Após o fim das atividades do Rebaellium e do Nephasth, os músicos Fabiano Penna (guitarra) e Fábio Letino (baixo/vocal) juntaram forças e formaram o The Ordher, isso em 2005. Essa nova banda dos músicos fazem a mesma linha sonora de suas antigas bandas, porém ainda mais poderoso e apresentando uma ‘pegada’ peculiar em suas músicas. O The Ordher, apesar de contar com apenas cinco anos de atividades, já lançou uma Demo e dois álbuns de estúdio, sendo o último o elogiado “Kill the Betrayers”. Além dos materiais de estúdio, a banda vem fazendo diversos shows, inclusive fora do país. Na entrevista a seguir saberemos um pouco mais a respeito da história da banda e, também, sobre a entrada do baterista Matheus Montenegro no The Ordher. Confiram! Recife Metal Law – O The Ordher surgiu após a dissolução de grandes nomes da cena Death Metal: Rebaelliun e Nephasth. Essas bandas, apesar do grande potencial, acabaram prematuramente. Com o The Ordher essa história vai mudar?
Fabiano Penna – Essa questão das bandas terem acabado prematuramente é muito relativa. Acho que tanto o Rebaelliun quanto o Nephasth, em pouco tempo, fizeram mais que muitas bandas que estão na ativa há 15 anos, por exemplo. Eu procuro analisar o trabalho das bandas pela produtividade que tiveram, não pelo tempo de carreira. Se juntar produtividade com longevidade, aí você tem bandas como Slayer ou Morbid Angel, com carreiras longas e muitos discos e turnês. O Rebaelliun durou três anos e meio, fez quatro turnês fora do país e teve quatro lançamentos. Não me lembro de outra banda brasileira, fora o Krisiun, que tenha produzido tanto. Então o lance do The Ordher eu sigo a mesma lógica, óbvio que a gente quer levar a banda pelo máximo de tempo possível, mas se uma hora a gente sentir que não tem porque seguir tocando junto, a gente pára mesmo, sem pensar duas vezes. O lance é seguir produzindo, e coisa de qualidade. Em cinco anos já lançamos dois bons discos e a banda conseguiu tocar fora e atingir muitas capitais brasileiras; ainda ‘tá longe do nosso objetivo, mas a gente ‘tá feliz porque a banda é uma realidade e acontece diariamente, não é hobby e tal.
Recife Metal Law – Quando do surgimento do The Ordher, alguma música que não fora usada no Rebaelliun e Nephasth chegou a ser aproveitada pela nova banda?
Fabiano – Sim. A faixa “Kill The Betrayers”, que deu nome ao nosso último disco, foi composta por mim nos últimos meses de Rebaelliun. Era diferente, claro, mas a estrutura era a mesma. Curiosamente, levei essa faixa pro Horned God, quando toquei com eles em 2002, e a lançamos no segundo álbum da banda, sob o título “Slimy Embryo”. Quando começamos a ensaiar com o The Ordher, sugeri de trabalharmos nela porque via muito potencial na música, aí mudei título, letra e trabalhamos arranjos novos. Foi a primeira faixa que gravamos, ainda em 2005, e foi divulgada só na Internet na época, descartamos incluir ela no primeiro disco porque achamos que estava fora de contexto. Aí muita gente cobrou a faixa e resolvemos gravá-la no segundo álbum, e acabou dando nome ao disco também.
Recife Metal Law – O primeiro lançamento da banda foi a Demo homônima, seguida no ano seguinte, 2007, do álbum “Weaponize”. Com pouco tempo de formação a banda lançou dois trabalhos. O quão importante foi lançar esses trabalhos, e como foi todo o processo criativo das músicas presentes nos mesmos?
Fábio Lentino – Em 2006 gravamos três músicas que foram disponibilizadas no Myspace, foi o passo inicial pra colocar o nome da banda na ativa; com isso tivemos uma boa recepção e assinamos o contrato com a Unique Leader para dois discos. Em 2007 foi lançado o primeiro, “Weaponize”, com ele vieram excelentes críticas da mídia especializada e botamos a banda na estrada pra tocar nas principais capitais do Brasil, incluindo importantes festivais de Metal. Em Setembro de 2009 saiu o álbum “Kill The Betrayers”, e já no lançamento embarcamos pra Europa para fazer 30 shows passando por nove países. Cada trabalho que lançamos é um passo que estamos dando e por isso todos são de enorme importância. O processo de criação tanto no “Weaponize” quanto no “Kill The Betrayers” foi o mesmo. As músicas foram previamente montadas em casa, com riffs de guitarra e bateria eletrônica e na medida em que a banda ia ensaiando, foram surgindo novas ideias e uma coisa ou outra sendo melhorada.
Recife Metal Law – Lançado no ano passado, “Kill the Betrayers” veio para mostrar todo o poderia do The Ordher. Apesar de manter a musicalidade apresentada no álbum de estreia, esse novo trabalho vem mais técnico e apresentando uma musicalidade bem própria. Quais seriam as diferenças básicas entre “Weaponize” e “Kill the Betrayers”?
Fabiano – Acho que a ideia dos dois discos é a mesma, a diferença é a maturidade. Ficou claro quando lançamos o “Weaponize” que a gente não queria repetir Rebaelliun ou Nephasth; a gente foi contra o que as pessoas esperavam da banda e lançamos um disco cheio de novidades, muita coisa que fã de Metal extremo não gosta, inclusive. Muita gente criticou o disco em função disso, mas a gente seguiu acreditando na nossa aposta, que é tocar Metal extremo, mas com liberdade pra botar outros elementos. Então no “Kill The Betrayers” mantivemos isso, mas foi bem mais aprimorado, acho que aos poucos estamos pegando o jeito de trabalhar nesse padrão que a gente quer. Então possivelmente o terceiro disco seja mais um passo na frente, pelo menos essa é a ideia.
Recife Metal Law – Sinceramente, apesar de conhecer toda a qualidade dos músicos, surpreendi-me com a qualidade musical apresentada no novo álbum. Músicas como “Progeny”, “Hit the Weak” e “Retaliation” deixam qualquer um atônito. Esse novo álbum veio para fincar de vez o nome do The Ordher como um dos grandes do cenário Death Metal mundial?
Fábio – Acho que aos poucos vamos firmando o nome do The Ordher na cena. Estamos sempre trabalhando pra mostrar algo novo. A cada dia surge uma nova banda e o nível de qualidade ‘tá cada vez mais alto. Então pra você conquistar um espaço precisa estar sempre trabalhando pra mostrar um diferencial.
Recife Metal Law – “Kill the Betrayers”, a música, originalmente estava presente na primeira (e única) Demo da banda. Qual a razão para que essa música desse título ao álbum?
Fabiano – Como falei antes, voltamos a tocar a música por pressão de amigos mesmo, não tínhamos a intenção de voltar a tocar essa faixa, mas muitos amigos nossos nos falaram que seria importante registrar essa faixa num disco do The Ordher, então apostamos na ideia. Como a música tinha uma letra boa e um título de impacto, fomos amadurecendo a ideia de virar o nome do disco, o que foi um acerto, porque, em minha opinião, é um puta título pra um disco de Metal extremo.
Recife Metal Law – Lendo atentamente as letras, notei que vocês continuam a falar de guerras, destruição, violência, parecendo ficar no lugar comum. Porém as letras são muito bem escritas, mostrando que a banda se preocupa em passar uma mensagem com as mesmas. Qual a importância das letras para a música do The Ordher?
Fábio – Sempre damos grande importância para as letras. Procuramos abordar temas que tenham algo com nossa realidade, a realidade de uma banda do terceiro mundo. Poderia dizer que a linguagem das letras do The Ordher é quase punk, pois são letras diretas. Falamos de guerra, violência, religiões, sempre com uma visão pessimista em relação ao futuro da humanidade. Seria ridículo a gente ficar falando de temas medievais, vikings ou outra coisa que não faz parte da nossa cultura. Enfim, somos brasileiros.
Recife Metal Law – Vocês chegaram a disponibilizar no Myspace do The Ordher uma versão para a música “Them Not Me” do Motörhead (presente no álbum “Overnight Sensation”). Chegou a se cogitar dessa música fazer parte do ‘track list’ do novo álbum?
Fabiano – Não, porque infelizmente não temos apoio suficiente do selo pra fazer esse tipo de coisa. Quando gravamos o “Weaponize” na sessão do disco a gente também gravou um cover do AC/DC, e a ideia era ter como última faixa do disco, assim como o Sepultura fez com a “Orgasmatron” no “Arise”. A Unique Leader foi contra a ideia, dizendo que era muito difícil conseguir permissão pra botar a música no disco, aí acabamos divulgando a música só na Internet mesmo. Infelizmente essa é uma limitação da gravadora, e é lamentável, porque gostamos de gravar músicas das bandas que ouvimos e seria muito foda incluir alguns desses covers nos discos do The Ordher. Recife Metal Law – No ano passado vocês fizeram parte da “Funeral Nation Tour 2009”, que tinha como ‘headliners’ o Marduk e o Vader. Vocês passaram cerca de um mês tocando no velho mundo, em diversos países. Qual foi o saldo final dessa tour? As três bandas viajavam juntas?
Fábio – Na realidade viajavam quatro bandas: Marduk, Vader, The Ordher e Fleshgod Apocalypse. O saldo foi bem positivo. Conseguimos divulgar nossos discos, fazer bons contatos, formar um público lá fora e ter uma sequência intensa de shows, o que é muito importante, pois ajuda a criar um entrosamento no palco.
Recife Metal Law – O novo álbum foi lançado no Brasil pela Free Mind e mundialmente pelo selo Unique Leader. Como vem sendo a divulgação e aceitação de “Kill the Betrayers”, tanto no Brasil como no exterior?
Fabiano – A Free Mind fez um trabalho bem diferenciado no Brasil, em parceria com a Metal Media, que faz assessoria pro selo. Assim que o disco foi lançado a banda apareceu bastante na mídia especializada e, consequentemente, o público da banda aumenta. Lá fora o disco teve uma boa aceitação também, bem mais que o “Weaponize”, e como fizemos a tour ano passado na Europa, tudo isso junto ajudou a consolidar o nome do The Ordher no exterior, hoje a banda tem um bom número de fãs já. Ainda nos falta tocar mais ao vivo, tanto aqui no Brasil quanto fora do país, mas acreditamos que vai ser consequência do nosso trabalho; aos poucos as coisas vão engrenando.
Recife Metal Law – Falamos da turnê pela Europa, que ocorreu no ano passado, mas com relação ao Brasil, existem planos de uma turnê por nosso país?
Fábio – Não diria exatamente uma turnê, mas pretendemos fechar o máximo de shows possíveis aqui no Brasil. Já temos alguns fechados e estamos em contato com alguns produtores pra fechar mais.
Recife Metal Law – Vocês acabaram de gravar um vídeo clipe para a música “Whipped, Crowned and Dead”. Qual será a forma de divulgação desse vídeo, além do lançamento na internet?
Fabiano – Basicamente Internet, porque atinge muita gente no mundo inteiro e não depende de terceiros ‘pagos’. Vamos fazer uma promoção forte no Myspace da banda, a Unique Leader também vai dar destaque no site deles, a Free Mind aqui no Brasil também vai pegar junto, e estamos vendo alguns outros sites parceiros que vão dar destaque pro clipe. Mas claro que estamos já indo atrás de outros meios; há alguns programas de TV especializados no Brasil que devem rodar o clipe. Estamos também vendo um contato na MTV pra rodar lá nem que seja naqueles programas fora dos horários considerados ‘bons’, e o clipe também vai estar num DVD comemorativo que a Unique Leader vai lançar no final do ano, com vários artistas do selo. Temos certeza que esse clipe vai ser bem divulgado e vai formar novos fãs pra banda.
Recife Metal Law – Existe plano para, futuramente, gravar mais vídeo clipes para músicas do “Kill the Betrayers”?
Fabiano – Não temos planos não. O clipe da “Whipped, Crowned and Dead” não foi barato, e como a gente nunca cogita dar passo pra trás, não faríamos um novo clipe de qualquer forma só pra ter mais um. Gostaríamos de ter no mínimo a mesma estrutura pra rodar um novo, mas sabemos da limitação que ainda temos pra trabalhar em função de sermos uma banda Underground que toca Metal extremo. Então a princípio vamos caprichar nesse aí e promover o máximo possível, em seguida já vamos ter disco novo, aí dá pra pensar também em clipe novo.
Recife Metal Law – Recentemente houve mudanças no ‘line up’ do The Ordher, com a saída do baterista Cássio Canto e a entrada de Matheus Montenegro. Matheus já foi aluno do primeiro baterista da banda, Maurício Weimar. Mas além de ser aluno de Maurício, Matheus acompanhava e conhecia as músicas do The Ordher?
Fábio – Sim, o Matheus ficou conhecendo a banda ainda quando o Maurício tocava no The Ordher. Ele é fã de Metal e ‘tá por dentro de tudo que vem surgindo.
Recife Metal Law – E o que levou Cássio a sair da banda?
Fábio – Ele saiu por motivos só dele, chegou um dia e disse pra nós que tava fora. Ele tem outras metas pra vida dele e temos que respeitar isso.
Recife Metal Law – Quais os planos para o segundo semestre?
Fabiano – Em Julho (NDE.: a entrevista foi realizada em junho/2010) estaremos tocando pela primeira vez em duas importantes capitais brasileiras: Campo Grande/MS e Brasília/DF. Vamos pegar pesado na divulgação desse novo clipe, seguir também trabalhando a divulgação do “Kill The Betrayers”; devemos fazer mais uns shows no Brasil também, e finalmente vamos começar a trabalhar no disco novo; já temos algum material gravado e queremos começar a focar nisso aí pra gravar o álbum já em 2011.