O Deathraiser surgiu em 2006 na cidade de Leopoldina/MG, sob o nome de Merciless. A banda executava um Thrash/Speed Metal rápido e agressivo. Agora, com um novo nome, e ainda mais rápidos e agressivos, o quarteto lança seu primeiro álbum, intitulado “Violent Aggression”, lançado pela gravadora espanhola Xtreem Music. Sobre esse petardo e outros assuntos o Recife Metal Law conversou com o quarteto, formado por Thiago (guitarra/vocal), William (bateria), Ramon (guitarra) e Junior (baixo).
Recife Metal Law – Primeiramente, saudações bangers! Contem como a banda surgiu, qual a motivação que tiveram para dar início ao grupo, e por que a preferência pelo Thrash Metal?
William – Fala Netão! Primeiramente quero agradecer por conceder essa entrevista. A banda começou em 2006 com a intenção de tocar Thrash Metal desde o início. Somos grandes fãs de Thrash Metal e sempre quisemos montar uma banda do estilo. Claro que no início você fica meio perdido sem saber o que fazer, tocando apenas covers, mas depois veio as ideias de músicas próprias e daí começou todo esse processo. Thiago – Acho que tivemos aquele começo saudável e natural que acontece com muitas bandas, que começam com uma pá de moleques ligados pelo Metal e pela amizade, querendo tocar só por diversão. E a respeito do Thrash Metal, como o William disse, ‘pirávamos’ muito ouvindo os Kreators e Slayers da vida e aquilo pra gente, definitivamente, era o que queríamos (mas não sabia ainda – risos) tocar.
Recife Metal Law – O Deathraiser surgiu como Merciless, e com esse nome lançou sua primeira Demo, intitulada “Possessed by Thrash”, em 2007. O que vocês acham desse registro, e como ele foi aceito pelo público?
William – Esse registro foi o primeiro passo de tudo aquilo que acreditávamos e queríamos fazer na época. Sem dúvida foi muito importante para nós, mesmo que seja datado ou uma ‘cópia’ de várias bandas que nos influenciavam, mas foi algo feito com vontade mesmo, e ficamos muito felizes por esse lançamento na época. Nem imaginávamos em lançar tal feito. Acredito que foi bem aceito pelo público; tivemos boas aceitações nos shows; conhecemos várias pessoas através desse registro, que possibilitou vários shows e amizades que duram até hoje. Thiago – Foi a expressão daquilo que foi dito inicialmente: um bando de moleques querendo tocar rápido! (risos) E, apesar de muita inexperiência, acredito que conseguimos passar uma ideia legal do que era nossa proposta e aprendemos muito com esse primeiro passo. Hoje, ao olhar pra trás, eu considero a Demo legal, dentro do nosso contexto de época.
Recife Metal Law – Como foi a divulgação do primeiro material? Fizeram muitos show? E a mídia especializada, como recebeu “Possessed by Thrash”?
William – Acho que a divulgação não poderia ter sido melhor. Era um momento de correria, tudo era novo, então cada resenha ou nota sobre a Demo a gente já ficava todo empolgado. A mídia aceitou muito bem, pois acredito que em 2006, 2007 o Thrash Metal estava um pouco em alta por estar surgindo várias bandas querendo fazer a ‘velha escola’ do estilo, com isso foi aparecendo vários shows. Tocamos fora de Minas Gerais, passando por São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro... Foi uma época muito importante, onde conhecemos pessoas e fizemos grandes amizades. Foi daí que tudo começou. Thiago – O legal é ver que, fora a boa aceitação, a gente criou laços afetivos que, independentemente da banda, vai existi pro resto das nossas vidas. Isso é uma das coisas mais fodas do Underground!
Recife Metal Law – Em 2009 a banda mudou de nome e passou a se chamar Deathraiser. Por que isso aconteceu?
William – Essa escolha se deve ao descontentamento com o nome de Mercilless, pois muita gente ficava comparando com outros Mercilless já existentes e, às vezes, era chato ouvir isso. (risos) Foi então que a banda foi evoluindo musicalmente, então vimos que Mercilless não encaixaria mais na nossa ‘nova’ proposta. Por isso mudamos para Deathraiser, que a me ver, soa melhor a essa ‘nova’ fase porrada da banda! (risos) Thiago – Dessa vez Deathraiser é definitivo! (risos)
Recife Metal Law – A banda não mudou só de nome, passou de um Thrash/Speed Metal rápido, para um Thrash Metal ainda mais rápido e violento, ambos seguindo a linha ‘old school’. Por que a mudança?
William – Esse foi um dos motivos pela mudança também, pois a banda estava caminhando para uma levada mais porrada. Mas foi algo natural. Queríamos acelerar nossas músicas e saindo do Speed/Thrash Metal que foi na Demo, queríamos fazer algo mais rápido, coisa que víamos poucas bandas fazendo: um Thrash Metal na velocidade da luz! (risos) E as influências no momento também eram destruidoras! (mais risos) Thiago – Acredito que foi algo espontâneo. E pra dizer a verdade, quase ‘desproposital’. (risos) À medida que íamos compondo esse material novo, íamos criando certa euforia, e isso refletia nos sons e na maneira que executávamos, tanto ao vivo como nos ensaios. Também foi uma época em que o “Disturbing the Noise”, “Beneath the Remains”, “Idolatry”, “Extreme Hatred”, “Darkness Descends”, “Epidemic of Violence”, eram comidos com feijão. (risos)
Recife Metal Law – Que temas a banda aborda, liricamente falando, e o que serve de inspiração para as composições, sejam bandas, livros, filmes?
William – Sobre as letras, abordamos temas característicos do Thrash Metal, mas também sobre as mazelas desse mundo atual, da ignorância do homem perante a sociedade e de todas as coisas que achamos de ruim nesse mundo. As inspirações vêm de tudo que ocorre seja movida de algum descontentamento, da literatura, de filmes, documentários e, é claro, das manchetes e notícias que acontece a todo o momento mostrando as deficiências desse mundo. Thiago – A violência em si é um tema bastante abrangente, visto que ela pode ocorrer de várias maneiras... Porém, como William disse, a gente prefere falar de ‘coisas reais’ e que causa (acredito eu) um desagrado geral; sentimentos e sacanagens típicas da nossa espécie e seus joguinhos de poder, mesmo que seja de um possível futuro hipotético (quase pré-apocalíptico) no qual, talvez, nossa mensagem se saia até um pouco pessimista. Mas é aquela coisa de cutucar o dedo na ferida, saca? Mas temos nossos momentos clichês, como em “Thrash or be Thrashed”. Isso também faz parte da coisa. (risos)
Recife Metal Law – Como se deu o processo criativo de “Violent Aggression”? E como foi a gravação do mesmo?
William – Esse processo começou alguns meses depois da Demo. Vimos que precisávamos fazer músicas novas. Por incrível que pareça, a faixa título foi a primeira a ser composta e a mais demorada a ficar pronta, e as outras foi vindo naturalmente em pedaços até serem finalizadas. Nas gravações foi um processo muito legal, pois aprendemos muitas coisas que nos ajudaram a aperfeiçoar mais a qualidade das músicas. Demorou esse processo, mas estamos satisfeitos com o resultado. Thiago – Isso tudo é um processo muito meticuloso e demorado, porque somos muito chatos na hora de decidir como e qual riff vai entrar na música. Quando entramos em estúdio só sabíamos que queríamos soar como éramos ao vivo, com energia e honestidade, sem parecer uma banda de plástico tocando. E foi muito importante termos trabalhado com o Ciero no Datribo, que é um cara puta experiente e que nos ensinou bastante sobre a parte técnica (a burocracia musical) de como se grava um disco. No fim, achei o resultado até melhor que havíamos esperado, e representa fielmente o espírito do Deathraiser ao vivo: nervoso e cheio de energia!
Recife Metal Law – É verdade que a proposta para a gravação do primeiro full lenght surgiu ainda em 2008? Como se deu esse contato, e por que a demora para o lançamento?
William – É verdade! Essa proposta surgiu em 2008 quando o Dave Rotten da Xtreem Music escutou nossas músicas no Myspace da banda e curtiu muito. De início seria um EP, mas no final das contas essa ideia se transformou num álbum completo. Assinamos em 2008 com a proposta de lançar esse álbum em 2009, mas com o atraso, por vários motivos; grana e tempo para terminar as músicas, pois moramos em cidades diferentes e isso na época dificultou bastante para as músicas ficarem prontas. Com isso fomos terminar as gravações em meados de 2010, e também com a demora da finalização da arte/encarte do disco foi lançado só em 2011. Thiago – Essa é aquela parte em que muitos desistem de encarar sempre que surge a vontade de fazer um disco. É a típica realidade de muitas bandas brasileiras, cujos integrantes e suas famílias fazem parte do proletariado, e não possuem nenhuma fortuna no banco para financiar seus sonhos. (risos) Mas mesmo tendo todo esse atraso (era pra ter saído em 2009 cara!) eu procuro aceitar que as coisas acontecem todas no seu devido tempo e como fruto de um trabalho duro. Agora é hora de correr atrás do tempo perdido, né? (risos)
Recife Metal Law – “Violent Aggression” foi lançado pela Xtreem Music, da Espanha. Como tem sido a divulgação e aceitação do álbum, tanto fora como dentro do Brasil? E qual o apoio que a gravadora deu à banda?
William – Essa aceitação, até o momento, está sendo muito positiva. Estão saindo várias resenhas do álbum pelo mundo afora e ficamos muitos felizes com isso. A gravadora está fazendo sua parte, assim como nós, tentando divulgar ao máximo o CD. Engraçado que saiu resenha e comentários de lugares que nem imaginávamos chegar. Um thrasher do Japão me mandou uma mensagem pelo Facebook falando que o nosso CD tinha esgotado numa loja da cidade dele. (risos) É algo que surpreendeu mesmo. Sem contar outro cara da Coreia querendo levar a gente pra tocar lá. (risos) E, é claro, os bangers brasileiros também que tem nos dado total apoio e estamos tendo uma boa aceitação e crítica. Thiago – Mas nosso foco principal é divulgar a parada aqui, no nosso país. E isso é outro processo tão árduo quanto o da criação do álbum.
Recife Metal Law – Nos últimos anos o Thrash Metal tem sido um dos estilos mais fortes aqui no Brasil, muitas bandas surgem, e também surgem especulações sobre a qualidade e originalidade das mesmas. O que uma banda precisa fazer pra fugir do ‘comum’? Como o Deathraiser se diferencia na cena?
Thiago – Legal sua pergunta, visto que todas essas bandas que surgiram investem nessa proposta ‘old is cool!’. (risos) Porém, devido ao nosso contexto, soa um ‘diferente’ meio que peculiar da nossa época. Esse ‘fugir do comum’ a que você se refere, é uma particularidade que cada banda tem que buscar por si própria (mesmo com suas saudáveis influências) uma identidade, e é aí que está o grande desafio de compor dentro de um gênero já tão explorado, mas com algo de inovador, entende? Acredito que no caso do Deathraiser, seja a pegada e o direcionamento tão ‘na cara’ e veloz, que eu vejo no momento ser algo proporcionalmente menos explorado nessas bandas que tem surgido. Honestamente eu creio que isso represente um importante (ainda que pequeno) passo de uma identidade musical sólida, que só vem mesmo com uma vasta e respeitável discografia e muitos anos de batalha.
Recife Metal Law – Quais as perspectivas da banda com o lançamento de “Violent Aggression”? Já surgiu alguma proposta para shows, turnês e para possíveis shows fora do país?
William – Nossas expectativas agora é poder divulgar ao máximo o “Violent Aggression”, em todos os sentidos, seja em shows, internet, pessoalmente. Quanto a alguma tour, estamos planejando algo, mas ainda está sendo muito bem estudado. Queremos poder tocar em vários lugares que ainda não fomos e se isso for possível seria foda demais! Até fora do país temos essa ideia, mas primeiramente queremos tocar pelo Brasil e América do Sul ou, talvez, quem sabe, se rolar uma tour ou algum show fora iremos com certeza. Deixamos aqui um recado para os produtores e organizadores de eventos que estamos dispostos a tocar em qualquer lugar, é só entrar em contato com a gente que faremos o possível! Thiago – É isso aí! “It’s time to show!”. (risos) Nossa perspectiva maior no momento é poder mostrar a todos a energia desse álbum ao vivo, em todos os lugares possíveis e até inimagináveis que vierem. Temos algumas propostas pra conciliar uma possível ‘turnêzinha’, mas por enquanto é só especulação...
Recife Metal Law – Agradeço, e fica o espaço para as considerações do Deathraiser.
William – Queremos agradecer, primeiramente, por esse espaço que você, Netão e o pessoal do Recife Metal Law, está nos dando. Sites como esses são muito importante para o Underground brasileiro. A todos quer curtem a banda, esperamos ver vocês nos palcos da vida! !Keeping the Underground Spirit!!!”. Thiago – Um forte abraço pra você Netão e galera da Recife Metal Law, e obrigado pelo espaço concedido e pelo constante apoio, não somente a nós, mas ao Underground nacional! Espero logo estar tocando por essa região e fazendo novos amigos. Abração pra galera de Pernambuco e pra todos os bangers brasileiros que dedicaram seu tempo a ler/conhecer um pouco sobre o Deathraiser. VOCÊS SÃO O UNDERGROUND!