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Entrevistas

ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
 

Recife Metal Law - O seu portal de informação!

 

ALBOR



A capital potiguar sempre é responsável por apresentar bons nomes no meio metal, seja em qual estilo for. Prova disso é a Albor, banda surgida em 2012 e responsável por fazer um doom metal de alto nível, bastante influenciado por grandes nomes do estilo, mas, claro, procurando traçar um caminho próprio. Apesar do espaçamento de tempo entre lançamentos e mudanças na formação, a banda segue seus trabalhos e mais recentemente lançou seu álbum de estreia, “Greetings”. Sobre esse disco e outros assuntos relacionados à banda, que hoje é formada por Wellington Lima (vocal), Anderson Camilo e Rafael Carvalho (guitarras), Josivan Gallengher (baixo) e Müde (bateria), saberemos um pouco mais na entrevista a seguir.


Recife Metal Law – Albor é uma palavra em português que, entre outros significados, diz “primeira manifestação de um acontecimento”. Por que a escolha dessa palavra para nomear a banda?
Josivan Gallengher -
A escolha do nome Albor para a banda segue a ideia de primeira manifestação de um acontecimento, mas também do alvorecer, primeira luz da manhã, significando o surgimento de algo novo. Albor era uma palavra que Wellington (vocal) tinha em mente há algum tempo, não especificamente como um
nome de banda, mas, sim, algo como uma letra para uma música devido a profundidade do seu significado. Então, posteriormente, ele sugeriu como nome para a banda e todos nós gostamos da ideia e a acatamos.

Recife Metal Law – Surgida em 2012, no ano seguinte a banda lançou a sua ótima primeira (e única) Demo, “Unknown”. Quatro anos depois um single, e só em 2019 veio o primeiro álbum. Qual a razão para esse espaçamento de tempo entre lançamentos?
Josivan -
Quando lançamos a Demo em 2013 tínhamos uma formação estável e sentimos que estava na hora de registrar o que vínhamos compondo, e o resultado disso foi a Demo “Unknown”. Logo em seguida, por motivos de divergências em relação à sonoridade, disponibilidade e outras questões pessoais, alguns integrantes da banda tiveram que se afastar. Após o lançamento da Demo demoramos um tempo para lançar o single “We the gods” em virtude desses motivos e da dificuldade em montar uma nova formação que se encaixasse com a proposta da banda. Foi a partir do lançamento do single em 2017 que começamos a trabalhar com mais afinco na composição do nosso primeiro álbum.

Recife Metal Law – A Demo foi lançada pela Gravadora Inferno e o primeiro álbum, “Greetings”, pela MCK Discos. A MCK Discos parecer ser um selo novato. Como surgiu a oportunidade de trabalhar com esse selo e como vocês analisam o trabalho de divulgação do álbum?
Josivan -
Na verdade, a MCK é a fábrica onde mandamos prensar o material físico, e o álbum “Greetings” foi lançado de forma independente. O disco saiu nas plataformas digitais conhecidas pela própria MCK, pois já fazia parte do contrato, e a outra parte da divulgação ficou a cargo dos próprios integrantes da banda.

Recife Metal Law – “Greetings” é um álbum direcionado aos amantes do Doom Metal e para aqueles que curtem a sonoridade do Candlemass, Solitude Aeturnus. Claro, apesar das influências, o Albor não soa como uma cópia, apenas bebe na mesma fontes das bandas citadas. Mas como foi trabalhar a sonoridade da banda, neste álbum, para que ela não soasse meramente como uma cópia do que já foi feito?
Josivan -
Indiscutivelmente todos nós somos fãs de bandas como Black Sabbath, Memory Garden, Candlemass, Solitude Aeturnus, Count Raven, etc. Sendo assim, é perceptível a presença dessas bandas na sonoridade do Albor. Como foi dito, bebemos dessas fontes, mas também todos nós temos influências de outras vertentes do Rock/Metal. Muitos integrantes da banda têm histórico de participação em projetos musicais de estilos diferentes, o que, de alguma forma, contribui para a sonoridade do Albor.

Recife Metal Law – O álbum conta com oito músicas em cerca de 40 minutos. Levando-se em conta o estilo e andamentos das músicas, não é um álbum longo. Alguma razão para que as músicas não ultrapassassem a média de cinco minutos?
Josivan -
Não. Não foi nada demasiadamente planejado em relação ao tempo das músicas. Sempre compomos com a liberdade de não nos preocuparmos muito com a duração das músicas, nos sentimos à vontade trabalhando dessa forma. Ao longo do processo criativo as músicas foram acontecendo, ideias de riffs, métricas dos refrões, solos, e tudo isso acabou tomando a forma que encontramos no álbum “Greetings”.

Recife Metal Law – Da Demo apenas a faixa-título foi gravada no disco. A que se deve a escolha justamente dessa música da Demo para figurar no álbum?
Josivan -
Havíamos decidido regravar uma faixa da Demo em nosso primeiro álbum, uma vez que tínhamos saído de uma “era” com teclados e estávamos então num formato de som mais cru. A escolha da música “Unknown” se deve ao fato da importância que ela representa para a banda, pois foi a nossa primeira composição. Com a roupagem nova que demos para a versão do álbum, “Unknown” continua sendo uma das nossas músicas preferidas.

Recife Metal Law – “Insane Choice” tem duas partes, sendo a primeira uma música acústica. Por que dividir essa música em duas partes?
Josivan -
A divisão da música “Insane Choice” em duas partes se deve a dois fatores. Primeiramente queríamos incluir uma faixa acústica no disco. Posteriormente decidimos que ela iria compor a primeira parte de “Insane Choice” pelo fato de a letra remeter a dois momentos diferentes, onde o primeiro expõe a ambientação de um lamento que está por vir no segundo momento da música.

Recife Metal Law – Sonoramente, “Greetings” é um disco bem linear, não no sentido de soar igual da primeira a última faixa, mas por conter músicas no mesmo nível. Claro, existem músicas que agradarão de forma diferente cada ouvinte, mas, no geral, o disco mantém a linearidade de qualidade do início ao fim. Houve a preocupação de fazer o disco nesses moldes ou em algum momento a banda quis trabalhar alguma música, em específico, para ser o carro-chefe do álbum?
Josivan -
Desde o início da composição das músicas tínhamos a ideia de fazer algo linear mesmo, sempre entregando o máximo que podíamos criar dentro do Doom Metal, e em momento algum pensamos em uma única música como carro-chefe do álbum. Sempre queremos que todas as faixas passem uma boa dose de intensidade em suas diferentes formas e energias, algumas mais lentas, outras mais rápidas.

Recife Metal Law – Liricamente os temas abordados são os de praxe: tristeza, existência, escuridão, morte... Mas de onde veio a principal inspiração para construir as letras de “Greetings”?
Josivan -
Historicamente o Doom Metal sempre remeteu a esses temas de ordem existencial, portanto não quisemos fugir dessas temáticas. Entretanto o que fizemos foi colocar a nossa visão em relação a isso em nossas composições, e uma coisa que nos impulsiona muito no momento da criação das letras é a desilusão das promessas das religiões, as quais servem muitas vezes de muleta espiritual para encarar a falta de sentido da existência, assim como a descrença em certos ideais de glória que padronizam a vida e que nada mais revelam senão a vitória de poucos e a derrota de muitos. Abordamos em “Greetings” que a existência é muitas vezes humilhada e subjugada por ideias oriundas das religiões e das relações humanas em sociedade.

Recife Metal Law – A arte da capa, de responsabilidade do vocalista Wellington Lima, ficou belíssima, principalmente pela tonalidade usada. A capa retrata um processo de inquisição, de queima de uma “bruxa”. Por que usar esse tipo de arte e qual a ligação que ela tem com as letras?
Josivan -
A arte da capa foi inspirada na letra da música “Insane Choice”. Antes de tudo decidimos utilizar esta arte para ser a capa de “Greetings” por ser belíssima e, também, porque ao expormos os processos de inquisição acabamos por retratar a subjugação da vida humana em nome de grandes ideais, o deus cristão e toda sua tabela de condutas. Isto se relaciona com as letras das outras faixas exatamente porque, como dito na resposta anterior, abordamos a descrença na glorificação de certos horizontes impostos pelas religiões e pela vida que levamos em sociedade, esta que nada mais faz senão seguir muitos preceitos religiosos. Há uma mistura de elementos em “Greetings”, temos a arte da capa ligada à crítica da religião, as “saudações” (“Greetings”) da conscientização da descrença nos dispositivos que norteiam nossas vidas e que a tornam cada vez mais pequena, o novo acontecimento, o alvorecer proporcionado pela quebra dos ideais que nos impedem de perceber as diversas potencialidades e possibilidades da existência, sem esquecer o trágico da morte.

Recife Metal Law – O álbum foi totalmente gravado na cidade da banda, no Black Hole Studio, apresentando uma produção muito boa. Esse trabalho ficou a cargo de Flávio “Horroroso”, João Felipe Santiago e da própria banda. A banda estar envolvida na produção era essencial para o disco soar como o Albor queria?
Josivan -
A banda já tinha uma noção da sonoridade desejada e o fato de gravar no Black Hole Studio nos proporcionou a liberdade de acompanhar o processo de produção em quase toda a sua totalidade, tendo em vista a experiência, a seriedade do trabalho e o companheirismo de Flávio “Horroroso” e João Felipe. Estes camaradas sempre estavam nos sugerindo apostar em certos caminhos que ainda não havíamos tentado, além de serem bastante pacientes para ouvir e acatar muitas vezes as nossas exigências em relação a timbres, interpretação, mudanças no momento da edição das músicas, etc. Gravar um disco de forma profissional pode ser uma experiência de puro pesadelo para alguns, mas para nós passou longe disso, sempre entrávamos no estúdio empolgados a cada sessão de gravação, e o fato de termos gravado no Black Hole Studio ajudou bastante para que tivéssemos essa experiência.

Recife Metal Law – 2020 foi um ano inexistente para diversas coisas, principalmente para shows. Como é divulgar um primeiro álbum sem o suporte de shows?
Josivan -
A atual situação em que vivemos prejudicou toda a cena do Metal, desde as bandas até os organizadores de eventos. É muito difícil fazer a divulgação de um material sem poder fazer um só show. Então tivemos que recorrer às mídias sociais e aos amigos para nos ajudar na divulgação do nosso material. Aproveitamos para agradecer desde já a todos os amigos e envolvidos na divulgação de nosso trabalho, e ao Valterlir Mendes por nos proporcionar este espaço de entrevista na Recife Metal Law.

Recife Metal Law – Quais são os próximos passos do Albor?
Josivan -
Hoje contamos com uma formação que passou por uma mudança desde a gravação do nosso disco “Greetings”, se caracterizando pela saída do guitarrista Matheus Medeiros (que mesmo longe está contribuindo para o nosso trabalho) e pela entrada de Rafael Carvalho, assumindo com excelência o posto deixado. Mesmo diante de todo o transtorno causado por essa pandemia, com a impossibilidade de fazer apresentações ao vivo, não estamos parados, seguimos compondo e montando novas músicas para um novo disco que, com certeza, não surgirá num intervalo de tempo tão longo quanto foram os trabalhos anteriores. Let’s Doom!

Contatos:
[email protected]
www.facebook.com/ALBORDOOM

Entrevista: Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação, Floriosman Rocha

 
 
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