O Thrashera é uma das bandas da cena carioca que não para de trabalhar! Capitaneada pelo batalhador Chakal (vocal), a banda já lançou diversas Demos e splits e está prestes a lançar seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “For all Drunks’n’Bitches”. Apesar de ter sofrido algumas mudanças em sua formação, a banda continua firme e forte e trabalhando mais do que nunca! Confiram os planos futuros da banda nas palavras de Chakal.
Recife Metal Law – A banda não para de produzir trabalhos! É um atrás do outro! Qual é o segredo, hein?!
Chakal – Opa cara! Em primeiro lugar valeu pela oportunidade de estar trocando essa ideia com você. Esse lance de lançamentos acontece de forma bem natural, pois não paramos de compor, mesmo quando lançamos algo. Já pensamos em compor mais coisas e tem músicas que acabam não ficando prontas para um determinado lançamento, mas quando curtimos, terminamos e já encaixamos em algum outro que estejamos pensando ou negociando. Todos da banda fazem algum riff, mesmo que seja de boca. (risos) Nos ensaios para shows pintam mais ideias e assim vai... Já os lançamentos, o que acontece é que alguns selos sacam os sons se interessarem. Simples.
Recife Metal Law – O Thrashera lançou um split com a banda francesa Zebarges. Conte-nos sobre este lançamento, sua divulgação no Brasil, Europa e formato.
Chakal – Esse material foi uma ideia bem legal do Pascal da Ortisid Latem Prods. (França), o mesmo selo que lançou nossa fita Demo “Speed Sex’n’Roll” em 2010. Ele fez o convite para mais um lançamento no início de 2011 e tínhamos cinco sons gravados para a terceira Demo. Aí fizemos esse lance com ele. Foi uma tiragem pequena, de apenas 150 fitas, que atualmente já está esgotada com o selo e conosco. Pessoas da Austrália, Tailândia, Cingapura e até Vietnã fizeram contato falando que haviam gostado do split. Achamos massa, porque Ortisid é um selo pequeno que faz mais trocas do que vendas, mas divulgou bem.
Recife Metal Law – Gostaria também que você comentasse sobre o material que foi lançado em 2012, com os cariocas do Flageladör, de forma completa e abrangente.
Chakal – Esse split CD, “Guerreiros do Álcool”, foi um lance bem marcante para nós, pois, além de fãs, somos amigos dos caras do Flageladör e frequentemente nos encontramos para papear, biritar e tocar juntos pelo Underground. Esse material foi lançado por uma aliança entre 10 selos brasileiros encabeçada pela Distro Cianeto Discos (RS). O disco, com tiragem limitada em 1000 cópias, reuniu quatro músicas inéditas do Thrashera e do “lado” do Flageladör foram três regravações violentas e mais uma inédita. O material está sendo muito bem distribuído por todos os selos envolvidos.
Recife Metal Law – O que o Thrashera gosta de abordar em suas letras?
Chakal – Muitas das coisas que abordamos em nossas letras foram forjadas em churrascos entre amigos, conversas de boteco, visitas em night clubs e por aí vai. Tinham também outras ocasiões que trocávamos ideias sobre filmes de horror, filmes pornôs, bandas, shows, clipes de Heavy e Speed Metal. Nem tudo que fizemos fala de sacanagem ou cachaça. (risos) Na verdade, nada aqui é uma regra, mas atualmente seguimos falando de bebedeiras, mulheres selvagens que atacam homens em busca de prazer, satanismo libertário e cultura Underground! Temos duas músicas que falam de acidentes nucleares e guerra e não descartamos a possibilidade de, no futuro, abordar outros assuntos. Inclusive temos planos de musicar lances da literatura Underground. No geral, falamos do comportamento humano com os prazeres carnais. Muitas histórias são reais e outras são misturas de coisas que aconteceram durante surtos e viagens de nós bêbados ou sob o efeito de algum excesso da noite.
Recife Metal Law – Hoje em dia é raro alguém comprar um material Underground. A maioria das bandas vive a base de trocas entre zines e selos. O que pensa a respeito disso?
Chakal – Sei bem do que você está falando, cara. Tenho um pequeno selo desde 2007 e a tal ‘geração download’ mudou muita coisa mesmo. Mas, sinceramente, não tenho muitos motivos para reclamar. Desde 2010 tenho me envolvido em lançamentos e alianças para lançamentos de bandas Underground e as vendas têm sido baixas, mas pagam o investimento. Já o Thrashera praticamente tudo que foi lançado já está fora de catálogo. As cotas que recebemos estão quase esgotadas. De uns tempos para cá tem uma galera que conhecemos aqui no Sudeste e Centro–Oeste que fazem questão de ter o material físico e isso é muito legal para bandas e selos.
Recife Metal Law – O Thrashera já sofreu algum tipo de preconceito por colocar mulheres peladas (risos) na capa da Demo “Speed Sex’n’Roll”?
Chakal – Não cara! No caso dessa Demo, a ilustração da capa tem associação com o título e com algumas músicas. A proposta da banda está bem explicada nas nossas músicas e todo mundo que CURTE o Thrashera entendeu certinho. Preconceito vindo de hipócritas não entendemos como crítica, só como babaquice!
Recife Metal Law – Chakal você também é o vocalista do Terrorstorm. A banda ainda está na ativa?
Chakal – Sim! Apesar de várias mudanças de formação e alguns tempos sem participar de eventos, o Terrorstorm está ativo sim, compondo novas músicas e, inclusive, nesse ano de 2013 gravamos um álbum comemorativo de 17 anos que reúne oito regravações revisadas de músicas dos álbuns “Neurotic World”, “Euthanasia” e todas da Web Demo “Overall”, de 2010. O nome do disco é “MCMXCVI/MMXIII”. Atualmente estamos finalizando arte da capa e fazendo orçamentos para negociarmos uma aliança de lançamento desse álbum em formato CD com selos do Underground. Em paralelo estamos novamente buscando um guitarrista para assumir a vaga e assim podermos voltar a nos apresentar ao vivo.
Recife Metal Law – Atualmente qual é a maior dificuldade da cena Underground carioca?
Chakal – A cena do Rio de Janeiro tem as mesmas dificuldades de outros cantos do globo. Metal é algo universal e não perco meu tempo para acreditar em fatos isolados interferindo com o ‘movimento’ de quem quer fazer algo para estabelecer uma cena. Para te responder de forma mais direta vou colocar aqui um trecho de um texto publicado pelo Victor Whipstriker na divulgação do evento “We Want Armageddon”, que foi uma iniciativa dele em parceria com as outras bandas do ‘cast’. “...A cena do Rio de Janeiro é um espelho da maior parte das cenas que já vi por aí. É hora de admitir: a cena é dividida mesmo e ponto final. Esqueçam o velho sonho da união. Não existe união, o que existe são grupos diferentes. De um lado estão às bandas e pessoas que valorizam o Underground, compram materiais, fazem zines de papel, blogs, etc. De outro lado estão bandas e pessoas que buscam incessantemente alcançar o ‘mainstream’ (sic). Essas pessoas são as maiores geradoras de competitividade. Criam listas virtuais com ‘os dez melhores disso’ ou os ‘os mais influentes daquilo’. Pagam anúncios, pagam para abrir shows ‘gringos’, babam ovo de organizadores de shows, etc. Não existe paridade entre essas duas cenas... São movimentos opostos, com objetivos e lógicas diferentes...”. Enfim, alguns aqui no Rio de Janeiro deveriam pensar mais em fazer do que ser e, talvez, teríamos algo maior para o cenário daqui e do Brasil.
Recife Metal Law – Depois desses splits lançados, há outros materiais que já estão disponíveis, engavetados ou a ponto de serem lançados? Quais os próximos objetivos da banda?
Chakal – Aproveito essa resposta para te pedir desculpas publicamente pela demora nas respostas dessa entrevista, devido as minhas correrias aqui, com diversas atividades. Sei que você entende, mas fica registrado aqui. No final de 2011, antes do split com Flageladör, as músicas do split cassete com Zebarges foram relançadas em formato CD pela gravadora mexicana American Line Prods em outro split com a banda panamenha de Heavy Metal Galope Mortal. Em setembro de 2012 lancei pelo Metal Reunion Records a Demo cassete “The Black’n’Roll” com uma tiragem limitada em apenas 50 cópias. No mesmo mês as músicas dessa Demo integraram o 4way Split cassete “Last drinks before the storm”, onde dividimos as faixas com as bandas Infestator (França), Rubbish Mob (Austrália) e Spavaldery (Itália). Esse material, lançado na Austrália através do selo Graveyard Shift Rocords, teve uma tiragem de 150 cópias. Em outubro de 2012 ainda a Demo “The Black’n’Roll foi relançada em formato cassete profissional no Nordeste, pelo selo Underground MVCS Productions (CE). No início de 2013 negociamos outro relançamento dessa Demo ainda em formato cassete, tendo uma tiragem maior com um selo da Bolívia chamado Underecords, porém não tivemos retorno do selo até hoje. Eu soube através de amigos que a fita estava sendo vendida em Cochabamba com o desenho de capa em cor diferente. Achei esse lance legal, mas o cara do selo poderia ter enviado pelo menos umas quatro fitas aqui para nós sacarmos como ficou. (risos) Em 2013 entramos em estúdio e gravamos as músicas para nosso álbum completo, “For all Drunks’n’Bitches”, que terá nove regravações revisadas das Demos “Arghh!”, “Speed Sex’n’Roll” e “The Black’n’Roll”, e duas inéditas cantadas em português. O álbum está sendo lançado em cassete na Alemanha através do selo Fuck The Mainstream - We Are The Mainstream Records e estamos articulando uma aliança com a Cianeto Discos, Terceiro Mundo Caos, Anaites Records e outros selos do Brasil para o lançamento em formato CD aqui. Além do álbum completo, temos material gravado para um lançamento tipo bootleg e estamos gravando faixas para um split cassete que dividiremos com a banda Praga que o Surtur Impurus toca também. Temos também outro split tapes e EP agendado para 2014 e já estamos compondo para esses lançamentos. Queremos também lançar alguns EPs em formato vinil com algumas faixas desses novos splits e inéditas.
Recife Metal Law – O Thrashera acumula vários lançamentos, o que falta para que organizem uma tour?
Chakal – Temos planos de fazer isso quando nosso álbum completo estiver lançado aqui no Brasil. Já temos alguns convites e conversas vindas de São Paulo, Brasília, Espírito Santo, Minas Gerais e outros cantos do nordeste. Algumas datas vamos fechar isoladamente e daqui a pouco estamos tomando uma cerveja aí com você que tá lendo essa entrevista e será uma honra.
Recife Metal Law – Por enquanto é isso Chakal! Valeu pela atenção de sempre com o parceiro aqui!