A cidade de Belém, capital do Estado do Pará, ficou bem conhecida, no meio Heavy Metal, por mostrar ao Brasil a primeira banda do estilo a lançar um LP: Stress. Os anos se passaram e muitas bandas surgiram na cidade, dos mais diversos estilos, entre elas o Inferno Nuclear, que está na ativa desde 2006, e recentemente participou, ao lado da conterrânea Disgrace And Terror, do split “Terror Nuclear”. A banda faz um Thrash Metal ‘old school’ e com letras cantadas em português, e vem lutando bastante pelo seu espaço, fazendo um som honesto, apesar dos muitos adeptos do estilo atualmente.
Recife Metal Law – Desde sua formação, em meados de 2006, a proposta do Inferno Nuclear foi de fazer Thrash Metal influenciado pelas bandas brasileiras da década de 80 que cantavam em português. O que os levou a montar uma banda nesses moldes?
Jeanderson – Opa! Saudações Recife Metal Law! Bem, somos maníacos por bandas clássicas do Metal Nacional, como Harppia, Stress, Dorsal Atlântica, Alta Tensão, Azul Limão, Korzus, RxDxPx e Metralion. A questão de cantar em português é fascinante. O entendimento é imediato.
Recife Metal Law – É notório que existem muitas bandas no Brasil trilhando esse caminho, de fazer um Thrash Metal cantado em português. O que é necessário para se sobressair entre tantas bandas fazendo o estilo?
Jeanderson – Primeiramente acredito que montar uma boa letra é primordial. Em nosso caso abordamos temáticas sociais que engloba política, injustiça social, religião, questões ambientais e, é claro, defendemos nossa honra chamada Metal. Com tantas bandas seguindo o estilo, para se destacar é necessário ser autêntico e não fazer cópia das influências.
Recife Metal Law – Antes mesmo do lançamento da primeira Demo, a banda fez diversas apresentações em sua região. Como a banda montava seu ‘set list’, e como era a aceitação do Inferno Nuclear por aqueles que ainda não conheciam suas músicas/proposta?
Jeanderson – Sempre costumamos iniciar com um instrumental, apenas pra chamar o público, em sequência tocamos uma música que consideramos agressiva, poderosa, ‘matadora’ para o Banger bater cabeça e saltar o máximo de moshes que puder. Nosso ‘set list’ é de aproximadamente 1h30, mas nem sempre conseguimos utilizar todo o tempo. Então fica a difícil tarefa de escolher as melhores músicas. Pro final, sempre guardamos um presente, o chamado cover.
Recife Metal Law – Em 2008 vocês lançaram a Demo homônima, a qual apresentou quatro músicas. Como foi a divulgação e receptividade desse trabalho? Qual o grau de importância desse material para a carreira da banda?
Jeanderson – 100 cópias iniciais em acrílico foram lançadas pelo selo Ná Music. Foram poucas cópias, assim não conseguimos fazer uma boa divulgação do material. Logo depois lançamos com parceria com a Distro Rock e Visão Underground mais 1000 cópias em outro formato. A Demo foi o nosso primeiro registro, o primeiro filho. Através dela pessoas de outras regiões passaram a conhecer a banda, e isso foi de extrema importância.
Recife Metal Law – Um ano depois foi à vez de vocês participarem do split “Terror Nuclear”, ao lado do Disgrace And Terror. Como surgiu a oportunidade de dividir esse split com a conterrânea Disgrace And Terror?
Jeanderson – Após a gravação das novas faixas em estúdio fomos atrás de alguns contatos para poder lançar o material. Levamos para o André da Distro Rock Store, onde surgiu a ideia do lançamento de um Split com bandas de dentro e fora do Estado. Naquele momento nada havia sido fechado, mas após seis meses surgiu a oportunidade de lançarmos um CD Split com a banda Disgrace and Terror, que foi nomeado “Terror Nuclear”.
Recife Metal Law – Nesse split vocês apresentam oito músicas, praticamente o número de faixas de um álbum completo. Vocês não chegaram a pensar em lançar um full lenght?
Jeanderson – Sim, Com certeza. O grande problema foi à falta de um selo para lançar o ‘debut’. A ideia principal era lançar um álbum, porém a única oportunidade real que surgiu foi a proposta do Split, que pra nós é uma felicidade infernal. Lançar um full lenght independente seria muito caro para arcarmos sozinho.
Recife Metal Law – Entre as músicas, existe uma em inglês: “Nuclear Command”. Qual a razão para colocar essa faixa no split? Vocês pretendem continuar fazendo músicas em inglês?
Jeanderson – Ela é uma das primeiras composições feita ainda no período da Demo, porém não foi viável gravar na época. Com o Split já foi possível inserir a música no álbum. A questão de cantar em inglês não é a proposta principal da banda, mas sempre haverá um espaço pra uma faixa em inglês, predominando em sua maioria as letras em português, com certeza.
Recife Metal Law – “Alienação” tem, em seu início, uma fala do personagem Chaves: “já chegou o disco voador”. Por que existe essa fala e justamente nessa música?
Jeanderson – A letra da faixa “Alienação” fala sobre o poder da televisão em manipular e alienar as pessoas, através de programações sem conteúdo ou razão em específico que possam ajudar no desenvolvimento de uma sociedade. A frase ‘já chegou o disco voador’ do programa Chaves, assim como o programa todo, apesar de humorístico, acaba sendo alienante, ditando regras e padrões de comportamento na vida dos jovens.
Recife Metal Law – O material também traz duas músicas instrumentais. Seriam elas escolhidas para iniciar (“Insanidade”) e fechar (“Tortura”) as apresentações da banda?
Jeanderson – A música “Insanidade” surgiu na ideia de um instrumental para se iniciar um show. Já a “Tortura” é apenas uma loucura de estúdio mesmo, um improviso ali do momento.
Recife Metal Law – Assim que esse split foi lançado o Disgrace And Terror saiu em turnê pelo Nordeste. Disgrace And Terror e Inferno Nuclear dividiram o split. Não se cogitou na possibilidade de as bandas dividirem também a tour?
Jeanderson – A turnê do Disgrace and Terror já estava marcada antes mesmo da gravação do Split. Se após a gravação a turnê ainda fosse marcada, quem sabe poderíamos ter saído juntos na turnê.
Recife Metal Law – Após o lançamento de “Terror Nuclear”, quais são os próximos passos do Inferno Nuclear?
Jeanderson – Nossa missão agora é a divulgação do Split, com a intenção de tocar em outros Estados para poder passar pra galera a energia ‘Thrash Banger’ do Inferno Nuclear! Esperamos uma oportunidade de conhecer a cena de Recife. Aguardamos as contratações.