Apesar do nome deixa alguma dúvida, Christmess não se trata de uma banda com temática cristã ou algo semelhante, e se de uma boa e empolgante banda de Hard/Heavy Metal. Surgida em 2003 na cidade de Itajaí/SC, a banda já tem uma Demo lançada – “Crossing the Seven Seas” (2005), e atualmente vem divulgando seu álbum de estreia – o ótimo “Mystical Alien”. Tendo passado recentemente por uma alteração no ‘line up’, a banda fixou sua formação e vem divulgando seu material com os seguintes integrantes: Lúcio J. Goebel (vocal), Ozeias Rodrigues (guitarra), Marcello de Oliveira (baixo) e o novato Mr. Wisenteiner (bateria). Saibamos um pouco mais sobre o Christmess nas palavras do vocalista Lúcio.
Recife Metal Law – Confesso que fiquei ‘meio desconfiado’ com o nome da banda, imaginando se tratar de uma banda adepta do White Metal, impressão desfeita ao procurar saber mais sobre vocês. Qual foi a razão para o nome Christmess?
Lúcio J. Goebel – O nome surgiu por causa de uma música criada, que falava de um ‘personagem’, um Papai Noel psicopata que aparecia nas noites de Natal, cavalgando em lobos para cometer assassinatos (risos). Até pensamos na hipótese de criar o personagem e tal... A música existia na primeira formação, mas acabamos a excluindo do repertório por ser chata. Aí acabamos colocando esse nome mesmo, algo diferente e intrigante, mas não tem nada a ver com religião ou White Metal; é até mesmo uma crítica a estas datas religiosas e capitalistas.
Recife Metal Law – A banda surgiu em 2003, na cidade de Itajaí/SC. Quais foram os primeiros percalços que vocês precisaram enfrentar para tornar o Christmess uma realidade?
Lúcio – Como toda a banda, sofremos pela questão de entrosamento entre membros. A primeira formação durou um ano... Fiquei só eu. Uma semana depois de falar com Ozeias, atual guitarrista, a banda já estava remontada e durou seis anos. Recentemente tivemos a saída do baterista Fernando Stopassoli, que gravou novo disco “Mystical Alien”, retornando para sua cidade natal por motivos profissionais. Uma pena, pois se entrosava super bem com o grupo. A amizade entre os quatro era forte e prevalecia acima de tudo.
Recife Metal Law – E como anda a procura para preencher a vaga deixada por Fernando?
Lúcio – Bem, a vaga foi preenchida pelo baterista Mr. Wisenteiner (vulgo Manollo), moleque apesar de novo com certeza é um dos melhores bateristas da região; super dedicado e se encaixou muito bem com a Christmess, dando mais peso e pegada a banda. No primeiro ensaio ele pegou todas as músicas surpreendentemente. Logo quando Fernando saiu, como já conhecia o trabalho do Joey em outras bandas, achamos que seria o único a substituir o Fernando; convidamos e ele aceitou no ato. Com certeza é um baterista de muito futuro.
Recife Metal Law – Nesse início vocês já tinham em mente formar uma banda de Heavy Metal com influências do Hard Rock?
Lúcio – Não, no início era uma banda do Heavy Metal Tradicional. Com a entrada do Ozeias e a afinidade dos outros integrantes pelo Hard Rock decidimos misturar. Achamos também que seria mais fácil atingir outro público e um mercado mais abrangente.
Recife Metal Law – Em 2005 vocês lançaram o EP “Crossing the Seven Seas”, que foi bastante elogiado pela mídia especializada. Esse trabalho conseguiu alcançar o que a banda traçou para o mesmo?
Lúcio – Sim, com toda certeza! Apesar dos percalços e falhas, alcançamos um bom resultado que nos levou a ter mais experiência neste novo trabalho como, por exemplo, uma pré-produção e tempo hábil para gravar, pois gravamos este novo disco no estúdio do guitarrista. Já o EP foi gravado em uma semana sem pré-produção!
Recife Metal Law – A banda tem em sua formação o guitarrista Ozeias “Mr. Chuck” Rodrigues, considerado um dos melhores guitarristas de Santa Catarina. De que forma essa exposição do músico ajuda na divulgação do Christmess?
Lúcio – Ozeais, sem dúvida, é um dos melhores de Santa Catarina; um cara autodidata, vive e respira música 24 horas por dia e, acima de tudo, uma pessoa simples. Ozeias lançou, também em 2005, disco solo instrumental intitulado “Mr. Chuck”, que não deixa a desejar nada a músico algum do Brasil; disco todo produzido por ele. Ele foi convidado recentemente para abrir um workshop do guitarrista Vinnie Moore em Santa Catarina; já tocou ao lado do Andréas Kisser (Sepultura), Eduardo Ardanuy (Dr. Sin) e é super respeitado por essa galera! Para a Christmess isso é muito positivo e gratificante saber que um dos membros vem se destacado aleatoriamente e vem sempre sendo elogiado. Então o trabalho é mútuo.
Recife Metal Law – Ano passado foi lançado o ‘debut’ álbum, “Mystical Alien”. Já tendo experiência em estúdio, como vocês trabalharam na gravação e produção desse álbum?
Lúcio – Como citei acima, tivemos tempo pra fazer as pré-produções, o disco foi todo produzido no estúdio do guitarrista Ozeias e mixado por Elieser, irmão do Ozeias, que também é um grande músico em Itajaí, inclusive gravou teclados do disco também. O processo foi bem tranquilo, sem pressa... Quando não ficava bom íamos outro dia e gravávamos tudo de novo. As pré-produções ajudaram muito a chegar num resultado positivo. Músicas que não iriam entrar no álbum acabaram entrando por que mudamos algumas coisas, produzimos até a faixa ficar ideal. Sem dúvidas o disco é muito eclético, variando do Hard Rock ao Heavy Metal, agradando a todos. O bacana é que as pessoas não se fixam apenas em uma faixa do CD, mas cada um cita músicas diferentes. Isso é bom porque não existe esse lance de música de trabalho ou apenas aquela faixa ficou boa e tal, cada um tem seu gosto.
Recife Metal Law – Vamos falar sobre a arte gráfica... Notei que a banda optou por utilizar um tom esverdeado no encarte, inclusive na capa. O que os levou a usarem essa tonalidade para o encarte?
Lúcio – O trabalho foi todo feito pelo amigo MakilaCrowley (www.makilacrowley.com.br), grande profissional, fotógrafo. Ele acabou fazendo todo trabalho, inclusive as fotos que ficaram foram tiradas no Porto de Itajaí. A escolha foi dele, achou interessante o tema. “Mystical Alien” foi a última faixa a ser composta e entrou no CD para preencher e acabou abrindo o disco e virando capa. Gosto de temas místicos, aliens, etc. Foi baseada em cima de lendas Maias, até mesmo mitos de um contato alienígena pela evolução cultural dos Maias na época e adoração pelo Sol e outros mitos. Um tema que está sempre em alta, o próprio cinema explora muito, ainda mais agora que se fala tanto em fim do mundo em 2012 pelo calendário Maia. (risos)
Recife Metal Law – A capa ficou bem interessante, onde vocês traçaram uma ligação entre o passado e vida alienígena. O que de fato vocês quiseram transmitir com a capa de “Mystical Alien”?
Lúcio – Simplesmente algo místico e intrigante, lendas de um contato alienígena com os Maias e sua cultura ancestral. Rumores da influência extraterrestre na cultura dos Maias por possuírem certa tecnologia que na época era moderna para seu tempo: arquitetura, astronomia, artes, etc.
Recife Metal Law – Com relação à temática abordada, quais os temas principais abordados no ‘debut’? Como foi trabalhada a parte lírica desse álbum?
Lúcio – Foi bem diversificada... Escrevíamos as músicas depois as letras, analisávamos bastante o que a música poderia transmitir; falamos muito sobre mitologia em “Mystical Alien”, “Speed of Gods”, “Crossing the Seven Seas” (regravação). Outros temas são espiritismo e pura curtição, como “Hard in the Night”. “Black Money” fala sobre corrupção (o que não existe no Brasil! Risos); “The Insanity” relata simplesmente a loucura da mente humana, e por aí vai...
Recife Metal Law – As músicas apresentadas no álbum são vigorosas e pesadas, uma boa mescla entre o Heavy Metal tradicional e o Hard Rock. Músicas que carregam explicitamente esses elementos são: “Mystical Alien”, “Black Money” e “Hard in the Night”. Como foi trabalhar para que um estilo não se sobressaísse ao outro?
Lúcio – Basicamente foi a influência de cada um... Essa mistura de gostos e estilos. Acabamos fazendo algo diferente. Se você prestar atenção no solo da música “The Insanity” vai achar estranho, mas é um solo de Jazz, algo inovador no Metal.
Recife Metal Law – As músicas são bem lineares, e apesar de cada uma ter suas próprias características elas não soam iguais. Até a balada “Storm of Love” caiu bem no contexto musical do álbum. Seria a ótima técnica dos músicos a responsável por criar músicas cativantes?
Lúcio – Creio que sim! A experiência de cada um contou! “Storm of Love”, na pré-produção, fiquei meio com receio em gravá-la. Achei que não iria soar legal por meu vocal ser mais rasgado, aí limpei a voz nesta faixa e o resultado foi apreciável. Chegamos a um bom resultado e um excelente material de divulgação graças o profissionalismo e o desempenho de cada um, principalmente na experiência do “Chuck” como músico e produtor. Queríamos que o disco soasse diferente e marcante. Recife Metal Law – O álbum foi lançado de forma independente. Então de que forma vocês estão fazendo a divulgação do mesmo? O álbum chegou a ser divulgado no exterior?
Lúcio – Sim, estamos distribuindo o disco no Japão (Osaka) e está vendendo legal. Estamos divulgando, também, na Europa apenas para divulgação. Apesar de termos tido patrocínio da Lei de Incentivo a Cultura para gravar o disco, sabemos da dificuldade de vender CD com a net aí abertamente; hoje você encontra em qualquer site CD pra baixar, uma semana depois do CD sair já estava disponível pra baixar! (risos) Em termos é bom para uma banda independente divulgar, mas o futuro do CD deve estar com seus dias contados.
Recife Metal Law – Existe a possibilidade de o Christmess fazer shows fora de seu estado para divulgação do ‘debut’?
Lúcio – Com certeza, estamos negociando alguns shows para São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul... Fomos convidados pela Revista Roadie Crew para participar este ano do Wacken Metal Battle 2010 – seletiva SC, e quem sabe isso se prolonga a São Paulo na final e depois Alemanha no W.O.A.! Gostaríamos muito também de ir ao nordeste, se pintar oportunidade seria uma honra, sabemos que a cena no Nordeste é muito forte e tem excelentes bandas e pessoas que trabalham em prol da cultura Underground, como o Recife Metal Law, que faz um trabalho super profissional. Vocês estão de parabéns! Gostaríamos de aproveitar a oportunidade e agradecer ao Recife Metal Law pela oportunidade de estar divulgando o trabalho da Christmess nesse meio de comunicação tão importante e dizer que estamos a disposição para qualquer eventualidade! Grande abraço a todos! Metal is the Law!