Com um nome bem peculiar, o Vomepotro surgiu em São Paulo, capital, no ano de 1996, promovendo desde então uma verdadeira carnificina musical, com lançamentos para deixar os mais desavisados desconcertados. Antes dos dois álbuns de estúdio, a banda lançou quatro Demos, que serviram para fixar o nome da banda como uma das mais violentas, quando se fala em Death Metal nacional. O respaldo desses lançamentos foi tão bom, que a banda lançou seus dois álbuns por selos ‘gringos’, sendo que o último, “Liturgy of Dissection”, foi lançado recentemente. Apesar de uma baixa em sua formação, a qual será mencionada na entrevista a seguir, a banda continua fazendo shows e divulgando o mais recente álbum. Com a palavra o guitarrista Cristiano Martinez.
Recife Metal Law – “Zombie Gore Vomit” foi lançado em 2006, e divulgado durante três anos. Após esse período, como a banda analisa a repercussão desse material, tanto no Brasil como no exterior?
Cristiano Martinez – Antes de qualquer coisa, eu gostaria, em nome da banda, de mandar um abraço a todos os leitores deste grande veículo Underground chamado Recife Metal Law! A repercussão do álbum foi relativamente boa e acredito que ela nos ajudou, de certa forma, a assinar com a Sevared Recs. A imprensa em geral falou bem do álbum e recebemos muitas mensagens dos ‘deathbangers’, não só do Brasil como do exterior, o elogiando também.
Recife Metal Law – Esse álbum foi lançado por um selo estrangeiro, Obscure Domain Productions. Sendo assim, houve algum convite de produtores de outros países, principalmente da Europa, para que a banda se apresentasse por aqueles lados?
Cristiano – Na verdade recebemos muitas mensagens de pessoas que ouviram o álbum e gostariam de nos ver por lá, mas nada concreto. De certa forma o ‘debut’ CD era nosso cartão de visita e seguimos divulgando a banda para o máximo de veículos especializados possíveis. Na época a Obscure Domain também estava começando e não tinha recursos para isso, pois ter uma banda na estrada exige dinheiro, pois são muitos gastos.
Recife Metal Law – Agora em 2009 foi à vez de a banda lançar seu segundo álbum, “Liturgy of Dissection”, novamente por um selo estrangeiro, Sevared Records. Por que os lançamentos do Vomepotro nunca são lançados por selos brasileiros?
Cristiano – É engraçado porque nada é planejado. Quando assinamos com a Obscure Domain foi à união do útil ao agradável; estávamos divulgando nossa Demo “List of the Dead” para muitos zines daqui do Brasil e exterior; os caras da Obscure Domain tinham um zine chamado Unholy Terror e receberam uma cópia da Demo; eles adoraram o material e nos propuseram um contrato, até porque estavam montando a gravadora. O álbum saiu lá fora em agosto de 2006 e a Mutilation Recs. lançou o álbum por aqui no início de 2007. Quanto a Sevared Recs. nós já tínhamos contato com o Barret, que é dono do selo, porque ele distribuiu o “Zombie Gore Vomit” nos Estados Unidos e certa vez, quando conversávamos por e-mail, ele me perguntou quem iria lançar o “Liturgy of Dissection”; disse que ainda não tínhamos ninguém em mente, então ele disse: “agora vocês tem uma gravadora!”. Foi assim que aconteceu. Queremos lançar o álbum aqui, mas com essa coisa de MP3 na internet a coisa ficou complicada por aqui. Para o próximo álbum já recebemos duas ofertas de selos do exterior, mas apenas especulação, nada 100% oficial. De qualquer forma, a Sevared Recs. está fazendo um bom trabalho e quem sabe não lançamos outro álbum por ela?
Recife Metal Law – Esse novo álbum traz o mesmo impacto sonoro apresentando no disco de estréia, porém contando com uma melhor gravação. Como foi trabalhar em estúdio para esse novo álbum?
Cristiano – Foi tranqüilo. Ele foi todo gravado no ‘home studio’ de um grande amigo nosso e isso facilitou muito na hora de gravar. Tivemos mais recursos dessa vez, apesar de que ainda não gravamos do jeito que a gente sempre quis, mas estamos correndo atrás para gravar álbuns cada vez melhores!
Recife Metal Law – Com relação à gravação, como citado, ela saiu muito boa, o que favorece bastante uma banda do estilo do Vomepotro, porém achei que algumas passagens ‘blast beats’ da bateria, em minha opinião, ficaram um pouco ‘plásticas’. Isso foi algo intencional, ou estou me equivocando ao afirma isso?
Cristiano – Você é a primeira pessoa que diz isso, mas respeito sua opinião. O álbum foi todo gravado com o uso do metrônomo, talvez por isso, em um momento ou outro, ele pode parecer mecânico, mas como te falei, você foi a primeira pessoa que disse isso. O André tocou no álbum como toca ao vivo; não usamos nenhum tipo de ‘plug-in’ na bateria, é o som real do instrumento; apenas foi usado um som de bumbo junto com o que ele gravou para deixar o bumbo mais potente.
Recife Metal Law – Apesar de enveredar pelo lado mais extremo do Death Metal, com nuances do Splatter/Gore, a banda procura dosar velocidade com passagens mais trabalhadas. Essa alternância faz muito bem ao álbum, o que não o torna maçante, mostrando que os músicos trabalham com o intuito de apresentar algo empolgante, e não apenas rápido e brutal o tempo todo. Como foi trabalhada a parte instrumental para esse novo álbum?
Cristiano – Isso sempre foi nossa prioridade dentro da banda. ‘Blasting beats’ todo mundo faz, seja ele bem feito ou não. No nosso caso é importante que a música tenha passagens diferentes para criar climas dentro das músicas; adoramos tocar rápido, mas tentamos mesclar um pouco de cada coisa em nossa música, inclusive ela foi composta como fizemos no primeiro CD; pensamos em determinadas batidas e vamos estruturando a música. A maioria das mudanças de tempo é criada pelo André (batera), que ajudou muito nesse álbum para ter um resultado final, digamos “muito superior ao primeiro CD do Vomepotro”.
Recife Metal Law – A capa do novo álbum, apesar de se manter brutal, como a sonoridade do Vomepotro pede, veio mais ‘comportada’ que a capa do ‘debut’. O que vocês acharam do resultado final da capa e do trabalho de Jon Zig?
Cristiano – Boa pergunta! Nós adoramos a capa que o Juanjo fez pra gente no primeiro álbum, o problema é que muitas pessoas começaram a nos comparar com o Cannibal Corpse. Como tenho plena convicção que nossa música não parece com a dos caras e também por querer explorar o talento de outros desenhistas pelo qual admiramos o trabalho, resolvemos trabalhar com o Jon em conjunto com a Sevared que viabilizou a grana. Todo o trabalho fizemos como da primeira vez: mandamos um e-mail pra ele com a idéia da capa e ele nos fez um grande trabalho. Concordo contigo que ela não é tão explicita como a do “Zombie Gore Vomit”, mas a curtimos muito também e, principalmente, as comparações pararam, pelo menos por enquanto. (risos) Adoramos Cannibal Corpse, mas estamos tentando fugir de rótulos. Para o próximo álbum queremos trabalhar com outro desenhista, pois não queremos lançar a mesma capa em todo o álbum e já temos alguns nomes em mente.
Recife Metal Law – “Liturgy of Dissection” traz dois covers, sendo um para “Mass Hypnosis” do Sepultura e outro para “Dominate” do Morbid Angel. Ambas as bandas chegaram a ouvir as versões do Vomepotro?
Cristiano – Definitivamente eu não sei responder essa pergunta. Se um dia ouvirem espero que entendam que só estamos fazendo uma homenagem às duas grandes influências do Vomepotro.
Recife Metal Law – Ainda sobre os bônus, “Dominate” vem numa versão Demo. Por quê?
Cristiano – Porque gravamos esse cover quando estávamos fazendo uma promo para enviar para alguns selos em busca de um novo contrato. Ela tem uma gravação mais crua em relação a “Mass Hypnosis”, que foi gravada junto com o CD, por isso que a colocamos como versão Demo, inclusive outras duas faixas dessa promo acabaram de ser lançadas com mais nossa Demo “List of the Dead”, de 2004, em split com a banda paulista Anarkhon. Esse split está disponível pela Rotten Foetus Prods. do amigo Diomar!
Recife Metal Law – Pelas informações que eu tenho o baixista Mauro Santiago não faz mais parte da banda e vocês já estão com outro baixista. O que de fato aconteceu para a saída do Mauro e quem é o novo baixista do Vomepotro?
Cristiano – Está correto! O Mauro saiu da banda depois de anos e anos de Underground. Sua saída foi extremamente amigável e somos grandes amigos até hoje. Ele saiu porque não tem tempo para se dedicar a banda, devido ao seu trabalho que toma quase que 100% de sua vida. Foi uma escolha de ambas as partes. Depois que o álbum saiu em fevereiro ele fez apenas quatro shows conosco e ficamos desde abril desse ano apenas ensaiando e procurando um substituto, recentemente encontramos um novo baixista, que já é ‘brother’ de muito tempo; ele também se chama Cristiano e era baixista da banda paulista Imperial Devastation. Estamos contentes com trabalho e árduo empenho dele na banda.
Recife Metal Law –Como vem sendo trabalhada a parte de agendamento de shows? Existe a possibilidade de uma tour pelo Brasil para divulgação do novo álbum?
Cristiano – Como eu estava falando antes, fizemos shows por São Paulo e Minas Gerais desde que o álbum saiu e voltamos aos palcos em outubro com a nova formação para os shows agendados no Rio de Janeiro, que foram bem legais. Continuamos agendando datas para o ano que vem, além de compor material para o próximo CD do Vomepotro, que deve sair em 2011. Temos planos de tocar no norte e nordeste e existe o interesse de alguns produtores em nos levar aí faz um tempão, mas ainda está complicado, porque dois membros da banda são novos em seus respectivos trabalhos e pro ano que vem ainda não será possível, mas estamos correndo atrás para que um dia essa tour aconteça. Gostaria de mandar um abraço a todos os bangers aí do nordeste e também do norte, que mandam mensagens perguntando quando estaremos aí, batendo cabeça e mandando um som pra galera! Uma hora ou outra estaremos por ai! (risos) Obrigado, mais uma vez, Valterlir, pelo espaço e quem quiser saber mais sobre a banda (shows, merchandise, etc.) pode acessar nosso site oficial e Myspace! Stay sick!