MYSTICAL FIRE
“Pelos Ritos da Magia Thelêmica”
Blasphemy Productions/Death Voice Records - Nac.
Apesar de ser uma banda bem antiga (formada em 1996), a Mystical Fire, até esse seu primeiro álbum, “Pelos Ritos da Magia Thelêmica”, lançado em 2020, só havia lançado Demos e um “live album”, este no formato K-7. Esse primeiro álbum traz a banda bebendo na fonte daquele Black Metal feito por bandas brasileiras formadas na década de 1990, de onda a própria Mystical Fire veio. Após uma “intro”, que está contida na própria primeira música, a faixa-título, somos agraciados por uma sonoridade mais “seca” e “crua” (não leia isso como se eu esteja dizendo que é uma gravação ruim), bem típica do que encontrávamos na década de 1990, no Black Metal nacional. A música é longa, passando de oito minutos, com isso trazendo várias nuances. De início com partes instrumentais tramitando pelo Black/Thrash Metal, com maléficas gargalhadas sendo emanadas antes mesmo de se entrar os vocais. Aí, sim, com os vocais, o Black Metal é apresentado de forma mais ríspida, ora mais veloz, ora mais cadenciado, com uso de teclados e variações instrumentais no decorrer da música. E mesmo com tal alternância de andamentos, a música tem uma identidade bem própria e soa coesa. Essa música, junto a última, “Filhos da Aurora Dourada sob o Signo de Hórus”, são as mais longas e únicas cantadas em português. É perceptível que em temas mais curtos, como “Infernal Majestic”, “Hybrid Host and His Abysmal Empire” e “Dismal Glance of Morpheus”, a banda faz uso de elementos mais velozes no seu Black Metal, com influência do Thrash e até mesmo de Speed Metal, por vezes chegando a lembrar algo de bandas de tais estilos dos anos 80. Mesmo com tais estilos aparecendo, os teclados criam um clima mais sombrio, mesmo que os estilos citados estejam nitidamente nos andamentos das músicas. Jà “Dawn of a New Millenium”, traz uma passagem bem interessante, de andamento mais marcado, com os vocais exalando maldade o tempo todo. Os vocais chamam a atenção, pois é carregado do ódio que cada música pede. Esse álbum, apesar de conter três músicas acima dos seis minutos, traz apenas sete faixas, em pouco mais de 33 minutos. O suficiente para mostrar que a Mystical Fire carrega consigo a alma do Black Metal nacional. Aquele feito com identidade própria, apesar das influências de outros estilos em sua música. O tipo de gravação foi essencial para deixar o álbum soando muito bem aos ouvidos dos amantes do estilo. A capa é muito bonita e traz muitos detalhes. O layout também é cheio de muitos detalhes, com muitas imagens, algumas remetendo ao Antigo Egito. Um material gráfico bem caprichado. Gravaram esse álbum, Frater Omega Hermeticus (vocal), Aeons de Hórus Kabbirim Nagal Gibborim Villas Parakas (bateria) e Coryym Cernis (teclados), além dos músicos convidados Psycoolfrozenexekill (guitarras) e Thelemic (baixo). “Pelos Ritos da Magia Thelêmica” é um grandioso disco de Black Metal. E altamente indicado para quem aprecia as artes negras, seja na musicalidade, seja nas letras.
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