Surgida na capital baiana, em 2009, a banda Rattle tem em seu currículo três lançamentos e atualmente trabalha na gravação de seu primeiro álbum de estúdio. O nome da banda vem sendo, aos poucos, difundido pelo Brasil e, também, fora do país, afinal o split “Pain is Inevitable” foi dividido com a banda russa Hell’s Thrash Horsemen. Atualmente, após a saída da baterista Drica Lago – que parece ter sido uma saída conturbada, já que o entrevistado não se mostrou à vontade sobre o tópico – o Rattle é Henrique Coqueiro (guitarra), Val Oliveira (vocal), Daniel Iannini (baixo) e Luciano Silva (bateria). Recife Metal Law – Como surgiu a oportunidade de dividir o split “Pain is Inevitable” com a banda russa Hell’s Thrash Horsemen?
Val Oliveira – Através de contatos via Myspace. Soubemos que eles queriam lançar algo no Brasil, participando de um split com uma banda brasileira. Então fomos trocando e-mails e nos falando via Facebook, posteriormente. Eles curtiram nosso som e nós o deles. Então fomos nos falando e mantendo contato com produtoras locais, no caso a Headcrusher e a Holocaust, para viabilizar o lançamento por aqui.
Recife Metal Law – As músicas de ambas as bandas foram retiradas de lançamentos anteriores. O Rattle não cogitou em fazer músicas inéditas para inserir no split?
Val – O EP deles havia sido lançado há algum tempo e já estava esgotado lá fora. No nosso caso, nunca chegamos a lançar as músicas que vieram a compor o split. Chegamos a disponibilizar apenas para uma resenha na Roadie Crew, na forma de Demo. Foi no mesmo momento que surgiu essa oportunidade de lançar o split. Remixamo-as, acrescentamos detalhes, regravamos algumas partes e gravamos o cover do Sepultura. Então as músicas ainda eram inéditas. Nunca foram lançadas de forma oficial, e tirando o resenhista da Roadie Crew, ninguém tinha ouvido as gravações.
Recife Metal Law – O split foi lançado por dois selos brasileiros, Holocaust Prod. e Headcrusher Produções. O trabalho de ambos os selos satisfez o Rattle, em termos de divulgação, não só do split, mas, também, do nome da banda?
Val – Na verdade, a maior parte da divulgação no Brasil foi feita por nós, embora sempre tivéssemos o grande apoio da Headcrusher, na figura do batalhador Carlos Alberto, que é um cara honrado. Já a Holocaust acabou me causando prejuízo financeiro. Embora ele tenha ajudado no contato com a Hell’s Thrash Horsemen, o cara não honrou com tudo, nem com a gente, nem com os russos. Contou um monte de lorotas, não pagou o que devia nos custos rateados para a prensagem e eu tive que arcar com um bom prejuízo. É um cara que não quero ver na minha frente nem pintado de ouro! Felizmente eu posso dizer que o split por aqui está esgotado, e devo isso ao Carlos, da Headcrusher Prod., e apenas a ele devo gratidão. Também somos gratos aos amigos que ajudaram a divulgar no boca a boca, ou através da internet; gratos àqueles que compraram o material; e também aos veículos que nos deram espaço de divulgar nosso material.
Recife Metal Law – Esse material chegou a ser licenciado em algum país europeu ou a divulgação fora do Brasil ficou apenas a cargo do Hell’s Thrash Horsemen?
Val – O split também acabou saindo lá e vendeu bem, tanto que tive que vender mais cópias de minha parte para o povo do Hell’s Thrash Horsemen. Vi vendendo em alguns sites europeus, mas nada de divulgação maciça. Ou seja, foi algo bem tímido, mas que serviu para nos colocar no mapa e a eles rendeu uma minitour pela Itália, além de contrato com um selo, o Punishment 18 Records, que relançou o EP deles lá fora. Aliás, o EP teve uma nova diagramação por minha conta, mantendo apenas as artes originais externas e internas.
Recife Metal Law – A arte gráfica de “Pain is Inevitable” foi toda desenvolvida por você, Val, e por Wilson Jr. A banda russa chegou a opinar sobre a arte da capa e deu algum tipo de ideia para que o resultado final fosse o obtido no trabalho?
Val – Eu fiz todo o esboço, mostrei a eles e falei do título, que eles imediatamente aprovaram. Pintei a capa, que contou com o grande auxilio de Wilson Jr., pois na época eu estava muito atarefado com outras atividades. Wilson Jr. é um grande parceiro e incentivador, além de estar na cena baiana há quase 30 anos!
Recife Metal Law – O split não traz as letras das músicas, mas pelos títulos das músicas apresentadas pelo Rattle (e em razão do título do material de onde as músicas foram retiradas), percebe-se que a banda abordou uma temática relacionada a filmes de horror, mais precisamente de “Dawn of the Dead” (1978), no Brasil conhecido por “Despertar dos Mortos”. Qual a razão para abordar tal temática lírica?
Val – A razão de não conter as letras de ambas as bandas foi financeira. Desta forma pudemos baratear os custos de prensagem, já que não seria um lançamento em CD-R e, sim, de forma oficial. Em relação às letras, todas são de minha autoria. Eu sou ávido colecionador de filmes e quadrinhos, fora do Metal. Em todas as bandas que já toquei e compus eu sempre levei esse meu fanatismo para a parte lírica e visual. A maioria das letras da banda faz citação ao universo cinematográfico ou literário, envolvendo terror, ficção e suspense. Raras letras são voltadas para questões do mundo real. Muitas bandas já fazem isso de maneira ímpar, então prefiro ficar num terreno que me é mais familiar. Fora que sou fã de George Romero, não só do seu universo dos mortos vivos, mas de grande parte de sua obra.
Recife Metal Law – A musicalidade do Rattle transita entre o Thrash e o Death Metal. O Death Metal fica notório em razão dos teus vocais, já que a parte instrumental é bem Thrash Metal mesmo. A ideia da banda sempre foi unir ambos os estilos?
Val – Sim, pois além do Thrash Metal e do Death Metal, usamos algumas pitadas de Heavy Metal, além de elementos de gêneros diversos, em menor escala, já que todos somos apreciadores da boa música, ouvindo desde música clássica, jazz, blues até o Death, Black Metal e Grind. Desde a gravação do split houve uma evolução nas composições e, ao vivo, tem soado bem diferenciado o nosso som, pois agregamos influências diversas, mas sem fugir do peso e técnicas que caracterizam as nossas músicas. Creio que a faixa “The End”, do split, é um exemplo do caminho que temos seguido.
Recife Metal Law – Até o lançamento do split o Rattle era um quinteto, inclusive com a presença de uma baterista, Drica Lago, que em nada deve a qualquer marmanjo. O que ocasionou a saída dos integrantes formadores da banda, e por que o Rattle foi reduzido a quarteto?
Val – Sinto muito, mas não falo sobre Drica, desculpe. Já Louan e Gustavo saíram por falta de tempo, por conta de emprego e faculdade, o que é compreensível. Com a entrada de Daniel Iannini e Luciano Silva, mantivemos a banda como um quarteto, como no início dela, para não perder tempo passando músicas, focando nas composições novas e shows. E músico sério e comprometido é artigo raro, fora que o que tocamos não atrai muitos interessados em tocar, já que por aqui o que aparece são bandas voltadas mais para o Death, Black ou Thrash Metal ‘Old School’. Também tem gente que acha que nossas músicas têm riffs e variações demais.
Recife Metal Law – Atualmente a banda vem trabalhando nas gravações do seu primeiro álbum. Como vem sendo o trabalho em estúdio e como estão ficando as músicas? Haverá alguma regravação?
Val – Com relação às gravações (na época dessa entrevista), estamos focados em finalizar os vocais e depois partir pra mixagem e masterização. Regravamos algumas músicas do Split sim, mas a maioria são composições novas, pois o CD contará com 11 faixas. O produtor, Marcos Franco, foi o responsável pelos CDs da Behavior e o novo álbum da Malefactor (“Anvil of Crom”). Ele nos deixa bem à vontade, dá boas sugestões, é um ótimo profissional, e tudo está soando pesado e ao mesmo tempo cristalino, com todos os instrumentos audíveis, o que é importante para nós. A capa e toda parte gráfica está sendo feita por mim. Todo processo de gravação está sendo colocado em vídeos no Youtube também: www.youtube.com/rattlemetal.
Recife Metal Law – Além do vindouro primeiro álbum, quais são as metas do Rattle para 2014?
Val – Voltar a focar em tocar com mais frequência, já que em 2013 concentramos todos os nossos esforços nas gravações. Após o CD ser lançado, temos planos para gravar um clipe oficial. E lógico, divulgar bastante o álbum e tentar que ele seja licenciado para o exterior. Obrigado, Valterlir, pelo espaço cedido a nós, neste grandioso veículo. E a todos que nos acompanharam nestes anos, que sem vocês, não chegaríamos onde estamos. Stay Metal! Join Us!!!