Com três álbuns de estúdio lançados, um que está por vir, e um ao vivo, a banda Andralls está na ativa há 11 anos, destilando com fúria seu inconfundível Fasthrash. Recentemente a banda passou por mudanças na formação, mas isso não chegou a abalar suas estruturas. Agora no formato ‘power trio’, com Cleber Orsioli (guitarra e vocais – também Postwar), Eddie C. (baixo) e Alexandre “Xandão” Brito (bateria), o Andralls continua trabalhando arduamente, e após longos quatro anos soltará seu mais novo álbum, intitulado apenas “Andralls”, além de já está com um DVD ‘na agulha’ para breve lançamento. A banda, mais uma vez, fará uma tour em território brasileiro, dessa vez intitulada “Let’s Kill Again” e, aproveitando que a banda novamente passará em solo pernambucano, fiz uma entrevista, que foi atenciosamente respondida pelo baterista Xandão, que nos falou sobre o novo álbum, a tour, saída de integrante, entre outros tópicos. Confiram...
Recife Metal Law – Depois de três álbuns de estúdio lançados e dois ‘ao vivo’, como vem sendo a aceitação do público ao som do Andralls?
Alexandre “Xandão” Brito – Cara, na verdade a gente só tem um ‘ao vivo’, pois o CD ao vivo que sairia terminou nem saindo (se referindo ao “Noiséthrash Alive”), mas a aceitação do público tem sido muito boa. Fizemos bastantes shows durante esse período e sempre fomos muito bem recebidos por onde passamos.
Recife Metal Law – O último álbum de estúdio foi “Inner Trauma” (o qual estou ouvindo neste exato momento), lançado em 2005. Qual foi a repercussão desse álbum, tanto na mídia especializada quanto junto ao público?
Xandão – A repercussão foi a melhor possível, pois nos proporcionou tocar em vários lugares que gostaríamos de tocar, e quanto a mídia especializada, também foi boa a repercussão; demos bastantes entrevistas nesse período e recebemos ótimas críticas com relação ao álbum.
Recife Metal Law – O próximo álbum de vocês em breve será lançado. O título do novo lançamento é simplesmente “Andralls”. Existe uma razão especial para o título de esse álbum ser homônimo a banda?
Xandão – Quando começamos a escrever esse disco tivemos a idéia de fazer um disco que fosse realmente a cara da banda; com músicas que os fãs ouvissem e de imediato já sacassem que era o Andralls que tava ali, e no final do período das composições, tanto de músicas quanto de letras, percebemos que ele realmente estava a cara do Andralls. Então decidimos não dar nome ao disco e deixar simplesmente “Andralls”, e garantimos que não tem nome mais apropriado pra esse disco! (risos)
Recife Metal Law – Do último álbum de estúdio para esse novo foram quatro anos. De que forma foram criadas as músicas nesse período e como elas foram trabalhadas para estarem presentes no novo trabalho?
Xandão – A gente sempre costuma trabalhar da mesma maneira com relação as composições. Normalmente as idéias vem das guitarras, que trazem já alguns riffs prontos e eu vou colocando a batera, ou eu tenho algumas idéias de riffs também e eles de batera, e assim por diante. Isso sempre fazendo jams e vendo onde se encaixam melhor as coisas, e todo mundo se envolvendo no processo de composição, opinando nos instrumentos um dos outros. Acho que é isso que dá uma sonoridade forte pra gente. Depois desse processo a gente entra com as letras e as linhas de voz; vai ensaiando e moldando as músicas até chegarem ao ponto que a gente acha que ‘tá legal.
Recife Metal Law – Esse álbum contará com quantas músicas e quais delas, tu achas, terão maior respaldo frente ao público?
Xandão – O disco terá 12 músicas e, sinceramente, eu nunca acerto quais músicas que a galera vai ‘pirar’ mais. É difícil dizer isso porque o gosto das pessoas é muito variado. A gente, às vezes, gosta de umas músicas e a galera ‘pira’ em outras. Acho que o importante é o disco, no geral, ser bom, a galera curtir e ouvir o disco todo. É claro que sempre vão gostar mais de uma música do que de outra, mas essa parte eu deixo pros fãs escolherem. (risos)
Recife Metal Law – O Andralls fez diversos shows, e já rodou o país algumas vezes, desde o seu surgimento. Como é poder excursionar em um país de dimensões continentais como o nosso e quais foram os fatos mais curiosos nessas viagens da banda?
Xandão – É sempre muito bom viajar e poder tocar, ainda mais pelo nosso país, que é um país com uma riqueza cultural gigantesca. Porém é uma coisa bem cansativa, pois você está pulando de cidade em cidade, numa correria lascada, na grande maioria das vezes viajando de ônibus por essas estradas do Brasil, que todo mundo sabe que são perigosíssimas; tendo que tocar e cuidar das coisas que envolvem um show e tendo que fazer um show bom, porque as pessoas estão pagando pra te ver. Mas é muito bom rever os camaradas, tocar, enfim, fazer o Rock rolar, né? Se eu for citar os fatos curiosos acho que passo um dia inteiro escrevendo aqui, já que numa turnê o que mais acontece são os fatos curiosos. (risos) Mas lembrei de um rápido aqui: a gente estava viajando pelo interior do Nordeste, e em uma parada de ônibus, numa rodoviária de alguma cidadezinha que não me recordo o nome agora, o Alex desceu do ônibus, sem camisa, num calor de uns 40 graus, e veio uma senhora, com um olho de vidro e uma cara de doida, e mandou o Alex colocar a camiseta dele. A razão: o delegado da cidade não gostava que os homens tirassem a camiseta. O Alex, creio eu, ficou com mais medo da ‘véia’ do que do delegado e optou por colocar a camiseta e subir de volta pro ônibus. (risos)
Recife Metal Law – Além do território nacional, a banda já fez turnê na Europa e América do Sul. Quais são as diferenças básicas em tocar num continente como a Europa e em países da América do Sul?
Xandão – Acho que a diferença básica é com relação a organização das coisas. Na Europa é tudo bem mais organizado do que a grande maioria dos lugares daqui. ‘Tá certo que aqui temos alguns produtores de shows que trabalham direitinho, mas no geral é tudo muito ‘largado’. Também considero que o lance da grana melhore muito as coisas nesses aspectos, pois a pessoa que vai a um show lá tem condições de comprar uma camiseta da banda, um CD ou todas as camisetas da banda e todos os CDs numa paulada só! Aqui não. A galera já faz um esforço danado pra poder comprar o ingresso, ir lá tomar uma bebida, comprar um CD... Isso influencia bastante também. Mas pra banda, em cima do palco mesmo, é praticamente tudo igual. Nós tocamos com a mesma vontade e faz o mesmo show.
Recife Metal Law – Um dos problemas enfrentados pelo Andralls foi à saída do vocalista/guitarrista Alex Coelho, que numa primeira vez chegou a sair meio que ‘brigado’ da banda. Um tempo depois ele retornou e esse ano novamente saiu da banda. O que de fato aconteceu para essas idas e vindas do Alex?
Xandão – Olha só, eu não vou ser hipócrita e mentir para vocês. Poderia falar que a relação dele com a banda já estava desgastada ou que ele não agüentava mais ir para a estrada. Enfim, qualquer dessas baboseiras. Mas o grande motivo que levou o Alex a sair da banda foi mulher! Isso das duas vezes e com mulheres diferentes! (risos) Ou seja, ele começou a namorar uma garota e pouco tempo antes do lançamento do disco e de começarmos a fazer as turnês de divulgação ele optou por sair da banda pra poder ficar mais tempo com a namorada dele e, sei lá, se vai casar se não vai... Enfim, saiu da banda porque a namorada dele não queria que ele ficasse viajando. Então eu e o Eddie decidimos colocar outro cara na banda e ir cumprir os compromissos que temos com os nossos fãs, com a nossa gravadora (Freemind/Distro Rock) e com os contratantes que já tínhamos fechados os shows; e tocarmos o barco para frente, afinal eu e o Ed já tocamos juntos a mais ou menos uns 15 anos e não seria justo da nossa parte acabar a banda só porque o Alex queria ficar com a namorada dele.
Recife Metal Law – Com a saída do Alex foi recrutado o vocalista/guitarrista Cleber Orsioli (Postwar). Como vocês chegaram até o Cleber e como tem sido a adaptação do mesmo ao ritmo de trabalho do Andralls?
Xandão – A adaptação dele tem sido a melhor possível. Estamos num ritmo de ensaio violento e já estamos com o show prontinho para essa turnê, só esperando a hora de começar! O Cleber é um cara bem dedicado e pegou as músicas em um período relativamente rápido, o que nos deixou bastante contente, pois somos bem exigentes nesse aspecto.
Recife Metal Law – Cleber chegou a participar na composição de alguma música do novo álbum?
Xandão – Não!
Recife Metal Law – A formação atual é no formato ‘power trio’. Sempre achei a sonoridade do Andralls dirigida para duas guitarras. Com essa redução na formação não se corre o risco do som de vocês perder a intensidade e fúria ao vivo?
Xandão – A gente já vem tocando nesse formato há um bom tempo, mesmo quando o Alex ainda estava na banda. Fizemos vários shows como ‘power trio’, e a galera tem gostado muito do resultado. Garantimos a todos que a intensidade e a fúria dos shows do Andralls estão totalmente intactas, e podem esperar por um show agressivo da banda!
Recife Metal Law – Além do lançamento do novo álbum, vocês já trabalham no primeiro DVD da banda. Esse DVD será um determinado show, filmado de forma planejada, ou vocês pretendem adicionar diversas imagens de shows ao mesmo? Fale um pouco mais a respeito...
Xandão – Esse DVD contém um show inteiro, gravado com quatro câmeras e áudio muito bom, que ocorreu aqui em São Paulo em um evento chamado BMU. Também contém vários extras, com imagens de vários outros shows; nós gravando o “Inner Trauma”; dois vídeos- clipes... Enfim, tem uma hora e meia de vídeo, além de diversas fotos. Esse material já está pronto, na mão da gravadora Marquee Records, só esperando ele mandar pra fábrica.
Recife Metal Law – Em julho, pela terceira vez, o Andralls estará tocando em solo Pernambucano. Dessa vez ao lado de bandas lendárias como o americano Omen e a baiana Headhunter D.C., além da novata Strikemaster (México). Dos três shows feitos por aqui pude presenciar dois deles, e quase não saio inteiro dos mesmos. O que o público pernambucano pode aguardar dessa nova vinda do Andralls?
Xandão – Ele (o público) pode esperar o melhor show que o Andralls já fez em terras Pernambucanas! Estamos renovados e com ‘sangue nos zóio’ pra botar pra fuder nessa tour! Pra gente será uma honra poder tocar pra galera daí mais uma vez!
Recife Metal Law – Fim da entrevista. Deixem um recado para os leitores do Recife Metal Law...
Xandão – A gente agradece o apoio de todos e contamos com a galera em peso no show do dia 03 de julho em Recife! É isso aí galera, um grande abraço! Stay Fasthrash!
Site: www.myspace.com/andralls
E-mail: [email protected]
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação