Apesar de ter surgido em 1999, o Predatory só veio a lançar seu álbum de estreia, “Dirty Scum Arise” em 2013. Antes disso a banda lançou três Demos, cada uma delas com uma formação diferente. E foi dessas Demos que saíram todas as músicas que fazem parte do ‘track list’ do primeiro álbum. E sobre isso, o guitarrista Ricardo Lima esclarece na entrevista cedida ao Recife Metal Law. Mas não fica por aí. O guitarrista ainda fala sobre a história da banda, mudanças na formação, sonoridade do Predatory e o que estão ‘tramando’ para a banda. Além de Ricardo, a banda conta, em sua formação, com Anderson Casarini (baixo), Luiz Carlos (bateria), Thiago Pacheco (guitarra) e Renato Bartkus (vocal). Recife Metal Law – O Predatory passou catorze anos para poder lançar o seu álbum de estreia. Seria as mudanças de formação o principal fator para que isso ocorresse?
Ricardo Lima – Com certeza! A banda gravou três Demos com formações variadas. Depois que estabilizamos o time conseguimos gravar nosso ‘debut’. Mesmo assim, até o entrosamento vir, os investimentos e tudo mais, o processo foi ficando moroso.
Recife Metal Law – As três Demos lançadas, a meu ver, foram essenciais para moldar o som da banda, tendo em vista que o primeiro álbum conta com músicas desses materiais lançados anteriormente. Como foi moldar as músicas já lançadas para constar em “Dirty Scum Arise” sem que elas soassem datadas?
Ricardo – Grato pela observação. Na verdade eu sou um cara muito antenado em timbres, sons... Eu me mantenho atualizado; procuro ouvir o que está acontecendo por aí e discuto (no bom sentido) bastante com o produtor. Assim conseguimos um resultado satisfatório. Mas é necessário bom produtor e que ele esteja a par de tudo que a tecnologia dispõe hoje em dia.
Recife Metal Law – A banda faz Thrash Metal, porém sem se apegar ao estilo ‘old school’, inclusive acrescentando algumas pequenas doses de Death Metal em algumas passagens. Isso mostra que é possível executar o estilo Thrash Metal sem se apegar ao que foi feito na década de 80 pelos ícones do estilo. Qual o pensamento primordial ao compor as músicas do Predatory?
Ricardo – O pensamento é unir tudo que a gente ouvia quando era moleque e aliar a modernidade, como afinações, amplificadores mais específicos aos tempos de hoje. Mas sempre me vem à cabeça agressividade e ‘twin guitars’! Quanto ao Death Metal, esse é um tipo de som que escutamos desde que ele foi inventado! Ele realmente corre em nossas veias!
Recife Metal Law – Novamente sobre o ‘track list’ do álbum de estreia, como mencionado, ele traz músicas que já haviam sido anteriormente lançadas pela banda, obviamente com uma nova roupagem. Mas em algum momento vocês chegaram a pensar em colocar alguma música inédita nesse álbum?
Ricardo – Pensamos sim e compusemos inclusive algumas. Porém já tínhamos material para o primeiro CD, não havia interesse no descarte do material velho. E também por motivos financeiros pegamos o que já estava gravado e demos uma roupagem melhor. A banda já tinha um tempo e precisava se lançar rapidamente no mercado. Foi um erro não termos lançado os sons novos. Não o cometeremos mais em nossos outros trabalhos!
Recife Metal Law – O álbum ainda conta com um cover para “Welcome to the Army” do Vulcano. A presença de Luiz Carlos (no Vulcano é o vocalista, no Predatory é o baterista) foi fator crucial para a inserção dessa música no ‘debut’?
Ricardo – Não até que não. Pensamos que muita gente poderia não ter acesso ao tributo, pois a prensagem logo se esgotou, então resolvemos inclui-la, visto que a qualidade da mesma estava tão boa quanto às gravadas para o CD. Outras bandas do tributo também lançaram as músicas gravadas em seus CDs autorais.
Recife Metal Law – A gravação é bem encorpada, e o trabalho feito no BECO Studios foi muito bem feito. A banda chegou a produzir o álbum juntamente com Ivan Pelliciotti. Vocês acham que a banda estar à frente da produção sonora foi primordial para que o álbum saísse com a qualidade que saiu?
Ricardo – Olha, o Ivan é muito amigo nosso, particularmente não consigo sair de lá desde 2009! Ele é um cara muito sagaz, antenado e interessado também. Demos várias dicas de como queríamos o som do CD, com uma mixagem bem alta e ele, com habilidade, traduziu nosso pensamento em som! Claro que se pudéssemos mexeríamos ali e aqui, mas mixagem uma hora você precisa abandonar. Nosso objetivo de ter uma gravação superior às outras foi atingido e percebido. De fato o trabalho em grupo é a melhor solução.
Recife Metal Law – A capa mostra conflitos, destruição, refletindo o que vamos encontrar nas letras. Os conflitos no Brasil, em 2013, de alguma forma influenciaram no que se pode encontrar na capa de “Dirty Scum Arise”?
Ricardo – Esse é um assunto velho, porém muito atual. A crise chegou forte no mundo todo; estamos em recessão, fodidos e mal pagos! A capa retrata, 2013, 2014, 2015... No Brasil ou qualquer lugar do mundo. Acho que se você abrir a janela de manhã em casa já da uma letra, tamanha possibilidade de coisas ruins acontecerem.
Recife Metal Law – O álbum é bem agressivo como um todo, mas algumas levadas trazem certa dose de melodia, como ouvido em “Death to the Murderer”. Vocês se preocuparam em inserir algumas passagens mais trabalhadas no decorrer do álbum para que ele não soasse linear demais?
Ricardo – Bem observado! A gente tenta evoluir, não tocar uma frase de forma ‘certinha’, sempre dá para melhorar. Inserir outras notas sem, claro, fugir do campo harmônico da música. Mas quem cresceu ouvindo Iron Maiden, Thin Lizzy, Judas Priest, sempre tenta colocar esse tipo de influência.
Recife Metal Law – O álbum foi lançado numa parceria com diversos selos. Claro que isso ajuda bastante na divulgação do trabalho. Como vem sendo a divulgação desse álbum? A parceria com os selos realmente valeu à pena?
Ricardo – As parcerias são uma benção para a banda! Depois de gastar tudo que se tem ou não gravando, ainda tem o custo de prensagem do CD e capa, tendo este tipo de apoio é como se aliviasse 50% do trabalho. E outra, com a fraca demanda por shows, melhor mesmo é distribuir todo material para eles, por que esses ‘traders’ realmente fazem a coisa acontecer! Já vi links russos para download de nossos CDs!
Recife Metal Law – E para fora do Brasil, houve algum licenciamento para distribuição de “Dirty Scum Arise”?
Ricardo – Para fora não. Nosso CD chegou lá, mas não através de licenciamento, mas com trocas e quando o Luiz vai passar férias lá na Europa.
Recife Metal Law – Tendo em vista que o primeiro álbum contou com músicas das Demos anteriormente lançadas, a banda já trabalha em novas músicas para um possível novo lançamento?
Ricardo – Sim, já tínhamos sons anteriores que não entraram no CD, por hora demos um breque nas atividades, visto que temos outros trabalhos que exigem mais esforço. Teremos que passar por novas reformulações também. Porém o Metal não para, temos trabalhos sendo lançados com outras bandas, como Vetor, Chemical Disaster – que faz 25 anos agora –, Repulsão Explicita (que saiu também e conta comigo na guitarra e o Luiz na bateria). Às vezes precisamos respirar para voltar com o dobro da força!