Pandemmy: lançado novo álbum, um retrato distópico da pandemia e do cenário político
A banda pernambucana Pandemmy anuncia o lançamento de seu quarto álbum, intitulado “Faithless”, disponível em todas as plataformas digitais e em breve em formato físico pela Voice Music. O álbum captura o contexto em que suas faixas foram predominantemente compostas: a pandemia de COVID-19, período marcado por uma crise global que deixou um rastro de sequelas físicas e psicológicas, além das milhões de vidas perdidas. Durante o isolamento, sentimentos de incerteza, ansiedade, solidão e indignação frente aos abusos da extrema-direita dominaram a vida dos integrantes da banda, formada atualmente por Guilherme Silva (vocais e guitarra), Pedro Valença (guitarra) e Aquiles Albino (baixo). De acordo com Pedro Valença, o álbum “representa musicalmente e liricamente o nosso ápice em termos de maturidade de composição, arranjo e de expressar nossas impressões sobre a realidade quase distópica da sociedade ocidental”.
A belíssima arte da capa, assinada por Juh Leidl, conta com representações visuais que fazem referência a terrível Peste Negra, uma das pandemias mais devastadoras da história humana, ocorrida entre 1347 e 1351 e responsável pela morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Europa, Ásia e Norte da África, reduzindo drasticamente a população mundial. Nesta arte tão simbólica há também algumas expressões humanas que refletem o sofrimento diante de uma situação que a vida está gravemente ameaçada. O relógio e a bússola, numa ideia de desmanche, refletem a relação com o tempo (que parecia estar mais lento durante a pandemia) e a falta de direcionamento que muitos sentiram. A engrenagem no centro da arte pode ser associada às relações de trabalho severamente precarizadas nos últimos anos.
Inicialmente, a temática de “Faithless” seguiria temas mais abstratos e fictícios, com o intuito de propor um novo desafio lírico, visto que a banda se posicionou firmemente diante da tragédia política e social que assolou o Brasil entre 2016 e 2020 em seu álbum anterior, “Subversive Need” (2020). No entanto, os contínuos absurdos presenciados após o lançamento deste álbum foram tão grandes, que ficou impossível não escrever sobre aquela realidade quase distópica potencializada pela pandemia e pelo cenário político. Para Pedro Valença, “abordar temas políticos e se posicionar tem duas consequências antagônicas. Ela pode atrair quem pensa de forma semelhante, ao mesmo tempo que afasta quem reproduz o senso comum de que música e política não deveriam se misturar”. Ele explica ainda que “seria desumano não falar sobre o que nos revolta diariamente, isso é a motivação para escrever sobre política, geopolítica, capitalismo... A diferença é que não generalizamos, damos nomes ao que a ciência aponta como causa das mazelas humanas”.
Do ponto de vista musical, “Faithless” representa mais um passo à frente no desafio que envolve ser uma banda de Death/Thrash Metal brasileira. Apesar de compor o Underground nacional, a produção musical teve o objetivo de soar da forma mais pesada, nítida, orgânica e contemporânea, sem se apegar a fórmulas ou rótulos. O ouvinte irá notar que as composições estão mais e melhor bem arranjadas em todos os sentidos, sejam nas melodias ou nas passagens mais agressivas. “Faithless” é a melhor obra de arte que o Pandemmy já apresentou em seus quinze anos de atividades ininterruptas. As músicas foram gravadas no Demise Studio, em Recife, cidade natal da banda, entre janeiro e abril de 2024, e posteriormente mixadas/masterizadas no On Hold Studio. O grupo manteve a parceria com o produtor Cristiano Costa, também responsável pela pós-produção do álbum “Subversive Need”, de 2020.
Confira o ‘track list’ do álbum:
1. The Shadow
2. Every War Needs a God
3. This Land Will Never Disappear
4. Fatal Choice
5. Manifesto (Antifascista)
6. Selective Love
7. Blood Never Lies
8. Orphaned Land Never Existed
‘Bonus Tracks’ (disponíveis na versão física):
9. World Beyond [Kreator Cover]
10. Mina (The Curse’s Rise) [Inner Demons Rise Cover]
Assista ao vídeo clipe de “The Shadow” clicando aqui.