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Entrevistas

ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
 

Recife Metal Law - O seu portal de informação!

 

HEAVENLESS



O Heavenless surgiu na segunda potiguar (e extremamente quente) de Mossoró, em 2016, trazendo músicos de Monster Coyote e Bones In Traction: Kalyl Lamarck (baixo e voz), Vicente Andrade (bateria) e Vinicius Martins (guitarra). Sem muita demora e no ano seguinte lançaram, de cara, o seu primeiro full length, de forma digital e, posteriormente, pelo selo conterrâneo Rising Records. “Whocantbenamed” serviu para mostrar a musicalidade do Heavenless, que foge dos estereótipos do Deathcore, estilo que supostamente a banda se encaixa. A banda vem fazendo diversos shows pelo país, inclusive tocará novamente em Pernambuco, dessa vez no tradicional Abril Pro Rock. A seguir, um pouco mais sobre a banda...


Recife Metal Law - Quero começar pelo nome da banda e o título do primeiro álbum. Primeiro sobre o nome da banda. Heavenless vem a significar “Sem Céu”, numa tradução livre? Houve alguma razão em particular para se usar esse nome?
Kalyl Lamarck -
Preliminarmente, me permita agradecer ao apoio que este portal sempre deu ao Heavenless e ao Metal potiguar! Sentimo-nos honrados em prestar mais esta entrevista ao Recife Metal Law! O nome Heavenless é um neologismo que a gente utilizou em referência a ‘homeless’, que os americanos chamam ‘os sem-tetos’. Para nós, a tradução seria mais ou menos como “aquele que não tem paraíso”, ou melhor, uma desmistificação da crença de que ao fim tudo estará bem... Afinal, acreditamos que viver é muito mais implacável do que os escritos religiosos supõem.

Recife Metal Law - Por que “Whocantbenamed”, ao invés de separar as palavras?
Kalyl -
Para ficar difícil da imprensa entender o nome! (risos) A gente diz que é estético, menos rebuscado, mas na verdade foi só para caber na diagramação da capa do disco mesmo...

Recife Metal Law - Esse primeiro álbum da banda foi lançado no início de 2017, primeiramente no formato digital e depois fisicamente pela Rising Records. O lançamento digital se deu em razão de a banda, na época, ainda não contar com suporte de algum selo?
Kalyl -
Não! Em verdade a produção do disco leva a uma série de terceirizações. Uma delas é a fábrica para prensagem que, em média, demora de 30 a 90 dias para nós, potiguares. Como lançar em janeiro era importante para nós, por conta de turnês e sazonalidade de alguns festivais que almejávamos tocar, fatalmente fomos forçados a liberar inicialmente o formato digital de forma a aproveitar o momento, que posteriormente se mostrou uma decisão acertada e que nos rendeu excelentes frutos.

Recife Metal Law - E como surgiu a oportunidade de trabalhar com a Rising Records? O trabalho de divulgação do selo era o esperado pela banda?
Kalyl -
Luciano Elias, capitão da Rising Records, é nosso parceiro de longa data. Já trabalhou com o Bones In Traction no lançamento do “...In The Dock...” (2014) e não titubeou quando soube que estaríamos envolvidos em um novo projeto. Foi quem primeiro apostou na banda, mesmo sem ouvir nenhum som; acreditou no potencial e a gente é extremamente grato por esse apoio inicial, que nos foi fundamental.

Recife Metal Law - Antes do Heavenless, os seus músicos tocavam em bandas como Monster Coyote e Bones In Traction. Então, como surgiu a oportunidade de trabalharem juntos e construir a musicalidade do Heavenless?
Kalyl -
Nós nos conhecíamos da cena Metal local e a admiração era mútua pela forma que cada um sempre se engajou com os projetos anteriores. Isso foi o ‘estopim’ para nos unirmos e montar uma banda, pois buscávamos, os três, um grupo que os esforços fossem homogêneos e as personalidades se complementassem. De cara, já no primeiro ensaio, vimos que a ‘liga’ era muito forte e isso teve como resultante um ritmo de trabalho tão intenso e jamais vivenciado por nós anteriormente.

Recife Metal Law - Sem muito papo, a banda partiu direto para um full lenght. De quando são as músicas do disco de estreia e como elas foram compostas?
Kalyl -
O Heavenless não teve preliminares. A gente já sabia o que queria e tínhamos na mão a ferramenta de 10/15 anos de escola dos três no meio de produções musicais. Esse cabedal nos motivou a imprimir um ritmo muito acelerado nas composições, e não tinha como deixar nenhuma de fora, daí concebemos direto em um full lenght.

Recife Metal Law - Sobre a sonoridade da banda, ela é rotulada como Deathcore, mas pouco se ouve de Hardcore nesse primeiro disco. A ênfase é maior no Death Metal, passagens densas, em meio tempo e muito peso. Sendo Deathcore um estilo não muito bem visto por uma parcela mais ortodoxa dentro do Heavy Metal, como vocês procuram trabalhar a divulgação no que se diz respeito ao estilo do Heavenless?
Kalyl -
A gente precisa ouvir bastante coisa para formatar as composições, e vemos na rotulação uma ferramenta essencial para buscar padrões na música, sobretudo pela intensa massificação de informações que a geração da internet trouxe. As novas músicas vão mostrar um pé forte fincado no Doom, Death e Hardcore.

Recife Metal Law - Qual foi a temática lírica que vocês procuraram abordar nesse disco de estreia? Existe uma temática principal a ser abordada pela banda?
Kalyl -
As letras são elucubrações da minha infância que, por ter vivido até 10/12 anos em forte contato com o sertão, além de ser neto de curandeira, vivenciei de perto o medo do sertanejo, sendo reforçado através de contos macabros escondidos por trás de uma forte religiosidade. Assim, o conjunto lírico traz a poetização desse folclore com crítica ao controle/imposição social-religiosos.

Recife Metal Law - A parte gráfica veio num tom escuro, com imagens que remetem às capas de algumas bandas de Black Metal. Como foi trabalhado o conceito gráfico de “Whocantbenamed”?
Kalyl -
A temática lírica que descrevi acima foi repassada para o Hugo Silva, dono da Abacrombie INK, e ele nos apresentou a ideia de uma freira mórbida em meio à caatinga. Achamos sensacional!

Recife Metal Law - Já a produção sonora veio excelente, deixando bem audível toda a densidade e peso emanados da musicalidade do Heavenless. Toda a produção, gravação, masterização e mixagem ficaram a cargo de Cassio Zambotto, mas o encarte não informa em qual estúdio o disco foi gravado. O resultado final foi satisfatório?
Kalyl -
O processo de gravação se deu em uma cooperação com Cássio Zambotto, produtor residente de Natal/RN, que trouxe a ilha de gravação dele para o nosso próprio estúdio. Apesar de ser um ‘home-studio’, nós investimos há muito tempo em equipamentos, buscando as melhores referências possíveis. Então a gravação foi realizada de uma forma que não dá para passar vergonha. Para quem é rato de estúdio (nós gostamos muito quando as bandas fazem isso) e quer saber sobre os timbres, usamos para as guitarras um Orange Rockerverb 100 em paralelo à um Alien Monster 50 ligados numa caixa Orange 4x12; de pedal só um Tubescreamer da Ibanez. Para o baixo uma Ampeg Classic 8x10 empurrada por um Pedrone Violent Bass 100, com um OCD da Fulltone; bateria uma Pearl Reference, mas substituindo o bumbo original por dois DW Custom Collector 24x20. Todo os pratos são Zildjian K Series.

Recife Metal Law - A banda chegou a anunciar o lançamento de um EP para o início desse ano, mas não há informações acerca de tal lançamento? O que houve?
Kalyl -
Está havendo um atraso muito grande do produtor do disco em virtude de situações pessoais. Isso impediu nossos planos de lançá-las em janeiro de 2018. Então, diante da situação, fomos orientados por nossos selos - Rising Records e Black Hole - para aproveitar o embalo, continuar compondo e lançar outro full lenght.

Recife Metal Law - O Heavenless é uma das atrações do conceituado festival Abril Pro Rock, para este ano. Quais as expectativas que isso vem gerando para a banda e o que vocês esperam, em termos de participação e receptividade do público?
Kalyl -
O Abril Pro Rock tem uma moção especial para a banda, posto que influenciou diretamente no refinamento musical dos três, sobretudo do nosso baterista. Sempre estivemos como público e agora teremos outra visão do festival: a do palco. Nossa expectativa é enorme, esperamos que a receptividade seja monstra, visceral, como é de costume aos headbangers que comparecem em peso nos sábados do Festival.

Site: www.facebook.com/heavenless666

Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação e Ghandi Guimarães

 
 
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