A combinação de música clássica com guitarras pesadas não é algo inusual. Mas, enquanto outras bandas simplesmente colocam algumas faixas orquestrais em cima de sua mistura de Metal Tradicional, a mente criativa por trás do Therion, Christofer Johnsson, pode olhar para atrás com orgulho, relembrando a sua longa história fazendo sua própria fusão orgânica desses gêneros tão distintos. A “trilogia do dragão” (“Ho Drakon Ho Megas”, “Theli” e “Vovin”, cada título representando a mítica besta alada em um idioma diferente) documenta esse caminho em direção a uma visão única. Os mitos da antiguidade, as ciências secretas da alquimia ou da cabala são trazidos à vida em formas cada vez mais refinadas, misturando poderosos hinos do Metal com a arte sublime dos compositores clássicos.
“Deggial”, o nono álbum de estúdio lançado originalmente em 2000, mostra o Therion chegando a uma conclusão temporária (porque “não há perfeição absoluta”, como afirma Christofer). Em vez de enfatizar ainda mais todos os clichês do Metal Tradicional, colocando uma simples imitação pobre da pompa de Richard Wagner por cima, ele mostra algumas influências mais sutis e sombrias. Riffs em estilo mais antigo, similares aos riffs de bandas como o Accept ou o Scorpions por exemplo, misturam-se alegremente com o trabalho de guitarra mais pesado na tradição do Voivod ou Celtic Frost. Essa vestimenta metaleira é então colocada em torno de uma estrutura fortemente influenciada pelas maiores óperas, que o Christofer gostaria que fosse entendido como tentativas – talvez amadoras, mas ainda assim impressionantes – de homenagear com suas composições artísticas aos verdadeiros mestres: Guiseppe Verdi, Sergei Rachmaninov, entre outros.
“Deggial” é o primeiro álbum do Therion que não depende de sintetizadores para nenhum dos sons clássicos ali apresentados. Todos os instrumentos são autênticos. Ao todo, 27 músicos entraram no famoso Woodhouse Studio de Hagen (Alemanha) para gravar este incrível álbum, e isso inclui também um coral completo, um tenor, cordas, metais e sopros.
Mas isso não significa que o virtuosismo do trabalho de guitarra tinha sido abafado pelo enorme esforço que foi colocado nas partes clássicas. Após o introvertido “Vovin” (1998), Christofer desejava um som geral mais maciço e gloriosamente mais pesado.
O conteúdo lírico de “Deggial” mostra uma abordagem elaborada, porém mais direta. Em vez das dicas um tanto enigmáticas sobre os estudos metafísicos que Christofer e seu letrista Thomas Karlsson costumam escrever englobados na sociedade secreta “Dragon Rouge”, o álbum apresenta viagens claramente compreensíveis aos lugares místicos do nosso mundo. Assim, as letras abrem as portas para um modo de pensar que antecipa a vinda do Deggial, o anti-messias predito em antigas lendas árabes que libertará a humanidade de Deus para nos colocar em Seu lugar.
Participações especiais de Hansi Kürsch (Blind Guardian) e Waldemar Sorychta (ex-Grip Inc.), entre outros convidados.
Agora disponível pela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast Records. Adquira sua cópia clicando aqui.