A banda pernambucana Malkuth completará, em 2013, duas décadas de atividades ininterruptas em nome do Black Metal. Durante esse período houve muita troca de integrantes, e apenas Sir Ashtaroth (guitarra e backing vocals) continuou na banda desde o seu início, e hoje é acompanhado por Nefando (baixo e vocal) e Gladiathor (bateria). Agora em 2011 a banda chegou ao seu sexto álbum de estúdio, “Strongest”, mostrando, assim como o próprio título álbum diz, que está mais forte do que nunca, superando os percalços existentes. Na entrevista a seguir Sir Ashtaroth nos fala um pouco mais sobre o novo álbum e outros assuntos, afinal o Malkuth praticamente se mistura a história do Metal Underground pernambucano. Recife Metal Law – Antes do novo álbum, a banda lançou, em 2006, “Nekro Kult Khaos”. Depois de cinco anos de seu lançamento, como vocês analisam a importância desse álbum para a carreira do Malkuth?
Sir Ashtaroth – Saudações a todos! É uma honra mais uma vez termos a oportunidade de participar deste precioso espaço! Este é, a meu ver, um dos melhores álbuns da nossa carreira: tem uma ótima gravação, instrumentos peculiarmente nítidos e muitos passaram a conhecer um Malkuth ainda mais sombrio, rápido, pesado e com passagens cadenciadas, características nossas já há tempos conhecida por todos os nossos apreciadores. Também caprichamos na construção temática conceitual lírica.
Recife Metal Law – A cada lançamento da banda existiu algo em comum: a mudança de formação. Mesmo com tais mudanças a forma característica de se fazer Black Metal do Malkuth não mudou. Seria tais mudanças a responsável por deixar cada lançamento da banda com uma sonoridade bem própria?
Sir Ashtaroth – Hoje sou o único membro fundador remanescente da formação original. É um orgulho para minha pessoa manter a nossa essência sonora sempre viva e fiel. Cada membro que passou pela banda, claro, deixou sua marca memorial. Porém, a cada lançamento procuramos ampliar nossa música para novos horizontes líricos e sonoros, mas sem trair a nossa origem enraizada no Pagão/Negro Metal.
Recife Metal Law – Mesmo sendo uma banda de Black Metal, a banda não pode ser descrita como “apenas mais uma banda de Black Metal”, e me arrisco a dizer que o Malkuth faz a música do Malkuth. Como vocês encaram isso?
Sir Ashtaroth – Obrigado pelo elogio. Realmente, há muitas bandas por aí que se dizem “Black Metal”, medíocres e infantis. É muito fácil executar acordes primitivos e elaborar letras de culto a Satã, sem nem mesmo saber de que se trata o assunto. Que estudem Ocultismo e o verdadeiro e antigo conhecimento velado aos ignorantes. São poucas as bandas de Black Metal inteligentes sonora e liricamente falando que se sobressaem. Por este motivo, escutamos até mesmo mais bandas de outras vertentes como as de Heavy, Folk e Death Metal.
Recife Metal Law – Agora vamos falar do mais recente lançamento, “Strongest”. Como foi todo o processo criativo desse álbum? Houve alguma alteração na forma de compor as músicas para este trabalho?
Sir Ashtaroth – Nunca mudamos a forma de compor, sempre seguimos a fórmula de montarmos os riffs e frases musicais mais interessantes (esqueleto da música), fundimos com a bateria, lapidamos a faixa até encaixarmos a letra. A letra deve ser logicamente condizente com o “espírito” e atmosfera da música. É assim até fecharmos o “set” do disco.
Recife Metal Law – Esse álbum traz o Malkuth soando ainda mais peculiar, e o álbum traz influência do Heavy Metal e até mesmo do Rock n’Roll, como se pode ouvir em “Sol Negro”. As antigas bandas de Heavy Metal e Rock n’Roll, de alguma forma, influenciaram na composição desse álbum?
Sir Ashtaroth – Bom saber que você teve tais impressões. Respeitamos e ainda escutamos muito as bandas “old school”, digamos assim. Talvez de uma forma inconsciente um riff ou outro possa lembrar de leve algo destas bandas antigas...
Recife Metal Law – Eu citei “Sol Negro”, e devo dizer que essa música tem riffs muito parecidos (mais precisamente antes de se iniciar a segunda estrofe da música e durante o seu decorrer) com os da música “Them Not Me”, encontrada no álbum “Overnight Sensation” do Motörhead. Isso foi algo proposital? Vocês conhecem essa música do Motörhead?
Sir Ashtaroth – Conhecemos bem um álbum ou outro do Motörhead e somos muito fãs deles. Mera coincidência se houve influência de tal música.
Recife Metal Law – A banda, em seus lançamentos, sempre procurou inserir músicas cantadas em português, e em “Strongest” não foi diferente, trazendo três músicas em nosso idioma. Qual a razão para sempre se colocar músicas cantadas em português nos álbuns do Malkuth?
Sir Ashtaroth – É a nossa língua pátria e sempre a utilizaremos em nossas obras. Mas não em todas as faixas, afinal há músicas onde as letras em inglês se encaixam melhor.
Recife Metal Law – “Strongest” traz algumas participações especiais, entre elas a presença de Ângela FullMoon e Catarina Rosa, fazendo alguns vocais femininos. Digo que essa participação, em algumas músicas, criou uma atmosfera bem sombria. Mas qual foi o real objetivo em ter vocais femininos em algumas músicas?
Sir Ashtaroth – Sempre utilizamos vocais femininos em algumas passagens de nossas músicas desde os tempos das nossas Demo-Tapes (1993). Dão um toque sombrio e atmosférico às mesmas...
Recife Metal Law – Já Diego D’Urden (Infested Blood) participou tocando teclados, não em todas as músicas. Ao vivo a banda não faz uso de teclados, mas existe a possibilidade de efetivar um tecladista na banda, já que algumas músicas da banda lançam mão desse instrumento?
Sir Ashtaroth – Diego D’Urden já fez algumas participações ao vivo conosco. Ele é um excelente músico. No momento, não pensamos em efetivar ninguém para o cargo. Somos um trio mesmo atualmente. Para as próximas gravações, se for necessário, lançaremos mão do instrumento novamente, afinal de contas também sempre utilizamos tal instrumento desde a época das Demos.
Recife Metal Law – Talvez a participação mais curiosa seja a de Ricardo “Rama” Shiva, que tocou didgeridoo (instrumento de sopro dos aborígenes australianos) e djembe (um tipo de tambor originário de Guiné, na África Ocidental). Por que fazer uso de tais instrumentos em músicas do Malkuth?
Sir Ashtaroth – São instrumentos de origem pagã. E o nosso novo álbum “Strongest” trata justamente do assunto. Se você ler de cima para baixo, na contracapa do álbum, as letras iniciais de cada faixa formará a palavra “PAGANISMO”, um anagrama que talvez muitos demorariam ou até mesmo nem decifrariam. Este álbum é um hino, uma homenagem ao paganismo e aos seus cultos arcaicos. Tais instrumentos possuem belas, peculiares e hipnotizantes sonoridades. Também utilizamos um instrumento de origem africana, o berimbau de boca, no final da música “Only Strongest”. Isso quebra e leva abaixo de uma vez por todas os boatos sem fundamentos de imbecis infiltrados no nosso cenário que nos taxaram de “nazis racistas”. Isso é patético: somos brasileiros, mestiços e nordestinos com orgulho de nossas origens!
Recife Metal Law – “Strongest” foi lançado pela Impaled Records. Como vem sendo o trabalho de divulgação do novo álbum?
Sir Ashtaroth – Foi um lançamento onde a Impaled Records (SP), a Obskure Chaos Distro (SP) e a Nefando Produções (PE) fizeram parceria. A divulgação está sendo a melhor possível e está sendo distribuído a nível mundial através de selos e distros camaradas.
Recife Metal Law – Estou sabendo que o show de lançamento do novo álbum ocorrerá no dia 07 de dezembro do corrente ano, quando a banda será uma das bandas de abertura do Dark Funeral, em Recife. Vocês planejam algo especial para esse show?
Sir Ashtaroth – Bom, será apenas uma “pincelada parcial” do que será um dia um show de lançamento na íntegra. Afinal, iremos abrir para a grande atração da noite que é o Dark Funeral e o nosso tempo será curto. A maioria do nosso “set list” será formada pelas faixas do nosso novo álbum.
Recife Metal Law – Além desse show, vocês pretendem fazer mais datas, possivelmente uma turnê, para divulgar o novo álbum?
Sir Ashtaroth – Até o momento nada certo. Nosso vocalista e baixista Nefando está tentando fechar algumas datas em outros Estados.
Recife Metal Law – São quase vinte anos de luta no meio Underground, diversos álbuns lançados, shows no Sudeste do país e, mesmo com as diversas formações, o Malkuth continua firme e forte, batalhando e divulgando sua música. O que os torna tão fortes?
Sir Ashtaroth – A perseverança e a honra de sermos uma das bandas representantes do Metal nordestino brasileiro. AOS VERMES QUE TENTAM NOS DENEGRIR E DERRUBAR: JAMAIS DEIXAREMOS A BANDEIRA MALKUTHIANA CAIR! NÓS, GUERREIROS NORDESTINOS, ESMAGAREMOS SEUS CRÂNIOS SEM PIEDADE. ONLY STRONGEST SURVIVE! Agradecemos o espaço cedido mais uma vez! Em breve, o vídeo representativo do álbum “Strongest” estará disponível no YouTube. Provavelmente, em comemoração aos 18 anos de existência da banda, serão lançadas no futuro, em formato CD, as Demos “Orgies in the Temple of Christ (Bastard Son)”, “Glory and Victory” e o EP “Under Delight of the Black Candle”. Aguardem!