Surgida há catorze anos, a Vulture já lançou diversas Demos no Underground, além de dois álbuns de estúdio, sendo o mais recente “Through The Eyes Of Vulture”. Tais lançamentos abriram diversas portas para a banda que, além de shows como headliners, proporcionou à banda a abertura para bandas como Belphegor, Incantation e Dark Funeral. Curiosamente a banda tem em sua formação quatro irmãos, separado em duplas: Adauto M. Xavier (vocal e guitarra) e André M. Xavier (bateria) e Yuri Schumann (guitarra) e Max Schumann (baixo), formação esta que está junta desde 2005, e que foi responsável pela gravação dos dois álbuns de estúdio. A banda procura fazer um Death Metal, o qual tem bastante influência do Heavy Metal, principalmente nas melodias de guitarra. As letras são ásperas, como o estilo pede, e tratam de diversos assuntos do cotidiano e repúdio as religiões em geral. Na entrevista a seguir Adauto nos fala mais um pouco sobre a banda e o recente lançamento.
Recife Metal Law – Como foi à recepção do público ao primeiro álbum do Vulture, o “Test of Fire”?
Adauto Xavier – Foi muito boa! Esse álbum representou muito para nós; o final de uma década e o início de outra. Hoje temos muito mais convites para shows, entrevistas; os bangers compram os nossos CDs e cantam as músicas nos shows. Acredito que agora estamos começando a colher o que plantamos nesses quase 15 anos de batalha.
Recife Metal Law – Com relação a esse álbum, ele atingiu a meta que vocês tinham inicialmente pra banda?
Adauto – Eu particularmente não esperava que esse álbum fosse mudar muita coisa, mas me surpreendi quando começaram a surgir os shows muitos como banda principal; várias resenhas positivas, entrevistas, bangers pedindo para autografar o CD, para tirar foto, comprando camisetas... Isso tudo foi além das nossas expectativas.
Recife Metal Law – Esse álbum teve apenas quinhentas cópias lançadas. Ele chegou a ser relançado? Como foi o trabalho de divulgação da Die Hard?
Adauto – Esse foi o ponto negativo: as cópias logo se acabaram e ainda não houve uma nova prensagem, agora estamos tocando e divulgando o álbum novo, mas tem sempre pessoas querendo comprar o primeiro e nós infelizmente não temos. Vamos batalhar para uma nova prensagem deste material. O trabalho da Die Hard foi muito bom para nós, pois além da divulgação na própria loja da Die Hard, houve também páginas em revistas, o que para nós foi inédito.
Recife Metal Law – Falando na Die Hard Records, ela fez o lançamento do novo álbum, “Through the Eyes of Vulture”. Sei que inicialmente vocês estavam com certa dificuldade para fazer o lançamento desse novo disco. Como surgiu a oportunidade de novamente trabalhar com a Die Hard?
Adauto – Desta vez não houve muita dificuldade, as portas da Die Hard já estavam abertas para nós. Demorou um pouco para sair, pois nós queríamos estudar novas possibilidades, inclusive o lançamento do álbum no exterior, mas no fim optamos por manter a parceria com a Die Hard.
Recife Metal Law – E como foi todo o processo de composição do novo álbum? Há alguma música nesse novo trabalho que foi alguma espécie de sobra do ‘debut’?
Adauto – O processo foi bem tranqüilo, da forma que já estamos acostumados. Fui compondo e gravando as músicas no computador, depois monto a linha de bateria junto com o André e finalizamos com o Yuri e com o Max. Quando vimos já haviam umas 15 músicas prontas! Tivemos que deixar algumas de fora novamente. Material para lançar um B-side é o que não falta. (risos)
Recife Metal Law – Novamente em um lançamento do Vulture há uma música em português. “Abençoado Seja o Homem Ateu” é um verdadeiro ataque ao cristianismo, mas feito de forma bem inteligente. De que forma foi trabalhada a letra dessa música?
Adauto – A idéia que tive foi de satirizar a mania que os cristãos têm de achar que tudo o que acontece na vida deles é graças a Deus e não graças a eles próprios. Então mostramos que se Deus influencia diretamente em tudo o que acontece no mundo: as coisas ruins que acontecem também são graças a ele, ou seja, no fundo são as coisas resultantes de ações do próprio homem, do que ele planta e colhe para sua vida, coisas boas ou ruins.
Recife Metal Law – Falamos sobre a recepção do primeiro álbum. E com relação ao novo trabalho, como está sendo aceito, tanto pelo público como pela mídia especializada?
Adauto – Já estão saindo ótimas resenhas e estamos vendendo muitos CDs em nossos shows; recebemos muitos elogios quando fizemos o pré-lançamento no Myspace e eles continuam a chegarem por cartas e e-mails. Está sendo muito positiva a recepção deste álbum.
Há planos de uma tour de divulgação desse álbum “Through the Eyes of Vulture”, ou vocês preferem focar os shows no Estado de São Paulo?
Adauto – Já estamos fazendo vários shows dentro e fora do Estado de São Paulo, cidades distantes como Cuiabá e Campo Grande; queremos desta vez fazer algumas datas no Nordeste. Estamos estudando a abertura de alguns shows como God Dethroned, Malevolent Creation e Krisiun. Está sendo bem prazeroso cair na estrada!
A parte gráfica foi muito bem cuidada. Constatei diversas imagens no encarte, como fábricas poluindo o meio ambiente, as torres gêmeas em chamas, cidades alagadas, a figura de uma caveira com as vestes do papa... Há alguma ligação entre essas figuras e as letras ou até mesmo com a capa?
Adauto – Tem ligação com a idéia principal que tentamos passar neste álbum: a falta de respeito dos homens com a natureza e com os próprios homens, sempre de forma egoísta, tentando manipular o mundo e as pessoas para seu próprio benefício.
A capa mostra um abutre observando uma cidade sendo devastada. Qual a verdadeira mensagem que vocês quiseram mostrar com essa capa?
Adauto – Essa capa parece estar representando o futuro para o qual a humanidade está caminhando, mas na verdade ela representa o nosso presente. São acontecimentos do nosso dia a dia, mas que acontecem e são divulgados de forma isolada e por isso não temos esta visão catastrófica que o abutre tem. Todos os dias vemos notícias de guerras, conflitos sociais, corrupção, testes nucleares, tornados, enchentes, aquecimento global, miséria, mas não conseguimos juntar tudo e ver o quão doente o mundo está, não damos a devida importância, pois não acreditamos que isso influencie diretamente em nossas vidas. Aquele velho pensamento medíocre egoísta: “se não me atrapalha, não é problema meu”. Mas enfim, “graças a deus” que o mundo está assim não é? (risos)
Agora espaço aberto para você fazer a propaganda do novo álbum do Vulture... (risos)
Adauto – Gostaria de primeiramente te agradecer, Valterlir, pela força que sempre nos deu em todos esses anos. Você faz um ótimo trabalho e as bandas sabem bem o quanto ele é importante. Gostaria de agradecer também a todos que estão acompanhando o Vulture, seja em shows, pela internet, pelos zines e revistas. Nunca tivemos a pretensão de ganhar um centavo com essa banda, só queremos é que todos conheçam nossas músicas. Quem puder que compre nosso material, quem não puder que baixe na internet ou escute no Myspace. Valeu pela força! Um grande abraço!
Contatos: A/C Adauto M. Xavier. Rua Major Antonio Arruda de Moraes, 512 – Vila Orestes. Itapetininga/SP. CEP: 18.212-030.
Entrevista por Valterlir Mendes
Fotos: Divulgação