Evento: Heavy Metal Attack
Data: 30/07/2022
Local: Darkside Studio. Recife/PE
Bandas: - Frygia (Prog Metal - PE) - Final Age (Power Metal - PE) - Steel Fox (Heavy/Power Metal - CE) - One Blast (Metallica Cover - PE)
Resenha e fotos: Valterlir Mendes
Assim que o “Heavy Metal Attack” foi anunciado, fiquei bastante empolgado, afinal seria a oportunidade de ver a banda cearense Steel Fox em palco, pela primeira vez.
O local para o evento foi o já bastante conhecido do público Underground recifense. O Darkside fica numa boa localização, de fácil acesso e é um local totalmente indicado para eventos de pequeno porte, como era o caso desse. Porém, mesmo sendo um evento de pequeno porte, eu esperava que um público maior se fizesse presente, e isso, infelizmente, foi algo que não ocorreu.
Das atrações anunciadas, musicalmente (já que tenho os álbuns da banda em mãos), apenas conhecia a já citada Steel Fox, além da One Blast, que é uma banda cover do Metallica e eu já a havia visto num evento que teve como atração principal o Metralion. As outras duas eu conhecia apenas de nome.
O evento estava previsto para ter início às 20h00, e um pouco antes desse horário cheguei ao local, depois de uma viagem de cerca de duas horas. No horário o movimento era muito pequeno, até mesmo aos arredores do Darkside Studio, algo não corriqueiro para o local e para um fim de semana. Talvez um dos fatores seja o pouco dinheiro no bolso de todos nós, brasileiros. Quando subo, o pessoal ainda fazia os ajustes no “palco” (entre aspas, já que não há um palco propriamente dito no local), equalizando o som e arrumando a bateria, além das demais afinações nos instrumentos.
O evento veio a ter início, de fato, às 21h00, com a Frygia sendo a primeira atração da noite. Como disse antes, eu não conhecia o som da banda, e fixei a atenção no grupo, afinal, não é nada fácil fazer Prog Metal, tanto a forma intricada de fazer tal música, como manter a empolgação de quem acompanha o show. Após uma “Intro”, a primeira música, “Blind”, começou com os vocais muito “escondidos” em meio a massa sonora dos demais instrumentos. A equalização deixou o instrumental muito alto e isso acarretou certos problemas, como o já citado vocais ficando muito baixo e algumas microfonias. E isso foi algo que a banda foi tentando acertar durante a apresentação, inclusive informando ao público. Apesar disso, deu para notar que os vocais tem boa segurança, nas partes cantadas, nos agudos e em notas mais altas. A parte instrumental é bem intrincada, porém apresentando momentos mais velozes, claramente influenciados pelo Power Metal. Claro, as partes com ‘quebras de tempos’ e andamentos mais limpos e cheios de mudanças de andamentos se fizeram presentes, mostrando que os músicos tem conhecimento musical e sabem como colocar isso em prática. Destaco, aqui, a performance do baterista. Mandou muito bem no seu instrumento, seja nas partes mais agressivas ou nos contratempos, inclusive trazendo até alguns toques tribais, como ouvido em “The Pride Owner”. Os guitarristas se alternavam entre as bases e os solos, mostrando bom gosto musical, e o baixo tratava de deixar o som sem lacunas, mas, repito, a altura do som atrapalhou um pouco uma audição melhor. Em “King Monster”, a Frygia mostrou uma música cheia de variações e opções, pois pudemos ouvir algo de Rock Progressivo, com levadas de Power Metal, com um instrumental bem veloz e bateria agressiva. A banda também fez uso de cover, e mandou um para “Out of the Ashes” do Symphony X e outro para “Nothing to Say” do Angra. Uma boa apresentação, apesar do já que mencionei aqui, no que se refere a sonorização.
O primeiro show durou cerca de uma hora e, após isso, a necessidade de ajustes no palco, como sempre ocorre em eventos dessa natureza. Isso levou um tempo, perto de meia hora, eu acredito.
A segunda atração da noite foi a Final Age, que deu início a sua apresentação por volta das 22h30. Assim como a banda anterior, abriu seu show com uma “Intro”, que recebeu o título de “My Eyes”, que logo abriu espaço para “It’s the Final Age”. Digo que recebi com enorme satisfação essa música, pois fazia tempo que não via uma musicalidade tão empolgante para uma banda do estilo em Pernambuco. Fez-me lembrar alguns poucos shows de Heavy Metal Melódico que pude conferir há alguns anos atrás. Mesmo com o espaço pequeno, a movimentação foi bem interessante, principalmente do guitarrista Galneryano Nascimento, que agitou bastante. Os vocais de Rodrigo Oliveira se encaixam perfeitamente. Bom alcance, agudos usados de forma a deixar as músicas mais atrativas (para o estilo). Durante o show da Final Age a sonorização estava bem melhor, com a equalização deixando todo o instrumental bem audível, sem exageros, mesmo que aqui ou ali tenha aparecido uma microfonia. As músicas de autoria da banda eram bem empolgantes. São músicas feitas para quem curte o estilo, seja em razão das melodias, seja em razão da velocidade. É um som que se convencionou a chamarmos de Melodic Heavy Metal, mas que, na verdade, é um Power Metal, com influência de Helloween, Angra, Stratovarius e afins. O ponto negativo do show foi justamente na hora dos covers. A banda exagerou. Mais da metade do ‘set list’ foi composto por músicas de outras bandas, sendo que a Final Age, em suas músicas próprias, mostrou bastante competência e sons que empolgam. Destaque para “Follow Out of the Cave”, uma música simplesmente magnífica, bastante inspirada, mostrando boa alternância de andamentos, porém com o pé fincado na velocidade, e com uma interpretação vocal de alto nível. Que nos próximos shows a Final Age se apegue mais as suas próprias músicas. Potencial a banda tem.
Mais outro intervalo, após uma hora de show. E dessa vez, com a mudança de algumas ferragens da bateria, o intervalo foi bem maior, durou quase cerca de uma hora. Foi o tempo de procurar uma cadeira para sentar, fazer algumas anotações, pegar uma água e descansar um pouco.
A atração principal da noite, Steel Fox, deu início ao seu show por volta de 00h25. E, sim, também teve uma “Intro”, para logo mandarem duas músicas do mais recente álbum, “Red Snow”: “Dreams of the Innocent” e “Blades of Revenge”, emendando com “My Glory”, essa do primeiro álbum, “Savagery”. Começaram de forma furiosa, sem qualquer intervalo nessa ‘trinca’. Power/Heavy Metal com velocidade desenfreada e uma fúria que não é contumaz para uma banda do estilo. E pude ver o que já esperava: uma banda que faz no palco o que apresenta em suas gravações. Não, não quero dizer que a banda simplesmente traz o estúdio para o palco, mas, sim, que tudo o que é feito no estúdio, é feito de forma honesta, sem truques. Os vocais de Robson Alves soam com a mesma potência. As guitarras de Daniel Camelo e Tiago Rezakk tem o mesmo peso nos riffs e a mesma criatividade nos solos. As linhas de baixo de Philipe Praciano estão ali, acompanhando de perto as batidas frenéticas da bateria de Bosco Lacerda. E esse foi o ponto de intervalos entre as músicas: o computador que ficava perto da bateria. Fiquei curioso, pois era como se Bosco ajustasse a bateria através do computador para que não houvesse intervalo a cada três músicas. Apesar do público pequeno, uma roda de mosh rolou ali, na frente da banda, e a empolgação da Steel Fox era nítida. Em algumas músicas Robson informava ao público do que a sua letra tratava. Interessante isso. A banda vem divulgando seu novo álbum, o segundo de sua carreira, “Red Snow”, lançado por um selo de fora do país, STF Records, da Alemanha. Eu havia ouvido esse álbum quando a banda o lançou digitalmente e, finalmente, nesse show tive a oportunidade de pegar o meu CD. Confesso que achei as músicas desse novo disco mais agressivas ao vivo. Agressividade e velocidade foi o que pudemos presenciar durante todo o show desses cearenses, com uma pegada um pouco mais compassada quando da execução de “Requiem For a Murderer”. E mesmo que a sonoridade da banda seja um tanto veloz e agressiva para uma banda do estilo, a linha instrumental é puro Heavy Metal e os vocais são limpos, porém fortes e com notas bem altas. Tudo bem definido e equalizado, no que se refere a parte instrumental, era bastante satisfatório ver os guitarristas fazendo verdadeiros duelos em alguns solos. Insano demais! A Steel Fox fez um ‘set’ longo, com 16 músicas, com um show que durou cerca de uma hora e vinte minutos. E um detalhe: nenhum cover foi executado! Como disse lá no início, era uma banda que eu queria muito ver ao vivo e o show que fizeram fez valer essa minha vontade ver a Steel Fox em ação.
Já passava das 02h00 quando a última atração, a One Blast, deu início a sua apresentação. Apesar de eu não ser lá grande fã de bandas covers, não posso deixar de citar que os caras são competentes no que fazem. Fazem cover, tudo bem, mas dá para perceber que põem um pouco mais de agressividade nas músicas originais. Porém, o ‘set’ da One Blast contou com apenas três músicas: “Sad But True”, “Holier Than Thou” e “Damage Inc.”. A razão? A vizinhança ligou para a polícia e denunciou que estava tendo muito barulho no local. Acho que foi um pessoal de um prédio vizinho que reclamou e isso fez com a polícia fosse ao Darkside e solicitasse que se encerrasse o evento. Assim, o “Heavy Metal Attack” foi encerrado de forma abrupta, porém o horário já era bem avançado.
Apesar de uma das bandas não poder executar seu ‘set list’ totalmente, o evento foi bastante satisfatório. Pena que o público não compareceu em bom número para prestigiar a qualidade das bandas presentes no ‘cast’. E quero poder ver a Steel Fox mais vezes ao vivo.