Apesar de ter surgido em 1989, a banda gaúcha de Thrash Metal M-19 hibernou por 11 anos – entre 2000 e 2011. Antes, porém, havia lançado duas Demos. Com a volta, a banda não perdeu tempo e partiu logo para a gravação de seu primeiro full lenght, “Mission: Destroy”, lançado em 2013 e que ainda continua a ser divulgado. Após o lançamento do ‘debut’ e alguns shows, a banda passou por algumas mudanças e a sua formação atual conta com Júnior Vives (guitarra), Wilmar F. (vocal/baixo), além dos novatos Rafael Kniest (bateria) e Adriano Zietlow (guitarra). Na entrevista a seguir foi abordado um pouco de tudo, sobre o início da banda, tempo inativa, origem do nome, entre outros tópicos. Com a palavra o fundador... Recife Metal Law – O M-19 surgiu em 1989 e se manteve ativo por 11 anos, dando uma pausa em suas atividades em 2000. Depois de um hiato de 11 anos voltou as atividades. A pausa por tanto tempo foi previamente pensada ou outro motivo fez com que vocês encerrassem, momentaneamente, as atividades do M-19?
Wilmar F. – Existiam algumas divergências acerca do rumo a ser tomado pela banda, daí resolvemos dar um tempo.
Recife Metal Law – Nos primeiros 11 anos de atividades a banda lançou apenas duas Demos e participou de algumas coletâneas. Sabe-se que no passado não se tinha tantas facilidades para gravar. Mas foi esse mesmo o motivo para tão pouca produtividade da banda, em termos de lançamentos de materiais?
Wilmar – Como bem disseste, nos anos 80 e 90 era muito difícil gravar um disco ou CD. Os custos dessas produções eram muito caros e nós éramos bem jovens e não tínhamos condições financeiras de bancar essa produção. Todos nós éramos estudantes. Quando suspendemos a banda, no ano 2000, estávamos no meio da gravação do que seria o nosso primeiro full lenght, mas infelizmente não conseguimos concluir o material.
Recife Metal Law – O nome da banda tem algo a ver com o Movimento 19 de abril, organização de guerrilha urbana surgida nos anos de 1970 na Colômbia?
Wilmar – Sim, exatamente! Na época que estávamos procurando um nome para a banda, a questão idealista do grupo M-19 nos chamou a atenção, eis que o grupo nasceu em razão da irresignação frente a uma fraude ocorrida nas eleições presidenciais colombiana, em 1970. Veja que na época estávamos vivendo os primeiros anos da Constituição de 1988 e prestes a uma nova eleição presidencial.
Recife Metal Law – Em 2013 foi lançado o álbum de estreia, “Mission: Destroy”. O que do passado da banda consta nesse primeiro disco?
Wilmar – Um dos motivos do retorno da banda foi o fato de eu ter encontrado algumas fitas cassetes, onde havia algumas gravações de ensaios da banda. Ao ouvir as músicas percebi que elas eram muito boas e ainda estavam atuais. Desse modo, entrei em contato com o Jr. Vives (guitarrista) e o Carlos Armani (baterista) e resolvemos reativar a M-19. Nesse CD as músicas “Thermical Death”, “Disequilibrium”, “School of Crime” e “Resistance”, foram compostas nos anos 90.
Recife Metal Law – Um dos pontos altos desse ‘debut’ é a sua gravação, num patamar espantável e que deixou a sonoridade do M-19 ainda mais pesada e violenta. Como vocês analisam toda a produção sonora desse disco? Deixou todos da banda plenamente satisfeitos?
Wilmar – Muito obrigado pelos elogios. A gravação do CD ficou ótima. A sonoridade do CD nos agradou muito. Sebastian Carsin, do Estúdio Hurricane, é um grande profissional. Quando voltamos à ativa sabíamos que teria que ser ele o cara dos ‘botões’. Ele acertou em cheio nas timbragens dos instrumentos. Ele fez um grande trabalho. E espero que também faça um ótimo trabalho no nosso próximo CD.
Recife Metal Law – As músicas seguem a linha Thrash Metal, com rispidez, violência, solos furiosos e paradinhas típicas do estilo. Como foi compor o disco, sem fugir da sonoridade proposta desde o início, mas sem soar datado ou parecido com algo já feito?
Wilmar – Quando voltamos, pensamos continuar fazendo um som bem agressivo, mas não queríamos soar datados. Talvez a maneira de compor não tenha mudado muito, mas era preciso ter timbres mais atuais, aproveitar o que a tecnologia nos proporcionava agora. Também não temos a pretensão de fazer nada novo, mas apenas tocar o bom e velho Metal, rápido e pesado.
Recife Metal Law – Digo parecido com o que já foi feito, pois ficam evidentes no som do M-19 influências de Destruction, Kreator e até mesmo do velho Sepultura, mas sem soar uma mera cópia. Quais músicas melhor definem o que é o M-19?
Wilmar – Pois é... Lemos uma crítica do nosso CD que, senão me engano, foi da Hungria, que dizia que as músicas CD eram diferentes entre si, mas ao mesmo tempo havia uma conexão entre elas. Podemos tocar uma música mais rápida que a outra ou uma mais pesada que a outra, mas sempre vai haver um “Q” de M-19 nela. Sempre as pessoas vão ouvir uma música nossa e vão dizer: “Puxa, isso é bem M-19!”. Com certeza a escola alemã de Thrash Metal é uma grande influência nossa, assim como o Sepultura e o Slayer.
Recife Metal Law – Todas as letras e músicas foram compostas por você, com uma ou outra parceria. Qual o motivo para que toda a composição musical do ‘debut’ ficasse praticamente nas tuas mãos?
Wilmar – Sempre fui eu que fiz a maioria das músicas e letras. Não há nenhuma razão especial nisso. È um grande prazer, para mim, compor. Estou sempre compondo. Estou sempre com o meu celular anotando ideias de riffs. Mas tenho uma ótima parceria com o Jr. Vives, que sempre faz o acabamento e os arranjos das músicas. Nas novas composições, além do Jr. Vives, o Rafael Kniest (baterista) e o Rógenes Morais (guitarrista) estão participando ativamente dos arranjos.
Recife Metal Law – A temática lírica é a típica encontrada em bandas do estilo, tais como problemas sociais, violência, destruição, críticas à religião... O Brasil é um país que oferece uma infinidade de ideias para letras a uma banda de Thrash Metal. Sendo assim, fica mais fácil de escrever uma letra para o M-19?
Wilmar – Com certeza! Os problemas sociais do nosso país são uma grande inspiração. Mas hoje em dia todos os países do mundo estão sendo uma fonte de inspiração. Nosso mundo está vivendo um momento muito conturbado e violento.
Recife Metal Law – A música “171” foi a escolhida para o primeiro clipe da banda. A escolha se deu em razão de tal música definir bem a atual situação política brasileira?
Wilmar – Sim, isso mesmo. O que tem de estelionatário nesse nosso país não é pouco. Estelionatários políticos, estelionatários religiosos, estelionatários empresários, estelionatários consumidores. Sempre tem alguém querendo ludibriar o outro. Isso é uma coisa que me envergonha, pois parece que esse tipo de comportamento no nosso país é endêmico.
Recife Metal Law – A capa vem numa tonalidade avermelhada, e mostra uma figura sinistra, bem próxima à figura da morte, segurando algo como fogo, e atrás uma cidade destruída, em chamas. De quem foi a ideia da capa? A imagem (da capa) vem apenas para ilustrar o título do álbum ou traz mais alguma ideia?
Wilmar – A entidade da capa se chama “Destructor”, que é a primeira música do CD. Seria uma personificação da morte. A música fala da morte, que no caso seria o “Destructor”. A letra retrata a morte como um processo natural da vida, um processo de evolução.
Recife Metal Law – “Mission: Destroy” foi lançado de forma independente, inclusive sendo disponibilizado para download gratuito no site da banda. Mesmo sem apoio de algum selo e disponibilizando o disco para download, como tem sido a recepção para o formato físico?
Wilmar – Tem sido muito boa. Sempre nos shows levamos os CDs e conseguimos vender o material. Também recebemos alguns pedidos pelos correios. Talvez o público do Metal seja um dos únicos que ainda compra o CD físico.
Recife Metal Law – O M-19 já vem trabalhando em novas músicas. Como vem sendo a composição dos novos sons? Vocês já trabalham num possível novo álbum?
Wilmar – Sim. Já temos nove músicas compostas. Destas, seis já estão ensaiadas. Vamos aprontar mais uma ou duas músicas e vamos entrar em estúdio nos próximos meses. Posso garantir que o novo CD será ainda melhor que o “Mission: Destroy” e virá com músicas mais rápidas e pesadas. Será um grande disco!