Com o crescimento da cena Thrash Metal em todo Brasil não foi difícil encontrar várias bandas novas do estilo em todos os cantos tupiniquins, muitas com grande potencial e outras apenas influenciadas pela grande repercussão do movimento. Foi no meio deste emaranhado Thrash que surgiu, no fim de 2009, a Necrose, formada pelos amigos Petrônio Gomes (voz), Rodrigo Melo (guitarra) e Alisson Wagner (bateria), que depois se juntaram a Klecio Lima (baixo), depois substituído por Alexandre. Após um longo período de shows, a banda lançou no começo de 2012 seu primeiro material oficial, a Demo “Vingança”, que conta com seis sons do mais puro Thrash Metal ‘old school’. Para saber mais sobre a banda e esse material lançado ‘batemos um papo’ com o guitarrista Rodrigo Melo. Recife Metal Law – Inicialmente a banda surgiu com o nome de Nukleator. Esse nome era bem a cara do estilo musical da banda, já que é um nome bem “Thrash”. Então qual a razão para mudar para Necrose?
Rodrigo Melo – Primeiramente, gostaria de agradecer pelo convite e ressaltar que esse espaço é muito importante para as bandas como a Necrose e tantas outras que fazem parte do movimento. Essa questão do nome não foi bem uma mudança. Na verdade nós decidimos acabar com a Nukleator por uma série de fatores que geravam muitas divergências, tanto na questão de estilo como nas composições, entre outras coisas. Eu costumo dizer que a Necrose surgiu do fim de uma banda e que ela foi muito importante pra nós, afinal a gente continua tocando e se divertindo por causa da Nukleator.
Recife Metal Law – Em Campina Grande, onde costumo ir a passeio ou para conferir eventos que envolvem bandas de Heavy Metal, existe uma boa movimentação no que se refere à bandas que fazem um estilo “old school”. Esse seria o principal motivo para fazer uma banda que faz um som calcado na “velha escola”?
Rodrigo – Eu acredito que o tipo de som que a Necrose e outras bandas de Campina Grande fazem é mais pelo fato do pessoal gostar mesmo, saca? Esse é o principal fator!
Recife Metal Law – E como foi à procura por músicos para se formar a banda? Quem foi o mentor do Nukleator, que posteriormente virou o Necrose?
Rodrigo – No caso do Nukleator eu fui o último a entrar. A banda foi fundada por “Pety” (Petrônio – voz) e Alisson (bateria), que já conheciam Márcio (guitarra) e ensaiavam desde 2008. Eu comecei tocando baixo, que nunca foi meu instrumento de verdade, só fui pela sensação de tocar Thrash e me divertir. Então depois de dois shows feitos com a Nukleator a gente se separou, aí um dia “Pety” me ligou perguntando se não dava para tocar novamente, eu disse que sim e a gente se reuniu de novo, comigo agora na guitarra, e estamos até hoje.
Recife Metal Law – A banda, desde o seu início, fez suas músicas cantadas em português. Os que o levoua escolher nosso idioma para fazer as músicas do Nukleator, que depois virou Necrose?
Rodrigo – Bom, primeiro que ninguém na banda sabe falar em inglês e pra não ficar naquela de ‘decoreba’, preferimos o português mesmo. Sem contar que achamos muito mais foda saber que a galera tá entendendo tudo (pelo menos é isso que eu espero) e cantado junto! E essa também foi uma das divergências que ocorreu na Nukleator, pois Márcio queria que nossas músicas fossem em inglês e o restante da banda queria em português.
Recife Metal Law – O primeiro trabalho oficial da banda é a Demo “Vingança”, mesmo título do primeiro álbum da banda carioca Azul Limão. A escolha do título foi uma forma de homenagear tal banda ou isso foi puro acaso?
Rodrigo – Porra cara! Isso foi uma tremenda coincidência! Essa escolha foi porque essa é uma música que definiu muito bem o momento que a Necrose estava e ainda está passando.
Recife Metal Law – Sinceramente, achei essa primeira Demo da banda bem profissional, pois veio bem cuidada, tanto na parte gráfica (inclusive com o CD trazendo um silk, simples, mas eficiente), como na parte sonora. Como foi o trabalho em estúdio, assim como toda a parte para fazer o material gráfico?
Rodrigo – Poxa cara, obrigado! O processo de gravação foi todo feito por canal individual, gravando primeiro a bateria, depois guitarra e assim sucessivamente. A parte gráfica ficou ao meu cargo (deu para sacar a falta de experiência – risos). Essa parte do processo foi, eu acho, onde mais a gente quebrou a cabeça para chegar a um consenso, porque eu já tinha feito um monte de desenhos e ninguém gostava até que um dia, rabiscando, fiz um esboço dessa arte e mostrei a “Pety” e Alisson que concordaram assim que viram! E que resultou toda essa blasfêmia!
Recife Metal Law – Vale mencionar que essa Demo é altamente viciante, e empolga do primeiro ao último segundo. É Thrash Metal até o talo! Fazia tempo que eu não ouvia algo tão empolgante feito por uma banda que está apenas começando...
Rodrigo – Poxa cara, valeu mesmo! Nós ficamos muito satisfeitos com a aceitação, porque a gente ‘tá fazendo o que gosta e para se divertir, encaixando nossas influências da ‘velha escola’ e tentando fazer um som que nos empolgue a beber e curtir mais ainda! Talvez seja por isso que o pessoal gostou, porque é um som feito com um real sentimento!
Recife Metal Law – Entre as músicas presentes, uma é instrumental: “Puro Ódio”. Vocês não chegaram a cogitar em colocar essa música como sendo a faixa de abertura da Demo?
Rodrigo – A princípio era, pois ela era a introdução de “Sangue e Dor”, que seria o primeiro som da Demo, mas como muitas bandas fazem esse tipo de instrumental no começo e para não soar igual decidimos colocá-la como penúltima música do disco. Sem contar que a entrada com “Vingança” é bem impactante e eu curto muito esses lances instrumentais. Influenciei-me bastante no disco “Schizophrenia” do Sepultura, que eu acho fantástico!
Recife Metal Law – O som de vocês, como não poderia deixar de ser, lembra muitas bandas da década de 80, inclusive em alguns riffs, mas deu para notar que mesmo fazendo um som ‘old school’, vocês simplesmente não copiaram as bandas ícones do estilo, mas acrescentaram uma cara própria e bastante empolgação. Como é fazer uma música, um estilo, praticamente imutável?
Rodrigo – É interessante, porque na cena sempre rola esse lance de comparação, mesmo que de uma maneira positiva ou negativa, e quando eu estou sozinho ou com a banda e fazemos um riff, a gente sempre se pergunta: “será que já não tem algo parecido?”. A gente se preocupa bastante com a originalidade do nosso som, apesar de ser um estilo praticamente imutável, como você falou.
Recife Metal Law – E quais bandas serviram de inspiração para que vocês criassem as músicas contidas em “Vingança”?
Rodrigo – As bandas que nos servem de influência são principalmente aquelas que levaram a nos tornarmos amigos e formarmos a Necrose, que vão do Thrash ao Death Metal, e também bandas Crossovers. Mas em especial o Sepultura (‘old school’), Dorsal Atlântica, MX, Kreator, D.R.I., Destruction, Obituary e o Tankard (influência das bebedeiras!), que são bandas que fazem parte da nossa convivência como amigos e com certeza influenciam o nosso som.
Recife Metal Law – Na Demo, tu fostes, também, o responsável pela gravação das linhas de baixo. A função de baixista ainda continua aberta na Necrose?
Rodrigo – Não. O nosso baixista era Klécio Lima, mas devido a alguns problemas ele teve que sair, deixando o baixo a cargo do nosso amigo Alexandre, que já nos acompanhou em vários shows, e se mostrou um cara excelente. Hoje ele está sólido conosco.
Recife Metal Law – Por fim, quais os planos da banda, no que se refere a divulgação da Demo e shows, para esse segundo semestre de 2012?
Rodrigo – Para finalizar eu gostaria de, em nome da Necrose, agradecer a você e toda equipe do Recife Metal Law pela entrevista e pela oportunidade de mostrar o nosso som e também de falar algo sobre a banda, e dizer que a Necrose está na ativa divulgando a Demo “Vingança” através da internet e dos shows. Quem gostar do nosso som e se interessar em ter a Demo ou nos ver mandar uma ‘thrasheira insana’, pode entrar em contato. Abraço a todos!