Com 15 anos de estrada o Malkuth é uma das mais antigas bandas pernambucanas em atividade. Tendo lançado diversos registros fonográficos, atualmente vem divulgando seu último álbum, “Nekro Kult Khaos”, e já se preparando para um próximo lançamento. A banda já passou por diversas formações, mas atualmente parece estar com seu ‘line up’ estabilizado, o qual consta de Nighhtfall (vocal), Sir Ashtaroth (guitarra), Nefando (baixo) e Protheus (bateria) e preparado para mais quinze anos de devoção ao Black Metal. Nas palavras do guitarrista Sir Ashtaroth e do vocalista Nighhtfall poderemos saber um pouco mais sobre o Malkuth.
Recife Metal Law – O Malkuth está na ativa desde 1993, sendo bem ativa no cenário Underground nacional e tendo lançado diversos materiais fonográficos. A que se deve tanta produtividade?
Nighhtfall – A perspicácia de alguns integrantes e a força de disseminar o mal pelo imundo mundo que vivemos! Temos força para mais 300 anos! Temos uma vasta e sombria inspiração para criar nossos hinos de guerra.
Recife Metal Law – Atualmente vocês vêm divulgando o álbum “Nekro Kult Khaos”. De que forma está sendo feita a distribuição desse álbum? Como o público está recebendo esse novo trabalho?
Sir Ashtaroth – O selo potiguar Skull Records tem feito parcerias com diversos selos nacionais e estes devem estar redistribuindo pelo Brasil afora; uma divulgação razoável para um selo iniciante e de pequeno porte. Estamos satisfeitos. Aproveito aqui para uma reclamação: uma pena que hoje os selos e produtores locais estão SUPER VALORIZANDO as bandas ‘gringas’ e se esquecendo do potencial das bandas brasileiras.
Nighhtfall – Após o lançamento, recebemos boas críticas. Estamos em fase de término de divulgação deste magnífico trabalho. Agora é preparar o novo opus e sair pela estrada.
Recife Metal Law – Esse trabalho teve sua parte lírica baseada no Necronomicon – O Livro dos Nomes Mortos. O que levou a banda a abordar as escrituras desse antigo livro, que é cheio de mistérios e lendas e não se sabe se ele realmente existe?
Sir Ashtaroth – Abdul Alhazred, o poeta louco árabe, compôs, em Damasco (730 D.C.), em suas loucas alucinações e visões no deserto, este maldito livro feito em pele e sangue humano, contendo ritos de evocação e malefícios de ressuscitação dos mortos. O grande escritor H.P. Lovecraft o organizou e publicou. Uma simples leitura (assim como uma simples audição do nosso álbum) basta para levar a loucura e a morte. Nosso álbum “Nekro Kult Khaos” é um tributo e, ao mesmo tempo, uma forma de apresentar ao mundo da percepção áudio-visual a essência deste livro maldito.
Nighhtfall – Embora o livro seja fictício, Lovecraft forneceu inúmeros dados supostamente reais a respeito da sua origem e história. Indicou, por exemplo, que o livro foi banido pelo Papa Gregório IX em 1232, logo após a sua tradução para o latim e que, dos exemplares ainda existentes, um está guardado no Museu Britânico em Londres e outro na Biblioteca Nacional em Paris.
Recife Metal Law – Uma das músicas, “Nyarlathotep”, é cantada em nosso idioma pátrio. Por que colocar uma música cantada em português nesse disco?
Nighhtfall – Em todos nossos álbuns sempre louvamos nossa língua pátria, uma vez que enaltecer nossa origem sempre eleva as nossas almas. Há canções que combinam e que não combinam com a utilização da língua portuguesa.
Recife Metal Law – Algumas das músicas contêm vocais femininos e uso de teclados, o que cria uma atmosfera mística e tenebrosa. Ao vivo, esses elementos não são usados. Já que ao vivo vocês não usam destes artifícios, qual a razão para usá-los em estúdio?
Nighhtfall – Em nossa eterna evolução musical tendemos a usar instrumentos e vozes exóticas para criar um clima soturno, impossibilitando o uso ao vivo por motivos lógicos, como por exemplo, a “logística” imposta por determinados eventos.
Recife Metal Law – Poderia nos dizer que “logística” seria essa?
Sir Ashtaroth – Na maioria dos shows o espaço em palco é pequeno e a ajuda de custo para as bandas também. Temos de pagar também os músicos convidados, visto que os produtores muitas vezes não querem nem pagar pelo trabalho executado em palco pela banda, o que é uma lástima.
Recife Metal Law – Com relação à parte gráfica, o tipo de fonte usada atrapalha bastante na leitura, inclusive na hora de acompanhar as letras das músicas. Qual foi a razão para a escolha de tal tipo de fonte?
Sir Ashtaroth – Tenha olhos para ler aqueles que possam realmente ler.
Nighhtfall – Esta fonte que você está citando deve ser a do “Nekro Kult Khaos”, mas isto tem a ver com as escrituras do Necronomicon, pois as letras foram escritas em sangue, impossibilitando a leitura por leigos.
Recife Metal Law – O Malkuth já está na ativa há quinze anos. Em todo esse tempo de atividades no meio Underground quais foram os fatos mais curiosos que ocorreram com a banda?
Sir Ashtaroth – O primeiro show, que foi realizado num prostíbulo em Recife/PE. Houve até facada no público, em 1994... Um show cancelado em João pessoa/PB, em 1996, porque a polícia invadiu o local e prendeu todo o público por uso de drogas do mesmo.
Recife Metal Law – Vocês já chegaram a se apresentar no Estado de São Paulo. Como foi tocar num Estado que é considerado a “Meca do Heavy Metal” no Brasil? Como foi a recepção do público para com o Malkuth?
Nighhtfall – A recepção foi um público de mais de 400 pessoas e o apoio para com nosso merchandising, coisa que é quase impossível em nossas terras, lugar que era para sermos apoiados de modo geral. Temos boas lembranças de lá, até porque um dia voltaremos...
Recife Metal Law – Eu já li em uma publicação, a qual não me recordo o nome, a acusação do Malkuth ser adepta (ou ter ligação) de ideais nazistas. Isso seria algo verídico? O que vocês acham dessa “onda” de bandas de Black Metal misturando política com as artes negras?
Sir Ashtaroth – Não é por que sou geneticamente careca e escuto bandas ícones taxadas como nazistas (ex.: Graveland, Burzum e Nokturnal Mortum) que sou um ‘neonazista-pan-germânico-ariano’. Idéias de otários complexados que pré-julgam sem ao menos nos conhecer pessoalmente. Lembrando que sou nordestino e tenho sangue negro correndo em minhas veias. Que acabem com estes comentários infantis e idiotas. Black Metal é um combate ao cristianismo e ao judaísmo (sua raiz). Para quem acha que o nome Malkuth é de origem judaica, ledo engano, estudem mais o misticismo e verão que o nome vem da Cabala, que é um sistema anterior ao judaísmo (que por sua vez, absorveu a cultura egípcia...).
Nighhtfall – Bem, pra quem terminou o ensino fundamental, sabe muito bem que o Nazismo acabou em 1945, e se tornam mais idiotas as pessoas que acreditam neste boato; BLACK METAL e política não combinam, pelo menos conosco. Quem quiser ser adepto, fique à vontade, mais que fique bem claro, somos o que somos, não nos interessa o que pensam de nós; não estamos nem aí para comentários de cristãos. Disseminamos nossa essência negra sempre. Escutamos bandas de todas vertentes dentro do BLACK METAL (NSBM, WAR, VIKING, DEPRESSIVE, PAGAN, FOLK, RAW, etc). E outra, para se repugnar e odiar um judeu, não é preciso ser nazista.
Recife Metal Law – Já que foi tocado no assunto sobre o que vocês escutam, os integrantes do Malkuth só escuta músicas dentro do Black Metal ou vocês escutam também outras vertentes?
Sir Ashtaroth – Nós escutamos também outras vertentes musicais como música ambiente, Heavy Metal tradicional, Brutal/Death Metal e Doom Metal.
Recife Metal Law – Desde a sua formação, a banda passou por diversas e incontáveis formações. A que se devem tantas mudanças na “line up” do Malkuth?
Nighhtfall – Apenas adaptação. Nossas composições e nossas ações às vezes se tornam muito fortes para determinados membros, mas isto é irrelevante perante a contribuição dos mesmos. Eu e o Sir Ashtaroth estamos desde o começo, mas sentimos que a atual formação deverá acabar com este tabu.
Recife Metal Law – Nos shows vocês vêm tocando músicas novas e isso leva a crer que em breve teremos um novo lançamento. O que tu poderias nos adiantar acerca dessas novas músicas e sobre um futuro lançamento?
Nighhtfall – Estamos em fase de término do novo opus que será intitulado “Strongest”, o qual, possivelmente, estará sendo gravado em dezembro/2008. Posso lhe adiantar que este novo artefato virá mais violento e destruidor em relação aos outros trabalhos, mas sem perder a nossa eterna essência PAGÃ.
Recife Metal Law – Obrigado pelo tempo cedido. Espaço aberto para acrescentar o que achar necessário e esclarecedor a essa entrevista...
Nighhtfall – Agradecemos o espaço cedido e o apoio que nos é dado. MALKUTH sempre! Não adianta boatos ou fofocas, SOMOS O QUE SOMOS, e nada, nem ninguém, nos fará mudar nossa concepção PAGÃ de ser. BLACK METAL: Essa é a nossa vida!!!
Site: www.malkuthband.com
Entrevista por Valterlir Mendes