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Entrevistas

ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
 

Recife Metal Law - O seu portal de informação!

 

VINCULUM



Formada por Moisés Lima (vocal), Ari Sabbath e Eduardo Barbosa (guitarras), Lucimario Nascimento (baixo) e Jacob Wild (bateria), a banda Vinculum é bem nova, já que surgiu em Campina Grande/PB, em 2012. E com apenas um ano de formação lançou seu primeiro trabalho: o EP “Pássaro Sem Domínio”. Como o título entrega, a banda faz sua música em português e a sua sonoridade é extremamente influenciada pelas bandas nacionais dos anos 80, além de trazer algo da NWOBHM. Porém, mesmo com tais influências, a banda mostra características próprias no seu trabalho de estreia. E sobre tudo isso, a banda comenta na entrevista a seguir.

Recife Metal Law – O Vinculum surgiu em 2012, mas antes de a banda ser formada alguns de seus músicos tocaram numa banda de Doom/Heavy Metal chamada Abhymanium, que teve vida curta. De alguma forma essa banda influenciou no surgimento e na musicalidade do Vinculum?
Ari Sabbath –
Bem, o único que passou pela banda Abhymanium fui eu, banda que foi de grande importância no meu desenvolvimento musical. Tal experiência favoreceu muito na criação de riffs e letras por minha parte. Outro legado importante foi o de cantar em português e, sem sombra de dúvidas, foi algo de grande influência para mim. Mas, na Vinculum, pude explorar uma sonoridade mais voltada ao Heavy Metal tradicional que, de fato, era algo que realmente eu almejava.

Recife Metal Law – A banda não demorou muito a lançar um material e, antes do fim de 2013, soltaram a Demo “Pássaro sem Domínio”. Como foi todo o processo criativo desse material?
Ari –
A experiência tocando covers foi de grande valia no amadurecimento musical de todos da banda. Aliado a isso, foi o fato de mantermos a risca a jornada de ensaios semanais. Tão logo nós decidirmos fazer composições próprias, as coisas surgiram rapidamente e em cerca de cinco ou seis meses já possuíamos as cinco composições prontas. Daí, foi só entrar no estúdio e começar a gravar.

Recife Metal Law – Algo pouco visto atualmente, ainda mais que muitas bandas preferem lançar suas músicas na internet, é o cuidado de uma banda com a parte visual. A parte gráfica de “Pássaro sem Domínio” é excelente! O quão importante vocês acham para uma banda apresentar um primeiro trabalho cercado dos cuidados que vocês tiveram na primeira Demo?
Ari –
O Heavy Metal por si só sempre almeja dedicação extra, seja sonora e/ou os cuidados na parte física do disco, que merecem atenção especial. Atentar-se a esses detalhes expõe a todos o quão a sério a banda leva a sua proposta. Mesmo havendo todos os benefícios do mp3, colocar um CD ou vinil em um aparelho de som é algo diferente, é praticamente um ritual, é deixar “alguém” entrar em sua casa, fazer parte de sua história. Mesmo havendo pessoas que não dão a mínima pela compra de um registro físico de uma banda, preferem baixar da internet, há àqueles que ainda se dedicam a essa parte importante do processo artístico cultural, e foi para essas pessoas que destinamos esse cuidado.

Recife Metal Law – Achei que a gravação, feita no CL Studio, em Campina Grande, ficou um pouco abafada, mas foi justamente esse tipo de gravação que deixou a sonoridade do Vinculum com um aspecto mais anos 80. Houve essa preocupação ou a gravação sair dessa forma foi mera coincidência?
Ari –
A parte de produção musical é algo muito importante. Muitas bandas não conseguem expor nas gravações o que realmente almejam em musicalidade, muitas vezes por falta de experiência e/ou conhecimento dos produtores. Cristiano Anchiêta (CL Studio Musical) possui um grande conhecimento em produção, além de ser um multi-instrumentista de grande talento. Tais atributos de Cristiano fez com que ele sentisse as nossas necessidades sonoras e trabalhasse em cima do que realmente estávamos querendo mostrar.

Recife Metal Law A influência das bandas nacionais da década de 80 é latente, porém é possível ouvir muito da NWOBHM no som de vocês. Quando da composição das músicas, mesmo fazendo um som ‘old school’, vocês procuraram fugir do clichê ou isso foi inevitável?
Ari –
Comparações e analogias sempre existirão; tudo isso é encarado com bastante naturalidade entre todos nós. Tanto as bandas brasileiras do início dos anos 80 como as da NWOBHM se inspiraram em alguém. Estamos apenas fazendo o mesmo, buscando inspiração no que gostamos, bem como os que virão posteriormente farão o mesmo. A fera já foi criada, estamos apenas procriando. Muita gente dentro do cenário Metal possui aversão a esse tipo de conduta, de bandas novas surgirem fazendo som da ‘velha escola’. Acho que cada um sabe onde pisa e tem o livre arbítrio para fazer o que bem entende. Atitudes ingênuas desse tipo só poluem o nosso meio com pensamentos mesquinhos e autoritários. O que é bom deve ser e sempre será propagado. Não somos adeptos do Metal moderno, da mesma forma que não temos nada contra quem siga esse lado. Há espaço pra todos, se não gosta, não escuta.

Recife Metal Law – Por falar em fugir dos clichês, as letras realmente fogem dos clichês do gênero e são muito bem escritas. Que tipo de mensagem a banda quer passar com suas letras?
Ari –
A música, como expressão artística, exprime os pensamentos e modo de vida de quem a faz. Os temas abordados na Vinculum foram também bastante explorados por bandas como Black Sabbath e Judas Priest. Coincidência ou não, essas bandas se originaram de uma cidade industrial, faziam parte da camada marginalizada da sociedade, deste modo, muitas de suas letras expressavam toda a indignação e anseios no qual estavam submetidos. Nossa música é um afronte aos “fatos eternos e verdades absolutas” impostas pela sociedade, em suas mais variadas formas de manipulação.

Recife Metal Law – A capa ilustra bem o título da Demo, porém atrás do “Pássaro sem Domínio”, que ergue o logotipo da banda, existe uma poluída cidade. O pássaro que está na capa, sem domínio, quer, de alguma forma, fugir das caóticas cidades, que crescem sem qualquer ordem. Qual a mensagem por trás da capa?
Ari –
O pássaro simboliza os nossos pensamentos, o poder que o Heavy Metal tem de nos erguer de tudo que nos infringe, de nos levar a outra esfera de pensamento. O logotipo da banda nesse contexto, feito em aço, simboliza todos os amantes do Heavy Metal espalhados nos mais variados cantos do globo, sendo levados pela águia, que expressa essa magia da música. Ao fundo, a imagem do que toda a humanidade está promulgando, o caminho da sua autodestruição.

Recife Metal Law – Não é de hoje que muitas bandas voltaram a fazer Heavy Metal em português, seja em estilos mais agressivos ou em algo mais Heavy Metal, como o Vinculum está fazendo. Ou seja, é uma espécie de continuação, de voltar ao início. Alguns integrantes do Vinculum devem ter passado pelo período inicial do Heavy Metal nacional, mas outros aparentam ser bem jovens. Então como é essa junção de veteranos e figuras jovens na banda?
Ari –
Sem dúvida foi uma mistura perfeita. Atrelou a experiência com a jovialidade; criou-se uma troca de experiências e vivências distintas, são diferentes campos de visão. A influência da faixa etária é recíproca de ambas as partes. Tudo isso, serviu para dar mais corpo à banda.

Recife Metal Law – Com relação a se gravar uma Demo, um disco, um EP, nos longínquos anos 80 isso era algo bem difícil, ainda mais se levando em conta que o Heavy Metal, naquele período, apenas engatinhava em nosso país. Atualmente é bem mais fácil gravar um material e mostrá-lo em todo o mundo. Como vocês analisam a atual conjuntura para o Heavy Metal, em se falando de todos os avanços tecnológicos?
Moisés Cunha e Lucimário Nascimento –
Do ponto de vista local, as coisas começaram a ficar favoráveis de uns dez anos para cá. Quando começamos, tudo era muito complicado, não tínhamos dinheiro (continuamos sem ter! Risos) e nem acesso a bons instrumentos. Chegamos ao ponto de confeccionarmos nossa própria bateria, nossos amplificadores eram caixas de sons para uso doméstico. Gravar um material de qualidade até pouco tempo atrás era coisa de “outro mundo”.
Ari – Hoje em dia tudo é muito fácil, você grava com facilidade e em pouco tempo o seu material já está disponível para o mundo todo, graças aos benefícios da internet. Por outro lado, muitos foram afetados por essa facilidade e se esqueceram que por trás de tudo isso existe batalhadores, que dedicam muito tempo e dinheiro pra fazer um trabalho decente, sem fins lucrativos. No nosso caso, jamais almejamos viver de música, só não podemos pagar para que tenham acesso ao nosso trabalho. A compra de material da banda e presença nos shows é a retribuição para que as coisas continuem girando.

Recife Metal Law – Mesmo com todos os avanços, sabemos que é bem difícil para uma banda do Nordeste divulgar seu nome em outras regiões do Brasil, um país de dimensão continental. Como o Vinculum vem trabalhando na divulgação de seu nome e de seu primeiro lançamento?
Ari –
O nosso meio de divulgação mais eficiente está sendo a internet. O facebook e youtube são os principais, mas contamos também com a ajuda de canais dedicados a bandas independentes que, sem sombra de dúvidas, colaboram em muito na divulgação da banda. Caso gostem do som, compartilhem nas redes sociais e nos ajude a divulgar o nosso material. Vida longa ao Heavy Metal! A banda Vinculum agradece ao apoio do Recife Metal Law pela oportunidade.

Site: www.facebook.com/vinculum.cg

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Valterlir Mendes

 
 
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