A primeira vez que tive contato com o a banda Sinal de Ataque foi num show, em praça pública, na minha cidade vizinha Timbaúba. Energia e uma musicalidade vigorosa foi o que a banda apresentou naquela oportunidade. E isso me chamou bastante a atenção. Assim, corri logo para ver se a banda tinha algo lançado e os seus integrantes me informaram que apenas um single na internet, mas que já estavam a gravar o seu disco de estreia. E o disco veio na forma de “Herdeiros”. A energia do Sinal de Ataque não ficou apenas para o palco... Recife Metal Law – Sobre o nome... Sinal de Ataque soa muito bem. Como surgiu a ideia para nomear a banda dessa forma?
Sinal de Ataque - A ideia é baseada numa temática militar. O nome Sinal de Ataque é basicamente um aviso ou prenúncio do perigo, uma ameaça, que também buscamos retratar em algumas músicas como “Dias de Sangue”, “Ceifador” e “Contra Ataque”, por exemplo.
Recife Metal Law – Surgida em 2015, a banda é, de certa forma, jovem, formada, também, por músicos jovens, mas fazendo um estilo que é calcado na década de 1980. Quais as principais influências usadas para o moldar o som de vocês?
Sinal de Ataque - A estética do nosso som é basicamente o que qualquer Headbanger ouve: Judas Priest, Accept, Saxon, por exemplo. Já a parte das composições puxamos para a influência do Heavy Metal nacional, toda a leva do fim dos anos 70 até os dias atuais. Bandas como Shock, Salário Mínimo e Stress foram importantes para gente formar a base do que é o Sinal de Ataque.
Recife Metal Law – Ao que parece, a banda surgiu como um projeto solo de Leo Felipe e, só depois, Victor Laudelino se juntou ao Sinal de Ataque. O que falta para fixar um terceiro ou quarto integrantes?
Sinal de Ataque - Ao longo desses anos tivemos uma grande rotatividade de membros e, na maioria dos casos, o principal motivo de nunca termos uma formação sólida foi a falta de comprometimento com o projeto. Posteriormente sentimos que nós (Victor e Leo) não dependíamos de mais gente para poder compor, gravar, produzir, etc. E assim vem sendo desde o lançamento de nosso ‘debut’; nós dois decidimos manter essa forma de trabalhar.
Recife Metal Law – Não só nome da banda, mas todas as letras contidas em “Herdeiros”, álbum de estreia, são em português. Isso foi uma forma de prosseguir o legado criado pelas pioneiras bandas brasileiras? Continuar essa saga, como fazem nomes como Comando Etílico, Harpago, Metal Comando, Flageladör, ou simplesmente porque fica mais fácil compor em português?
Sinal de Ataque - Sem dúvidas a ideia inicial era prestar as devidas homenagens ao Metal nacional. Poder dar sequência a esse legado está sendo uma consequência, pois não tínhamos toda essa pretensão no começo. Para nós é uma posição de grande responsabilidade e ficamos muito animados de poder fazer parte dessa nova página na história do Metal.
Recife Metal Law – Musicalmente, o Sinal de Ataque soa puramente Heavy Metal, com pequenos ‘toques’ do Speed Metal. Como foi o processo criativo até chegar em “Herdeiros”? Houve experiência anterior, com outras bandas, por parte dos músicos?
Sinal de Ataque - Grande parte das músicas em “Herdeiros” foram materiais escritos ao longo de anos. Antes do Sinal de Ataque ser criado, algumas chegaram a ser tocadas ao vivo em projetos passados de Leo, mas só tomaram sua forma final e foram devidamente gravadas enquanto Sinal de Ataque.
Recife Metal Law – O disco de estreia contém dez faixas, e é um álbum que cai no gosto de quem curte o estilo, de imediato. Não dá para ficar inerte ao ouvir músicas como “Herdeiros”, “Contra Ataque”, “Dias de Sangue”, “Guerreiros do Heavy Metal”... Mas, de forma geral, quais músicas estão tendo maior respaldo, seja frente ao público ou na mídia Underground?
Sinal de Ataque - A faixa-título teve uma atenção especial pelas mídias, acreditamos que por ter um sentimento simbólico nela. Também músicas como “Engrenagem do Mal” e “Contra Ataque” foram amplamente divulgadas, talvez por terem sido os dois singles lançados antes do álbum. Mas, no geral, percebemos que o álbum como um todo teve uma resposta bem equilibrada e isso, para nós, é ótimo!
Recife Metal Law – “Herdeiros” foi lançado em 2019 pela Bigorna Records. Como vem sendo a divulgação do álbum? A banda alcançou o que esperava com esse lançamento?
Sinal de Ataque - Como havíamos dito antes, esse álbum foi feito num momento em que não tínhamos tanta noção de como as coisas funcionavam, e o intuito era de apenas deixarmos um registro como realização pessoal. Gradualmente (após alguns ‘nãos’) as portas foram se abrindo para nós e muita gente comprou nossa ideia. Alcançamos uma visibilidade relativamente boa, e algo como ter o nosso álbum sendo vendido nos quatro cantos do Brasil e também fora é muito gratificante e surreal.
Recife Metal Law – A gravação está num bom patamar, sem “enfeites” ou grande produção (que na minha opinião só serve para “maquiar” e deixar um disco sem “feeling”). Gravado no Rawstrike Studio e Imperador Studio, o disco foi produzido pelos próprios integrantes da banda e, posteriormente, produzido e masterizado por Mad Ferreira. Por que vocês decidiram ficar à frente da produção?
Victor Laudelino - O álbum começou a ser gravado em estúdio entre 2017 e 2018, mas devido a questões logísticas e financeiras decidimos assumir a produção e parte das gravações que restavam. Ao longo do processo tivemos o imensurável apoio de Mad Ferreira, um cara que, além de um grande amigo nosso e com quem tive o prazer de dividir palco, também é um grande produtor musical da cidade de João Pessoa/PB, e dessa forma conseguimos um resultado bastante satisfatório em relação a sonoridade do CD.
Recife Metal Law – A capa, além de trazer um banger (inspirada no guitarrista/vocalista Leo Felipe, não foi?), com uma guitarra, faz menção à bandas como Shock, Comando Etílico, Flamenhell, entre outras. Achei bacana tal capa e homenagem. Fazer a capa nesses moldes foi com o intuito, mesmo, de prestar um tributo às bandas brasileiras?
Sinal de Ataque - Exato! A princípio o nosso álbum seria um EP (que chegou até a ser divulgado como tal) e esse material seria divulgado com a capa sendo uma fotografia do próprio Leo. Após a mudança de plano e a decisão de fazer um álbum e não o EP, surgiu a necessidade de transformar a capa em algo mais característico, e disso a foto se tornou o esboço para a capa que temos hoje, que é uma singela homenagem às bandas da nossa região, que nos inspiram de alguma forma.
Recife Metal Law – Falando em tributo, a letra da faixa-título também é um tributo...
Sinal de Ataque - Sem dúvida. Assim como mencionamos bandas na capa, também achamos justo fazer o mesmo em uma música. Ao invés de gravar um cover ou algo do tipo, foi mais legal citar nossas influências na letra de “Herdeiros”, pois é isso que nós e tantas outras bandas de nossa geração são.
Recife Metal Law – Com relação a décima faixa, ela se trata de uma gravação caseira e recebe o título de “Tributo a Daniel”. Quem foi Daniel?
Leo Felipe - Daniel foi um amigo que faleceu em 2007 quando ele tinha apenas 21 anos. Sonhava bastante com banda também e foi um grande incentivador para mim. O áudio foi retirado de um vídeo que ele fez pouco antes de morrer. Creio que tenha sido seu último registro. Eu queria que o sonho dele se realizasse e que sua música também fosse ouvida, por isso decidi colocar no disco como forma de homenagem para eternizar a memória dele.
Recife Metal Law – Mais recentemente o Sinal de Ataque lançou o single “Bloody Days”, cantado em inglês. O português será deixado de lado nas novas músicas?
Sinal de Ataque - Não! Gravamos uma versão em inglês dedicada a fãs de fora do país que sempre nos apoiam. Não temos pretensão de deixar de cantar em português. Inclusive, já existem novas composições para um novo material em português.
Recife Metal Law – A pandemia veio para, além de matar muitos brasileiro, com o auxílio de um (des) governo que pouco está ligando para vidas, mudar muitas coisas do nosso cotidiano. Uma dessas coisas foram os shows. Vocês chegaram a ter shows marcados para divulgar o álbum de estreia?
Sinal de Ataque - Tínhamos alguns shows marcados para 2020, que acabaram sendo cancelados ou remarcados para pós-pandemia. Mas, apesar disso, conseguimos vender bem nosso álbum durante o ‘lockdown’. As coisas ainda não estão totalmente boas para o cenário musical, mas já conseguimos ver uma luz e esperamos voltar aos palcos muito em breve e, possivelmente, divulgando trabalho novo!