Alguns eventos de maior porte começaram a dar errado no Brasil, talvez por pouca experiência de alguns produtores ou mesmo por má-fé. Indo de encontro a isso, e começando de forma tímida – o ainda não produtor – Levi Byrne mostra que é possível fazer algo profissional, com ótima estrutura sem cair nas armadilhas das grandes produções. O Visions of Rock chega, neste final de semana, a sua 15ª edição, e teve início em 24 de junho de 2010 (isso mesmo, no dia que se comemora o São João em grande parte do Nordeste!), com o evento se atendo apenas aos shows de bandas locais. O evento vem crescendo gradativamente e aos poucos vem trazendo lendas do Metal mundial. Na entrevista a seguir Levi fala com otimismo para as próximas edições, apesar do pouco espaço para o Heavy Metal na assim chamada “capital do forró”, que ganha status de “Capital do Heavy Metal” sempre que rola o Visions of Rock. Recife Metal Law – O que te motivou a produzir o Visions of Rock e qual era a tua visão inicial para o evento?
Levi Byrne – Primeiramente muito obrigado pela oportunidade dessa entrevista. Eu sempre quis ter um evento para promover grandes shows e trazer bandas que sempre fui fã. Adoro esse clima e é muito prazeroso ver grandes bandas tocando por aqui, além dos headbangers contentes por vê-los.
Recife Metal Law – Apesar do nome, o festival é destinado ao Heavy Metal e seus subestilos. Então, por que não “Visions of Metal” ao invés de “Visions of Rock”?
Levi – Eu achei o nome Visions of Rock mais adequado pelo motivo de sugerir uma abrangência maior de visões, em geral, partindo da temática de um pensamento da total amplitude do universo do Rock. Seja do mais conservador ao mais brutal (pois a visão vai de acordo com cada pessoa).
Recife Metal Law – O festival já tem diversas edições, mas tu lembras como foi produzir a primeira edição? Quais foram os principais percalços para realizar a primeira edição?
Levi – Sim, foi muito legal ver um grande sonho se tornar realidade. O maior problema foi à falta de experiência, pois você não tem a noção de como e quando fazer as coisas no momento exato. Na primeira edição fiz algo mais regional, com duas bandas da cidade e duas de Recife.
Recife Metal Law – Observa-se que o Visions of Rock costuma ter, no seu ‘cast’, bandas de médio porte, além de nomes lendários do cenário Heavy Metal. A isso se mescla bandas advindas do Underground, inclusive do cenário local. Como é montar o ‘cast’ do festival? Como são procuradas as bandas para fazer parte do festival? Levi – É muito importante trazer, para o ‘cast’, bandas da região. Mostrá-las e divulgá-las em festivais principalmente com uma grande atração. Já tocaram bandas de Caruaru e Recife, mas pretendo, nas próximas edições, buscar bandas também de outras partes do nordeste, que ainda não passaram pelo palco do Visions of Rock. Quero que toda a região conheça o modo que o evento trata as bandas do nordeste, de igual para igual com as bandas ‘gringas’, que tocam no evento. Eu curto muito este lance de fazer show de lançamento dos trabalhos das bandas. Acho mais instigante e bom também para as próprias bandas da região. Nunca imaginei que o Visions of Rock iria crescer tão rápido, pois dia 24 de junho ira completar quatro anos de existência.
Recife Metal Law – Falando em cenário local, Caruaru é de grande importância para a cena Heavy Metal pernambucana, desde o seu início. Você, Levi, teve contato com o cenário de Caruaru com que idade e como foi tua inserção no Heavy Metal?
Levi – Cheguei aqui em Caruaru para morar definitivamente há 25 anos, mas curto Heavy Metal desde os meus 13 anos. Escutei pela primeira vez no colégio, tocando no carro de um amigo, aí não teve jeito! Contaminou e tomou conta da minha alma! (risos)
Recife Metal Law – Você não tem uma produtora de shows, então como é a captação de recursos para fazer o festival?
Levi – Conto com uma grande amizade de empresários locais para me ajudar com patrocínios na cidade, já que para shows de Metal isso se torna algo complicado; também invisto grana do meu próprio bolso e espero pela bilheteria. Se não fosse pela grande paixão que tenho pelo Heavy Metal e o festival, pelo ponto de vista econômico, é loucura, por ser algo muito arriscado.
Recife Metal Law – Sobre locais para realizar os eventos, Caruaru dispõe de muitos (locais) para eventos voltados ao Heavy Metal?
Levi – Não, agora está muito complicado. Quase não se tem espaço para o Heavy Metal.
Recife Metal Law – Apesar de seu tamanho, Caruaru é uma cidade interiorana, distante cerca de 130 quilômetros da capital. Isso, de alguma forma, atrapalha o público a comparecer, tendo em vista que boa parte do público Headbanger, em Pernambuco, advém da capital?
Levi – Isso é verdade. Não se pode contabilizar apenas o preço do ingresso para eles, pois também tem a excursão, e o fato da distância, que complica muito, tanto para mim quanto para eles.
Recife Metal Law – A nova edição do Visions of Rock, que ocorrerá no próximo dia 14 de março, contará com Vital Remains, Entombed A.D., KroW, Violator e Blast Agony. São quatro bandas de Death Metal e uma de Thrash Metal. Por que essa edição foi tão orientada para o Death Metal?
Levi – Adoro som extremo e a banda Vital Remains foi algo que vinha buscando há algum tempo para o meu evento. As outras são bandas do mais alto nível e completam esse ‘cast’ brutal e avassalador! (risos) Mas nada impede de trazer bandas de Heavy e outros gêneros.
Recife Metal Law – Já é de costume quando finalizada uma edição do Visions of Rock outra já ser anunciada e sempre com grandes nomes. Será que já tem algo engatilhado para ser anunciado em breve?
Levi – Sim, já tenho algumas propostas para shows grandiosos e um já está totalmente engatilhado, mas dependo da liberação da produtora para divulgar. Talvez divulgue dia 14 de março.