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Entrevistas

ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
 

Recife Metal Law - O seu portal de informação!

 

REBAELLIUN



Algo ficou inacabado... Esse foi o sentimento de todos quando, em 2002, o Rebaelliun anunciou o fim de suas atividades, mesmo que os quatro anos de atividades tenha sido intensos, de muitos shows e de lançamentos que tomaram o mundo de assalto! O Death Metal vinha numa crescente, mas esses gaúchos levaram o estilo a um patamar espantoso. E, de repente, a banda finda suas atividades. Mais de uma década se passou e mesmo com todos esses anos, muitos não aceitavam esse fim. E, finalmente, em 2015, a banda anunciou o seu retorno, com a formação que parou em 2002: Fabiano Penna (guitarra), Lohy Fabiano (baixo/vocal), Ronaldo Lima (guitarra) e Sandro Moreira (bateria). O álbum de retorno já foi anunciado e, inclusive, disponibilizado para audição na internet. Nos próximos dias o Rebaelliun estará fazendo seu show de retorno e exatamente em Pernambuco, no tradicional Abril Pro Rock. Acompanhem a entrevista a seguir, e saiba um pouco mais sobre o retorno do Rebaelliun, lançamento, shows...

Recife Metal Law – Fiz uma entrevista com o The Ordher na época do lançamento do “Kill the Betrayers”, e numa das perguntas Fabiano Penna disse o seguinte (quando me referi ao fim das atividades do Rebaelliun): “(...) mas se uma hora a gente sentir que não tem porque seguir tocando junto, a gente para mesmo, sem pensar duas vezes”. Então, qual a razão para voltar com o Rebaelliun, agora?
Fabiano Penna –
Eu acho que isso é uma coisa fundamental, uma banda seguir adiante porque sente que há música a ser feita, que tem algo a ser dito. A arte é isso, ela tem que ser relevante. Eu ouço inúmeras bandas que claramente não têm nada a dizer, artisticamente ou musicalmente falando, e estão literalmente entupindo o mercado com mais do mesmo. Por isso acredito nisso, a banda tem que estar confiante que está fazendo algo relevante pra si mesma, pro público. Se houver isso, há verdade, isso se reflete na música e todos ganhamos. Sempre ficou pra gente uma sensação de trabalho inacabado, que a gente tinha potencial pra continuar fazendo música boa, que a gente sempre teve gás e disposição pra trabalhar, ir pra estrada, tocar ao vivo, gravar, produzir. Já havíamos conversado sobre isso outras vezes, mas nunca levávamos adiante. Dessa vez resolvemos botar em prática, e até agora temos tido um resultado bacana.

Recife Metal Law – A banda surgiu em 1998 e durou cerca de quatro anos, antes de parar. Fez diversos lançamentos e muitos shows, dentro e fora do Brasil. Foi um período bem intenso. O que um período de atividades tão intensas proporcionou à banda? Quais foram as maiores conquistas? Houve algum tipo de decepção, nesse período?
Fabiano –
A gente realmente levou tudo no limite naquela época. O som extremo que fazíamos, que era no limite, era reflexo da nossa postura perante às coisas. Era tudo pra ontem, a coisa girava em torno do Rebaelliun, 24 horas por dia, sete dias por semana, e colhemos os resultados. Em três anos e meio foram quatro lançamentos (dois EPs e dois álbuns), quatro turnês na Europa e o respeito de muita gente em diversos países. Acho que a maior conquista foi o público que formamos, que durante esses 15 anos sempre nos ‘lembrou’ que deveríamos voltar a fazer música juntos, que a banda tinha sido relevante no passado e que a música, mesmo 15 anos depois, continuava significando alguma coisa pra essas pessoas. Não diria que tivemos alguma decepção... Mas o fato de termos praticamente começado a nossa carreira fora do pais, quando viajamos pra Europa em 1998 com uma demo-tape na mochila, já nos mostrou como a coisa funcionava e ali a gente tirou o véu da situação. Pelos anos 90, pra gente que morava no Sul do Brasil e só se informava lendo uma revista aqui e um zine ali, existia até certo glamour em torno do Death Metal e dos grandes ícones. Quando vimos o Glen Benton com martelo e prego na mão montando a própria banca de merchandise num show na Alemanha, tomamos um choque de realidade e compreendemos algo que iríamos demorar muito tempo pra compreender se nunca tivéssemos saído de Porto Alegre.

Recife Metal Law – O anúncio do retorno da banda foi recebido com bastante entusiasmo, afinal a banda encerrou suas atividades no auge e deixou uma parcela de admiradores órfãos. Mas desde quando esse retorno estava sendo “maquinado”?
Lohy Fabiano –
Como o Fabiano falou, nós chegamos a conversar a respeito em algumas ocasiões, mas percebemos que não era o momento. Algumas semanas antes de anunciarmos a volta, começamos a conversar novamente, porém com a ideia de fazer alguns shows apenas. Quando percebemos o nível de esforço, logística e organização que seria necessário para essa empreitada, nos perguntamos: “Por que não investirmos isso tudo para compor e gravar um álbum e retomar plenamente às atividades?”, já que sempre ficamos com a sensação de que a banda ainda tinha muito potencial para seguir trabalhando, e ainda tinha o que ser mostrado musicalmente, resolvemos investir no retorno pleno do Rebaelliun. Os acertos e conversas para definirmos o retorno aconteceram de maneira muito prática e rápida, pois nós quatro tínhamos o mesmo sentimento, e a mesma garra de voltar com a banda. Então foi uma questão de alinhar detalhes, e definir como trabalharíamos.

Recife Metal Law – Com exceção do vocalista/baixista Lohy Fabiano, os demais músicos fundaram a banda. E Lohy fez parte da formação de 2000 até o período de encerramento das atividades. Voltar com essa formação era necessário para que houvesse uma continuidade na forma de fazer música da banda?
Fabiano –
Na realidade, o Lohy faz parte da formação original, podemos dizer. Antes do Rebaelliun tivemos o Blessed juntos, que acabou em 1996 justamente com essa formação que temos atualmente. Em 1998, quando resolvemos montar o Rebaelliun, o Lohy estava envolvido com outras coisas e declinou o convite, mas acabou sendo recrutado novamente em 2000. Somos todos amigos de infância, moramos na mesma rua, frequentamos a mesma escola e aprendemos a ouvir Metal e a tocar juntos. Então é sensacional estar com esses caras tocando de novo e voltando a conviver no dia a dia.
Lohy – Acredito que boa parte da unidade presente no trabalho do Rebaelliun provenha do fato de nos conhecermos há bastante tempo. São décadas de convivência, e isso é um diferencial, com certeza. Faz com que o trabalho flua de maneira ‘orgânica’, desde as composições, até as definições dos rumos a serem seguidos pra banda. Cada um conhece a forma de pensar e agir do outro, e isso faz com que a nossa dinâmica de trabalho seja prática e funcional.

Recife Metal Law – Durante o período de “hibernação”, os músicos, de alguma forma, trabalhavam em músicas para o iminente retorno do Rebaelliun?
Lohy –
Quando decidimos voltar, foi unânime a decisão de compor um material 100% novo e atual. Por mais que houvesse algum material composto previamente, soaria datado na nossa opinião. Queríamos apresentar um Rebaelliun completamente renovado, ainda que fortemente galgado em suas raízes. Então todas as músicas e todas as letras são inéditas, e foram compostas após a volta. A nossa percepção da música, maneira de compor e tudo mais foram sendo aperfeiçoados com o passar dos anos, e queríamos mostrar essa nossa visão renovada com a sonoridade da banda.

Recife Metal Law – Parece que esse retorno começa exatamente de onde tudo parou, afinal até com a mesma gravadora vocês assinaram, a Hammerheart Records. Isso significa que o anúncio do fim não era exatamente o que vocês queriam na época e pelo que estamos vendo atualmente, algo ficou inacabado. Estou certo?
Fabiano –
Sim, o fim da banda foi abrupto. Pra gente, pra quem acompanhava a banda, pra todo mundo. Sempre tivemos essa sensação que a gente podia ter feito mais, poderia ter seguido mais tempo, poderia ter crescido mais. Somos cientes que ficamos praticamente 15 anos parados e que temos que recomeçar muitas coisas do zero, mas somos muito gratos pelo fato de voltarmos e termos inúmeras portas abertas pra gente desde a primeira hora do anúncio da volta da banda. Isso inclui a Hammerheart, que nos contatou no dia seguinte e nos apresentou um projeto pra volta, inúmeras pessoas e empresas parceiras que estão nos ajudando e nos facilitando pra botar esse trem nos trilhos de novo.
Lohy – Realmente, sabemos que há muito a ser retomado. Justamente por ter a noção do quanto a banda poderia seguir trabalhando e apresentando quando paramos. O apoio da galera que acompanhou a trajetória da banda, dos amigos, dos familiares, e dos parceiros, foi fundamental, pois endossou esse sentimento.

Recife Metal Law – A banda não perdeu tempo e anunciou que agora em 2016 estaria lançando seu novo álbum de inéditas, “The Hell’s Decrees”. É um álbum curto, trazendo apenas oito músicas em cerca de 30 minutos e a tirar pelos títulos, vocês mantiveram a temática baseada em anticristianismo, guerra, morte... Ter tais temáticas fez com que a banda compusesse um álbum curto e direto?
Lohy –
A base temática foi mantida para esse novo trabalho, realmente. Mas dessa vez, aplicada de maneira mais direcionada para o conceito do álbum em si. Todo o conceito na verdade é mais direto e reto. Acreditamos na máxima que diz que “menos é mais”, portanto toda a produção trabalhou para o resultado final. Desde a base, até os arranjos finais. Não há sobras, nada foi colocado de maneira gratuita. Tudo foi trabalhado em torno do conceito. Para conseguirmos passar o que desejávamos. E a duração do álbum atende essa necessidade. Não faria sentido lançarmos um disco com uma duração maior, e se tornar repetitivo, ou enfadonho. No nosso caso, a duração atendeu a proposta, e não ao contrário.

Recife Metal Law – Ainda sobre a temática, parece que “Anarchy (The Hell’s Decrees Manifesto)” foi mais influenciada pela temática abordada pelas bandas Punk...
Fabiano –
Apesar de eu ter ouvido muita coisa de Punk e Hardcore na adolescência, como Dead Kennedys, English Dogs, Replicantes e outros, essa letra, que fiz junto com o Lohy, não tem essa pegada Punk. Ela fala sobre uma postura subversiva em relação a tudo, e isso é algo que é a base do Rock N’ Roll e que infelizmente está cada vez mais raro entre músicos e artistas. No Metal há muita gente extremamente conservadora em vários sentidos, sendo que esses estilos musicais sempre fizeram parte de um movimento jovem mais subversivo, questionador e transformador. Essa é a nossa postura e a letra fala disso, que você deve questionar as regras, as leis e não ficar repetindo um comportamento ‘tradicional’ e conservador.
Lohy – Essa letra é sobre subverter a ordem. Questionar o estabelecido. Não se curvar a dogmas ou ideologias. Viver a sua verdade. E, de fato, parece que esses conceitos básicos foram um tanto quanto esquecidos ultimamente. É essa a anarquia que abordamos nessa letra.

Recife Metal Law – Esse novo álbum está marcado para ser lançado em maio, porém a gravadora da banda já o disponibilizou para audição na internet. Achei a decisão interessante, porém estranha, afinal o retorno do Rebaelliun foi tão esperado e a curiosidade dos bangers foi sanada antes mesmo do lançamento oficial. Vocês fizeram parte dessa decisão, de disponibilizar o álbum para audição antes de seu lançamento?
Fabiano –
Sim, existia um planejamento já que começava com o ‘lyric video’ de “Legion”, que soltamos no final de fevereiro. A data nos pegou de surpresa, porque as músicas foram pro ar uns dias antes do que estava programado. Na realidade era pra ter pintado um segundo ‘lyric video’ antes, mas acabou atrasando e aí surgiu essa parceria entre a Hammerheart e o site No Clean Singing e eles disponibilizaram o álbum completo. Eu, particularmente, acho fantástico. Atingimos milhares de pessoas em 24 horas, matamos a curiosidade de fãs antigos da banda, fizemos muitos fãs novos, já pintaram propostas de shows e festivais, resenhas, etc. E de acordo com o selo, a pré-venda do disco deu uma acelerada boa desde então, quem ouviu e gostou já quer garantir sua cópia em CD e LP. Começamos bem, por assim dizer.
Lohy – O objetivo final é sempre atingir as pessoas. É apresentar o trabalho. E isso também ajuda a galera que não abre mão do material físico, a ter uma boa ideia do que vai encontrar. Na minha opinião, o virtual nunca substituirá o material físico.

Recife Metal Law – Após o cancelamento do show Malevolent Creation no Abril Pro Rock, o Rebaelliun foi convidado para suprir a vaga. Como vocês receberam a notícia e o que os bangers de Pernambuco podem esperar de um dos primeiros shows do retorno da banda?
Fabiano –
Fomos pegos de surpresa. A gente tinha conversado desde o ano passado sobre essa possibilidade, mas o ‘cast’ estava fechado e ficamos de fora. Aí nos concentramos pra preparar o show pra maio, quando teremos duas datas aqui em São Paulo no “Caveira Velha Rock Fest”. Quando nos contataram pra ver a possibilidade da gente tocar agora final de abril foi uma surpresa total. Refizemos toda a logística, porque pra ensaiar tenho que viajar pra Porto Alegre, já montamos um ‘set’ pro show e aceitamos na hora. Esse será o nosso primeiro show em 15 anos, tocando pra uma cidade que nos recebeu muitíssimo bem em 2001 e num festival tradicional no país. Não poderíamos começar melhor! Podem esperar o melhor do Rebaelliun, um show com muita energia, energia acumulada de 15 anos que vamos despejar no palco do Abril Pro Rock dia 30 de abril!
Lohy – Foi uma grande e bem vinda surpresa. Só temos ótimas lembranças do show que fizemos em 2001, pois teve uma energia muito forte. Tivemos um recebimento fora de série, por todos. E retornar dessa maneira é muito gratificante. Queremos superar a experiência e os bangers de Pernambuco podem esperar um Rebaelliun com sangue nos olhos, e com fome de palco no Abril Pro Rock 2016.

Site: www.rebaelliundeathmetal.com

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Synara Rocha

 
 
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