Os estilos Folk e Viking Metal já são bem conhecidos, não só nos seus países, digamos, de origem, mas em toda a parte do Globo. Com isso, muitas bandas, ao redor do mundo, chegam a absorver tal influência, e aqui no Brasil não poderia ser diferente. Mesmo que haja certa crítica advindas de algumas partes, algumas bandas vêm se destacando no estilo, aqui no Brasil, e uma delas é a banda mineira Hagbard, que está prestes a lançar o seu primeiro álbum. E, ouvindo o single “Lost in the Highlands”, que foi lançado este ano, é de se esperar um trabalho grandioso. Na entrevista a seguir Gabriel Soares (teclados) e Danilo Marreta (guitarra) falam um pouco mais sobre a banda e sobre o vindouro lançamento. Confiram! Recife Metal Law – O nome Hagbard soa perfeito para uma banda de Folk Metal. Essa foi à razão para se usar esse nome?
Gabriel Soares – Saudações a todos os leitores do Recife Metal Law! Gostaria de agradecer ao site e ao Valterlir em nome de todos por esta oportunidade de divulgar nossas ideias. O nome foi escolhido pela história do personagem mitológico Hagbard e, também, porque gostamos muito da forma como ele soa. Então, sim, essa foi à razão para o uso do nome na banda!
Recife Metal Law – A banda surgiu em 2010 e em 2011 lançou a Demo “Warrior’s Legacy”, porém parece que esse material não foi divulgado amplamente. Como vocês qualificam essa Demo e qual a importância dela para o início do Hagbard?
Gabriel – Essa Demo foi feita com o intuito de botar em prática o que tínhamos em mente para o futuro e, de certa forma, foi como um teste, pois havia limitações financeiras. Não nos preocupamos muito em divulgar ou investir na mesma, o foco era mostrar nosso trabalho para pessoas mais próximas e receber o ‘feedback’, que acabou sendo muito satisfatório e nos motivando a continuar. Dessa forma “Warrior’s Legacy” foi muito importante para o que somos hoje, e para o começo no quesito motivacional.
Recife Metal Law – Agora em 2013 vocês lançaram um single intitulado “Lost in the Highlands”, que traz uma banda realmente focada no estilo que se propôs a fazer e entre as duas músicas apresentadas, “Let Us Bring Something For Bards to Sing” é a que mais carrega na influência Folk. Essa música já se fez presente na Demo, mas veio mais bem gravada no single. Qual a razão para incluir essa música no single?
Danilo Marreta – A ideia de “Lost in the Highlands” era dar um ‘preview’ do que será o CD “Rise of the Sea King”, assim como cativar as pessoas/mídia acerca do desenvolvimento do material. Para isso concluímos que seria ideal lançar duas músicas, pois poderíamos mostrar algo novo, que é a primeira faixa, e algo já conhecido, porém com uma qualidade muito superior, algumas mudanças e a roupagem que o álbum possuirá.
Recife Metal Law – Ainda sobre o single, a música “Berserker’s Requiem”, apesar do título fúnebre, tem uma levada instrumental calcada no Viking Metal. Essa será a tônica na sonoridade do Hagbard, mesclar Folk e Viking Metal?
Marreta – A sonoridade do Hagbard é relativamente aberta. Produzimos músicas com essências variadas, tanto musical quanto liricamente. Creio que o single tenha também destacado isso, pois “Berserker’s Requiem” contém letra/melodias mais fúnebres, enquanto “Let Us Bring Something for Bards to Sing” possui uma atmosfera feliz/cantante. Diria que a mescla entre Folk/Metal seria a tônica de nossa sonoridade, mas isso não exclui possíveis influências de quaisquer estilos/bandas.
Recife Metal Law – Entre o lançamento da Demo e o lançamento do single houve duas alterações na formação do Hagbard, sendo uma no baixo e outra na guitarra. Qual a razão para as mudanças e o que os dois novos integrantes trouxeram de vantajoso para a sonoridade da banda?
Gabriel – O antigo guitarrista não estava tendo tempo suficiente para se dedicar à banda como queríamos, então entramos em um consenso e ele acabou saindo. Como isso aconteceu no meio das gravações do “Rise of the Sea King” precisávamos de um novo guitarrista o mais rápido possível. Estudando as possibilidades encontramos o Marreta, cujo trabalho conhecíamos através da banda Sadistic Gore. Com isso crescemos muito, musical e profissionalmente. Pouco tempo depois, o nosso antigo baixista precisou sair por motivos pessoais, e convidamos o “Sancho” para ocupar esse cargo, um grande amigo e adorado por todos, deixando-nos ainda mais unidos e focados em nossos objetivos.
Recife Metal Law – A banda é oriunda de Minas Gerais, estado que também gerou bandas como Lothlöryen e Tuatha de Danann, que ficaram conhecidas por sua sonoridade bastante influenciada pelo Folk Metal. De alguma forma, tais bandas chegam a influenciar na sonoridade do Hagbard?
Gabriel – Acredito que indiretamente sim, pois as sonoridades são distintas, mas o Tuatha de Danann abriu muitas portas para o estilo no Brasil e acompanhamos a banda há bastante tempo.
Recife Metal Law – O estilo que vocês praticam faz com que a parte lírica tenda para temas como fantasia, mitologia e algo da cultura Viking. Sendo assim, e por estarmos no Brasil, a banda já chegou a ser criticada pelo som que faz?
Marreta – Essa é uma ótima pergunta, com a qual sempre teremos que lidar. Primeiramente destaco que a influência nórdica existe no Hagbard, mas não é exclusiva; não pretendemos nos prender na hora de criar nossas músicas, que são de fantasia em muitos temas. Voltando a pergunta, a banda já foi, sim, criticada, mas não de forma agressiva, o que provavelmente acontecerá de acordo com nosso crescimento. Essa é uma questão complexa de se analisar, pois muitos fatores estão envolvidos. Gostaria de trazer o exemplo de bandas como Nile (EUA), Ex Deo (Canadá) e Gwydion (Portugal) para exemplificar meu pensamento. Não creio que somente alguém que tenha raízes no local onde algo aconteceu possa desenvolver um trabalho relacionado à história/cultura de tal lugar. Estas bandas que citei fazem um trabalho exemplar e se baseiam em civilizações/culturas distantes de suas origens: Nile com seu Death Metal egípcio, Ex Deo com seu Metal romano e o Gwydion com seu Folk/Viking Metal nórdico (estou citando esta banda, apesar da mesma também possuir letras/músicas variadas). Pensando sobre esses exemplos, não me lembro de ter visto alguém questionar essas bandas com argumentos do tipo “eles deveriam falar sobre a história dos EUA, é ridículo fazerem Metal egípcio...”. Já no Brasil este tipo de coisa é frequente, mesmo que a própria pessoa a te questionar não saiba sobre história/folclore brasileiro. Existem bandas nacionais fazendo Metal com letras em português, outras destacando nossa história e até mesmo falando sobre mitologia/folclore de etnias indígenas brasileiras, e mesmo assim elas não são reconhecidas por isso e também não estão conquistando legiões de fãs e, por incrível que pareça, também não são 100% aceitas. O estilo que tocamos não é tipicamente brasileiro, assim como o Metal em si. Outro destaque é que o folclore brasileiro nos é tão “estranho” quanto o estrangeiro em sua origem. Creio que essa questão passe também pela baixa estima do brasileiro com sua nacionalidade/identidade. Consigo entender perfeitamente esta mentalidade, mas não ligaremos e nem concordaremos com estes argumentos. Não acho certo invalidar um trabalho a partir disso, seja na música e no meio artístico em geral, ou no meio acadêmico, etc.
Recife Metal Law – A banda está prestes a lançar o seu primeiro álbum, “Rise of the Sea King”. Para quem ouviu seus lançamentos anteriores, quais surpresas irão encontrar nesse ‘debut’? E para quem não ouviu ainda o Hagbard, o que “Rise of the Sea King” traz de especial?
Marreta – Este álbum terá muitas surpresas. A produção em geral merece muito destaque, pois o conteúdo gráfico de Jobert Mello (Sabaton, Primal Fear) foi muito bem feito, assim como a Mix/Master feita por Jerry Torstensson (baterista do Draconian/Suécia) agregou muito valor às músicas. O lançamento do material ficou a cargo da SoundAge Productions da Rússia (gravadora que também lançou o Arkona, Grai, etc.), o que apesar de já ter sido anunciado foi uma surpresa para muitos. Para quem já acompanha a banda, fica como surpresa as músicas inéditas e toda a produção. E para quem nunca ouviu, creio que “Rise of the Sea King” pode surpreender com toda a variedade que o material possui, incluindo duas músicas “acústicas” entre as dez faixas.