A banda pernambucana de Thrash/Death Metal Pandemmy entrou para o seu sétimo ano de atividades, já tendo lançado uma Demo, dois EPs e um bem recebido full length: “Reflections & Rebellions”. Mesmo se mostrando bem prolífica, tanto na parte dos lançamentos, assim como fazendo shows, a banda passou por diversas mudanças em sua formação, que atualmente está fixada com Pedro Valença e Guilherme Silva (guitarras), Marcelo Santa Fé (baixo), Vinícius Amorim (vocal) e Arthur Santos (bateria). Atualmente a banda vem finalizando a gravação de seu novo álbum de estúdio e que deve ser lançado ainda em 2016. Sobre esse vindouro lançamento, o álbum de estreia, mudanças na formação, entre outros tópicos, conversamos com o fundador e único membro da formação original Pedro Valença. Recife Metal Law – Antes do lançamento do primeiro álbum, o Pandemmy lançou uma Demo, dois EPs e fez diversos shows, inclusive um na final do W:O:A: Metal Battle, em Varginha/MG. De que forma tudo isso ajudou na caminhada da banda?
Pedro Valença – Olá Valterlir e todos os bangers que acompanham o Recife Metal Law! Cara, tantos os shows e os materiais independentes lançados, como foi o caso da Demo e dos dois EPs que lançamos, serviu de experiência para banda. Aprendemos muito dentro e fora dos palcos para assim continuar nossa caminhada tomando as melhores decisões baseado nesses aprendizados.
Recife Metal Law – Mesmo com todo o trabalho da banda, houve mudanças em sua formação, permanecendo apena você da formação original. O que motivou a saída dos demais integrantes?
Pedro – Alguns membros saíram pela falta de compromisso com a banda. Outros saíram porque não aceitaram essas mudanças, misturando a responsabilidade de manter uma banda de Heavy Metal com a amizade que pode existir fora dela. Foi basicamente isto. Estamos procurando equilibrar nosso ‘line up’, e os membros atuais estão honrando seu trabalho junto ao Pandemmy. Agradeço demais, aos antigos parceiros de banda, por toda contribuição deles nesses cinco anos de atividades.
Recife Metal Law – Tal mudança veio logo após o lançamento do álbum de estreia, “Reflections & Rebellions”. Qual foi o principal impacto recebido, tendo em vista que quando se lança um full lenght uma banda corre atrás de fazer shows para divulga-lo?
Pedro – Acredito que o impacto não foi grande pelo desempenho ao vivo que temos demonstrado. O público sabe que mudanças de membros acontecem desde que o Rock ‘nasceu’, então é algo bastante compreensível. Uma parte do público que acompanha a banda mais de perto elogia os novos membros, diz que a banda está melhor e isso, além de ser gratificante para o conjunto num todo, minimiza qualquer impacto.
Recife Metal Law – Sobre o primeiro álbum, você se mostrou um dos principais compositores e letristas da banda, seguido do antigo vocalista Rafael Gorga. Como foi todo o processo criativo, tanto musicalmente como liricamente, do primeiro álbum?
Pedro Valença – Foi bem tranquilo. Eu sempre gostei de escrever letras e Rafael tinha material de sobra, pela criatividade e talento que possui. Musicalmente foi bem desafiador, pois aprendemos bastante nas etapas que antecederam as gravações (ensaios e pré-produção). Particularmente me considero mais um compositor do que um guitarrista que prefere tocar covers, então o Pandemmy está sempre produzindo.
Recife Metal Law – O álbum mostra diversas alternativas para o Headbanger. A sonoridade é Death/Thrash Metal, mas podemos ouvir partes beirando o Hardcore, e alguns andamentos mais trabalhados, com fortes melodias e muito peso. Como foi incluir tudo isso na musicalidade da Pandemmy e não parecer “um samba do crioulo doido”?
Pedro – É algo bem natural. A banda em si gosta de praticamente todos os subgêneros do Heavy Metal, então ter arranjos que remetem ao Heavy Tradicional, Power, Black ou Doom, faz parte do nosso processo de criação. Não é nossa intenção ficarmos presos exclusivamente ao Death e Thrash Metal.
Recife Metal Law – Já a última música, “Ode to the Renegade”, tem riffs iniciais bem Heavy Metal, andamento transitando entre o Death e Thrash Metal e algumas linhas de guitarras influenciadas pelo Blues. Muito foda! Essa música era realmente a indicada para finalizar o álbum?
Pedro – Queríamos uma música cuja pegada fosse mais leve e diferenciada das demais para surpreender quem fosse ouvir o álbum. Eu diria que “Ode to the Renegade” é um Death n’ Roll. Se estivesse no meio do álbum acho que ficaria estranho, mas no final gera essa sensação de surpresa.
Recife Metal Law – Algumas músicas já vinham sendo tocadas antes mesmo do álbum lançado. E mostraram sua força em “Reflections & Rebellions”, como é o caso de “Self Destruction” e “Idiocracy”. Todas as músicas contidas no ‘debut’ foram parar nele do jeito que foram concebidas do jeito que vinham sendo tocadas ao vivo ou houve a inserção de algum andamento ou elemento em estúdio?
Pedro – Elas sofreram pequenas alterações nas gravações e pós-produção. Quem tem o nosso material antigo vai observar que as músicas estão tecnicamente mais trabalhadas e agressivas no álbum “Reflections & Rebellions”.
Recife Metal Law – O responsável pela produção do álbum foi o experiente Fabiano Penna que, inclusive, compôs “Farewell”, intro que abre o disco. Como foi o trabalho com Fabiano? Ele apenas pegou as músicas e fez a produção ou chegou a dar algum palpite?
Pedro – O trabalho com o Fabiano foi excelente! Ele passa muito da sua experiência como músico e produtor. Aprendemos bastante no processo de produção e pós-produção de “Reflections & Rebellions”. Ele deu algumas sugestões, modificou algumas coisas, engrandeceu o nosso trabalho. Somos muito gratos pelo trabalho que ele fez conosco.
Recife Metal Law – Eu achei que a produção sonora ficou um tanto suja, para o estilo praticado pelo Pandemmy. O resultado final agradou a todos vocês?
Pedro – Agradou, pois a produção soa bem crua combinando com a agressividade das faixas.
Recife Metal Law – A arte da capa ficou por conta de Alcides Burn e Emerson Maia e traz cores fortes. Como surgiu a ideia da arte da capa?
Pedro – A imagem de uma criatura rompendo correntes foi uma ideia que levei ao Emerson, responsável pelo desenho. Já as cores e texturas são méritos do nosso amigo de longa data Alcides Burn. A arte gráfica ficou diferente de tudo que tínhamos feito.
Recife Metal Law – O ‘debut’ conta com algumas participações especiais. Como surgiu o convite para cada uma e de que forma tais participações foram essenciais para a concepção final do álbum?
Pedro – Eu acho que participações em álbuns ajudam a diferenciá-lo e podem enriquecer muito a proposta sonora da banda. Teríamos a participação do Alexandre de Orio do Claustrofobia, porém a agenda dele não permitiu que ele gravasse um solo para a faixa “Rubicon”. Acabamos contando com Alejandro Flores para este arranjo, que é um grande guitarrista da nossa cena, e Alcides Burn que viu nossa banda surgir e se desenvolver, cantando com muita fúria em “Heretic Life”. Fabiano Penna participou diretamente na criação de alguns arranjos e gravou o solo de “Without Opinion”. E ter Antônio Araújo (Korzus, ex-Chaosphere) solando em uma de nossas faixas também é bastante honroso, tanto pelo talento do cara, quanto pelo carisma.
Recife Metal Law – Assim como vinha sendo nos trabalhos anteriores, a parte lírica é muito bem escrita, com forte teor crítico. Quais os principais temas que o Pandemmy procurou abordar em “Reflections & Rebellions”.
Pedro – “Reflections & Rebellions”, como sugere o título, fala muito do que nos vivemos no dia-a-dia; as reflexões e revoltas de tudo que nos cerca. Violência, retrocesso humano, realidade social, política, são temáticas que sempre estarão em nossos trabalhos. Em nosso próximo registro de estúdio devemos abordá-los de uma forma mais específica. As partes escritas por Rafael eram mais abstratas e muito bem escritas, gerando uma dicotomia com as minhas letras.
Recife Metal Law – Como mencionado no início da entrevista, houve mudanças na formação da banda. O baterista Arthur Lira, que substituiu Ricardo Lira, também saiu. Já estão procurando substituto? E a atual formação, já vem compondo material novo?
Pedro – Nós contamos com André Lira (ex-Cangaço, Darken Solis) para os shows que já tínhamos agendado. O convidei para essas datas pela nossa amizade desde os tempos do Monstera e ele fez um trabalho excelente. No começo de 2015, Arthur Santos (Trovador, Serpent’s Sun) se encaixou bem ao nosso grupo e sonoridade, ocupando o posto de forma fixa. Por conta da instabilidade na formação eu praticamente escrevi 80% do novo álbum, que por sinal se encontra em processo de gravação. Guilherme Silva (guitarra) contribuiu bastante com riffs e solos, além de ter conduzido a pré-produção deste segundo full-lenght. Em nome do Pandemmy agradeço pela ótima entrevista e pelo apoio nesses sete anos de atividade, tanto da Máquina do Metal Zine quanto do Recife Metal Law! Parabéns ao Valterlir pela grande contribuição a cena nordestina de Heavy Metal. 2016 está sendo um ano maravilhoso para o Metal nacional!