. Quais foram às principais mudanças que essas alterações causaram no som do Alcoholic Trendkill?
Frank – Infelizmente tivemos que deixar de contar com a presença de alguns músicos que passaram pela banda, mas música é momento e quando ela não representa o espírito da banda para um músico é hora de se tentar novas experiências. Outros tinham uma agenda que fazia o andamento dos processos da banda ficar mais letárgicos. Infelizmente durante a gravação o Marcos (Jericoh) acabou saindo, e gravamos mais duas músicas com nosso novo baixista Lucas, por acaso ele acabou gravando faixas que tem mais ligação com ele, pois ele é um baixista mais técnico, unindo isso a ótima timbragem que o Jericoh dava ao som. Quanto a bateria, ela foi gravada do começo ao fim pelo André, que é um baterista sem igual. Aliás, Criciúma e região tem músicos de primeira linha. Como o Uesclei estava sempre nos ajudando nos shows, foi natural que ele entrasse na banda após a saída do André. Enquanto André é um baterista técnico, com uma pegada que lembra bateristas de Rock clássico, o Uesclei tem influências mais ‘metalicas’, dentro dos estilos mais extremos.
Recife Metal Law – O EP apresenta dez faixas, sendo a primeira uma “Intro” e a última cantada em português. Por que nomear a “Intro” de “The Killer Action” e fazer uma música em português, “Churrasco, Cerveja & Mulher”?
Frank – A “Intro” foi algo que surgiu de ideias mirabolantes que deram certo. Então o nome nasceu de uma maneira parecida, foi um chute apenas. Sobre “Churrasco, Cerveja e Mulher” deixo para o Vitus explicar. Vitus – “Churrasco, Cerveja e Mulher” foi uma brincadeira que fizemos nos ensaios e acabou entrando para finalizar os shows de uma forma divertida. Para nossa surpresa ela acabou se tornando indispensável e entrou naturalmente no EP. É uma música bem boba, mas é uma das que mais chama a atenção. Tem muitas meninas que não gostam muito dela. (risos) Lucas – O lance de se colocar uma “Intro” no disco sempre foi algo que discutimos enquanto o trabalho ia ficando pronto. Trocamos algumas ideias legais e acabamos montando o que está no EP. Como já sabíamos que a música “Killer Machine” viria logo após a “Intro”, decidimos pelo nome “The Killer Action”, dando a dica do que está na letra da faixa seguinte.
Recife Metal Law – O som de vocês é bem difícil de classificar/rotular, já que tem uma pegada Thrash Metal, mas com influência do Stoner Rock/Metal e até mesmo do Pantera. Como vocês definem o som do Alcoholic Trendkill?
Frank – Cada vez mais eu acho que as bandas de Metal estão reinventando o Metal, pois o pessoal tá misturando cada vez mais as influências. Olhe o novo CD do Morbid Angel, eles inovaram com o Death Metal. Aqui na Alcoholic Trendkill acontece que temos influências de Death Metal, Blues, Jazz, Heavy Metal, Thrash Metal, Punk, Hardcore, Hard Rock e Prog Metal. Quando se coloca tudo isso numa panela e começa a mexer sai um som novo. (risos) Acredito que o rótulo mais legal que já ouvi é ROCK PAULEIRA! Peterson – Acho que é Pagodeath melódico ou Thrash Metal universitário (risos). Vitus –Pesado e sem frescura!
Recife Metal Law – A banda vem sempre fazendo shows em sua região, mas vocês já trabalham para expandir tais shows para outras regiões do Brasil?
Frank – Acredito que essa matéria, assim como as resenhas e outras divulgações nos ajudem a conquistar um espaço cada vez maior no mercado nacional/internacional, pois estamos aqui pra levar o Rock para as pessoas, acredito que essa é a melhor maneira de se curtir a vida e a música. Estamos tentado contato com agências e organizadores de shows, mas sempre estamos abertos a convites. Somos gente boa! É convidar, rolar umas geladas e já começamos a negociação.
Recife Metal Law – Espaço aberto para considerações finais...
Alcoholic Trendkill –Muito obrigado ao Recife Metal Law, um dos grandes sites que tratam sobre Rock e Metal. Sabe, a internet tem dado uma boa inserção ao Rock, então parabéns por estarem fazendo esse papel revolucionário na música. Estamos aí, querendo tocar em todo o Brasil e ficamos sabendo através de amigos que o Nordeste brasileiro tem um público foda, então queremos em breve pintar por aí. Muito obrigado pelo espaço dado, se quiserem dar uma conferida no som acessem: www.myspace.com/alcoholictrenkill. Também se quiserem trocar uma ideia conosco ou adquirir nosso material é só mandar e-mail para [email protected]. Gostamos muito de ter esse contato com nossos amigos. Outro meio para uma resposta rápida é nosso twitter: @alcoholic_tdk, ou ainda assistam nossos vídeos no www.youtube.com/alcoholictrendkill. Stay Drunk friends!