A banda Krow surgiu no “Triângulo Satânico Mineiro” (saiba mais na entrevista a seguir), em 2006, e na sua discografia, além de um EP, constam dois álbuns, sendo o mais recente “Traces of the Trade”. Esse álbum veio para solidificar o nome da banda, que mescla em sua agressividade sonoridade elementos do Death e Thrash Metal. Salientando que o nome da banda vem ganhando força não só em terras brasileiras, mas também em outros países. Prova disso são as turnês que o Krow fez na Europa, inclusive gravando um clipe naquele continente. E por falar em turnê a banda, que atualmente é formada por Guilherme Miranda (guitarra e vocal), Lennon Oliveira (baixo), Lucas “The Carcass” (guitarra) e Jhoka Ribeiro (bateria), anunciou uma turnê que passará por cidades nordestinas. Maiores detalhes sobre tudo isso pode ser conferido nesta entrevista. Recife Metal Law – A palavra “Crow”, em português, significa “Corvo”. Qual a razão para se grafar o nome da banda com “K”?
Guilherme Miranda – Sim, exatamente. Na verdade o que rolou é que já existia uma banda “Crow” com “C” e a gente resolveu que com “K” funcionaria, e ficou assim. (risos)
Recife Metal Law – O álbum de estreia do Krow foi “Before the Ashes”, lançado em 2009. As expectativas da banda com relação ao seu ‘debut’ álbum foram devidamente alcançadas?
Guilherme – Sim, totalmente. Para uma banda em estágio inicial, com o primeiro disco alcançamos metas significativas. Fomos até além de nossas expectativas; a banda se projetou nacionalmente e conseguiu um espaço fora do país. O “Before the Ashes” impulsionou tudo o que tem rolado ultimamente, é um trabalho contínuo... Se perder o foco as coisas param de andar como devem.
Recife Metal Law – Esse primeiro álbum foi lançado pela Free Mind. Como foi a divulgação do álbum, pelo selo? Vocês ficaram satisfeitos com o resultado obtido?
Guilherme – Como eu disse, a banda conseguiu uma projeção nacional até maior do que esperávamos. Ter o apoio de um selo é sempre interessante e importante, mas de acordo como funciona o mercado atual, um selo não tem mais um volume grande de recursos para colocar em uma banda. Então, deve rolar um trabalho de cooperação entre banda e selo para que os resultados sejam alcançados da melhor forma possível.
Recife Metal Law – O novo álbum recebe o título de “Traces of the Trade” e foi lançado pelo selo Two Beers or Not Two Beers. O que levou a banda a mudar de selo para o lançamento do novo álbum?
Guilherme – A Free Mind parou de atuar como um selo, e a Two Beers or Not Two Beers havia lançado o “Before the Ashes” em parceria com a Free Mind. Não rolou uma mudança, mantivemos o time e lançamos o segundo disco, já que a gente mesmo desenvolve boa parte do ‘trampo’, tudo se ajeitou. O pessoal da Free Mind hoje concentra suas atividades em uma empresa de assessoria chamada Metal Media, da qual fazemos parte. No final das contas acabou que ganhamos por um lado.
Recife Metal Law – A parte gráfica desse novo lançamento é impressionante. A embalagem vem em digipack, envolto em bastante cuidado e capricho, além de um slipcase que envolve a embalagem. Ter o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e da Prefeitura de Uberlândia foi essencial para que vocês pudessem caprichar na parte gráfica do CD?
Guilherme – Com certeza o apoio da prefeitura foi essencial. Mas creio que faríamos isso com ou sem esse tipo de apoio, pois era a intenção inicial fazer o “Traces of the Trade” nesse formato. Normalmente no KroW, pensamos em um projeto e nas maneiras de viabilizá-lo. Nós seguimos os nossos objetivos, independente de qual será o caminho, desde que ele seja possível para os quatro membros da banda.
Recife Metal Law – E como surgiu a oportunidade de ter o apoio desses órgãos para o lançamento do CD?
Guilherme – Isso faz parte de uma lei municipal de incentivo à cultura. Como o próprio nome diz, já é uma lei do município, que para pleitear a participação neste programa, é necessário que se faça uma inscrição em um edital público, onde o artista concorre ao incentivo após a análise do curriculum da banda e do proponente, uma comissão faz a análise de todo o projeto. No caso do KroW fomos aprovados e as coisas aconteceram de uma maneira muito positiva.
Recife Metal Law – O novo álbum traz músicas que são verdadeiros tormentos Death Metal, vorazes, velozes e pesados, com certa influência do Thrash Metal. Como vocês definiriam as músicas contidas nesse novo trabalho?
Guilherme – Cara, você definiu exatamente como eu definiria. (risos) Os sons, na real, saíram naturalmente. A gente inclusive imaginava que o disco não ficaria tão rápido e ríspido. Mas à medida em que as músicas ficavam prontas, “Traces of the Trade” acabou por tomar essa forma. Eu acrescentaria ainda a palavra brutal. (risos)
Recife Metal Law – Duas músicas que definem bem essa carga violenta de Death Metal são “Slaughter of the Gods” e “System Unfolds”. Vocês apontariam outras músicas que melhor definiriam o que é o som do Krow neste novo álbum?
Guilherme – Sim, apontaria ainda “Hazardous Punishment”, “Retaliated” e “Eidolon”. Em minha opinião esses sons marcaram a identidade deste CD.
Recife Metal Law – Algumas linhas e bases instrumentais têm certa influência do Thrash Metal e isso é mais perceptível em “Outbreak of a Maniac”. Mesmo vindo em doses pequenas, o Thrash Metal faz parte do som da banda. Essa será sempre uma tendência?
Guilherme – É muito complicado falar que algo é pra sempre, mas a tendência é essa, pois desde o nosso primeiro EP, “Contempt for You”, que temos colocado essa influência Thrash em nosso som, e creio que isso deve continuar por um bom tempo pelo fato de que todos os integrantes são muito ligados ao Thrash Metal. Faz parte de nossa “escola musical”.
Recife Metal Law – A parte lírica, não por completo, fala de aspectos relacionados à escravidão no Brasil. Esse foi o motivo para que a banda colocasse a inusitada instrumental “March of Vendetta”, que traz o som de tambores e influência da cultura africana, no álbum?
Guilherme – Exatamente! Buscamos manter um forte conceito neste álbum, e funcionou demais gravar esses tambores que remetem ao ritmo de uma congada. Creio que o tema deste disco seja muito abrangente, e tanto esse tipo de faixa instrumental, quanto este assunto abordado em “Traces of the Trade” podem ter sido somente o começo desse tipo de temática no KroW.
Recife Metal Law – A banda é de Uberlândia, em Minas Gerais, mas gravou “Traces of the Trade” no RockLab Estúdio, em Goiânia/GO. O que os motivou a trabalhar nesse estúdio?
Guilherme – A gente gravou o “Before the Ashes” no mesmo estúdio, e o RockLab tem uma proposta que atende a banda. Gostamos muito do resultado do primeiro álbum e resolvemos repetir a dose com a mesma equipe, e a evolução na gravação foi extremamente significativa. Ficamos 100% satisfeitos com o resultado. Além do mais, os produtores tem uma parceria muito forte com todos nós, nos sentimos em casa por lá.
Recife Metal Law – O álbum conta com algumas participações especiais, entre elas A., baixista do Watain. Como vocês analisam cada participação feita em “Traces of the Trade”?
Guilherme – No caso do A. foi sensacional! Ele é um grande amigo, um cara com o qual a gente sempre pode contar, e a recíproca é a mesma. Inclusive gravamos o clipe com ele, da faixa “Retaliated”, e além de ter ficado de acordo com o que queríamos, foi divertido pra caralho! (risos) Já o Jack Will é um percussionista excepcional e é um amigo de longa data, quando pensamos em gravar uns tambores, não tínhamos outro nome em mente. O Maldonalle, além de produtor do RockLab, é um dos grandes guitarristas que eu conheço, então, nada mais natural do que ele assumir um solo no disco. Portanto, as participações fizeram a diferença no álbum, e é algo que gostamos muito de fazer quando vamos gravar. Já começamos a pensar nas participações para o próximo CD.
Recife Metal Law – O Krow já fez duas turnês na Europa, e isso significa que vocês têm bastantes contatos no Velho Mundo. Como é feito o trabalho de divulgação do nome da banda em outros países?
Guilherme – O trabalho é feito de várias maneiras, mas apostamos mesmo é na circulação. Quanto mais turnês e mais shows, mais o seu nome circula e o ‘merchan’ é vendido. Dessa forma as pessoas começam a se familiarizar com o seu nome. Nós temos uma agência/selo que é quem cuida dessa parte por lá, e nós também colocamos a mão na massa para que tudo aconteça. É um puta trabalho enorme, mas no final compensa muito.
Recife Metal Law – “Retaliated” foi a música escolhida para o clipe, o qual foi gravado em Bucareste, capital da Romênia. Qual o motivo para se escolher essa música para um clipe e como se deu a escolha das locações para a gravação do mesmo?
Guilherme – O nosso designer gráfico, que tem feito todos os nossos ‘trampos’ na Europa, é de Bucareste, assim como o nosso manager. Então, conversando com o A. do Watain/Undercroft, tivemos a ideia de fazer o clipe juntos, pois seria muito foda viajarmos juntos, curtir e ainda fazer o nosso primeiro registro audiovisual ao lado de um grande brother, que além do mais mandou um vocal com a maior boa vontade no disco, e todos nós da banda somos fãs da voz dele. Depois dessa ideia, organizamos tudo; o A. cantaria com a gente no “Romanian Thrash Metal Fest” e ficaria o resto do final de semana por conta de gravar o vídeo, já que a agenda dele é bem apertada. Acabou que deu tudo certo e as coisas casaram bem. “Retaliated” é com certeza uma das três músicas mais representativas de nossa carreira. Já a escolha do local, roteiro e tudo mais ficou a cargo dos produtores de lá.
Recife Metal Law – Uma curiosidade: Muitos sabem o que é, e por quais cidades é formado o triângulo mineiro, mas o que, de fato, significa o Triângulo Satânico Mineiro?
Guilherme – Esse lance começou como uma zoeira mesmo. A gente viajava muito com algumas bandas da região e toda vez era insano, muita bagunça, cachaça pra caralho e nos divertíamos muito. Então, a galera começava a falar que o pessoal do triângulo era satânico, em um sentido de bagunça. Foi numa dessas que o Rodolfo da One Voice de Goiânia soltou Triângulo Satânico Mineiro e a coisa pegou. (risos) Tanto que a primeira logo oficial do Triângulo Satânico era um capeta tomando um ‘goró’! Nós gostamos muito dessa ideia, e sempre fazemos questão de falar que somos de Minas e do Triângulo, somos do Triângulo Satânico Mineiro, é nossa identidade.
Recife Metal Law – O Krow pensa em fazer uma turnê por terras brasileiras para divulgar o seu novo álbum?
Guilherme – Sim! Aliás, esse sempre foi um grande desejo da banda, e que agora em 2013 se tornou uma realidade! Faremos uma tour no Nordeste e parte do Norte em março/abril, ao lado dos caras do Derci Gonçalves, que é uma puta banda foda de Grindcore! Teremos um show no dia 23 de março em Recife e espero contar com todos por lá! Será fodido com certeza e faremos o nosso melhor em uma tour em nosso país, já que, como eu disse, é um desejo antigo de todos nós do KroW. Fica aqui o meu muito obrigado e um forte abraço a todos os leitores do Recife Metal Law. Muito obrigado pela oportunidade. Vemo-nos na estrada!