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Entrevistas

ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
 

Recife Metal Law - O seu portal de informação!

 

DECOMPOSED GOD

 

Para se manter uma banda de Death Metal em atividades é algo que requer muito trabalho e persistência. Quando essa banda surge em terras nordestinas às dificuldades são ainda maiores, mas esses pequenos detalhes não fizeram com que o Decomposed God interrompesse sua carreira, que agora em 2009 chega há 18 anos! Apesar de uma inconstância na formação, a banda se manteve ativa por todos esses anos, seja participando de coletâneas, fazendo shows e lançando materiais, entre eles o ‘debut’ álbum “The Last Prayer” e o mais novo lançamento, “Bestiality”. Ano passado a banda se sagrou vencedora da etapa do Metal Battle ocorrida em Recife, o que a credenciou a fazer a grande final em São Paulo. Outro fato importante para a banda, além do lançamento do segundo álbum (mesmo com atraso em sua entrega), foi de ter dividido o palco com o lendário Possessed, numa noite inesquecível para os admiradores do Death Metal. Atualmente a formação está firme e forte e o Decomposed God vem divulgando o seu novo álbum. Além da divulgação, os shows vêm acontecendo com certa freqüência, e um deles será no reconhecido festival Abril Pro Rock, numa noite que contará, entre outras bandas, com o lendário Motörhead. Agora com a palavra Marco Duarte...

 

Recife Metal Law – O Decomposed God surgiu no longínquo ano de 1991 e se mantém firme por 18 anos, apesar da inconstância em sua formação. Por que é tão difícil manter uma formação sólida na banda?

Marco Duarte – Bom, antes de tudo, quero agradecer pelo apoio ao Decomposed God. É verdade, são 18 anos de batalha e muita dedicação ao Metal através do Decomposed God. Conseguimos evoluir com as mudanças, pois sempre procuramos pessoas dispostas a trabalhar pela banda e lógico que sempre encontramos. Algumas pessoas acham que já tem um plano de vida traçado, mas quando enxergam que não vivemos num mundo perfeito e fácil, desistem. Trabalhamos muito, temos muita dedicação e determinação. Fazemos sacrifícios todos os dias em nome do Decomposed God e nem todos estão interessados nisso. Alguns ex-membros da banda são nossos amigos e ainda, de uma forma ou de outra, nos apóiam, mesmo a distância. As mudanças aconteceram com o passar dos anos e algumas eram esperadas. Vivemos num eterno processo de mudança, faz parte da vida. Hoje não somos os mesmos que éramos ontem. Os acontecimentos negativos serviram para aprendermos sobre a vida e conhecermos as pessoas. Ao mesmo tempo em que foram importantes por esses motivos são completamente descartáveis, assim como seus protagonistas. O mais importante é pensar e olhar para frente. Nossa formação está estabilizada o que tem nos dado condições de concretizar nossos planos. Hoje a banda é: André Valongueiro (vocal), Marco Duarte (guitarra), Jean Marcel (baixo) e Wagner Campos (bateria).

 

Recife Metal Law – Acho que o posto que mais sofreu alterações foi o de vocalista, sendo que vocês agora contam com André Valongueiro nesse posto. Seria o ‘line up’ atual o ideal e definitivo?

Marco – Não posso dizer que é definitivo, pois estamos lidando com pessoas e, como disse antes, mudamos toda hora e não dá para prever os caminhos que as pessoas escolhem a seguir. Mas, sem dúvida, estamos em um momento muito produtivo e com isso o Decomposed God tem crescido bastante.

 

Recife Metal Law – O primeiro álbum, “The Last Prayer”, foi lançado em 2000. Depois de oito anos, como vocês analisam a importância desse álbum para a carreira do Decomposed God?

Marco – Todo lançamento foi importante para nós, pois eles sempre nos trouxeram grandes oportunidades. O “The Last Prayer” não teve a devida produção, mas foi o que pudemos fazer na época. Mesmo assim conseguimos chegar bem longe com ele.

 

Recife Metal Law – Noto que há um grande espaço de tempo entre cada lançamento: a Demo “The Key of Immortality” foi lançada em 1992; o ‘debut’ em 2000 e o segundo álbum só foi lançado agora em 2008. A que se deve esse intervalo de tempo entre cada lançamento?

Marco – “Key of Immortality” foi lançada em 1992 e o “The Last Prayer” em 2000, mas nesse intervalo tivemos muitos outros lançamentos. Participamos da coletânea “Noise Core – Death is Just the End...”; lançamos a Demo “Dawn of Celestial Shadows” em 1994, e em 1995 fizemos parte do “Omnisciens – Tributo ao Dorsal Atlântica” e ainda lançamos uma Promo Tape chamada “Choir of the Tormented Spirit”. O Decomposed God está sempre na ativa; não paramos de produzir nunca. Entre o “The Last Prayer” e o “Bestiality” lançamos, em 2003, uma Promo com três faixas e ano passado saiu o “Bestiality”. Sofremos com várias mudanças de formação e que sempre nos atrapalharam. Além do fato de sermos uma banda Underground e não contarmos com o suporte de um grande selo e um bom esquema de divulgação.

 

Recife Metal Law – “Bestiality” é o mais novo lançamento de vocês. Antes do lançamento desse álbum vocês tiveram problemas com a fábrica que prensou os CDs, e o álbum deveria estar nas mãos da banda em julho desse ano. O que de fato aconteceu para o atraso? Esse atraso causou algum problema pra vocês?

Marco – Na verdade, era para termos recebido o álbum em maio do ano passado. A “CD+” nos criou um grande problema, pois atrasou a entrega em cinco meses. Total falta de responsabilidade. Hoje a empresa faliu, o que é uma grande conquista para o consumidor que não fica sujeito a desonestidade dessas pessoas. O grande problema é que tínhamos um planejamento e foi todo desfeito por conta dessa demora. Mas tudo já está se normalizando e em breve estaremos na estrada divulgando o “Bestiality”.

 

Recife Metal Law – Esse álbum contém dez músicas, sendo que “Prelude to...” é uma espécie de intermezzo para “... Kill the Bastard”, e “Despiser of Icons” e “Aversion” são instrumentais. Ao todo o álbum possui menos de trinta minutos de música. Isso foi algo pré-estabelecido pela banda? Há alguma música que ficou de fora desse lançamento?

Marco – Nada foi premeditado com relação a tempo de CD ou quantidade de faixas, apenas nos concentramos em fazer o melhor possível. Não enchemos nossos olhos com quantidade, o que nos interessa é qualidade. Ficamos muito satisfeitos com o resultado final e isso é o que importa. Com relação às faixas que você citou, mesmo sendo instrumentais, são músicas, e tiveram o mesmo trabalho de criatividade e cuidado na produção. Não as fizemos para encher lingüiça, foram músicas compostas para o CD como todas as outras.

 

Recife Metal Law – Com relação às músicas, podemos ouvir um poderoso Death Metal, e uma banda que demonstra ser a mais importante no seu estilo na cena Pernambucana. Seria esse disco um passo dado para que vocês sejam reconhecidos como uma das mais importantes bandas de Death em atividade no Brasil?

Marco – Obrigado pelas palavras, mas não almejamos isso. Não estamos atrás de reconhecimento algum, apenas lançamos um disco da melhor forma que pudemos. Estamos em atividade há 18 anos e temos força para continuar pelo resto de nossas vidas; não vivemos nem trabalhamos para sermos reconhecidos. O Decomposed God existe por uma paixão própria. Agora, se muitos fãs de Metal gostam e se identificam, ótimo. Mas isso é algo natural e não premeditado. Não construímos um produto para ser vendido. Fazemos o Decomposed God por satisfação.

 

Recife Metal Law – Apesar de ser adepta do Death Metal, o Decomposed God se preocupou em mostrar um trabalho que traz momentos de maior ‘lucidez’, por assim dizer, como no caso da instrumental “Despiser of Icons”. Essa mescla foi algo intencional para se distanciar, um pouco, dos clichês do estilo?

Marco – O único intuito que temos quando compomos algo é atingir nossa satisfação pessoal. O Decomposed God não é uma banda comercial que segue tendências. Somos uma banda de Death Metal! Não nos preocupamos em como vão receber nossa música, fazemos aquilo que sentimos, nossa música transmite nossa verdade.

 

Recife Metal Law – “Decomposed God” é a faixa que abre o disco, sendo, também (é óbvio), o nome da banda. Qual a razão para se ter uma música no álbum que dá nome a banda? Do que a letra da mesma fala?

Marco – A música Decomposed God retrata o nosso estilo musical – Death Metal - e sua letra reflete o que pensamos sobre o nada chamado Deus. Não que as outras faixas não demonstrem isso, muito pelo contrário, sendo que Decomposed God foi a união perfeita entre uma música poderosa e uma letra direta no alvo que costumamos atingir. A letra fala de uma criação desoladora, covarde, de palavras decadentes, que serve apenas como ferramenta para que hipócritas consigam ter vidinhas e consciências ‘tranqüilas’. O homem não admite sua condição de ser apenas mais um elemento dentro de um imenso universo, por isso vive querendo dar supremacia a suas invenções. O homem criou Deus para que Deus pudesse criar o homem, colocando Deus como um ser divino o homem torna-se importante, por ter sido criado por um ser ‘divino’. A humanidade, em sua maioria, possui uma alta baixa estima. Essa música não poderia ter outro nome.

 

Recife Metal Law – Há grandes destaques nesse álbum. Posso citar, facilmente, quatro deles aqui: “Pestholy”, “Bestiality”, “... Kill the Bastard” e “No Gods”. Há alguma música em especial que vocês gostariam de destacar?

Marco – Todas as dez músicas do “Bestiality” são muito importantes para nós e foram todas tratadas com o mesmo cuidado na produção.

 

Recife Metal Law – A capa veio cheia de detalhes, porém o logotipo da banda ganhou grande espaço na mesma. Por que foi dada tanta ênfase no logotipo?

Marco – Apesar do logo estar em destaque ele permanece em harmonia com o restante da arte. Desde o princípio queríamos colocar o logo em primeiro plano; passamos a uma idéia pro Alcides “Burn” e ele veio com essa arte matadora. Não teve nada demais, apenas colocamos o logo com mais destaque.

 

Recife Metal Law – Esse álbum foi lançado via Gallery Productions de Fortaleza/CE, e vem sendo vendido a um preço bem abaixo do mercado. Como banda e selo conseguiram baratear o custo final do CD?

Marco – Não temos uma visão capitalista. Não é nosso interesse extorquir as pessoas. Queremos que todos tenham acesso ao nosso trabalho. Infelizmente não temos condições de vender o CD ainda mais barato ou até mesmo distribuir gratuitamente. Nós compusemos, mas a obra é para que todos tenham acesso.

 

Recife Metal Law – Em maio do ano passado o Decomposed God foi o vitorioso na seletiva do Wacken Metal Battle – Etapa Recife, chegando a se apresentar na final, em São Paulo. A banda foi com chances de se sagrar vitoriosa na final dessa seletiva, que escolheu uma banda brasileira para se apresentar no Wacken Open Air, na Alemanha?

Marco – A seletiva de Pernambuco foi muito foda, pois reuniu cinco boas bandas de estilos diferentes dentro do Metal. Foi um grande show e quem esteve presente não esquecerá jamais. Fomos a São Paulo, tocamos e levantamos a bandeira do Metal Pernambucano com muito orgulho. Fizemos o nosso melhor e mostramos que o Nordeste está cada dia mais forte.

 

Recife Metal Law – Com relação ao show, em si, como a banda foi recebida pelo público do sudeste?

Marco – O show foi muito bom e dividimos o palco com bandas de todo o Brasil. Fizemos novos amigos e reencontramos outros antigos. O público presente gostou bastante. Foi muito válido para nós.

 

Recife Metal Law – A banda já tocou ao lado de grandes nomes do Metal mundial (Krisiun, Sepultura, Headhunter D.C., Torture Squad, Possessed, Vulcano, Incantation, Dorsal Atlântica, etc.), além de ter se apresentado no reconhecido Abril Pro Rock. Algum desses shows teve um sabor especial pra vocês?

Marco – Todos os shows foram muito bons e válidos para o Decomposed God. Tocar com grandes bandas e em grandes shows, como o Abril Pro Rock, sempre traz muita força para a banda. Mas, tocar em locais menores e com bandas de menos reconhecimento também é sempre muito bom, pois a energia é diferente. O contato com o público insano é direto. Sempre tocamos da melhor forma possível, independente da estrutura ou das bandas que dividimos o palco, pois, antes de tudo, o Decomposed God continua com a mesma energia e isso é o que move a banda.

 

Recife Metal Law – Por falar em Abril Pro Rock, esse ano a banda foi novamente escalada para tocar no evento. Acho que é a primeira vez que uma banda de Metal pernambucana toca por duas vezes no festival. Como surgiu o convite para essa nova apresentação?

Marco – É muito bom voltar a tocar no Abril Pro Rock e neste ano tem algo especial, pois, além de ser o primeiro show em Pernambuco, após o lançamento de “Bestiality”, estaremos tocando ao lado do Motörhead. Será foda! Realmente o Decomposed God é a primeira banda de Metal pernambucana a tocar duas vezes no festival. Isso é resultado de muito trabalho e empenho. Não paramos de trabalhar nunca. Segundo a produção do evento, eles tiveram dificuldades para encontrar uma banda de Metal em Pernambuco que estivesse com um trabalho novo e quando souberam que o Decomposed God tinha acabado de lançar o “Bestiality” nos convidaram de imediato.

 

Recife Metal Law – Como já mencionado, esse ano vocês tocarão com nada menos que o lendário Motörhead. Há algum sentimento especial em poder tocar no mesmo evento com Lemmy e sua trupe?

Marco – Lógico que tocar com o Motörhead será marcante. Todos gostam muito da banda e tocar na mesma noite que eles será ótimo!

 

Recife Metal Law – Apesar do tempo de apresentação não ser tão longo, o Decomposed God pretende fazer algo especial em seu ‘set list’?

Marco – Não teremos muito tempo, pois é um festival com várias bandas se apresentando. Nosso ‘set’ será baseado no “Bestiality”, mas também tocaremos algumas faixas do “The Last Prayer”.

 

Recife Metal Law – Da última vez que o Krisiun tocou em Pernambuco, a única exigência que a banda fez foi de ter o Decomposed God como sendo uma das bandas de abertura. Qual a relação entre Decomposed God e Krisiun. Os caras do Krisiun acompanham a carreira do Decomposed God?

Marco – Nossa amizade com o Krisiun vem de mais de uma década e ter acontecido isso só prova que os caras continuam com a mesma humildade de sempre. Pois, mesmo sendo uma banda bastante reconhecida no Death Metal mundial, se preocuparam e reconheceram o trabalho de uma banda Underground que vem batalhando na cena há anos. Sempre trocamos uns recados pela internet; eles são bastante ocupados e nós também. Mas sempre nos falamos.

 

Recife Metal Law – Na maioria dos shows que eu vou, sempre vejo os integrantes do Decomposed God nos mesmos, seja ele de Metal Extremo ou Melódico, de grande ou pequeno porte. Ainda existe um grande separatismo entre fãs de cada estilo (Melódico e Extremo), em minha opinião um radicalismo desnecessário. Como vocês analisam esse separatismo? Ele traz algo benéfico para a cena Heavy Metal em geral?

Marco – Procuramos ir a todos os shows que pudemos por um simples motivo: temos o Heavy Metal no sangue! Temos uma banda de Death Metal, mas não é o único estilo que escutamos. Gostamos de muita coisa, inclusive muita coisa fora do Metal também. Acho que é algo lógico, quando separa, divide, enfraquece. Não precisamos disso! Nosso intuito é que a cena cresça e se isso acontecer será bom para todos. Ouço muita gente dizer: não vou pra esse show por que não gosto dessa ou daquela banda. Aí o produtor tem um puta prejuízo e não vai fazer mais shows e você perde a chance de ver um show da banda que você gosta. Simples. Falta maturidade na cena. As pessoas precisam falar menos e trabalhar mais.

 

Recife Metal Law – A banda vem trabalhando na divulgação de “Bestiality”, que ainda está no começo. De que forma vocês irão trabalhar para divulgar esse álbum e quais os próximos passos a serem seguidos pelo Decomposed God?

Marco – Realmente, acabamos de lançar o “Bestiality”. Ainda estamos no começo do processo de divulgação do álbum, mas a primeira prensagem já está próxima do fim. Acho que até o mês de julho teremos que pedir outra tiragem. A divulgação mais eficaz é através de shows e é isso que estamos planejando: fazer muitos shows para que as pessoas conheçam não só o CD, mas a banda no palco.

 

Contatos: Caixa Postal 4710. Recife/PE. CEP: 51.111-970.

Site: www.myspace.com/decomposedgod

E-mail: [email protected]

 

Entrevista por Valterlir Mendes

Fotos: Divulgação e Valterlir Mendes

 
 
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