O D.A.M., apesar de ser uma banda jovem (foi formada em 2013), já tem diversos materiais lançados, incluindo dois full lenght. O material mais recente é o EP “Premonitions”, recentemente lançado. Essa entrevista foi realizada antes do lançamento desse EP, com o membro fundador Guilherme Alvarenga. Nela ele aborda diversos temas sobre a banda, desde a sua formação, lançamentos e até mesmo o estilo praticado pelo D.A.M.. Recife Metal Law – O que significa a sigla D.A.M. e de onde veio a ideia de nomear a banda assim?
Guilherme de Alvarenga – No momento isso é um segredo! A ideia surgiu pensando no significado do nome e em símbolos que mostrassem aquilo que eles representam, bem como os ideais da banda. Como falamos de ocultismo isso ajuda a reforçar essa ideia do oculto, de que algo está velado, guardado e que deve ser descoberto, encontrado!
Recife Metal Law – A banda é relativamente nova, porém bastante prolífica, tendo lançado, desde o seu surgimento, em 2013, dois EPs, um single e dois álbuns. A que se deve tanta produtividade?
Guilherme – Propus-me a lançar uma trilogia. Era para ter terminado em 2015, mas infelizmente não foi possível! Eu criei o D.A.M. com o intuito de mostrar ao mundo os resultados das minhas pesquisas na faculdade de música e a coisa que mais amo fazer é compor! Poder gravar essas composições me deixa muito feliz e por mim eu lançaria muito mais álbuns por ano!
Recife Metal Law – O D.A.M. faz um estilo que não é muito bem visto pelos mais ortodoxos fãs do Heavy Metal, principalmente no Brasil. Como é ser praticante do Melodic Death Metal em nosso país? Existe algum tipo de barreira, dentro do próprio cenário Heavy Metal, que limite o desenvolvimento da musicalidade da banda?
Guilherme – Há espaço para tudo. O país é bem grande e o público de Death Metal melódico também! Para mim é uma enorme honra levantar a bandeira do Death Metal melódico no país, o ajudando de alguma forma a se popularizar. O que ocorre, muitas vezes, sobretudo quando tocamos ao vivo, pois as pessoas ficam admiradas por “nunca terem ouvido um som desse tipo”, e já ocorreu de ser uma pessoa que dizia não gostar de Death Metal melódico. O resultado? Tornou-se fã! Preconceitos geralmente ocorrem pela falta de conhecimento, é normal! Não creio que exista alguma barreira e mesmo que existisse não deixaria isso afetar a musicalidade do D.A.M.. Faço o que faço porque amo!
Recife Metal Law – Atualmente a banda vem divulgando seu segundo álbum de estúdio, “The Awakening”. Quais são as principais diferenças para o álbum de estreia, “Tales of the Mad King”?
Guilherme – Como te disse Valterlir, me propus a lançar uma trilogia, que é basicamente três álbuns que possuem, cada um, um EP que serve como prelúdio. No “Tales of the Mad King” o protagonista estava começando a descobrir que estava em um mundo de fantasias criado por ele, por isso às citações a subgêneros mais ‘heroicos’ como o Power Metal e o Folk Metal. Já no “The Awakening” ele estava sofrendo o processo que chamamos de “O Despertar”, onde forças conflituosas agem dentro do protagonista, o levando a questionar sua própria condição, por isso uma sonoridade mais ‘moderna’ e mais sombria também. Além disso, os discos foram mixados por pessoas diferentes, isso confere uma sonoridade peculiar para cada um.
Recife Metal Law – As letras permeiam temas como história, ocultismo, lendas, entre outros temas mais obscuros. Como surgem as ideias para a criação da parte lírica da banda?
Guilherme – Pesquisas, eventos pessoais e trabalho duro. Como tudo até agora foi lançado no contexto da trilogia, as letras vão contando essa estória e, de acordo com os motivos musicais empregados, para se conectar as músicas como uma unidade temática. Citações ocorrem para reforçar essa ideia na letra também na maioria das vezes, pois é difícil perceber essas conexões musicais apenas com o ouvido.
Recife Metal Law – Esse segundo álbum tem uma musicalidade bem veloz, com uso extremos de teclados e guitarras ditando o andamento das músicas. Como é criada a parte instrumental na música do D.A.M.? Existe alguém responsável por tal parte ou a música da banda recebe influência de todos os seus integrantes?
Guilherme – Sou o único responsável por isso. Escrevo todos os instrumentos, incluindo os solos de cada um!
Recife Metal Law – Existe uma boa variação nos vocais, que vão de momentos mais calmos e limpos a algo mais extremo e rasgado. As músicas são criadas justamente para que haja espaço, numa mesma música, para essa variação vocal?
Guilherme – Depende muito. Algumas, como “Reborn from the Shadows” e “The Breaking Point” sim; outras como “The Great Work”, na hora de fazer a letra, eu percebi que seria legal ter um vocal limpo, então assim eu o fazia. Sendo sincero, minha preocupação maior é com a parte instrumental, vocal e letra vêm depois.
Recife Metal Law – Alguns títulos tem um tipo de complementação, como “From the Ashes (T.J.O.T.F.)”; “The Great Work (Magnum Opus Pt I)”; e “Nightmare (T.M.S. Pt II)”, para citar só essas. Qual a razão para isso?
Guilherme – Indicar conexões com temáticas relacionadas na estória da trilogia e também criar um clima de mistério, afinal é de ocultismo que estamos falando. Algumas estão relacionadas com técnicas composicionais também!
Recife Metal Law – A capa de “The Awakening” é bem difícil de decifrar, trazendo diversos desenhos: como a morte (em forma de mulher), figuras que remetem ao antigo Egito, a medicina, etc. Qual o verdadeiro significado da capa de “The Awakening”?
Guilherme – Eu gosto de deixar isso livre para que a imaginação de cada um preencha, mas em geral as capas do D.A.M. retratam o que está sendo dito nas letras das músicas desse álbum. Novamente, por causa da trilogia, muitos elementos estão conectados, então você encontra várias conexões entre os personagens e alguns símbolos.
Recife Metal Law – O material físico que recebi da banda é bem simples. Não há muita informação no mesmo. Ter lançado o CD de forma independente fez com que esse lançamento viesse assim?
Guilherme – O público hoje, em sua maioria, conhece novas bandas pela internet. Nem sequer falaremos de computadores. As pessoas acessam a internet pelo celular e estamos adaptados para isso. A realidade é que poucas bandas vendem CDs hoje em dia. Somente produzimos algumas unidades para os jornalistas que fazem questão de ter o material físico e para colecionadores. Os tempos mudaram um bocado e a maior quantidade de vendas que fazemos se dá por downloads ou por streaming. Quando se toca ao vivo, pela empolgação, a galera acaba comprando também e isso ajuda muito a banda, já que o D.A.M. é independente. Entretanto a mídia, em sua maioria, pede kits de imprensa eletrônicos e nem o álbum eles querem. Pedem um link para fazer streaming e poderem resenhar. Tentamos sempre atender à demanda dos meios de imprensa, pois alguns preferem trabalhar da maneira antiga, pois é como se eles se sentem confortáveis. Sempre disponibilizamos informação através de texto e perguntamos se precisa enviar algum material extra, justamente porque o comum hoje em dia é que essas coisas sejam feitas online. Se faltou alguma informação para você e isso tiver atrapalhado seu trabalho de alguma forma peço mil desculpas e posso te dizer que o próximo pacote que você receber, farei questão de enviar informações adicionais. (N.D.E.: a pergunta foi mesmo para deixar a entrevista bem completa e saber curiosidades sobre o lançamento).
Recife Metal Law – Você é o mentor do D.A.M., e passou por problemas com a formação da banda. Como anda a atual formação da banda e de que forma os músicos vêm trabalhando, tanto no material antigo, como em músicas novas?
Guilherme – O D.A.M. hoje sou eu no vocal e nos teclados, Caio Campos no baixo e Tomás Campos na guitarra. Temos o compromisso de reproduzir o mais fielmente possível a gravação original de cada CD. Sobre novo material, existem coisas que ainda faço tudo, mas recentemente abri espaço para o Tomás compor seus solos de guitarra e o Caio rearranjar algumas linhas de baixo. Depende muito se componho com as técnicas que estudei de música erudita, que são mais fechadas, ou se são músicas que compus apenas por diversão, essas são mais flexíveis.
Recife Metal Law – Parece que vocês chegaram a fazer uma turnê. Quais as principais conquistas com essa tour e quais cidades/países foram visitados?
Guilherme – Tivemos uma experiência humana muito bonita; conhecemos artistas lendários e a oportunidade de conhecer outro país e a logística de avião. E tudo o mais é muito importante para a banda amadurecer e se preparar profissionalmente. Tocamos em Minas Gerais e na Argentina, na capital federal Buenos Aires e em uma região vizinha que esqueci o nome agora, mas achei o cenário Metal lá do caralho demais!
Recife Metal Law – A banda vem trabalhando num novo álbum e num EP. O que podemos esperar do D.A.M. para 2016?
Guilherme – Gravações, creio eu. Estabilizar nossa formação é algo importante, mas somos bastante criteriosos. Lançaremos o EP “Premonitions” e gravaremos um novo álbum sem título definido ainda. Se sobrar tempo gravaremos o álbum final da trilogia, intitulado “Save me from Myself”.